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História Love You Like A Love Song - Epílogo - Dear Future Me


Escrita por: megqueen

Notas do Autor


Heeeey galera, chegay aqui com o epílogo que prometi pra vcs! O objetivo é dar uma ideia de como ficou a vida deles depois do casamento e também relembrar um pouco alguns momentos da fic. Espero que gostem <3

Capítulo 49 - Epílogo - Dear Future Me


Fanfic / Fanfiction Love You Like A Love Song - Epílogo - Dear Future Me

Claire POV

16 de abril de 2020, Mooresville, Carolina do Norte.

- Então é isso, gente, espero que tenham gostado! Até os próximos vídeos! – me despedi da câmera e levantei, indo até ela e parando a gravação. Tirei-a do tripé e a levei até mesa do meu escritório em casa, onde conectei ao computador.

À espera de que carregasse, dei uma rápida olhada ao redor. Ainda me lembrava da primeira vez em que pusera os pés naquele cômodo, quatro anos antes. No dia em que Shawn me mostrara a nossa mais nova casa; o dia que sucedera o do nosso casamento. Na ocasião, aquela sala só tinha uma estante vazia e a tal mesa. Com o passar dos anos, porém, foram sendo adicionados enfeites, cadeiras, quadros, velas, equipamentos de gravação, até que, finalmente, o cômodo chegou ao que era hoje – o aposento da casa que eu mais amava.

Enfim, o vídeo havia sido transferido ao computador. Eu já estava me sentando para começar a editá-lo, quando ouvi algumas batidas na porta. Segui em direção à entrada e a abri, revelando meu marido. Shawn tinha a expressão cansada, olheiras profundas emoldurando os olhos desesperados. 

- Me ajuda, pelo amor de Deus. – Shawn implorou. – Essa menina não dorme!

Eu ri de sua frustração: - Já deu banho nela? – indaguei. Era difícil nossa filha dormir sem ter recebido um banho morno antes.

- Já. – Shawn assentiu. – E também já tentei cantar pra ela, antes que me pergunte. Ela só gosta da sua voz.

- Isso não é verdade, e você sabe disso. – apaguei a luz do escritório e fui com ele até o quarto onde nossa filha dormia.

Antes de seguir para o berço, fui até o banheiro. A iluminação nele era fraca, apenas a luz da lua entrando pela janela. No entanto, foi suficiente para que eu pudesse enxergar ali a xícara que Shawn costumava usar para dar banho nela – já que não se podia simplesmente ligar um jato d’água em seu rosto, sendo molhá-la aos poucos a forma correta de se fazer – indicando que ele realmente lhe dera banho. Tendo a minha confirmação, retornei ao quarto. Um ruído que ameaçava o começo de uma choradeira escapou dos lábios da bebê. Aproximei-me de onde Shawn estava tentando acalmá-la. Meus olhos encontraram os de Katherine, tão azuis quanto os meus. Ela sorriu ao ver a mãe e os resquícios da ameaça anterior evaporaram.

- Vamos cantar pra Ketchup juntos. – Ketchup havia se tornado um de seus apelidos, em razão das bochechas sempre coradas que ela herdara dos pais.  – Acho que assim ela dorme.

- Qual música? – Shawn quis saber, porém eu já tinha começado. Tentei cantar aquela canção agitada em um ritmo lento, que causasse torpor.

 

It's been said and done, every beautiful thought's been already song

And I guess right now here's another one, so your melody will play on and on

 

Shawn havia se juntado a mim na cantoria. Nossas vozes se misturavam, somando-se, completando-se, inteirando-se. Katherine nos olhava com curiosidade. Sua expressão era muito engraçada, mas eu me esforçava para não rir, pois sabia que risos e gargalhadas aguçavam seus sentidos e a deixavam desperta.

 

With the best of 'em... You're beautiful, like a dream come alive, incredible

A centerfold miracle, lyrical... You've saved my life again... And I want you to know, baby

 

Eu nunca antes cantara aquela música de modo tão lento. Kat já começava a apresentar alguns sinais de sonolência – e eu tinha a impressão de que o efeito era o mesmo em mim e em Shawn.

 

I, I love you like a love song baby... I, I love you like a love song baby...

I, I love you like a love song baby and I keep hittin re-pe-pe-peat

I, I love you like a love song baby... I, I love you like a love song baby...

I, I love you like a love song baby and I keep hittin re-pe-pe-peat

 

Bocejos começaram a escapar de Katherine. Cantamos o refrão mais duas vezes e seus olhos se fecharam para não se abrirem pelo resto da noite. Meu marido e eu nos inclinamos sobre o berço da nossa filha.

- We love you like a love song, baby. – dissemos juntos e depositamos um beijo no topo de sua cabeça. Após ligar a babá eletrônica, deixamos o aposento com passos silenciosos. Assim que a porta se fechou atrás de nós, foi a minha vez de ganhar um beijo na testa.

- Você é a melhor pessoa que existe. – Shawn me abraçou. – Obrigado.

- Não há de quê. – sorri para ele. – Eu prometi, lembra? Amá-lo, honrá-lo, respeitá-lo e ajudá-lo na enfermidade ou na saúde, na prosperidade ou na adversidade, e manter-se fiel a ele enquanto os dois viverem. – recitei os votos matrimoniais.

- Lembro. – Shawn sorriu. – Não tem como esquecer esse dia.

Eu concordei e, abraçados de lado, nós caminhamos até o closet. Tirei o vestido que eu usava e coloquei um pijama. Tinha mudado de ideia sobre editar o vídeo àquela hora; poderia fazê-lo outro dia. Shawn já estava de pijama, então seguimos para o nosso quarto.

- Eu trabalhei muito hoje. – deitei em nossa cama, sentindo os olhos pesarem. – Tô cansada.

- Eu sei, mas olha o lado bom. – Shawn se deitou comigo. – Amanhã você não vai precisar trabalhar.

- Não?

- Não. Temos uma festa pra ir. – explicou ele.

- Festa? – Romero Britto? Katrina?

Shawn riu: - Meu Deus, Claire, você é uma melhor amiga péssima. Já esqueceu que amanhã é o casamento do Cams e da Sa?

- Não sou uma melhor amiga péssima. – falei que nem criança, prestando atenção a apenas uma parte de sua fala.  – Só tô com sono.

- Eu sei, vida, eu também. – cuidar de uma criança podia ser uma tarefa bastante exaustiva. Shawn desligou o abajur e me puxou para mais perto, aconchegando-me em seus braços. Após algumas carícias em meu cabelo, ele desejou: – Doces sonhos pra você, doce garota.

(...)

- Eu, Cameron Dallas, recebo a ti, Sarah Conceição, por minha esposa e prometo ser-te fiel, amar-te e respeitar-te, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza, todos os dias de nossa vida.

- Eu, Sarah Conceição, recebo a ti, Cameron Dallas, por meu esposo e prometo ser-te fiel, amar-te e respeitar-te, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza, todos os dias de nossa vida.

Se eu estivesse usando algum tipo de maquiagem sobre os meus olhos naquele momento, provavelmente estaria toda borrada. Shawn, segurando-se para não rir de mim, estendeu-me um lenço de papel. Sorrindo entre lágrimas, o agradeci e sequei meu rosto. Era comovente ver Sarah e Cameron – dois dos meus melhores amigos – de mãos dadas no altar, sorrindo largamente um para o outro, recitando os votos matrimoniais. Embora o casamento dos dois estivesse sendo bastante diferente do que o meu fora, conseguia me deixar tão emocionada quanto em tal ocasião.

Enquanto meu matrimônio ocorrera em uma tarde fria de inverno e local fechado, o deles se passava em plena primavera e ao ar livre, com uma brisa quente soprando suavemente nos rostos dos convidados e uma infinidade de árvores coloridas ao redor. Eu estava em uma das primeiras filas de bancos de madeira, tendo uma boa visão dos noivos. Sarah usava um vestido longo, branco, sem mangas e que apresentava um único detalhe brilhante e prateado, uma espécie de cinto que vinha nele. Combinava com seus brincos e pulseiras, também prateados. Cams vestia branco assim como ela. Ambos estavam lindos.

- Se alguém tiver algo a apresentar contra esta união, que diga agora ou cale-se para sempre. – como Victor não fora convidado, todos continuaram em silêncio. A cerimônia prosseguiu. – Pelos poderes em mim investidos, eu vos declaro marido e mulher. Pode beijar a noiva. – Cameron envolveu Sa nos braços, ergueu-a no ar e beijou-a. Shawn e eu batemos palmas, assim como os demais convidados.

Depois dali, seguimos para a festa, que também seria ao ar livre. Após parabenizar e abraçar os dois, conversar com algumas pessoas e comer muitos doces – que estavam divinos, aliás – vi Tainá, Giulia, Daniel e Sarah batendo papo em um canto. Segui até lá.

- Oi, gente! – entrei no meio da conversa de forma bem sútil.

- Oi, pequena! – respondeu Danny com um sorriso radiante. Ele tinha uma nova namorada agora, a Bia, uma brasileira que conhecera em Harvard. Ela não estava presente naquele dia, porém eu tivera a oportunidade de conhecê-la no casamento de Tainá e Carter. A garota era bastante simpática e educada e, ao que tudo indicava, o fazia extremamente feliz.

- Oi, wife! – China me abraçou de lado.

- E então, qual era o assunto? – indaguei, abraçando-a também.

- Nós estávamos falando sobre como é legal que nada tenha mudado na nossa amizade durante os últimos anos. – esclareceu Sarah. Aquilo era verdade, apesar de que, pelo fato de estarmos nos dedicando mais à família, nos víamos bem menos. Contudo, quando nos víamos, parecia que nada mudara.

- Mesmo com o Danny morando no Brasil, a Tainá tendo saído em uma lua de mel de trinta mil anos na qual nunca respondia o Whats, a Claire trabalhando e cuidando da Kat durante 25 horas por dia e a Sarah tendo passado o último ano planejando o dia de hoje, tudo continua o mesmo. – disse Giulia. Ah, sim, este era outro item que diferenciava bastante o casamento de Cams e Sa do meu: um planejamento de um ano.

- E vai continuar assim, mesmo com o seu bebê vindo. – Daniel pousou as mãos gentilmente na barriga de Giu, fazendo-a sorrir.  Não era possível notar a primeira e atual gravidez dela, no entanto, já que esta só tinha nove semanas.

- E mesmo com o meu vindo. – Sarah acrescentou baixo, entretanto, todos nós ouvimos.

- O QUÊ?! – quase gritei no meio da festa.

- CONTA TUDO QUE EU QUERO SABER! – emendou China. Sa soltou uma risadinha e começou a explicar sobre sua gravidez de cinco semanas.

Depois de muitos minutos despejando várias perguntas sobre a loira, decidi me despedir deles e voltar à mesa onde estava com Shawn. Levantando a barra do meu longo vestido, sentei no colo dele.

- Cadê meu bebê? – perguntei, olhando em volta e procurando por Katherine.

- Embaixo de você. – respondeu ele, passando um braço ao redor da minha cintura.

Eu ri: - Não, o meu outro bebê.

- Ah, sim. – a compreensão atravessou o rosto de Shawn. – Se acostumando com os avós maternos, já que vai passar o final de semana com eles. – ele e eu iríamos viajar para a Califórnia no dia seguinte e pedimos à minha mãe que cuidasse da Kat durante nossa ausência.

Segui a direção que Shawn indicava, finalmente encontrando Katherine. Minha filha ria no colo de Elizabeth enquanto Skylynn e Johnnie faziam caretas para ela. Eu sorri.

- Eu tô tão feliz que finalmente vamos ter um tempo só pra nós dois. – repousei a cabeça no ombro do meu marido e fechei os olhos, sentindo seu familiar perfume. Do meu ponto de vista, se a palavra “lar” tivesse um cheiro, seria aquele.

- Também estou feliz por isso. – mesmo sem poder vê-lo, tinha certeza de que sorria. – Só ficaria mais feliz ainda se fosse uma semana ao invés de um final de semana. E se não tivéssemos que viajar de avião duas vezes nesses dois dias.

- Mas, vida, vamos ter uma noite inteira só pra nós! – ergui o olhar até o dele, na esperança de que a minha animação o contagiasse. – Imagine uma noite inteira podendo fazer qualquer barulho, sem ter que se preocupar em acordar a Kat! – aquele era o meu maior desejo dos últimos tempos. Só de pensar que no dia seguinte ele seria realizado, eu sentia vontade de sorrir para todos que encontrasse na rua. – Tá acompanhando?

- Se com “qualquer barulho” você quer dizer gemidos, então, sim, estamos seguindo a mesma linha de pensamento. – Shawn confirmou.

- Sim, foi exatamente isso que eu quis dizer. – eu sorri. – Ah, esse final de semana vai ser tão bom... Nossa noite juntos, praias californianas, nada de estresse e...

- Ellen! – dissemos juntos, felizes da vida por termos sido convidados a aparecer no show.

 

No dia seguinte...

- Mas eu não quero secar, está muito calor.  – Shawn protestou e argumentou, porém a cabeleireira já estava com o secador em mãos, ligando-o.

- Vida, você ainda não entendeu? Aqui o cliente não tem escolha e ponto final, sem discussão. – brinquei, fazendo os dois rirem.

Shawn acabara de lavar e cortar o cabelo contra a própria vontade. Ali, era Zoey quem mandava. Ela que sabia o que era melhor para o seu cabelo; não você. Contudo, ninguém jamais deixava aquele lugar insatisfeito com o trabalho dela. Definitivamente, Zoey Scott era a melhor cabeleireira de Mooresville. Eu não a trocaria por nenhuma outra.

- Por isso que eu adoro vocês, vocês entendem rápido! – Zo sorriu, já começando a secar o cabelo de Shawn. Katherine, em meu colo, escondeu o rostinho contra o meu tronco e agarrou a parte superior do meu vestido, assustada com o barulho.

Tif e eu nos entreolhamos e sorrimos. Tiffany era a melhor amiga de Zoey e elas trabalhavam juntas, mas sua especialidade não era o cabelo, e sim as unhas.

Ela tirava o esmalte rosa claro que eu usara para combinar com a roupa do casamento de Sarah e passava um vermelho, agora para combinar com os detalhes do meu vestido daquele dia, quando brincou: - Bebê, calma. Seus pais provavelmente não te ensinaram, mas, quando vem tornado, tem que se esconder no porão; não na blusa da mamãe. – sem contar Katherine, estávamos apenas nós quatro no salão. E, como já nos conhecíamos havia algum tempo, podíamos falar livremente e fazer inúmeras brincadeiras (fossem elas engraçadas ou não) sem qualquer pudor.

- Voilá! Seu marido está pronto! – anunciou Zo, enfim libertando Shawn. Ela se virou para mim. – Agora é sua vez, princesa! – me levantei e, após passar Kat para o colo de Shawn, fui até ela. – E então, o que quer fazer hoje?

- Desde que não envolva química, pode fazer o que quiser. Confio em você. – afirmei.

Zo rolou os olhos: - Claire e seu amor pelo cabelo virgem. – entretanto, logo ela estava sorrindo. A garota adorava quando eu a deixava brincar de boneca comigo; se divertia muito com os meus cabelos extensos. – Vem, vamos te lavar. – me conduziu até o lavatório.

- Vida, manda uma foto pra Ally e pergunta o que ela achou do seu novo corte de cabelo. – sugeri, vendo que Shawn se preparava para tirar uma selfie com a Kat. Ele tentava formar um sinal de paz com os dedinhos dela, totalmente em vão – pois, a cada nova tentativa, nossa filha agarrava seu indicador e não soltava mais. Tif e eu rimos da cena. Zoey, por outro lado, estava muito concentrada aplicando shampoo em meus fios.

- Ok, vou mandar. – Shawn assentiu e bateu a foto. Alguns minutos depois, recebeu a resposta. – Ally disse que eu pareço um jovem homem de negócios. – nós gargalhamos. – E que “apesar disso, não passe gel de jeito nenhum”. – mais uma mensagem chegou. – Ah, e que quando eu tiro fotos com a Ketchup ela ofusca meu brilho. Isso porque ela nem estava olhando pra câmera, mas tudo bem.

- Exatamente, não passe gel de jeito nenhum, ou vai estragar minha obra prima! – Zoey riu. – Sua irmãzinha é muito sábia, hein?

Meu marido deu de ombros: - Teve a quem puxar.

E então nós esperamos. Muitos ventos de secador depois, eu finalmente fiquei pronta.

- Prontinho! – Zo finalizou meu penteado. – Shawn, sua esposa não está linda?

- Minha esposa está sempre linda. – ele sorriu e caminhou ao meu encontro, ainda com Kat em seu colo, depositando um beijo ameno em meus lábios. Todos no recinto sorriam, exceto nossa filha, que nem percebeu pois brincava com a gola da blusa do pai.

- E você, bebê? Quer cortar seu cabelinho também? Vamos dar um jeito nessa juba? – Zo brincou com ela. Katherine riu com o carinho. – Sério, gente, ela é muito fofa! A bebê mais risonha que eu já conheci!

- Pois é, não sabemos ao certo qual a razão de ela rir tanto. – comentei. – Mas temos leves suspeitas de que talvez seja porque eu ria muito quando estava grávida. Shawn vivia fazendo piadas o dia inteiro.

- É uma possibilidade. – nós sorrimos.

Pagamos a conta e nos despedimos das duas. Se pudéssemos, ficaríamos o dia inteiro ali, mas ainda tínhamos que deixar Katherine na casa da minha mãe e ir para o aeroporto, então... Saímos do ambiente agradável e arejado dentro do salão e fomos para o calor de matar que fazia no lado de fora. Em seguida, entramos no nosso carro, que se encontrava estacionado em um canto sombreado abaixo de uma árvore.

(...)

- Você quer, vidinha? Quer um dorito? – perguntei à Kat com aquele tom de voz comumente usado com crianças, estendendo o salgadinho laranja na frente de seu rosto. – Brincadeira, isso é química pura, não vai rolar. Mas pode beber água. – encachei o copinho em suas mãos pequeninas, o qual ela logo levou aos lábios.

- Hey, dá um pouco? – pediu Shawn enquanto dirigia.

- De quê? Água ou Doritos?

- Doritos, né. Não sou louco de pedir o último gole da água dela.

- Own, você aprendeu a regra número 2 do convívio com gordinhas! – sorri, colocando um salgadinho em sua boca.

Regra número 1: jamais peças um pouco da comida ou da bebida na mão da gordinha.

Regra número 2: principalmente se for a última do pacote/ último pedaço/ último gole.

- Acredite, também estou ligado na primeira. – Shawn me garantiu. – Nunca vou esquecer aquele dia que pedi um gole do seu suco e você me olhou tipo “me controlando muito pra não te matar”. Aí você começou a estender o copo de má vontade e eu: “não, deixa quieto, deixa quieto”. – eu ri, me lembrando da ocasião. – Só pedi doritos porque sei que você não come o pacote inteiro sozinha.

Regra número 3, ou a única exceção: no caso de saber com certeza que ela não aguentará comer tudo sozinha, poderás pedir um pouco.

- Entendi. – eu ri. – Mas, sabe, estou pensando seriamente em deixar essas normas de lado e começar a compartilhar tudo que eu comer com você.

- Porque assim você não engorda sozinha? – ele sorriu, adivinhando. Eu havia engordado um pouco desde que engravidara, claro; por que não deixar que Shawn me acompanhasse?

- Quê? Não, claro que não! É porque sou uma boa esposa mesmo.

Nesse momento, Shawn parou o carro em frente à minha antiga casa, aquela onde tudo começou para nós dois. Descemos do carro e tocamos a campainha. Sky, agora já com dez anos, nos atendeu.

- Clary! – veio me abraçar. – Shan! – abraçou o mesmo.

- Oi, linda, como você está? – Shawn a cumprimentou, adentrando a sala. Entrei logo em seguida, segurando Katherine nos braços.

- Estou bem, estava brincando de cavalinho com o Nash e a Giulia! – Skylynn nos informou. Mesmo tendo crescido muito, ela jamais superara seu amor por cavalos e a brincadeira que consistia em subir nas costas de alguém.

- Jura? Que legal! Acho bom os atrapalhados não terem deixado nossa loirinha cair! – ele disse.

- A única atrapalhada nesse recinto é sua esposa, Mendes. – Giulia apareceu sorrindo, de mãos dadas com o meu irmão. Seu olhar encontrou minha filha. – Ketchup! – minha melhor amiga soltou a mão de Nash e veio correndo em nossa direção. Ela tirou a criança do meu colo e começou a rodopiar com ela pela sala de estar. Nós rimos.

- Onde estão a mamãe e o papai? – perguntei ao Nash. Obviamente, eu não me esquecera do meu pai verdadeiro. Ainda tinha um espaço enorme reservado a ele no meu coração, ainda o amava intensamente, mesmo que estivesse tão longe. Contudo, Johnnie fora tão legal comigo, desde o dia em que eu colocara os pés nos Estados Unidos, que eu já o considerava como um pai.

- Foram comprar leite porque nós queríamos fazer um bolo e tinha acabado. – Nash me explicou. – Mas já estão voltando.

- Entendi... Bem, nós precisamos ir ou vamos perder o voo. Aqui está a mochila com as coisinhas da Kat. – lhe entreguei. – Diz que eu amo eles e nós voltamos amanhã. Cuidem bem da minha filha até lá!

- Pode deixar. – Nash sorriu. – Olha, já começamos bem! – ele indicou a esposa na sala, um pouco distante de nós, que estávamos na porta. Giulia segurava Katherine no ar e dançava com ela algo que eu não conseguia definir se era pagode ou salsa. Eu ri.

- Tchau, maninho. Te amo. – abracei Nash. – Tchau, loirinha linda. Também te amo. – dei um beijinho de despedida na Sky. – E tchau, melhor amiga doidona! Amo você! – gritei para Giulia.

- Tchau, gata! Arrasa na Ellen, só não ofusca o brilho dela ou ela nunca mais te convida!

- Deixa comigo. – sorri, ainda a observando rodopiar com Katherine para lá e para cá. – Nash, se de repente a Tainá aparecer por aqui com o Cartah, nada de parkour com a minha filha, ok?

- E, se algum Aaron, Cameron, Sarah, Jack, Matt ou Taylor aparecer, nada de por perucas nela, certo? – Shawn reforçou.

- Relaxem, pais superprotetores! A Ketchup vai ficar bem. – Nash nos assegurou. – Esqueceram que o Johnnie e a mamãe vão estar aqui? – confesso, eu me senti mais calma com aquele lembrete. – Agora vão lá brilhar na Califórnia! – nos empurrou para fora. – Nos vemos amanhã!

(...)

- E agora com vocês o casal mais fofo da América: Claire Grier e Shawn Mendes! – anunciou Ellen. Ouviram-se muitos aplausos no estúdio, então Shawn e eu subimos ao palco, de mãos dadas e com sorrisos enormes estampados em nossos rostos. Nós a cumprimentamos e nos sentamos. – Bem, alguns anos atrás, vocês dois gravaram alguns vídeos pro YouTube, entre eles a Boyfriend Tag. Com esse vídeo, as fãs piraram e puderam saber um pouquinho mais sobre o namoro de vocês. Mas os dois nunca chegaram a dar uma entrevista juntos e os demais vídeos que gravaram ao longo dos anos foram covers ou desafios. Assim, aquela Tag é basicamente todo o conhecimento que temos sobre esse namoro lindo. Claire e Shawn, estão prontos pra responder as perguntas das suas fãs e entregar toda a história de vocês?

- Estamos. – nós dois pronunciamos em uníssono.

- Eu vou fazer algumas perguntas e depois vamos passar pras preguntas da plateia, certo? – disse Ellen. Nós dois assentimos. – Bem, como sempre, começamos pelo início: como vocês se conheceram?

- Eu tinha acabado de vir do Brasil pra voltar a morar com a minha mãe. – comecei. – E o Nash e o Shawn eram muito amigos, então ele estava passando as férias na minha casa e o Nash nos apresentou.

- Como foi o primeiro encontro de vocês?

Olhei para o Shawn, sugerindo que ele respondesse: - Bem, eu queria muito sair com a Claire, mas não sabia se ela também queria e não tinha coragem o suficiente pra perguntar, com medo de levar um fora. Então eu pedi ajuda pro Nash e nós inventamos uma história de que era aniversário da mãe deles naquele dia. – o olhar de Shawn encontrou o meu por um momento, brilhando de diversão ao lembrar-se da data. – Ela ficou muito brava por ninguém ter avisado antes e começou a ir pra porta da casa dizendo que ia sair e comprar o presente, mas, como ela não lembrava muito bem de como era a cidade, eu me ofereci pra levar ela.

- Eu não estava prestando muita atenção no caminho. – continuei a história, agora do meu ponto de vista. – E, quando me dei conta, nós dois estávamos em um prado super lindo. Nós passamos a tarde inteira lá, cantando e tocando violão, e quando escureceu voltamos pra casa.

- E o primeiro beijo de vocês, como foi?

- Foi naquela mesma noite. – contou Shawn e depois sorriu. – E foi muito bom. – balancei a cabeça em afirmação, concordando.

- Wow, na mesma noite?! Ligeiros vocês dois, hein? – nós rimos. – Bem, agora vamos pras perguntas da plateia.

Uma menina se destacou na multidão, levantando-se entre as pessoas sentadas: - Teve alguma coisa de especial no pedido de namoro ou no de casamento? – com uma simples troca de olhares, meu marido e eu chegamos a um acordo mudo de que ele responderia a primeira parte e eu responderia a segunda.

- O pedido de namoro foi bastante especial. – Shawn afirmou. – Nós estávamos em Nova Iorque pra algumas reuniões sobre uma possível Magcon no Brasil e acabamos passando uma semana lá. No último dia, eu levei a Claire pro topo do Empire State e cantei Counting Stars pra ela. Aproveitando a deixa, eu disse: “Sabe, ultimamente, eu tenho perdido o sono sonhando com as coisas que poderíamos ser. Claire Grier, você gostaria de ser oficialmente minha namorada?”.

- Ooooooown! – praticamente todos no estúdio usaram a mesma expressão.

Rindo, continuei: - Também achei o pedido de casamento especial. Shawn esperou pelo dia do meu aniversário de dezoito anos. Ele me chamou no meio da festa pra ver “os cupcakes de aniversário que tinham chegado”. Quando eu abri a caixinha, tinha um anel dentro.

- Caramba, além do anel ainda ganhou sobremesa! – observou Ellen. – Quem dera todos os pedidos de casamento fossem assim! – a plateia soltou sons de concordância.

- Antes da pergunta eu só queria dizer que vocês são meu OTP e são incríveis. – disse uma fã, arrancando sorrisos enormes de Shawn e de mim. – E eu queria saber se a família e os amigos sempre aceitaram bem a relação de vocês.

- A família sempre aceitou bem. – eu disse.

- Mas uma das melhores amigas da Claire não foi muito com a minha cara no começo. – o dia que Shawn ofereceu morangos à Tainá jamais sairia de minha cabeça, por inúmeras razões. – Digamos que ela era um pouco possessiva em relação à Claire.

- Mas agora está tudo bem? – indagou nossa fã.

- Sim, agora está tudo bem. – sorrimos.

- Quem disse “eu te amo” primeiro? Há quanto tempo vocês namoravam?

- Eu disse primeiro. Nós namorávamos fazia uns dois meses. – relatou Shawn. – E uns cinco quando a Claire disse.

- Ué, não foi no mesmo dia? – a expressão da apresentadora era confusa.

- Não, a Claire chorou tanto que não conseguiu responder nada. – Shawn riu de mim.

- Ei, não me zoa que você chorou também! – o empurrei de leve, acompanhando-o no riso.

- Mas pelo menos eu te respondi!

- Shawn, como você soube que amava a Claire? – foi a próxima questão.

- Nós estávamos em Miami e era a véspera do aniversário da Tainá. – meu marido iniciou o relato. – A Claire chegou no quarto feliz da vida porque tinha conseguido encontrar um presente pra ela. Eu estava triste, mas, quando vi a felicidade dela, fiquei feliz também. Vê-la feliz sempre me deixava feliz, assim como vê-la sofrer sempre me fazia sofrer. Foi mais ou menos aí que eu soube.

- E você, Claire, como soube que amava o Shawn?

- Foi muito do nada. – ri comigo mesma, pois, de fato, tinha sido extremamente repentino. – Nós estávamos em Seattle, numa cafeteria. Ele sorriu e eu soube que amava ele, não me pergunte como. Foi realmente muito, muito do nada.

- Shawn, você se mudou pra Mooresville pra ficar perto da Claire?

- Eu já queria me mudar bem antes de conhecer ela, porque todos os meninos moravam lá. Mas, quando nós começamos a namorar, eu passei a insistir mais, porque não queria ter que continuar o relacionamento à distância. – nós éramos sortudos demais por não ter precisado passar por isso. – Então meus pais aceitaram e a mudança foi meio que o meu presente de aniversário daquele ano. – e também por ganhar os melhores presentes de aniversário.

- Como a fama afeta o relacionamento de vocês?

- Não afeta o nosso casamento em si. – informei. Shawn e eu continuávamos tendo uma relação anormalmente estável e saudável.

- Mas afeta um pouco em relação à nossa filha, porque dificilmente podemos levá-la pros compromissos. – Shawn completou. – Foi por isso que decidi parar com as turnês, pra ter mais tempo pra família. – ele continuava trabalhando com a Island Records, mas o contrato tinha mudado e agora ele atuava somente como compositor, não mais como cantor. Eu o dissera que não precisava fazer isso, dissera que poderia tomar conta da Kat sozinha enquanto ele viajasse, porém Shawn insistiu que queria ser um pai e um marido presente, que queria estar comigo e com ela todos os dias.

- E a última pergunta: o que mudou na vida de vocês desde que tiveram a Katherine?

- Além do negócio das turnês, só o fato de que, antes, a Claire passava metade do tempo trabalhando e metade do tempo comigo e, agora, passa metade do tempo trabalhando e metade do tempo cuidando da Kat. – respondeu Shawn.

- Ei, isso não é verdade! – protestei, pois dedicava uma quantidade considerável de tempo a ele. Shawn riu e me abraçou de lado.

- Tá, é mentira. Nós dois sempre cuidamos dela juntos, então... Acho que nos deixou mais unidos. Como uma família de verdade.

Assim que os questionamentos se encerraram, nós participamos de algumas brincadeiras e zoações. Afinal, estávamos na Ellen. E, ao fim do programa, fomos direto para a praia. Tirei os saltos e corri pela areia como uma criança, feliz da vida. Eu adorava absolutamente tudo ali – a brisa que vinha do mar e soprava o meu vestido e o meu cabelo para trás, o som das ondas se quebrando, o pôr-do-sol colorindo o horizonte, a faixa de água que ficava amarelada devido à luz dele e, é claro, o meu marido.

- Vida, quando a Kat crescer, vamos nos mudar pra Califórnia? – perguntei, enquanto girava nos braços dele. Eu adorava sentir a água do mar sob os meus pés, mas adorava mais ainda ser erguida no ar por ele. – Você pode assinar um contrato com a Capitol.

- Tudo bem, a Ketchup vai ter crescido, mas e os nossos outros filhos? – Shawn lembrou.

- Então, sobre isso... – já fazia algum tempo que eu queria falar sobre o assunto com ele, no entanto, nunca encontrava o momento certo. – Eu acho que nós devíamos parar no primeiro filho.

- Por quê?

- Sei lá, eu só... Eu quero dar à Kat o máximo de atenção possível, sabe? Não quero ter que dividir minha atenção entre várias crianças e correr o risco de fazê-las achar que eu tenho um filho favorito. – tentei colocar em palavras meus pensamentos complicados dos últimos tempos.

- Tudo bem. – Shawn assentiu. – Paramos no primeiro filho.

- Tudo bem mesmo? Você não sonha em ter um menino? Porque a maioria dos homens sonha. – eu queria ter certeza de que ele estava de acordo.

Shawn sorriu: - No meu caso, sempre quis ter uma menina. Então, não, realmente não vejo problema em pararmos na Kat. Mas não sei quanto a se mudar pra cá... É tão longe de casa. – eu sorri. Era incrível como, em tão pouco tempo, o conceito de “casa” dele mudara de Ontário para Carolina do Norte, assim como o meu deixara de ser São Paulo. – E sério, vida, não quero mudar de profissão. Eu amo escrever músicas e amo as coisas do jeito que estão. Mas não sei por que estamos falando sobre isso agora. Pensei que esse final de semana fosse pra relaxar.

- É, você tem razão. – me rendi. – Só deixa eu ficar mais um pouco no mar e aí nós vamos pro hotel, onde podemos melhorar esse dia ainda mais. – abri meu sorriso malicioso, do qual já estava sentindo falta. Definitivamente, nós precisávamos de mais viagens a dois como aquela.

 

Na manhã seguinte...

- Claire, vida, acorda... – Shawn me chamava. Eu estava de bruços na cama, podendo sentir sua mão em minhas costas nuas, sacudindo-me de leve. – Vida... Nós não podemos perder o voo...

De má vontade, tirei o rosto dos travesseiros, recebendo luz do sol nele: - Não podemos ficar aqui mais uns dias? Tá tão bom...

- Eu bem que queria, mas e a Kat? – Shawn me lembrou. Como já tinha concluído sua missão de me acordar, levantou-se da cama e começou a recolher nossas roupas espalhadas pelo piso.

- Ah é, eu sou mãe agora, né? – sentei-me na cama, esfregando os olhos.

Shawn riu: - Sim, você é mãe agora. – ele veio até mim e me deu um demorado beijo de bom-dia. – Partimos em três horas.

Espreguicei-me e enfim levantei, seguindo para o banho. Depois do café da manhã, nós fomos para o aeroporto. O voo durava quatro horas; fiquei lendo na maior parte do tempo. Era o último livro de uma longa série, aquela que eu estava lendo em Miami quando quase estourei os tímpanos dos Jacks ao ver meu personagem predileto morto. A série teve inúmeros acontecimentos tristes, dos quais não gostei nem um pouco, porém aquele final fora simplesmente perfeito. Ao terminar o livro, eu estava feliz e tinha chegado a uma conclusão.

Tal conclusão foi formada após uma longa reflexão por minha parte. Pensei nas várias coisas horríveis que me aconteceram em 2013 e 2014 – o adoecimento do meu pai, a morte do mesmo, as traições de Shawn – e pensei também em como, se não fosse por elas, eu não estaria onde estava atualmente, feliz como se tivesse encontrado o Paraíso na Terra. Afinal, se meu pai ainda estivesse entre nós, eu nunca teria me mudado para Mooresville. Nunca teria conhecido Shawn e os meninos, participado das magcons, continuado a ganhar a vida como youtuber. Não teria tido minha filha linda, meu poço de alegria sem fim.

Baseando-me nisso e nas tragédias do livro que acabaram bem, concluí: a vida era como nos livros. A história ia mudando. Às vezes, não do jeito que você queria. Às vezes, não de um jeito bom. Mas, quando chegamos ao fim, percebemos que ela não teria acabado daquele jeito se não fossem por todas essas mudanças – fossem elas boas ou ruins.

Dei uma rápida olhada para o lado, encontrando um Shawn adormecido. Subitamente, senti-me a pessoa mais abençoada na superfície da Terra. Tinha sofrido tanto no ano de 2014, imaginado que Deus não se importava mais se eu estava rindo ou chorando, pensado que a vida tinha acabado para mim, que eu nunca mais voltaria a ser feliz sem meu pai... E, o tempo todo, sempre achei que estava recebendo uma espécie de castigo. Mal sabia eu, todavia, que Deus não estava me castigando; estava me presenteando. Fechando a porta de um antigo mundo para que eu pudesse conhecer outro, tão maravilhoso quanto. Estava me fazendo crescer como pessoa, me fazendo aprender algo que apenas a dor e a perda eram capazes de ensinar – como dar às coisas e às pessoas em sua vida o seu devido valor.

Com cuidado para não acordá-lo, me inclinei sobre Shawn e depositei um beijo em sua bochecha: - Você me encontrou em um momento no qual minha vida estava um inferno de dor e sofrimento. E agora ela é um paraíso. Você me ajudou a fazer dela um paraíso. Eu te amo, Shawn. Obrigada por fazer parte da minha vida. – minha face estava afundada em seu pescoço ao sussurrar meus agradecimentos.

- Eu também te amo, vida.

O som me assustou e fez com que eu fosse para trás, o suficiente para que pudesse ver o seu rosto. Fui recebida por olhos bem abertos e um amplo sorriso. Shawn não estava dormindo.



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