São dois meses depois que terminei o namoro de quase quatro anos com Kim Owen. Ainda estou aprendendo a me virar sozinha já que ele basicamente fazia tudo quando morávamos juntos. Resolvi sair da casa conseguindo levar tudo, mas esqueci o cachorro que adotamos juntos, ele passava muito tempo fora de casa e isso resultava em deixar o Filhote de maltês sozinho. – Depois de meses sem ver ele ou ouvir a voz dele, resolvi me arriscar a pegar o cachorro em seu apartamento. – O SMS fora enviado ontem, informando sobre pegar o cachorro só esqueci de informar o dia exato para tal ação.
Saí do trabalho, peguei um táxi e fui direto em sua casa. Cumprimentei ao vizinha que amava conversar comigo e com o Owen sobre seu neto. – Passei pelo corredor notando que estava diferente, ao contrário do meu novo apartamento, aqui parecia mais triste. – Toquei a campainha da porta 35 e ouvi a porta sendo destrancada pelo barulho da senha. Minha surpresa foi ver o Debi, parceiro de trabalho do Owen atender a porta e me olhar alegre e aliviado por me ver:
- Você instalou alguma escuta neste apartamento? – ele perguntou e eu neguei estranhando sua pergunta. – Eu já iria te ligar.
- Posso saber o motivo? – ele deu espaço e eu entrei no local, deixando meus saltos na porta.
- Owen está debilitado. – olhei ao Debi e averiguei o local. – Ele está no quarto. Eu pensei que ele estivesse bem, mas parece que tudo voltou, porém com muita intensidade.
- Porque não levo-o ao médico? – fui na cozinha, recolher tudo do que o cachorro utilizava, deixando algumas coisas.
- Porque ele não abri a porta... Veio buscar a Sunny? – este foi o nome escolhido pelo Owen a nossa maltês.
- Sim. – afirmei e percebi o mesmo coçar a nuca. – Ela está no quarto com ele.
Suspirei cansada pelo dia estressante do trabalho, pelo meu EX fazer essa cena de agora, me dá mais raiva ainda. – Fui ao seu quarto, forçando minha entrada, porém como Debi afirmou, ele está trancando. – A Sunny arranhava a porta e isso era sempre quando eh chegava em casa. – Não demorou para ouvir a chaver rodar na fechadura e o mesmo me encarar surpreso. – Ele estava bem diferente, magro, com olheiras, nem a Sunny arranhando minhas pernas eu tirava atenção dele:
- Oi. – ele falou apressado e procurou por uma toca rápido para cobrir a cabeça. – Veio buscar ela?
- Sim. – olhei ele e abaixei meu olhar para Sunny. – Como você está? – ele riu de lado e afirmou.
- Bem. Só um pouco cansado. Fiquei no estúdio mais tempo que o necessário e isso tirou minhas noites de sono. – ele saiu da minha frente e foi na própria cama pegar uma manta. – Você esqueceu algumas coisas. Eu separei elas, vai querer ver?
Afirmei seguindo ele, até o quarto de hóspede, onde sobre a cama, há uma caixa média com algumas roupas minhas, principalmente roupas íntimas e algumas blusas. – Peguei a caixa e juntei mais algumas coisas da Sunny, Owen trouxe a caixa de transporte onde o maltês já estava dentro. – Debi comia no balcão da cozinha e me observava já com tudo arrumado:
- Você me espera. Eu deixo vocês em sua casa. – ele mau conseguia finalizar a frase, afirmei sorrindo agradecida e vejo ele sair.
Fui até a cozinha onde Debi parecia intrigado com o que ocorreu, afinal ele era o amigo mais próximo que tínhamos. – Sem tirar o fato de que foi ele quem me apresentou ao Owen e ele até tentou me convencer a voltar atrás sobre o término, mas não dava mais. – Eu já estava me desgastando, sem falar que as brigas, estavam fixando insuportável:
- Vocês terminaram mesmo. Eu achava que era uma daquelas brigas que passavam uma semana longe um do outro e então, depois você aparecia, no trabalho dele, dizendo estar com saudades. – não desviei meu olhar da parede em nenhum momento.
- Não tem como continuar. Primeiro ele começava a desconfiar de mim. Depois começou a ficar com um ciúme doentio. Um ápice do termino foi o ataque de raiva que ele deu batendo no meu primo. – Só em lembrar deste dia causa arrepios na pele, meu primo ficou cego por causa disso e eu quase implorei para que o mesmo não processasse ele ou iria prejudicar a carreira dele. – Estava abusivo demais.
- Não vou pedir para vocês voltar. Mas ele ficou muito mau depois disso. – Debi me olhava esperando qualquer reação minha. – Ele ficou trabalhando feito condenado para pagar os custos dos médicos e sem falar que ele perdeu você por causa disso, ele basicamente não vive desde que terminaram. – Debi é um bom amigo, mas ele sabia como deixar alguém sem em dúvida de suas escolhas.
- “S/N"?! – Ouvi ele e me levantei indo para sala, o mesmo estava com outras roupas e com as chaves em mãos. – Debi procura sua casa, eu vou ficar bem.
Saímos do prédio, indo ao estacionamento. O silêncio dentro do veiculo era a parte mais difícil de encarar, não dava para esquecer tudo que tivemos um dia e também não era correto fazer isso, pensar nas coisas tristes que passamos sendo que vivemos felizes na maior parte do tempo:
- Vai precisar de ajuda com as coisas? – olhei para janela encarando o prédio que moro.
- Sim. – sorri fechado.
Desci do carro e peguei o transporte da Sunny, ele me acompanhou em silêncio até meu andar, abri a porta e entrei. – Se eu falar que não sinto saudades dele, estarei mentindo. Porque, por mais que nosso relacionamento tenha sido complicado, tinha seu lado bom:
- Já vou indo? – olhei ele um pouco sem graça. – Qualquer coisa me liga. Se... quiser.
- Como você estar? – ele me olhou internamente e suspirou. – A verdade Owen.
- Estou mau. Sinto sua falta, eu não queria sentir, mas é impossível. Chegar em casa e saber que você não está. É difícil e sei que a culpa é minha, sei que sou péssimo como namorado e provavelmente serei péssimo se um dia eu for pai. O que agora acho impossível, já que a única pessoa que eu quero ter um filho se afastou completamente. – ele estava chorando e isso me deixava triste, afinal, foram poucas as vezes que ele demonstrava fraqueza na minha frente.
- Eu sinto muito Owen... – segurei meu choro, meu nariz estava ardendo.
- Tudo bem “S/N". Todos nós temos limites e você estou o seu. Não a culpo por nada. – ele finalmente levantou a cabeça e me olhou. – Podemos ser amigos, por mais que eu erre, não quero perder a amizade que tivemos um dia.
- Podemos sim. – fui abraça-lo e o mesmo me apertou forte em seus braços. – Até mais Owen.
- Até mais pequena. – ele suspirou e se afastou.
Fechei a porta e observei a Sunny já bem à vontade em sua nova residência. – Se um dia ele mudar, talvez possamos tentar de novo. Só um grande talvez.
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