História Love You Goodbye - Piloto

Fechei meus olhos por um curto período de tempo, o suficiente para me tranquilizar, e poder voltar a observar Jimmy brincar, suspirei frustrada e desejei desaparecer, mas como sempre Deus ignorou minha suplica de que algum asteroide caísse em cima de mim, ou algo relacionado. Não que eu já não seja invisível, o que para mim é uma grande vantagem, simplesmente odeio chamar atenção, então prefiro ficar escondida, no meu quarto o dia todo. Mas minha mãe não consegue entender que eu simplesmente sou anti social, ela deve ficar muito decepcionada com a filha esquisita, a ponto de achar que eu sou doente ou coisa do tipo, e que a qualquer momento eu vou pular da janela do meu quarto ou me afogar na banheira. Por isso ela insiste que eu saia de casa e conheça gente nova, e eu acabo me sentindo mal por ela, não deve ser fácil ser mãe de uma depressiva bosta como eu, então eu tento fazer o que ela me pede.

Como nesse exato momento, eu estou no meio de um parque tosco, com várias crianças gritando e... comendo areia? Tendo uma vida relativamente normal, enquanto eu observo meu irmão Jimmy, que ao contrário de mim é bastante ativo, ele subia no escorregador e acenava para mim. Jim as vezes me lembra meu eu de 10 anos quando eu ainda era feliz, curiosa e disposta, e minha vida não era uma grande merda cheia de preocupações e inseguranças. Quando Jimmy nasceu minha família já estava passando por um período relativamente ruim, nossos pais estavam se divorciando, o que foi bastante complicado para, meu pai saiu de casa quando Jimmy completou 5 meses e nunca mais voltou, ele mora em Ohio e tem uma família nova por lá, mas eu nunca me importei com isso, ele paga a mensalidade da minha faculdade de artes e isso já basta, nunca precisamos dele mesmo, eu sempre tentei ajudar minha mãe, e graças a ela nós conseguimos suportar tudo que estava acontecendo.
Ajeitei meus óculos, e olhei a hora no relógio. É acho que já deu de aturar essa idiotice por hoje, levantei pegando minha bolsa e caminhando em direção ao playground, fazendo um gesto para que meu irmão viesse até mim, assim ele fez.
- Oi Fran. - Ele parou na minha frente permitindo que eu analisasse seus olhos incrivelmente azuis em contraste com o sol
- Temos que ir - Falei baixo e a expressão do garotinho passou de extremamente feliz para extremamente decepcionado
- Mas nós acabamos de chegar!
- Sinto muito - Ele cruzou os braços - Eu te compro um sorvete - Ele franziu o cenho
- Tudo bem - Baguncei os cabelos loiros e ele correu na minha frente
Respirei fundo e tentei acompanha-lo até uma sorveteria, depois de comprar o sorvete, caminhei com Jimmy até em casa, e depois resolvi dar uma olhada na loja de discos que felizmente ficava na esquina da rua de nossa casa.
Abri a porta e escutei o sininho soar, Steve o dono da loja levantou os olhos até mim, sorri fraco e cruzei o balcão.
Se tinha um lugar que eu realmente gostava era a velha loja de discos, não sei, talvez seja porque mas ninguém vai lá, ou só o ambiente agradável, o silêncio acompanhada de um rock clássico, e as diversas prateleiras empoeiradas. Passo da sessão de cds pop, que talvez seja a cessão mais acessada da loja, e vou para o fundo onde encontrava- se os vinis organizados e ao lado um toca disco antigo que talvez nem funcione mais.
Meus olhos curiosos logo vão ao encontro de uma clássica edição de Abbey Road, que por acaso era o que faltava para minha coleção dos Beatles, ainda surpresa tomei o disco da prateleira, e o encarei sem conseguir acreditar, e fui tomada por uma agradável sensação, só queria voltar logo para casa e escutar o disco enquanto pinto alguma coisa, sorri fraco e dei mais uma olhada na prateleira antes de resolver ir até Steve e pagar minha compra, porém acabo esbarrando em um desconhecido que parecia atordoado.
Senti meus pulmões arderem e uma horrível sensação de falta de ar enquanto tentava levantar e ir embora o mais rápido possível dali.
O estranho parecia tão perdido quanto eu, enquanto me olhava sem entender a situação, ele não era tão alto, tinha o cabelo castanho bagunçado, usava um óculos de sol que não me permitia ver seus olhos, e vestia uma camisa branca dos Rolling Stones.
- Foi mal - Ele falou baixo e eu tive uma leve sensação de já ter visto ele em algum lugar
Balancei a cabeça e apertei a manga do meu casaco enquanto passava por ele agradecendo por não ter que falar nada, mas eu continuava com a impressão de já tê-lo visto , o que me levou a pensar que talvez eu possa estar ficando louca, dei de ombros e parei em frente ao caixa entregando o disco para Steve, ele sorriu, paguei e sai da loja, caminhando apressadamente até em casa, subi para o meu quarto, e tranquei a porta colocando minha pequena preciosidade para tocar, arrumei meus matérias de pintura e por um momento olhei pela janela onde pude ver o desconhecido entrar em um carro preto e ir embora.
Suspirei frustrada, e voltei a me concentrar na minha tela branca.

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