Taeil estava morrendo de vergonha.
Nunca, em toda a sua vida, passou por aquele tipo de humilhação. Maldita hora em que Kun abriu demais a porcaria da boca e revelou que ele possivelmente era um pervertido. Não, ele não era, mas nutria sim um certo tesão por Thaynara.
– Que cara é essa?
Tainá, que trabalhava em uma loja de conveniência, estranhou ver o seu amigo ali, naquele momento. Taeil deveria estar em seu trabalho e não era de faltar também, por isso era no mínimo suspeito.
– Ah, vim comprar um energético.
– Olha, já passou dias. Relaxa, Taeil.
– Sei não, viu.
– Olha, foi algo bem humilhante e vergonhoso, mas a Thay é sua amiga e ela entende, bom… suas necessidades masculinas.
– Tainá, por favor, o energético. – Taeil pediu já entediado com a demora.
– Não fique bravo comigo – fez bico. – Estou tentando ajudar.
– Vai passar. Eu nunca mais vou olhar na cara da Thaynara. – não acreditava muito, mas era pelo menos o que mais queria.
– Não ponho fé – pegou uma latinha de Monster e entregou a Taeil. – Ela pareceu levar numa boa.
– A gente se vê mais tarde, Tainá. Até!
Após pagar pelo o que foi buscar, Taeil saiu de lá e esbarrou em um homem na porta da loja. Ele era alto e bem vestido. O terno caro e sob medida dava logo na cara que ele deveria ser rico como Thaynara.
– Senhor Zhong! Que bom vê-lo!
Taeil se virou brevemente e percebeu uma coisa que há tempos não via; Tainá estava apaixonada por alguém.
Ele deu um breve sorriso, satisfeito e deixou o local, indo para a sua exaustiva e rotineira jornada de trabalho. E por mais que ele tentasse, não conseguia deixar de pensar em sua amiga de infância.
– Ai, como é difícil ser eu!
Rafaela passou pela porta do escritório de Thaynara, choramingando como sempre. Thaynara revirou os olhos, não estava com muita paciência para os dramas matinais de sua amiga.
– O que aconteceu?
– Ele aconteceu! – a negra se virou e percebeu que Jeno havia entrado ali também.
– Bom dia, Thay.
– O que faz aqui? – o encarou enfezada.
– Vim por intermédio do meu tio. Ele vai expor algumas obras aqui.
– E você? – se virou para Rafaela.
– Essa coisa vai comigo na viagem! – apontou desgostosa para Lee e ele apenas riu baixinho.
– Seus pais confiam em mim – falou sucinto. – Sabem que se eu for e cuidar de você, tudo dará certo.
– Certo, o que querem? Como podem ver, estou ocupada trabalhando.
– Ah, vim falar sobre aquela noite que a gente dormiu no Taeil.
Rafaela tinha um defeito gigantesco; falava demais nos piores momentos possíveis. E Jeno, sendo amigo de Chenle, ficou completamente surpreso e desconfiado do que as duas poderiam ter feito com ele, a sós.
– É aquele cara que você usou como personagem? – Lee perguntou. – É claro que é.
– Jeno, aqui é um por vez. Vai lá pra sala de espera, por favor? – Thaynara pediu, não queria testemunhas do assassinato com requintes de crueldade que ela em breve cometeria.
– Claro, tudo bem – ele foi até Rafaela e deu um selinho nela. – Te espero mais tarde.
– Mas o que caralhos está acontecendo entre vocês? – Thay ficou estarrecida. – E o Kun?
– Ele me bloqueou de todas as redes sociais e não atende minhas ligações. Ele não quer mais saber de mim, amiga.
– Mas não é por isso que você vai ficar com o Jeno, né? Porra! – Thaynara ficou estressada e foi trancar a porta para não ser incomodada.
– Thay, é melhor eu fazer o que meus pais querem. Ele gosta de mim e eu acho bem interessante aquele nariz grande dele.
– Você é uma cadela – gargalhou, indo até às poltronas da sala e sendo seguida por sua amiga. – Você sabe como o Taeil está?
– Bem. Por que? – indagou curiosa. – Tá gostando dele?
– Não, Rafaela!
E aconteceu uma coisa que Rafaela até então nunca tinha visto; Thaynara nervosa e tímida.
– Ah, meu Deus! Thay, você gosta dele! – exclamou animada. – Mas espera, você está noiva, sua safada.
– Eu só quero saber como ele está. Pare de ver coisa onde não tem – bufou, pegando o celular em seguida e percebendo que ele havia postado alguns stories no Instagram. – Eu e o Taeil fomos melhores amigos na infância.
– Isso é tão fofo, conta mais? – percebeu que sua amiga tirou na bolsa uma caneta e um bloco de notas.
– Você não vai escrever sobre a minha vida outra vez!
– Jamais faria isso, Thay – mais sonsa que tudo, guardou seus objetos novamente. – Sobre o Taeil, ele está bem e perguntou de você. Acho que ele tá com vergonha pelo o que aconteceu naquela noite na casa dela. Mas sabe, quem não ficaria?
– Você é uma sonsa safada! – acusou-a.
– O fato é que o gostosinho do Taeil ficou de pau duro por sua causa.
– Rafa…
– Eu disse que o noivado era suicídio.
– Você não está me ajudando a pensar direito, garota! – revirou os olhos.
– Mas confirmo o que você pensa. Toda essa aproximação repentina dele, a forma como o Taeil te olha, tudo nele demonstra que ele te quer. Até mesmo o que está dentro das calças.
Riu ardilosa e Thaynara não se conteve. Infelizmente ela estava certa e o pior de tudo era que Thaynara ficou mexida ao saber que seu amigo de infância nutria por ela um certo interesse sexual.
– Ah, você recebeu o convite do jantar dos meus pais?
– Sim. Podemos sair hoje para comprar os vestidos?
– Claro – Rafaela ficou de pé. – Eu já vou indo. Preciso assinar uns contratos com uma editora antes de viajar.
– Bons negócios para você.
Rafaela saiu de lá e deixou a porta aberta para Jeno, que entrou logo em seguida e – como se fosse dono de tudo – serviu-se de um pouco de uísque e em após isso foi até a jovem negra que o olhava de duas formas. A primeira: com raiva. A segunda: com tesão.
Porque Jeno era um desgraçado, mas pelo menos era muito bonito.
– Vamos falar logo de negócios.
– O que a Rafa disse… você gosta mesmo do meu amigo ou é um mero capricho seu?
– Primeiro: não lhe devo satisfações, ok? – se inclinou um pouco, parecendo até mesmo desafiadora. – Agora me fale sobre as obras que o seu tio quer trazer pra cá. Estou planejando eventos futuros e pode ser… interessante.
– É só um conselho, ok? Não brinca com o Chenle. Ele é o melhor homem do mundo quando está apaixonado, mas se irritá-lo, ele vai fazer da sua vida um inferno. – Jeno dizia como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo. E mesmo que fosse uma certa ameaça, Thaynara não se intimidou.
– Eu sei muito bem com quem eu vou me casar, Lee. Algo mais? – quis mudar o rumo do assunto, antes que a sua mão fosse parar na cara dele.
– Bom, meu tio tem a própria galeria em Milão e na Coréia do Sul…
Jeno certamente estava equivocado. Chenle era a pessoa mais doce e entregue com quem Thaynara se relacionou. Sentia tanta segurança ao lado dele, que sempre dizia para si mesma que ele era o homem de sua vida.
E por mais que ela tentasse a todo custo pensar apenas nisso, o rosto de Taeil teimava em aparecer em sua mente, ofuscando o do seu noivo e deixando-a ainda mais atordoada.
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