História Love s Melody - A tempestade se aproxima

~* Capítulo XXXIV *~

A tempestade se aproxima

 

Yoko POV'S on

Havia sido ontem que Ahri invadira o computador de Donghae e quase nos matara de susto. Pelo menos a mim.

Depois do ocorrido, ainda tentávamos entender como Ahri conseguiria levar o pai das duas rainhas pra escola em um evento tão comum. Pelo o que os meninos contaram, ele nunca ia à escola. Ficava a maior parte do tempo viajando a negócios da empresa em que era sócio. Nem mesmo as duas irmãs o viam com frequência desde a morte da mãe delas. Até que eu entendia o porquê das duas quererem tanta atenção, elas eram praticamente ignoradas pelo pai, e perderam a mãe quando pequenas. Claro que nada justificaria o que elas fazem na escola.

Mas agora que o pai delas viria pra escola, aposto que algo mudaria. Talvez Ahri queira revelar ao Sr. Jung o que acontece ali, e ele com certeza não aprovaria.

Seja o que for que Ahri queira fazer ela não revelou mais nada além do cartaz. Hoje pela manhã um banner enorme com a mesma imagem estava pendurado na entrada do colégio. Ninguém sabia quando ele fora colocado ali, não havia cartaz algum sobre o show quando a escola ficou vazia ontem. Ahri deve ter acesso à escola. Isso a tornava mais assustadora ainda. Se for uma garota ou um garoto… isso não importa, porque essa pessoa mete medo em qualquer um.

De qual quer forma, todos ficaram chocados de saber que o Sr. Jung viria ser jurado no show. Mais uma das cartas na manga de Ahri.

Depois do cyber ataque de Ahri ontem, Donghae tentou encontrar novamente seu rastro, mas a surpresa: todos os e-mails mandados por Ahri para Sungmin haviam sido deletados. Era como se ela nunca tivesse existido. Até mesmo a imagem do cartaz que ela enviara havia sumido alguns minutos depois.

Sem nada mais que pudéssemos fazer, decidimos adiar a caçada à Ahri - como Kyu começou a chamar. Yesung foi se encontrar com Sunggyu para repassarem a apresentação de piano; Kyuhyun, Donghae e Henry resolveram ir até seus clubes; e eu, como não tinha nada mais a fazer, fui até a biblioteca.

Ahri não mandara mais mensagens pro meu celular, e as que mandou tinham sido deletadas. Talvez tenha ficado zangada por eu estar com os garotos procurando sua localização.

Mas na verdade isso não aconteceu.

Eu estava vagando entre as estantes de livros, procurando algum que me chamasse a atenção, quando ouvi um baque no corredor do lado. Olhei por entre os livros e avistei uma pessoa andando por ali. Não pude ver como era a pessoa, mas o sujeito correu pelo corredor até eu perdê-lo de vista.

Segui pelo corredor, virando na próxima estante, até estar no mesmo lugar que a tal pessoa. Não havia nada de mais ali, a não ser… um livro, caído no chão.

História da Guerra Fria.

A capa mostrava o título em letras grandes, e de dentro, em meio às folhas do início, havia um papel. Abri em uma parte que mostrava novamente o título e o nome do autor: John Lewis Gaddis. Além disso, não havia mais nada, então voltei a fechar o livro e abri o papel dobrado. Uma frase estava escrita em letras impressas.

"Triunfam aqueles que sabem quando lutar e quando esperar." - A arte da guerra.

Era só isso. Não havia assinatura ou outro escrito, mas a palavra "esperar" estava grifada com lápis grafite. Qual quer um poderia ter deixado aquilo ali, mas para mim parecia mais um aviso, ou uma dica. Talvez alguém queira dizer alguma coisa.

Resolvi que mostraria pro Haru e o Yesung, quando os encontrasse.

Já ia voltando a vasculhar as estantes quando meu celular apitou. Peguei o aparelho normalmente, mas quase o derrubei quando vi a mensagem que havia recebido. Ahri.

"Pelo visto você também quer saber quem sou, certo?"

Antes que pudesse responder outra mensagem chegou:

"Se quer tanto saber, me encontre no terraço amanhã de manhã, duas horas antes do início do show. Vá sozinha, não conte isso a ninguém. Se o fizer, eu saberei."

Encarei a mensagem com um frio na barriga. Ahri queria me encontrar. Será que confiava em mim? Engoli em seco sentindo minhas mãos tremerem. Eu não podia contar pra ninguém, não podia correr o risco e perder a chance de descobrir a identidade de Ahri.

Resolvi ler a mensagem novamente, e esperei chegar mais alguma, mas então as duas mensagens logo sumiram da caixa de entrada. Ahri está falando sério sobre não querer que ninguém mais saiba…

Guardei o celular e respirei fundo. Amanhã bem cedo eu viria pra escola encontrar Ahri.

Yoko POV'S off

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Sungmin POV'S on

_ Você tem que girar mais o quadril e jogar o peso do corpo, não só o peso da perna. Vamos de novo.

Amber se posicionou próxima ao saco de areia e então girou erguendo a perna e acertando o alvo em cheio.

_ Assim está melhor - falei. - Tente com mais impulso.

Estávamos praticando a manhã inteira. Amber iria se apresentar no show de talentos, fazendo acrobacias e demonstrações de golpes.

_ Tudo bem, esse já foi bem melhor, continue assim. Vamos fazer uma pausa.

_ Oppa, vamos continuar, você faz pausas demais, eu quero treinar até ficar perfeito, você sabe que os caras do clube de boxe vão se apresentar também, não podemos ficar atrás deles! Nunca!

Ela despejou todas as palavras, como de costume, e depois se posicionou mais uma vez.

_ Se quer melhorar tem que descansar também, ninguém aprende as coisas levando o corpo ao limite.

_ Mas eu ainda tenho muita energia - e chutou novamente.

Bufei. Ela era realmente teimosa.

_ Tudo bem, mas eu avisei.

Um chute depois, Amber perdeu o equilíbrio e desabou no chão.

_ Yah! Minha perna está pesando.

_Nossa, que pena que ninguém te avisou a hora de parar… ah, é, eu avisei.

Ela gargalhou e se sentou.

_ Que fome… vamos fazer nossa pausa na cantina! - berrou e em um pulo já estava de pé novamente.

_ Você não estava com a perna pesada? - perguntei, mas fui ignorado.

_ Comidaaaaaa!

Estava levantando quando Amber chegou a porta e parou de supetão, ficando quieta. Quando cheguei lá entendi o porquê.

_ Minnie! Parece que se recuperou bem do seu… incidente.

Choi Siwon sorriu cinicamente, enquanto sua cambada de capangas gargalhavam.

_ Se com incidente você quer dizer luta trapaceira, sim, Choi, me recuperei muito bem. Já consigo quebrar essa sua cara, isto é, se você não roubar de novo.

_ Ora essa, você sabe como as Lutas de Monstros são, Minnie, é ganhar ou perder. Nada mais importa.

_ Não me chame assim.

_ Você só diz isso, porque não tinha chance nenhuma de ganhar do Min oppa, mas se ele lutar do jeito que você luta, com certeza vai ganhar, vai ser moleza, ele pode lutar de qualquer jeito, qualquer hora, com qualquer um! - disse Amber, atropelando as palavras.

_ Sério? Então por que não tiramos a prova?

Siwon andou até mim, ficamos frente a frente.

_ Vamos lá, Minnie, sua aluninha já deixou bem claro como você é bom. Mas eu só acredito vendo.

_ Então você verá, Choi. Só dizer quando.

_ Amanhã, depois do início do show de talentos. Todos estarão no teatro, então ninguém irá nos atrapalhar. Só você e eu.

_ Como vou saber se não vai levar seus capangas em uma cilada?

_ Também vamos estar no show - disse TOP.

_ Eu e os garotos ficaremos de olho neles, oppa - Amber falou.

_ Então estamos resolvidos.

Siwon andou pra trás, ainda me encarando com o sorriso irritante dele.

_ É melhor aparecer, Minnie, ou todos vão saber como você é um covarde.

A gangue se afastou rindo. Cerrei os punhos, com raiva. Amber começou a tagarelar sobre como eu ia detonar com o Siwon, mas mal ouvi.

Amanhã eu iria arrancar o sorrisinho da cara imbecil de Choi Siwon.

Sungmin POV'S off

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Kyuhyun POV'S on

Nós não podíamos estar mais preocupados.

Depois da bomba que Ahri jogou na gente resolvemos ser mais cautelosos. Esperaríamos até o sábado, dia do show de talentos, pra ver o que aconteceria. Provavelmente, Ahri tinha um plano, e eu esperava que fosse realmente bom. Mas como confiar em alguém que você não faz a mínima ideia de quem seja?

Então resolvi não ficar parado e só esperando alguma coisa acontecer. Eu tentaria descobrir pelo menos uma pista que me levasse até Ahri, e como ela parecia ser o tipo de pessoa influente, por saber tanta coisa, achei melhor começar conversando com os influentes, talvez soltassem alguma coisa importante.

Caminhava até os clubes de esporte. Minha intenção era falar com Chaerin, mas uma agitação acontecia por ali. Um pequeno aglomerado de alunos se formava e vozes discutiam alguma coisa em um tom mais alto do que o normal. Me aproximei pra ver do que se tratava, e encontrei Chaerin e Minji na roda.

_ Ei, o que está acontecendo? - perguntei assim que elas me avistaram, e tentei espiar por entre os alunos.

_ Heechul está arrumando encrenca com o aluno do primeiro ano de novo, Gongchan, Myungsoo estava com ele e agora tenta impedir o Heechul - Chae falou.

_ E ninguém está tentando impedir?

_ Fala sério, Kyu, você acha que tem alguma bondade em gente que incentiva luta? Eles querem mais que os dois se peguem de borrada.

Franzi o cenho e empurrei algumas pessoas pra conseguir ver a cena. A roda ficava cada vez maior.

Quando cheguei no meio, vi Heechul falando alto e apontando o dedo ameaçadoramente para os dois garotos. Myungsoo ainda estava com o tornozelo engessado pela torção que sofrera no dia do apagão, então fazia o possível pra se equilibrar e afastar Heechul de Gongchan. O garoto mais novo estava aterrorizado.

_ Yah! Por que está se escondendo atrás dele? Seja homem e venha lidar com isso na minha frente! - gritou Heechul.

_ Pare com isso, Heechul, por que você não resolve o que tem que resolver com seu irmão? - disse Myungsoo.

_ Isso não te interessa, saia da minha frente!

Heechul empurrou Myungsoo que cambaleou pra trás, mas não caiu. Aquilo já estava ficando ridículo.

_ Ei, ei, o que está havendo aqui? - me intrometi.

_ O que você quer, Kyuhyun? - Heechul virou-se pra mim. - Não tem nada a tratar aqui, isso é um assunto de família.

_ Então não deveria ser resolvido na sua casa? Ficar fazendo alarde na escola não vai adiantar nada, vai só fazer os outros comentarem mais. É isso que quer pro seu irmão? - falei em tom baixo, pra ele escutar.

Heechul pareceu pensar, mas então apontou pra Gongchan e disse:

_ Nada disso, vou resolver isso agora, isso vai acabar hoje.

Então investiu mais uma vez contra os dois garotos, mas ao ouvir um chamado, parou.

_ Hyung!

Todos olharam pros garotos que entraram no meio da confusão. Reconheci Jinyoung e Sandeul, do terceiro ano, e Baro do primeiro.

_ Jinyoung, eu mandei você não vir aqui - Heechul apertou os lábios, parecia cada vez mais irritado.

_ Você não manda em mim, hyung. Eu tomo minhas próprias decisões, e ando com quem eu quiser.

_ Você o quê?

Então tudo aconteceu de uma vez. Heechul voou pra cima do irmão, depois de empurrar os dois garotos que estavam com ele. Então os dois foram ao chão. Todos começaram a gritar e fazer alvoroço, a roda ficou toda deformada e o caos reinou.

Vi Myungsoo tentando empurrar as pessoas pra segurar Heechul, Baro e Sandeul também tentavam tirar o veterano de cima do irmão, mas seus esforços eram em vão.

Resolvi me meter no meio também e tentar abrir espaço. Mas então a bagunça cessou, Baro e Sandeul tiraram Heechul de cima de Jinyoung e todos olharam pro mesmo lugar.

Krystal abrira seu próprio caminho, sem ao menos levantar a voz, ou empurrar as pessoas. Todos, naturalmente, como se já reconhecessem um comando instintivo, saíram do caminho dela.

Ela colocou as mãos na cintura e observou a cena. Seu semblante era tranquilo, ela nunca se irritava na frente das pessoas, sabia exatamente como manter o controle da situação, era um dom nato. Pena que o usasse negativamente.

Quando seu olhar encontrou o de Heechul ela sorriu. Não o tipo de sorriso normal e agradável; o tipo de sorriso próprio da Krystal.

_ Ora, Heechul-ssi, acredito que você saberia me explicar o que está havendo aqui, você parece estar bem a par da situação.

Heechul hesitou. Até ele era intimidado por Krystal.

_ Estou resolvendo um problema familiar, Krystal-ssi.

_ Ah, claro - seu sorriso se alargou. - Já se tornou comum tratar de problemas familiares na escola, no meio do pátio, aos berros e pancadaria. Isso acontece por causa da minha irmãzinha, tão liberal e delicada com os alunos. Mas vocês parecem mais um bando de macacos barulhentos atiçados pelo cheiro de sangue.

Ela entrou mais na roda.

_ Acredito que seu irmão pode tomar as próprias decisões sozinho.

Então os dois olharam pra Jinyoung. Na verdade todo mundo olhou pra ele.

_ Você é meu hyung, mas não vou deixar que tome as rédeas da minha vida. Pode me xingar, me bater e me odiar, mas não vou deixar você culpar o Gongchan e nem fazer nada de mau a ele.

Então continuou falando, mas olhando pra Gongchan.

_ Eu gosto dele. Ninguém vai nos afastar.

Depois disso, todos ficaram em silêncio. Parecia que se um alfinete caísse no chão, poderia ser ouvido. Até Heechul acabar com a paz; mais uma vez.

_ Você! Seu verme! Quer cuidar da própria vida? Então não venha pedir ajuda quando começar a apanhar, fracote!

Já se esperava que Heechul voltasse a atacar, mas antes que pudesse, Krystal disse:

_ Fracote? Alguém que enfrenta os obstáculos e corre atrás daquilo que acredita, apesar de tudo e de todos serem contra. Isso não é ser fraco. Mas usar poder apenas naqueles mais fracos que si, isso, sim, é demonstrar fraqueza. Não fique se achando só porque um garotinho do primeiro ano tem medo de você, Heechul-ssi.

E foi assim, acrescentando mais um sorriso, que Krystal realmente colocou um ponto final naquela história, e ninguém contestou. Heechul ficara vermelho como um tomate e depois que Krystal foi embora, ele correu dali, provavelmente pra se esconder em algum buraco.

Jinyoung e os outros garotos foram ver como Gongchan e Myungsoo estavam. As pessoas começaram a se dispersar, como se nada demais tivesse acontecido. Chaerin e Minji também estavam indo cuidar de suas vidas, quando as parei.

_ Eu sei que tem alguma coisa acontecendo - falei. - O que é? Por que todos estão tão agitados?

Chae sorriu.

_ Se esqueceu de que as pessoas também têm instintos? Todos conseguem sentir a tempestade se aproximando. Você não?

Franzi o cenho.

_ É melhor abrir bem os olhos, Kyu.

E então as duas se viraram e foram embora, me deixando só com mais um dos milhares de enigmas que eu costumei a acumular.

Kyuhyun POV'S off

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Haruki POV'S on

Eu observei toda a confusão de longe. Krystal também estava vendo da sala do clube de dança, mas resolveu interferir. Eu quase caí na risada vendo a cara chocada de todo mundo quando viu Krystal acabando com a confusão. Aposto que eles não esperavam isso, talvez de Nick, mas não de Krystal, todos sabiam que ela adorava provocar uma confusão.

Mas depois que ela saiu e seguiu para os andares de cima, percebi que não parecia bem.

Estava resolvendo se era melhor eu falar com ela, mas antes recebi uma mensagem sua.

"Precisamos conversar. Venha até minha sala, por favor."

Estranhei o fato de Krystal nunca me chamar antes, mas dei de ombros e subi até o segundo andar. Quando cheguei na sala, Krystal olhava distraída pela janela, na sua pose de sempre, mas quando eu entrei ela percebeu e se virou. Estava com os olhos um pouco vermelhos.

Antes que eu pudesse perguntar alguma coisa ela falou:

_ Não era você que ia fazer o cartaz para o show de talentos?

Ela não estava com uma cara muito boa.

_ Sim, eu fiz, mas parece que alguém mudou um pouco. Você não sabia que seu pai viria?

Ela riu soprado e desviou o olhar.

_ Não estava planejado - deu de ombros. - Mas agora ele deve ter um bom motivo pra vir até aqui, não é? Ou quem quer que o tenha chamado, deve realmente ser influente.

Ela se levantou, mexendo em sua bolsa, distraída. Percebi que tentava disfarçar seja lá o que fosse que sentisse com isso.

_ Você não quer que seu pai venha - deduzi.

_ Ele nunca vem, por que deveria começar a vir agora?

Krystal deu de ombros e abriu seu sorriso.

_ De qualquer forma, o que está feito, está feito.

Acenei positivamente. Ela se preparou para sair da sala.

_ Mas o que você queria falar comigo? - perguntei antes que fosse embora.

Ela parou de costas e ficou quieta por um tempo. Pensei em perguntar de novo, mas ela se virou com os olhos marejados.

_ Eu não sei… - riu soprado. – Só… acho que amanhã vai ser um dia complicado. Tenha cuidado, Haru.

Franzi as sobrancelhas,sem compreender. Por que ela sempre falava, mas não deixava nada claro? Ela se virou pra sair de novo, mas dessa vez segurei sua mão e ela me olhou surpresa.

_ O que está acontecendo, Krystal?

Ela abaixou o olhar e mordeu os lábios.

_ Eu não sei - disse em voz baixa. - Eu estou com medo.

Olhei, chocado, Krystal derramar uma lágrima. Não pensei muito e passei meus braços ao redor de si e afaguei seus cabelos vermelhos. Ela fungou baixinho.

_ Não precisa ter medo - falei. - Eu estarei lá com você, eu prometo.

~* Fim do Capítulo XXXIV *~