História Love Unfamous - Capítulo VI

Bruno

A noite está agradável, nem frio e nem abafada, graças a Deus. Caminho com tranquilidade até o bar, é noite de sábado e as ruas do Brooklyn estão movimentadas, parece que todo mundo decidiu sair de casa essa noite, sorte a minha, quem sabe não consiga ganhar algumas gorjetas a mais.

Quando chego no Leyenda a primeira coisa que me chama a atenção é a quantidade de pessoas que se encontram no lugar, hoje está muito mais cheio do que o normal. Passo direto pelo salão e vou aos fundos do bar para guardar as minhas coisas, quando volto com o amplificador, vou direto para o meu mini palco onde quase ninguém me vê e dou de cara com o Josh.

— Fala ai irmão! — ele me cumprimenta.

— Fala! — retribuo o cumprimento. — Está movimentado hoje! — sorri arrumando os fios.

— Está deliciosamente infernal! — sorri de lado. — Pronto para as cortesias das velhinhas da noite?

— Vai se foder antes que me esqueça.— ele sai gargalhando e eu sorrio continuando o que estou fazendo.

Me acomodo em meu banco com o meu violão a postos e uma lista de músicas na cabeça. Comecei a dedilhar o violão e logo começo a tocar, não demora muito para os pedidos de música chegarem, no qual vou selecionando as que eu conheço, é claro.

Olho de relance em direção ao bar e noto que ele está mais cheio do que o normal. Não dou muita importância, do jeito que a casa está cheia, o bar não poderia ser diferente. Olho de relance para um dos lados e noto Josh caminhando em minha direção com um sorriso debochado na cara. Lá vem!

— Primeira cortesia da noite, Brunão! — passa deixando uma cerveja ao meu lado e indica a mesa da qual ela veio.

Sigo a direção na qual ele indica e noto ser de uma mesa onde só tem moças bem jovens, que sorriem em minha direção e eu apenas retribuo.

O que? Já tem mais de um mês que não sei o que é um uma noite de sexo!

Ainda são pouco mais de nove da noite quando recebi um pedido especial para tocar uma música. Parece que teremos um pedido de casamento no bar essa noite!

Começo a tocar os primeiros acordes de Juanes - Para Tu Amor e logo vejo um casal começar a dançar entre todas as pessoas que estavam presentes. Não demora muito para outros casais se juntarem a eles. No meio da música vejo que o homem se ajoelha retirando do bolso uma caixinha, a coisa mais clichê que se pode imaginar, mas que parece ainda derreter o coração de todas as mulheres. 

Permaneço a cantar em um tom um pouco mais baixo e me pego curiosamente olhando ao redor, sentindo a necessidade de por um segundo parar de correr os olhos ao notar alguém que tenho certeza nunca ter visto antes aqui: Uma mulher linda, simplesmente linda, de olhos marcantes que admira o casal em questão no meio da pista. Da mesma forma que não posso parar de cantar, não consigo deixar de olhar para ela, parecia que estava hipnotizado pela beleza daquela mulher. Tudo parece ficar ainda mais intenso, mais diferente quando finalmente ela nota que estou olhando para ela e me encara com a mesma intensidade, consigo errar um acorde, mas que por pura sorte, ninguém nota. Ela abre um sorriso discreto e desvia os olhos por um segundo dos meus, coisa que não consigo fazer no momento, pois só consigo olhar para ela, admirá-la e imaginar poder tocá-la.

Sou despertado dos meus pensamentos quando todos começam a bater palmas e me forço a desviar os olhos dela, colocando fim na música. Quando novamente olho em sua direção, ela já não está mais no mesmo lugar. Corro os olhos pelo salão do bar, mas nada encontro. A única coisa que me resta é continuar a cantar e estar mais atento ao meu redor.

Camilla

A noite estava realmente muito corrida, o bar estava lotado e ficou ainda mais quando do nada começou a tocar música ao vivo. Foi impossível não mover os quadris quando o homem que, infelizmente, não dava para ver bem de onde estava, começou a tocar e cantar músicas latinas, me fazendo voltar a minha terra natal.

Eu estava rodeada de pessoas fazendo os seus pedidos, já estava acostumada a essa loucura e adorava, se não, eu estaria louca entre pedidos, garrafas de bebidas, coqueteleiras e comandas. Em certo momento da noite, um dos garçons veio avisar que iríamos ter um pedido de casamento no meio do salão.

Fico vidrada olhando para o casal que dança lindamente com se só existissem os dois e mais ninguém. Em certo momento da música, eles param de dançar e o rapaz de forma muito romântica surpreende a jovem ao se ajoelhar com uma linda caixinha em mãos e a pede em casamento. Sinto o meu coração se aquecer e me pego pensando naquele traste do pablo, me prometeu mundos e no final me deu apenas os fundos. Me pego querendo chorar e brigo comigo mesma por ao menos pensar na possibilidade de deixar uma lágrima cair por causa daquele traste.

Em certo momento o cantor de voz aveludada, um pouquinho rouca que deixa ainda mais sexy, começa a tocar a música um pouco mais baixa, mais suave e isso deixa a sua voz ainda mais sexy. É impossível não sair por alguns instantes do meu posto atrás do balcão e ir para um lugar mais localizado para conseguir vê-lo ainda melhor.

Devido a ter muitas pessoas e por agora estarem se aglomerando na frente da pista para ver o pedido de casamento, quase não consigo ver o tal homem direito, apenas o seu chapéu me é visível e uma parte do seu rosto. Consigo notar que se trata de um homem de pele morena e nada mais.

Dou mais alguns passos adiante e agora sim consigo vê-lo melhor. Se trata de um homem lindo, de uma beleza completamente diferente dos outros. De olhos redondos, boca desenhada e covinhas que se acentuam ainda mais quando sorri. E o sorriso, nossa, lindo! Por um segundo me vejo simplesmente hipnotizada por ele e pelos seus olhos intensos que me encaram. Sinto minha boca secar por alguns segundos, era como se tivesse algo me prendendo aos seus olhos. Por alguns instantes, ele desvia os seus olhos dos meus e eu me vejo liberta para voltar ao posto com o coração acelerado e a respiração descompassada.

— Camilla, por favor, vá buscar mais uma garrafa de tequila pra mim na adega? — Jack chama minha atenção quando retorno para atrás do balcão e o seu pedido faz com que eu saia por alguns minutos.

Adentrei a adega e notei que tinha um bolo de aniversário escrito “Happy B-day, Bruno”. Não fazia a menor ideia de quem seria o tal Bruno, porém a minha dúvida foi sanada na hora de irmos embora quando Miguel se aproximou de mim.

— Camilla, minha querida, quero dizer que estou muito impressionado com a sua desenvoltura hoje. Só vim agora falar com você, mas estou a observando desde que entrou pela porta do meu bar e se prontificou a ir para atrás do balcão sem ao menos pedirem.

— Muito obrigada senhor Miguel!

— Não precisa me chamar de senhor, apenas Miguel, por favor.

— Sim, sen… — sorrimos. — Miguel!

— Bem, continuando, queria te dizer que seria uma honra para mim e para o meu estabelecimento poder ter você conosco.

— A honra é toda minha! Fiquei muito feliz por não ter nenhum engraçadinho me assediando, ao contrário de como era no meu antigo emprego. Desculpa estar falando assim…

— Você está certíssima, aqui não toleramos esse tipo de comportamento dos nossos frequentadores. E se por acaso algo parecido acontecer, é só você falar para qualquer um dos nossos garçons ou o Bruno, o cantor, que eles vão pessoalmente retirar o abusado a ponta pés! — disse e sorrimos.

— Muito obrigada! — sorri.

— Por falar no Bruno, hoje é aniversário dele

— Ah, por isso vi um bolo de aniversário na adega com o seu nome?

— Exato! E, como sendo a novata, será que poderia fazer as honras de levar o bolo e nos ajudar a desejar um feliz dia para ele?

— Claro! Por que não?

Bruno, então era assim que o moreno de voz aveludada se chamava. Sorri abertamente para Miguel quando ele abriu caminho para que eu passasse já com o bolo em mãos. 

Quando adentrei ao salão, os meninos estavam tomando uma cerveja e logo que fui vista com o bolo em mãos, todos começamos a cantar parabéns.

Me posicionei a sua frente e aí sim consegui olhar diretamente em seus olhos, ver e admirar o seu rosto lindo e desenhado delicadamente. Bruno, esse era o nome do moreno de voz aveludada que conseguiu me deixar completamente hipnotizada. Ao olhar novamente em seus olhos, senti a mesma sensação que anteriormente, como se estivesse presa ao seu sorriso, aos seus olhos e senti borboletas passeando dentro de mim.