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História Love Playing - Acorrentado


Escrita por: fabriciojusti

Capítulo 6 - Acorrentado



'' Mas temos um mundo todo pela frente, um mundo para desvendar, ideias para criar, sorrisos para brotar,corações para curar, temos tanto em nossas mãos que em tantas vezes, se torna solúvel.''


Eu parecia estar em um daqueles terríveis transe, na verdade, eu me encontrava em tal estado. Seu corpo se deslocou pelo local e meus olhos o seguiram como algum tipo de objeto precioso,eu queria o tocar, queria segurar em minhas mãos e não deixar que dali se escapasse, uma onda de desejo percorria todo meu corpo e depois me recobrava a consciência,afinal, que merda eu estava pensando? 
Ele se sentou pouco mais de duas mesas á frente da minha, tentava desviar meu olhar a qualquer custo mas de tempo em tempo eu me pegava perdido em perseguir seu olhar, ele parecia tentar me evitar também, tagarelava com o amigo loiro, que parecia ter um carinho muito especial por ele, especial até demais. O local tinha um ambiente agradável até, diria acolhedor, as paredes apesar de bem conservadas já davam sinais de desbotar, eram de um tom meio caramelo, meio cor de âmbar, dando uma certa suavidade . Ali, tinha também um grande relógio que tique-tateava sem cessar, desta vez prendi minha atenção aos movimentos repetitivos do mesmo, o que acabou me causando uma certa gastura depois de alguns minutos.
– Cara, o que você achou do nosso trabalho? - Toro perguntou sorrindo satisfeito.
Demorei alguns segundos até processar que ele estava falando comigo, suspirei e tentei me concentrar para lembrar o que ele tinha perguntado agora mesmo, não obtive exito.
– Hmmm. Como? - Respondi meio indiferente, com olhar vago.
– Cara, tu ta em que mundo hoje, porra? - Ray indagou e depois me encarou. - Eu disse, que o trabalho ficou bem legal,não acha?
– Ah... Bem, sim, ficou bem interessante . -Falei sem mesmo ouvir as palavras que estava falando. 
Um pouco a frente, era possível ver Iero bebericando seu café, ele parecia tão sereno naquele momento, sua pele estava tão perfeitamente em sincronia com seus olhos , seu novo visual tinha lhe caído absurdamente impecável. Minhas pernas começavam a se mexer involuntariamente e meus olhos vagavam desesperados por algo que lhes distraíssem, era tão difícil não me render e dar mais uma espiada em seu rosto, em seu sorriso ou o modo como ele parecia ouvir atentamente cada palavra de Quinn. Eu não queria me entregar a ideia de que eu estava encantado por ele porque isto era tão fútil, era simplesmente algo que não entrava em minha cabeça, apesar de ecoar bem alto lá dentro, uma parte de mim queria estar sentado ali com ele, conversando qualquer coisa contudo outra parte minha achava isso uma insanidade total, esse conflito já vinha durando um tempo e eu imaginava quanto tempo mais iria se estender. 
– Aquele ali, na frente, é o Iero? - Bert olhou e comentou incrédulo.
– Não pode ser. Ele ganhou um dia de princesa ou algo assim? - Toro zombou enquanto bebia seu capuccino duplo.
– Acho que a mamãezinha dele viu que ele precisava de algum trato. - Concordou Bob com os olhos estreitos.
Assim que ouvi falarem seu nome, minha cabeça girou e se embaralhou em uma confusão de palavras, de sentimentos, eu entendia o que eles estavam falando e eu concordaria com aquilo, se fosse outra pessoa, se fosse... Há alguns dias atrás.Podia sentir o sangue correr por minhas veias, como se fossem venenos projetados para uma espécie estranha de defesa, me levantei da mesa em um impulso e peguei apenas minha jaqueta, andei com passos largos.
– Vejo vocês depois. -Disse por cima dos ombros.
Ouvi alguns questionamentos mas não respondi, apenas queria sair daquele lugar, de toda aquela tensão, eu precisava respirar, eu precisava descansar um pouco minha cabeça. Coloquei minha jaqueta pois já anoitecia e começava a ventar e fazer um frio  incomodo, caminhava pelas calçadas com calma, eu olhava ao redor e parecia não ter muita coisa, somente eu e meus problemas, eu queria poder correr deles como podia correr com meu corpo, queria poder tirá-los de mim como podia tirar uma mancha, era tão impossível... Frank Iero, meus pais, profissão, amigos, desenhos, mesmo estando a uma distância considerável do lugar, ainda me sentia preso, preso a aqueles problemas, aos sentimentos, eu queria gritar, queria correr o máximo possível, queria que tudo pudesse se diluir. 
Andei tanto que podia sentir meus pés pulsando e se contraindo dentro do tênis, tinha passado no sinal fechado duas ou três vezes, estava em algum lugar que desconhecia e absolutamente encrencado. Uma que eu estava perdido, tinha passado dos territórios que eu conhecia e, dois que na pressa, tinha esquecido meu celular na maldita cafeteria. Estava em uma rua mal iluminada, alguns postes de luz estavam queimados e as casas não tinham um só estereotipo, havia de casas que eram verdadeiras mansões até aquelas que eram quase sem condições de se habitar, ali perto tinha um parque, os brinquedos estavam meio enferrujados e as árvores , a maioria delas, sem folhas , sem saída acabei andando até o parque e me sentei num banco, começava a esfriar cada vez mais e podia comprovar isso com meu corpo trêmulo. Estava ali, esperando que algum ser passasse para eu perguntar ao menos aonde era aquele lugar e como eu voltava para a casa, ou quem sabe até mesmo alguém me emprestasse um telefone.
Fiquei uns vinte minutos sentado ali, com frio e agora com fome, minha cabeça dava indícios de querer começar a doer e eu não tinha muitas forças  para andar. Com esforço, me levantei e achei inútil esperar ali, vaguei pela calçada com olhos cabisbaixos , prestando atenção na escuridão de minha sombra no chão mas pude ouvir uma voz, uma voz que eu reconheceria de qualquer lugar, depois daquele dia, não era uma vez, eu estava enganado, eram duas, eram eles.... Frank e Quinn. Mas que diabos faziam aqui?
Corri com um pouco mais de força que tinha, eu sabia que não iriam me receber bem , também pudera... Porém naquela altura do campeonato era minha única saída e de algum modo, eu estava feliz por ele estar ali, era alguém que eu... Bem , conhecia.Ele me avistou e seus olhos se arregalaram assim como o do amigo loiro, Frank por um lado estava surpreso e atônito contudo Quinn já tinha um vinco de raiva em si.
– Vocês ! Ei, esperem! - Corria mais um pouco, depois percebi que eles andavam em frente e então diminui meu ritmo.
– Inacreditável! - Quinn rugiu e olhou para mim, de certa distância.
Meu corpo doía tanto agora, minha cabeça parecia estar se comprimindo de dor também.
– Eu... Eu to perdido. - Olhei para os lados e depois meu olhar se encontrou com o de Frank, que ainda permanecia sem dizer nada.
– E por que diabos você acha que estamos interessados? Quer saber o que eu quero que aconteça com você? - O loiro se tomou de raiva e seus olhos faiscavam. - Quero que você suma, que se exploda, babaca.
Cada palavra foi recebida como uma sentença, eu era o acusado e não podia estar de modo nenhum absolvido, estava encarcerado, preso em minha própria confusão, sem saídas.
– É sério, eu estou perdido. Que lugar é esse? Pelo menos me falem isso. - Suspirei sentindo tudo girar rapidamente.
– Também falei sério quando disse que queria que sumisse, não me importo com você , Way. Seu verme idiota. Vá pedir ajuda para seus amiguinhos. - Disse por último e olhou para Frank.- Não é mesmo?
O baixinho piscou repetidas vezes,abriu a broca para falar mas se calou, ele também tremia de frio e ele agora me olhava nos olhos, era como se de algum modo eu estivesse conectado com ele, eu também olhava para ele e via em seus olhos que estava prestes a tomar uma decisão. Fechei meus olhos.
– Quinn, não custa nada. - Ele disse ainda meio receoso.
– Não custa nada? Caramba, Iero... Não custa nada? Você se esqueceu do que ele te fez e do que você teve que aguentar depois? - Allman dizia quase cuspindo as palavras.
– Não, não esqueço. Mas eu... Bem, Gerard, aqui é um dos bairros que você provavelmente nunca visitou na vida e nem mesmo sei como você veio parar aqui,minha casa é ali do lado, então...
– Não acredito nisso, Frank. Por Deus ! - Quinn dizia cada vez mais aumentando o tom.
– Frank, tá tudo bem. Agradeço mesmo assim... Eu vou, sei lá, tentar me achar. - Disse e suspirei enquanto me preparava para dar as costas.
O garoto olhou mais uma vez para mim e depois para o amigo, respirou fundo e balançou a cabeça negativamente.
– Não. Eu disse que ... Minha casa é aqui do lado e posso ajudar. -insistiu.
– Você vai mesmo fazer isso, Iero? Não acredito que você possa ser tão estúpido . - O loiro debatia impaciente.
– Quinn, eu vou ajudar ele , como ajudaria qualquer pessoa. Por favor, seja menos intolerante... Só isso.
– E logo depois ele apronta outra com você! Quer saber? Não vou fazer parte dessa palhaçada, eu já estava indo pra casa mesmo... Fica aí ajudando o seu traidorzinho de merda. - Disse e desviou o olhar, começando a andar e Frank não o parou, apenas lamentou com um olhar.
– Iero, muito obrigado. Muito obrigado mesmo, não precisava, eu ia conseguir uma hora ou outra. - Repeti tentando me desculpar, me sentindo de algum modo muito culpado.
– E iria fazer isso antes ou depois de morrer de hipotermia? - Comentou arqueando as sobrancelhas.
Agora que ele tinha falado, eu notava que estava tremendo muito, minha jaqueta não era muito propícia para aquele frio, que estava incomum.
– Agora, vamos logo. Que...Bem, eu também estou com frio. - Disse indicando uma casa alguns metros a frente dali.










 



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