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História Lovers When It's Cold - Capítulo 6


Escrita por: msheecstazy e linashamex

Capítulo 7 - Capítulo 6


Voltar para o quarto foi a pior decisão que Tobirama fez, uma vez que o cheiro dele estava impregnado em cada centímetro do lençol. Fechou a janela por conta do frio que aumentou um bocado naquele meio de madrugada e então se deitou. Abraçado no cobertor, arrependeu-se amargamente disto quando constatou que o calor daquilo não era nada comparado ao que emanava do corpo de Izuna...

A manhã chegou mais rápido do que seu corpo desejava, o cansaço lhe abatendo no instante em que seus olhos se abriram. A noite havia sido curta e estressante, tudo que conseguia pensar era em como estava perdido. Durante toda sua vida jamais havia se sentido tão sem chão. Descobriu o segredo dele quando eram mais novos, em uma tarde qualquer quando brincava pelos terrenos, e por saber que eram prometidos e que o casamento era o marco da paz, guardou a informação. Faria de tudo pelo bem do clã. Mas hoje, nesse momento, estava duvidando de si mesmo, perguntando-se se realmente havia sido apenas pela tribo.

Estava inclinado a enrolar mais um pouco enquanto enroscava os pés no cobertor. Imaginou como seria ficar ali, fazendo exatamente aquilo, porém com os dedos de Izuna. Seria confortável? Divertido? Prazeroso?

Não conseguia se decidir. Uma metade de sua mente odiava a ânsia que dominava seu interior, e a outra queria arrebentar a porta do quarto dele, pegá-lo no colo e proclamá-lo seu. Rolando para o outro lado da cama, encarou a parede escura. Precisava se levantar. Havia tarefas a serem feitas, além de reuniões com o conselho, de novo. Não podia sequer se dar ao luxo de ficar ali fugindo dos próprios pensamentos. Bufando, virou para o outro lado, e ao olhar o espaço vazio e bagunçado, odiou-se mais uma vez. Torcendo o nariz, deitou-se de barriga para cima antes de se sentar, a coluna rangendo pelo esforço, preguiçosa.

Com sofrimento, conseguiu se levantar e projetar-se porta afora. Ironicamente Izuna encontrava-se saindo da porta de seu quarto naquele mesmo instante. Engolindo em seco, sentiu-se ainda mais culpado ao ver os olhos castanhos se arregalarem e ele dar um passo para trás, como se tivesse mais medo de si do que da própria morte. Isso doeu tanto que precisou respirar fundo antes de forçar um sorriso — o que pareceu terminar de tirar a cor do rosto dele. Derrotado, gesticulou para que ele continuasse seu caminho, e após assentir, o Uchiha correu para o banheiro, deixando-o mais uma vez sozinho com seus sentimentos para lá de confusos.

Enquanto se servia de um copo de leite, torcendo para este o ajudasse a se acalmar, surpreendeu-se ao olhar pela janela e descobrir que estava nevando. Mas não uma neve simples, fraca e simpática. Era neve pesada. Daquela que cai sem remorso, entrando por cada fresta, atrapalhando todos os planos...  E por falar neles, um suave som de bicadas contra algum vidro chegou aos seus ouvidos, que rapidamente abriu a janela, permitindo que a ave entrasse e repousasse sobre a torneira da pia. Era um dos gaviões de seu irmão, e em seu tornozelo havia um recado com um informativo que se assemelhava ao que passou em sua mente no momento em que viu a violência da nevasca: estava tudo tomado pela neve e não havia previsão para cessar; toda que qualquer atividade estava fora de cogitação até segunda instância; era proibido sair de casa.

“Ótimo”, ele pensou. Tudo que precisava era um dia inteiro com Izuna após terem trocado aquele estranho e silencioso beijo durante a madrugada. Realmente, as coisas não tinham como ficar pior.

Não soube explicar por que, mas ao concluir tal pensamento, seu instinto se atiçou, como em um presságio. Acariciou o pescoço da ave antes de soltá-la para que retornasse ao viveiro, e por alguns instantes, desejou que pudesse ser aquele pássaro, assim poderia voar para longe, eliminando a sensação de que talvez fosse, no fim das contas, enlouquecer.

 

 

Izuna encarava seu reflexo no espelho a mais tempo do que era saudável. O nervoso consumia seu corpo inteiro, além do maldito frio. Mesmo após o banho quente a nova muda de roupas longas, seu corpo tremia tal qual se estivesse do lado de fora da casa. Ainda bem que iria para o fogão daqui a pouco e poderia se esquentar um pouco com isso... Ou não tão bem, já que Tobirama se encontrava sentado no longo sofá perto da mesa de jantar, escrevendo algo em seus muitos pergaminhos ali espalhados. Havia o espiado pela porta do banheiro, voltando para dentro a fim de juntar mais coragem para sair. Não estava nenhum pouco pronto para aquilo. Como pôde ser tão tolo de achar que aquele brilho no olhar significava reciprocidade? A forma como ele apartou o beijo e lhe encarou como se houvesse cometido um crime havia sido real. O terror naqueles olhos sangrentos era real. E ainda assim não conseguia deixar de levar seus dedos até seus lábios, repassando a sensação cálida da boca dele.

Obrigou-se a balançar a cabeça, tentando afastar qualquer outro pensamento. Não deixaria que aquilo tomasse conta de sua mente e o obrigassem a viver escondido, com medo. Era um Uchiha e deveria agir como tal.

Respirou fundo antes de sair do banheiro e enfrentar o olhar pesado dele sobre si. Resolveu encará-lo primeiro, na tentativa de agir como se não tivesse um pingo de interesse em sua presença. No fundo, queria desesperadamente que ele saísse para trabalhar. Tê-lo ali tão próximo não era saudável.

Caminhou a passos largos até a cozinha, apressando-se em procurar ingredientes e decidir o cardápio do dia. Estava frio — até demais —, o que pedia uma sopa bem gostosa. Com esse pensamento, logo se viu com os legumes preparados, o fogo aceso e a panela pronta para preparar uma de suas receitas favoritas.

Com agilidade, suas mãos trabalhavam sem parar. Era comum focar tanto no que quer que estivesse fazendo que não prestava atenção ao seu redor, por isso não percebeu na presença de Tobirama até que o ouviu perguntar com a voz baixa:

— O que está cozinhando?

Saltando para trás, sufocou um grito quando suas costas se chocaram com o peitoral rígido e musculoso do mais velho. As mãos ágeis rapidamente se agarraram em sua cintura a fim de firmá-lo no lugar, mas o jeito como ele o segurou fez seu coração falhar uma batida. Podia sentir as bochechas queimando quando constatou que já nem sentia mais tanto frio assim.

— S-sopa — acabou gaguejando antes de responder, afastando-se do corpo quente e voltando a prestar atenção na comida.

Como se ele estivesse brincando com sua sanidade, sentiu-o aproximar novamente o corpo, a mão esquerda agora voltando até sua cintura, mas ao invés de apertar, apenas se apoiou ali, o peso do queixo em seguida sendo depositado em um de seus ombros, a proximidade e o som da respiração dele o fazendo tremer tanto que mal podia disfarçar.

— Me dê um pouco — ordenou. — Quero ver se isso é ao menos comestível.

Levado pela frase arrogante do loiro, rapidamente colocou um pouco do conteúdo da panela em uma colher e o ofereceu. Seu orgulho falava mais alto do que as loucuras que sua mente berrava.

Com toda a tranquilidade do mundo — o que contrastava por completo com seu estado de espírito —, ele virou o rosto em sua direção, assoprando não só a colher como parte de seu pescoço. Tremendo outra vez de nervoso, suspirou aliviado quando enfim tomou a colher com a boca, porém, para seu desespero, o corpo do albino se colou ainda mais contra suas costas, um grunhido de prazer deixando a garganta dele.

— Está bom? — perguntou sem conseguir suprimir um sorriso.

— Está — ele respondeu, a mão sobre sua cintura agora o puxando ainda mais para perto. — Uma delícia.

O último comentário foi sussurrado em seu ouvido e o prazer foi tanto que um gemido fraco saiu de seus lábios ao mesmo instante em que Tobirama desaparecia pela cozinha, enfiando-se em algum lugar da casa.

Sozinho outra vez, largou a colher na pia e bufou irritado. Como aquele desgraçado podia lhe causar tantas sensações diferentes? Uma hora queria matá-lo, outra hora queria beijá-lo...

Perderia a maldita cabeça se aquilo continuasse.

 

Tobirama se encontrava escorado contra a porta de seu quarto. Numa velocidade invejável, havia saído correndo de perto dele, ou provavelmente teria cometido mais uma loucura, o que parecia estar se tornando algo comum dentro das últimas vinte e quatro horas. Izuna simplesmente o tirava do sério. Não conseguia entender por que seu corpo estava tão quente, ou por que seu coração batia acelerado só de sentir o perfume dele. Por que seu sexo ameaçava enrijecer apenas com aquilo, com o prazer de implicar com ele e ver suas reações? Era seu ego, ou apenas gostava de saber que aquele Uchiha em questão o desejava de volta?

Sentia-se perdido outra vez. A neve lá fora cobria toda a vegetação, sua visão captava apenas as poucas folhas sobreviventes que balançavam de cá para lá por conta do vento violento. A nevasca não estava para brincadeira... Engoliu em seco ao perceber que ainda mal era a hora do almoço e ele já se encontrava imaginando como seria beijá-lo de novo.

Optou por ficar em seu quarto até que conseguisse ouvir as baladas do relógio. Seu estômago roncava de leve, e foi aí que decidiu que estava sóbrio o suficiente para encará-lo outra vez.

Chegando na cozinha, viu que ele se servia de uma tigela de caldo verde. Ao sentir o cheiro do tempero, seu estômago roncou tão alto que ele começou a rir. Um riso genuíno, alto e agradável. Sentiu o comichão da culpa quando se questionou se ter sido agressivo esse tempo todo havia sido realmente necessário, afinal, definitivamente não conhecia aquele lado de Izuna, e a culpa era toda sua.

Ao notar que estava sendo observado, ele parou de rir instantaneamente, como se estivesse se preparando para ouvir um sermão dos bons. Ele pôs o prato na mesa e então pegou um segundo no armário, encheu-o de sopa e o colocou em frente à cadeira que costumava se sentar. Foi tão rápido que sequer teve tempo para analisar a atitude.

Sentando-se à mesa, comeu em silêncio enquanto o observava se remexer algumas vezes como se estivesse desconfortável. Ele acabou mais rápido do que acharia aconselhável, mas que lhe permitiu a agradável oportunidade de observá-lo enquanto terminava de comer. Izuna foi até a geladeira e os armários, separando alguns ingredientes sobre o balcão ao lado do fogão, parecendo não se importar com sua presença.

Parecendo decidido a fingir que não existia, observou-o manter-se focado. Ele colocou os ingredientes no liquidificador não se importando com o barulho, o que o fez secretamente sorrir enquanto engolia mais uma colherada. Quando enfim terminou, ficou sentado mais alguns longos minutos apenas o vendo mexer na grande panela que cheirava à chocolate.

Levantando-se, fez uma careta ao ouvir a cadeira arrastando no chão. Levando a louça até a pia, fingiu não notar quando ele virou o rosto em sua direção, quase chocado por estar pegando na esponja e começando a lavar o que ainda havia sujo. Apesar do cenho franzido, ele não disse uma palavra — tampouco o fez também. Alguns minutos se passaram quando enfim ele falou:

— Estou fazendo chocolate quente. Ou você prefere café?

Virando o rosto para ele, surpreendeu-se ao encontrar expectativa por trás daqueles pontos escuros.

— Eu posso fazer... Se você preferir. Aquele com canela...

— Chocolate está ótimo. Obrigado.        

Com um sorriso quase tímido, ele assentiu, voltando sua atenção para a panela que cheirava bem demais. O doce aroma do chocolate empesteava a casa, enquanto o calor do fogão aquecia o corpo dos dois ali tão próximos. Dando fim à louça, buscou duas canecas no armário, depositando-as lado a lado na mesa, e então, como uma criança, sentou-se na cadeira e aguardou.

Poucos tiques do relógio se passaram até que Izuna servisse a sobremesa e se encaixasse do outro lado da mesa, ficando frente a frente consigo, aproveitando para usar uma das cadeiras reservas como apoio para os pés. A fumaça adocicada que subia entre eles parecia zombar do silêncio constrangedor.

Ele fechou os olhos e aspirou a borda da caneca, demonstrando claro prazer ao sorver o aroma doce. Aproveitou que ele não o notava e deixou escapar um riso suave, mas amplo o suficiente para ser tomado como sorriso completo. Uma das muitas dúvidas que carregava dentro de si eram provindas das atitudes banais que o garoto tinha, como quando demonstrava felicidade com coisas pequenas e bobas, que quando o via experimentando aquilo, acabava por se sentir bem também, como se a felicidade dele fosse contagiosa. Não fazia sentido algum. Nem isso, nem sua agora feroz atração por ele.

— Isso me lembra minha antiga casa.

Procurou-o com o olhar assim que sua voz preencheu os cantos frios da casa em que dividiam. Ele bebericava a caneca em goles lentos, o que o fez perceber que dividiam também esse momento: quando a bebida quente os aquecia por dentro, espalhando-se pelos cantos enrijecidos pelo inverno bruto. Gostou de ouvi-lo dizer algo tão pessoal.

— Por incrível que pareça, a mim também.

Uma risada soprada saiu de seus lábios, e Izuna pareceu se esforçar muito para não o encarar como se fosse um ser de outra galáxia. Quando seus olhos se encontraram e ele percebeu que tinha conseguido captar a nuance de surpresa, suas bochechas claras adquiriram uma coloração rosada que podia muito bem ser tanto pelo frio quanto por timidez. Manteve os olhares cruzados por um tempo, não sentiu a menor intenção de titubear ali. Podia apostar que havia uma sinceridade quase violenta em suas írises carmesins, e por alguns instantes, não queria fugir daquilo. Teve que conter um segundo sorriso quando notou que ele não pareceu intimidado por seu olhar, ou sequer apreensivo. Ele o encarava de volta, o brilho em suas turmalinas indicando que ele via uma nova faceta de sua personalidade, o que era ao mesmo tempo aterrorizante e necessário.

— Todos lá em casa sempre gostaram dessa receita. Eu costumava fazer todo inverno, quase como um ritual — ele sorriu, o rosto agora virado para a janela, permitindo-o admirar seu perfil delicado. — Madara costumava se sentar pela cozinha comigo, dessa mesma maneira em que estamos, e passava horas me contando histórias de luta. Eu adorava cada segundo.

O olhar do Uchiha de repente tornou-se triste, como se ele se ressentisse pelo fato de não poder acompanhar o irmão e isso o causasse uma enorme onda de dor. Isso desencadeou a lembrança das escapadas noturnas. Não queria puxar o assunto e vê-lo se retrair, mas estava curioso para saber como aquilo se iniciou.

— Madara quem lhe ensinou?

Ele pareceu se dar conta do campo minado em que estava assim que ouviu sua pergunta, e era quase possível ver as muralhas se erguendo. Arrependeu-se no mesmo instante, mas algo dentro de si dizia que ele ia respondê-lo independente da tensão que sentia. Os dois sorveram a bebida ao mesmo tempo.

— Sim... Madara sempre foi um bom irmão. Ele não queria que eu não soubesse o mínimo de defesa pessoal — deu de ombros, movendo a caneca entre os dedos, claramente nervoso. — Dentro de todo o teatro que eu precisava manter para o meu pai e o resto do clã, sempre que ele me tratava como eu realmente sou, isso me fazia um pouco menos triste. Eu me sentia capaz de seguir em frente e aturar mais daquela silenciosa tortura por mais alguns meses.

Quando terminou, voltou sua atenção para a neve lá fora. O silêncio dessa vez não parecia ensurdecedor, apesar do que tinha acabado de ser dito. O encarou com afinco, enfim realizando que Izuna nunca havia desejado aquilo, que ele estava apenas sobrevivendo à situação da qual tinha sido exposto no segundo em deixou o ventre de sua mãe. Pela primeira vez sentiu empatia por ele. Pelo que tinha acabado de dizer, somente sua mãe e Madara sabiam da situação... Questionou-se como deveria ter sido para ele ser criado daquele jeito, com medo vinte e quatro horas, tendo que tomar cuidados triplicados, ter que encenar a todo instante.

Terminando seu chocolate quente em alguns últimos goles grandes, pôs a caneca da pia e andou na direção da sala onde seus trabalhos ainda se encontravam espalhados uma vez que havia fugido por quase toda manhã da presença dele. Tinha coisas a fazer, e colocaria sua mente ali a partir dali. Antes de sair da cozinha, virou-se para Izuna, sua carranca usual tomando forma outra vez.

— Vê se não me perturba, Uchiha.

Ele elevou o olhar e o encarou diretamente. Sustentando o queixo empinado, ele questionou enquanto apontava o dedo para a zona sobre o sofá.

— Por que você não faz isso no seu quarto?

— Por que você não fica no seu?

Ele se levantou o fitando como se houvesse sido pintado de rosa. A descrença estava em todo seu rosto: olhos, boca, testa.

— Você viu o gelo que está lá?!

Simulando tremidas de frio, ele trotou para o sofá, buscando o assento que ficava mais próximo da lareira, arrancando mais um sorriso seu.

Colocando mais lenha na fogueira, deu de ombros, desistindo de expulsá-lo da sala. Sentando-se em seu assento favorito, lançou um último olhar na direção do abusado, encontrando-o enrolado em uma manta e de olhos fechados. Voltando sua atenção para o trabalho, revisou as páginas abertas em seu colo, e percebeu que talvez fosse ser mais rápido do que antecipara.

 

 

As mãos ágeis de Tobirama se moviam rapidamente, folheando os papéis como se analisasse quais eram de maior importância. Podia apostar que ele estava injuriado por não poder sair para seu escritório. Pelo pouco que sabia, sua principal função era as mediações entre os clãs, e pela careta que fazia ao ler os documentos, não devia gostar nenhum pouco.

Izuna ainda segurava sua caneca quase cheia na tentativa de que aquilo deixasse suas mãos aquecidas por mais tempo. Os olhos deixaram o corpanzil do esposo, voltando-se para o fogo em sua frente, admirando como as labaredas cresciam, parecendo explodir no espaço antes de diminuir até alcançar um ritmo agradável. Os únicos sons preenchendo o aposento eram o crepitar da madeira, os pergaminhos sendo foleados e suas respirações.

O que certamente parecia um ambiente agradável para qualquer um... Menos para si. Em poucos minutos já se via inquieto em seu lugar. O frio começava a lhe incomodar apesar de estar coberto e perto da lareira, o que o obrigava-se a mexer-se desconfortavelmente no sofá no intuito de conseguir aquecer seus pés que pareciam duas pedras frias.

Enquanto tentava se aquecer, fazia questão de olhar para o albino que estava compenetrado em suas tarefas. Cogitou que talvez observá-lo trabalhar ajudasse com o tédio e a vontade de se mover.

Achou engraçado como a carranca habitual não se encontrava naquele rosto tão bonito, apesar de ele estar tratando de assuntos que pareciam bem sérios. Os olhos escarlates encaravam o papel com total atenção, a testa levemente franzida. Pôde perceber em certos momentos em que ele parava, erguia uma sobrancelha e então mordia o canto da boca, como se estivesse questionando o que lia.

Aquilo era definitivamente divertido, e antes que pudesse perceber, um risinho fraco saiu por sua garganta. Isso não passou despercebido por Tobirama que rapidamente levantou o olhar em sua direção. Para a surpresa dele, tinha desviado o rosto rápido o suficiente para parecer que não estava olhando.

Nem cinco segundos se passaram até que ele voltasse para o trabalho. Enquanto isso, achou melhor ir até o quarto buscar outro par de meias, além de um cobertor mais pesado. Ao entrar em seu quarto sentiu tanto frio que saiu logo correndo com as coisas em mão e retornou para perto da lareira, o que o deixou triste já que o trajeto foi tão curto e tão rápido que nem serviu para distraí-lo.

Sentou-se mais uma vez, agora devidamente protegido pelo grande cobertor felpudo. Sentir seu corpo retendo um pouco mais de calor do que antes era um alívio.

No entanto, conforme o tempo passava, a inquietação retornava. Seus olhos vagavam frequentemente para Tobirama, que as vezes parecia notar seu olhar, obrigando-o a encarar qualquer outro ponto da sala para que o cenho irritado dele não encontrasse o seu. Em certo momento, levantou-se outra vez, indo até a cozinha encher sua caneca com mais chocolate quente. Precisava se aquecer mais... Ao voltar, sentiu-o observá-lo, e quase como escárnio, encarou-o de volta, sem medo de ser pego. Os dois se entreolharam durante alguns segundos, e foi aí que percebeu que ele fitava não só seu rosto, mas também suas mãos. Sorriu divertido ao notar que o brutamontes na verdade queria beber um pouco e não sabia como pedir.

— Você quer um pouco? — perguntou, agora não escondendo seu riso.

Tobirama se desconcertou ao ouvi-lo questionar. Certamente queria um pouco, porém não gostou de como tinha parecido tão óbvio. Demorou tanto para que o cérebro dele juntar as sílabas e montar uma frase completa, que nem notou quando saiu de perto, indo rapidamente até a cozinha e servindo uma terceira xícara, e então voltando para a frente do loiro, segurando o objeto na direção dele que o encarava surpreso, as bochechas corando quase que instantaneamente.

— Obrigado — ele sussurrou antes de tomar um gole.

Seu sorriso não diminuiu até que se sentasse no sofá. Sabia que o corar não havia sido devido ao frio, mas mesmo que fosse, gostava da sensação de tê-lo constrangido com algo tão simples como aquilo. E esse pensamento continuou em sua mente durante todo o tempo em que demorou para terminar de beber a bebida quente, grato por ter tanto suas mãos quanto seu interior aquecido.

           

 

Tobirama ainda não tinha terminado seu trabalho quando o céu lá fora começou a anoitecer, o que o surpreendeu visto que achava que teria terminado por volta desse horário. Izuna parecia que tinha piolho nas calças, porque não sossegava um minuto sequer. Ele tinha acabado de se levantar para buscar um livro, torcia para que pelo menos assim o garoto ficasse quieto.

O que não aconteceu. Os olhos vagavam pelas páginas, então pelos cantos das paredes, parando enfim em sua pessoa. Aquilo estava acontecendo há minutos, e toda vez que levantava a cabeça para pegá-lo o encarando, ele logo fingia estar lendo outra vez.

Em uma dessas, porém, decidiu não brincar mais daquele mini pega-pega e sim dizer algo em relação àquilo.

— Por que não tira uma foto logo?

O silêncio de horas foi quebrado com sua pergunta maliciosa e divertida, o que pareceu realmente chocá-lo. No entanto, logo que este foi embora, o moreno o respondeu à altura.

— Você não é tudo isso, Tobirama — ele disse com um bico convencido.

— Você diz isso agora... — rebateu.

Quando a frase terminou, notou como Izuna ficou perplexo. Havia realmente dito aquilo? Deixando quase explícito que sabia de seus desejos escondidos? Ele arregalou os olhos ante a possibilidade de ter sido descoberto, mas logo relaxou, provavelmente cogitando que estava ficando louco. Afastando o livro para o lado, ele empinou-se feito um felino e perguntou com a voz elevada:

— O que você quer dizer com isso?

Precisou segurar o sorriso provocante que quis nascer em seus lábios. Foi divertido demais perceber que havia tocado na ferida, ou pelo menos em um ponto sensível. Saber que Izuna se tocava pensando em si aflorava seu lado sádico que mal esperava para usar isso contra ele, afinal, ver aqueles olhos negros tão quietos se transformarem em um mar furioso era estranhamente excitante.

Estava prestes a abrir a boca e retrucar quando um som alto de vidro se quebrando seguido de uma rajada forte de vento fez-se presente. O grito do Uchiha ecoou contra as paredes, enquanto ele, na velocidade que seu jutsu permitia, se punha na frente de seu corpo diminuto, protegendo-o por instinto.

A lareira se fez fria um segundo mais tarde, a madeira resmungando conforme seu calor se esvaía em uma rapidez assustadora. Izuna se agarrava em suas costas enquanto sua mente buscava a origem. Ao constatar que um galho havia batido contra a janela sobre a pia, seu corpo enfim relaxou. Ao verificar se o rapaz estava bem, enfim notou como a sala havia esfriado em alguns bons graus. Sem fogo e com o vento entrando com força total, eles começariam a passar mal em pouco tempo. A passos rápidos, pegou na mão dele e os guiou até a cozinha, onde passou a abrir as gavetas com pressa atrás de plástico e fita.

 

 

Izuna pôde observar o albino cortar um grande pedaço do plástico, onde então o dobrou três vez a fim de que ficasse grosso para que o vento não o rasgasse. Em seguida o ouvir pedir que segurasse a pequena invenção para que ele pudesse remover os restos de vidro que seguiam grudados na madeira, instruindo-o em seguida para que o segurasse na frente do buraco. Ele apareceu um momento depois e começou a passar várias camas de fita, garantindo de todas as formas que não entrasse nenhum resquício de vento.

Quando se afastaram para observar se o trabalho estava bem-feito e funcional, percebeu que seus dedos doíam profundamente pelo frio, além de que tremia por completo outra vez. Suas juntas resmungavam a qualquer novo movimento, o que fez Tobirama encará-lo com seriedade, os olhos carmesins brilhando contra a luz da noite. Parado onde estava, ficou em silêncio, observando-o ir até o estoque de lenha e jogar mais alguns para dentro da lareira quase toda apagada. Ele pôs mais álcool e ateou fogo.

A luz vermelha e amarela se acendeu em um breve instante, a iluminação agora voltando a sua frequência normal. Encarando-o, Izuna foi-se a passos lentos de volta ao sofá. Sentando-se próximo do fogo, estendeu sua mão dolorida na direção do calor crescente, enquanto pelo canto do olho observava-o começar a catar os papéis que caíram no chão graças a ventania, os levando para o quarto, terminando de guardar tudo em mais algumas poucas viagens. Em seguida ele entrou no banheiro, o som abafado da água chegou em seus ouvidos e foi ali que decidiu que era hora de esquentar a sopa.

Poucos minutos se passaram desde que ele saíra da sala, mas antes do que imaginou, a porta do banheiro logo se abriu, o vapor do banho dele flanando na direção do corredor antes de se perder em meio ao frio chamou sua atenção de imediato. Tobirama vestia uma nova calça de moletom e uma blusa de manga comprida; os cabelos molhados estavam sendo espremidos pela toalha e seus pés descalços correram pela sala atrás de um sapato que os cobrisse do inverno.

Optou por também se aventurar em seu próprio banho antes de jantar, além de que não queria dividir aquela refeição com o albino... Estava tudo esquisito desde o comentário que ele fez. Seu corpo parecia ter adquirido uma sensibilidade extra à sua presença, como se fosse um comichão dentro da pele, o perturbando. Pareciam até borboletas no estômago... Não conseguia decidir o que queria! Ora odiá-lo, ora beijá-lo. Ao passar por ele sentiu o cheiro do sabonete misturado com aquela essência de banho fresco... Seus sentidos se entorpeceram a ponto de fazê-lo tropeçar sem querer.

Tobirama o segurou de imediato. Teria caído de cara no chão caso ele não o fizesse, no entanto, para salvá-lo, ele acabou por segurá-lo na cintura. Quando recobrou o equilíbrio notou que tinha corpo demais se encostando. O rubor se espalhou por seu corpo enquanto se desfazia quase que em desespero daquele abraço, murmurando um obrigado antes de afastar-se com pressa até o banheiro.

O clique da porta atrás de si o acalmou instantaneamente. Porém, o cheiro dele estava por todo o cômodo, inclusive as roupas frescas no cesto ali perto. O rubor correu de suas bochechas para o sul de seu corpo, o deixando constrangido apesar de não estar sendo observado. Maldito Senju. Desfazendo-se de suas roupas, entrou no banho quente, permitindo-se pensar nas coisas que gostaria de fazer quando a neve acabasse, o que acabou por enfim, distraí-lo da realidade que o aguardava lá fora.

 

 

Tobirama estava injuriado por Izuna não o ter esperado para jantarem juntos. Tinha o deixado sozinho dezenas de vezes ao longo dos meses em que estavam casados, mas nunca havia deixado ele de lado nas refeições ou eventos. A amargura da situação envenenava sua língua ao percebe o quão mole estava se tornando por causa do garoto. Ele tinha todo direito de ir fazer suas coisas a hora que vem entendesse... O que significava que ele poderia ter escolhido passar o dia em seus aposentos ao invés de seu lado na sala. Porém, no fundo, adorava quando ele agia como uma real esposa. Uma que faz as refeições com seu marido, que faz companhia nas pequenas coisas, que o alimenta e se preocupa. Questionou-se outra vez naquele dia tão longo se deveria ser assim para Izuna também... Ou se aquela vontade de ficar perto dele era apenas fruto da muito provável solidão carnal que sentia... De repente, a ideia de vê-lo fazendo tudo aquilo com outro homem o enfureceu.

Rugindo, comeu sua sopa com violência, as colheradas fazendo um barulho distante sobre a cerâmica, o som do pão sendo mastigado fazia um eco em seu cérebro que o permitia simular estar mastigando os ossos do pobre coitado que tentasse alguma coisa com seu rapaz.

— Por favor não com a tigela.

Antes que pudesse raciocinar, uma enorme ardência chegou aos seus pulmões. Tossia com força enquanto tentava sair daquele engasgo, o tempero ácido ardendo suas narinas, as gotas pingando por seu queixo. Não havia se dado conta do quão perto ele estava até ouvir sua voz o tirar dos pequenos assassinatos mentais que executava. Piscou algumas vezes até perceber também que havia um copo d’água bem em frente de seus olhos. Bebendo tudo com rapidez, agradeceu aos céus quando começou a respirar normalmente. Porém, nesse instante a risada alta de Izuna preencheu mais uma vez os seus sentidos. Encarando-o, encontrou-o rindo abertamente, com a mão na barriga como forma de apoio e tudo mais. O som agradável foi o que mais captou sua atenção. Apesar de sentir que iria morrer de vergonha, um sorriso tímido formou-se em seus lábios, e antes que conseguisse analisar, logo se viu acompanhando-o em seu riso. E quando este terminou, viu-se recostado contra a cadeira com o copo vazio em mãos e o mesmo sorriso bobo em sua face.

Izuna parou de rir no instante em que o viu o observando, pedindo desculpas em seguida com aquele mesmo semblante assustado de quando se esbarraram no corredor pela manhã. Ele mudou de assunto ao oferecê-lo um pouco mais de água, mas Tobirama decidiu seguir o caminho e pegar sozinho, seguindo para a louça suja da janta, onde poderia usar os minutos que demoraria para colocar a cabeça no lugar. Com o canto de olho, o viu retomar para o sofá perto da lareira, onde enfim soltou seus cabelos — estes passaram o dia presos em um coque alto. Foi ali que reparou que nunca o tinha visto assim, com os fios livres, cascateando pelos ombros e costas. Precisou lembrar-se como respirar ao notar como sua beleza era completamente única...

Após perceber que não parava de encará-lo com malícia, desviou o olhar de volta para a louça, finalizando-a. Decidido a retribuir a gentileza de pouco tempo atrás, esquentou a panela com o chocolate, levando uma xícara para o mais novo, que ao perceber sua atitude, ofereceu-lhe um sorriso tão bonito que parecia até que tinha o entregue a chave do mundo. O brilho naquele rosto era quase uma chamada sobrenatural... Só conseguia imaginar como seria perder-se ali.

Pigarreando, foi até seu quarto atrás de um livro para matar o tempo. Não havia o que conversar entre eles, e contato físico não se aplicava ali de forma alguma. Sequer amigos eram. Sentando-se no lado oposto do sofá em que ele estava, apreciou o calor vindo da lareira, distraindo-se com as páginas. Parava eventualmente ao ouvir o farfalhar do tecido das roupas de Izuna que pareciam gritar cada vez que ele se mexia, o que era toda hora. Ele já tinha mudado de posição umas cinco vezes nos últimos dez minutos. Estava nítido o desconforto causado pelo frio nele, mas o mexe-mexe também o estava tirando do sério. Queria jogar o livro na cara dele para ver se a criatura sossegava.

Irritado, levantou-se em um pulo, fitando-o com ódio antes de sair apressado na direção de seu quarto. Bagunçando a cama, espalhou tudo pelo chão, buscando o grande e pesado colchão. Abrindo passagem entre os sofás, largou-o sobre o tapete com um baque abafado. Ajeitou-o para que ficasse perto da lareira, mas não perto o suficiente para receber alguma lasca de fogo e eventualmente se incendiar. Empurrando os dois sofás na direção do retângulo, fez uma espécie de redoma, permitindo que assim o máximo de calor fosse acumulado ali. Voltando para os quartos, pegou os cobertores e travesseiros, largando-os sobre a cama.

Izuna o encarava confuso, e nessa hora ele precisou de muito autocontrole para não mandar o garoto pastar. Rolando os olhos, apontou para a cama no chão e então para a lareira. Assim que o entendimento se fez presente, ele timidamente se esgueirou, escolhendo o lado mais perto do fogo. Tobirama por sua vez, sentou-se no sofá, no lugar que ele antes ocupava a fim de buscar um pouco mais de calor.

 

 

Agora deitado, seu coração batia feito um tambor. Quando notou que mesmo após o banho quente e a bebida que ele cordialmente o trouxera não estavam mais fazendo efeito, Izuna considerou que sua busca por conforto o fosse incomodar. Ao vê-lo levantar, ficou até um pouco magoado por ter sido tão incômodo ao ponto de ele ter que mudar de cômodo. No entanto, para sua surpresa, aquilo aconteceu.

Mais alguns vários minutos tinham se passado, e tudo que menos queria era parecer ingrato, mas ainda assim sentia frio. Que droga de corpo possuía para ser tão fraco desse jeito?! Conseguia sentir uma corrente de ar vindo de alguns pontos da madeira, como se fossem raízes vivas que se alimentavam de seu corpo quente. Mexeu-se para a esquerda buscando vedar essa sensação, mas ela acabava encontrando caminho do outro. Então virava-se para a direita a fim de tentar apaziguar esta, e então o resto desmoronava. Bufando, enfiou-se debaixo do cobertor por completo, tendo certeza de que Tobirama o observava ainda mais irritado.

Com um sobressalto, sentiu um movimento brusco no cobertor, e o vento que tanto o perturbava dominou todo o espaço agora exposto, já que o albino havia acabado de lhe puxar o edredom. Encarando-o confuso, estava prestes a perguntar o que estava acontecendo quando pôde vê-lo sentar-se no espaço vazio ao seu lado. Sentiu então o grande — e deliciosamente quente — corpo dele colar-se ao seu.

— O-o que é isso? — gaguejou.

Ele passou os braços por trás de seu ombro, puxando-o para si em um quase abraço. Estava rígido como uma pedra tamanho seu choque com a situação. Ao sentir o peitoral dele encostar em suas costas, perdeu o fôlego por completo. As pernas de Tobirama se enrolaram nas suas, enquanto seus braços o abraçavam, o travesseiro sob seu pescoço sendo substituído pelo tórax bruto e macio.

— Você não para de tremer. Está me dando nos nervos.

— Eu não preciso de você — rebateu enquanto tentava sair daquele embaraço.

— Cala a boca e se aqueça.

Nada mais foi dito então. Com aquelas seis palavrinhas, Izuna desistiu de lutar, seu corpo encaixando-se com tanta facilidade contra o dele que todos os seus músculos relaxaram, o calor dele sendo mais gostoso que o de dez lareiras.

No entanto, sentia que ainda precisava se acomodar, o que significava voltar a se mexer. Seu ombro estava em uma posição desconfortável, e para resolver teria que roçar contra o mais velho. Engolindo em seco, criou coragem e começou. Revirou o quadril para um lado, enquanto os ombros vinham em direção ao espaço vago causado pelo movimento. Se remexendo mais um pouco, enfim se ajeitou. Suspirou de alívio, mas o prazer durou apenas o segundo que demorou para constatar que seu braço agora estava ao redor da barriga de dele, e que seu rosto estava bem na direção do pescoço claro. Respirando fundo, soltou o ar direto na jugular dele, fazendo-o tremer de leve, o corpo inteiro enrijecendo em seguida. O desconforto dele o fez querer sumir, mas para sua surpresa, o loiro apertou ainda mais aquele abraço.

Sua mente começou a nebular, seu sistema nervoso ameaçando entrar em curto-circuito. Optando por tentar colocar as cartas sobre a mesa, repassou o dia todo em sua mente. Ele havia sido gentil, também lhe havia feito companhia e se preocupado com seu bem-estar... Tobirama estava mesmo diferente. O dia foi inusual, apesar do desconforto típico que era simplesmente estar ao lado dele. Mordeu o lábio inferior ao pensar em tudo aquilo e no que poderia extrair de significado. Assim como o beijo, o albino quem parecia esperar que ele tomasse a primeira atitude. Sorrindo de canto, pôde sentir seu ego inflar. A ideia de que o poderoso Senju era incapaz de algo o alegrava, tornando sua presença no mundo um pouco mais significante.

Determinado a testar essa teoria, inclinou-se levemente, como se fosse apenas se ajeitar outra vez. Seus lábios chegaram perto do pomo de adão dele, e seus dedos ágeis invadiram um pedaço da camisa. Ele enrijeceu sob seu toque, porém, não disse uma palavra, muito menos procurou afastá-lo.

Desejando se divertir mais um pouco, deixou com que suas unhas roçassem na pele alva, sua respiração saindo de seus lábios e indo direto para a pele quente dele. Arrepios subiram por todo o corpo do loiro que se retorcia, tentando em vão afastar seus corpos, o que o fez temer uma reação negativa. Mordendo a boca, escondeu o rosto um pouco mais abaixo da jugular dele, a vergonha e frustração dominando sua mente, fazendo-o questionar se deveria simplesmente cortar aquele contato bizarro, virar para o lado e dormir. Tobirama o frustrava em tantos níveis! O que diabos ele queria?

Como se respondesse sua pergunta, ele se aproximou mais um pouco, dessa vez mais de lado, permitindo que sua pele ficasse ainda mais exposta. Ele puxou sua mão, incentivando-o a colocá-la outra vez em sua cintura.

Levantou o olhar, procurando entender o que acontecia ali. Ele estava de olhos fechados, como se tivesse medo do que nascia entre eles, mas ao mesmo tempo aguardasse ansioso por seu próximo passo. Novamente aquela onda de poder correu em suas veias, entorpecendo sua mente em uma velocidade que o deveria assustar. Porém, deixou-se levar. Dedilhando a barriga dele, permitiu que as unhas entranhassem de leve na pele quente, arranhando-o de um jeito que sabia que o faria sentir a necessidade. Aproximando seu quadril, uma de suas pernas foram sem cerimônia alguma para cima dele, causando um leve sobressalto que o faria ter sorriso caso a situação não fosse tão delicada. Seus dedos brincaram por ali, abrindo mais do caminho feito pela roupa, subindo devagar até alcançar os ombros, até que ao chegar lá, fincou a unha para valer, descendo com força suficiente para deixar linhas vermelhas, onde então parou bem em cima da cintura.

O loiro tinha se retesado por completo, os quadris se movendo para frente por reflexo, no entanto, Izuna conseguiu sentir com perfeição cada milímetro da ereção dele, a carne rígida entre as musculosas pernas. Constatar tal coisa fez a sua própria enrijecer por completo, o desejo pulsando bem na ponta.

Lambendo os lábios, já não mais olhava para o rosto dele. Sua atenção estava cravada no pescoço branco. Podia jurar que conseguia ouvir o reverberar do sangue nas veias presentes ali. O batimento cardíaco dele imitava o seu, batendo tão alto que pareciam um.

Não estava mais pensando em suas ações, apenas as executava... Lidaria com as consequências depois. Agora, estava se divertindo demais para simplesmente abandonar tudo. Tobirama o queria, isso estava claro. E faria questão de usar isso ao seu favor. Seu desejo há tanto contido arrombava as grades do local onde fora aprisionado, preparando-se para o bote. Este tomando forma com apenas um sutil tocar de lábios.

Encostando sua boca sobre a pele macia do pescoço de Tobirama, ouviu quando ele exalou alto, a mão em sua cintura o apertou com força, os dedos trêmulos afundando em sua pele fina.

Inclinado a vê-lo em seu limite, decidiu que era hora de abrir a boca. Os lábios quentes se esticaram alguns centímetros através da pele alva, a língua ansiosa oferecendo um toque úmido, tímido e quente. Ele gemeu baixo e o som reverberou pela extensão de todo seu pênis, fazendo-o pulsar, desejoso de atenção. Era como se houvesse fogo em suas veias, correndo debaixo para cima, esquentando mais e mais a cada nova volta. Pela segunda vez desde que foi morar ali, sentiu-se profundamente emponderado.

Tobirama, para seu alívio, agiu diferente da noite anterior. Antes, ele parecia um animal acuado, assustado, como se estivesse vendo algo terrível. Mas ali, suas ações, olhares e trejeitos pareciam dizer o oposto. Poderia chutar que no fundo da mente dele, uma luta interna acontecia desde que se casaram, o que explicaria toda as atitudes bipolares que ele parecia ter.

Os olhos escuros o encaravam com tanto entendimento que fazia seu próprio corpo tremer pela antecipação. Encarando-o de perto, a luz alaranjada o deixava ainda mais bonito, as írises soturnas flamejando com algo que parecia uma resolução completa, como se ali, enquanto o fitava da mesma maneira e com a mesma intensidade, Tobirama parecesse entender que o ontem não passou de puro medo. E no instante em que sua língua o lambeu, o tremor que invadiu seu olhar foi forte e intenso como se os dois tivessem mergulhado direto em um irreversível abismo.

Aquela percepção mudava tudo.

Soube pela linguagem corporal quando a chave virou. Continuou o lambendo, agora subindo com os beijos molhados para o maxilar, enquanto sua mão que antes estava nas costas seguiam rumo ao sexo rijo. Tocou-lhe devagar, por cima do algodão, e este toque foi o suficiente para que o quadril dele se revirasse em busca de mais. Fincou seus dentes na pele clara no instante em que seus dedos o apertaram com força. O gemido alto e rouco ricocheteou pela sala, e ao notar os leves tremores naquele corpanzil, cessou seu ataque, afastando-se, pronto para fitar seu olhar. Precisava.

Quando os olhos sangrentos encontraram os seus, Izuna sentiu perder parte do controle. As sombras do fogo reluziam no rosto aristocrático, sua beleza tão intensa que chegava a assustar. O brilho dos orbes prometia tanta sensualidade que não conseguiu evitar morder a boca outra vez, perdido em luxúria e expectativa.

Projetando-se como um animal, Tobirama rolou sobre seu corpo, dominando-o por cima, beijando-o com tanta vontade que chegava a doer. Sentia-se uma verdadeira presa, encurralada nos braços daquele grande predador. A língua dele o penetrava como se já estivessem fodendo. Gemendo contra seus lábios quentes, sentia os quadris rebolando em uníssono, o pau dele se esfregando contra o seu com fúria e desespero.

Quando ele enfim partiu o beijou, sussurrou pedidos por mais, a mente enevoada o suficiente para fazê-lo apostar que teria um orgasmo ali. Para sua surpresa, Tobirama o segurou pelo queixo, forçando-o a olhar em seu rosto.

— Tem certeza? — ele inquiriu. — Porque eu não vou parar, não importa o quanto grite.

Assentindo, invadiu desesperadamente os tecidos da calça dele, segurando-o em sua palma. A carne túrgida e quente mal cabia em seu punho fechado, fazendo-o perceber que aquilo iria mesmo entrar em seu corpo. Sentindo a glande umedecer em antecipação, contraiu todos os músculos. Tobirama por sua fez mal lhe deu tempo de se recuperar, logo ele começou a se mover contra seu pulso, indo para frente e para trás, inundado em prazer. Beijou-o outra vez, e bem quando estava ficando sem ar, o loiro afastou-se. E foi bem aí que a vergonha de seu desejo o acometeu.

Ele começou a remover suas calças, libertando sua ereção e causando um rubor tão forte em suas bochechas que a pele formigou. Ele o encarava com fome, o desejo crepitando através das nuances cor de fogo direto para os olhos carmesins. Descendo a cabeça, ele o tomou em sua boca, sugando-o com uma delicadeza bruta tão perfeita que precisou conter um grito. Engasgando, perdeu as forças, entregando-se nas sensações tão novas e incríveis.

Podia ouvir seus suspiros sobrepujando os rangidos da madeira que estalavam pelo frio. A boca quente de Tobirama subia e descia de seu pau, umedecendo toda sua extensão com a saliva doce, forçando-o a se questionar se assim que era o paraíso.

A sensação do calor, a maciez, a umidade... Tudo era tão diferente. E por diferente queria dizer bom. Muito bom. Deleitando-se, fechou os olhos, permitindo que sua pélvis se movesse no ritmo crescente do desespero tal qual as mãos dele se moviam, perdidas sobre onde estacionarem em seu corpo. Elas iam daqui para ali, parando vez ou outra em seus mamilos intumescidos, beliscando-os e causando ainda mais impacto sobre seu pequeno corpo.       

Então, após alguns breves e deliciosos minutos, os dedos lânguidos se aglomeraram em seu testículo, aproveitando-se a bagunça de saliva, forçando-a a escorrer na direção das curvas de sua bunda.

Sabia muito bem o que ele queria fazer, mas, ainda assim foi um agradável choque quando o sentiu forçar contra sua entrada. Ao passar pelo primeiro arco, conseguiu sentir o prazer fluir, alojando-se naquele novo ponto. Seu pênis voltou a ser sugado com mais força e os dois estímulos ao mesmo tempo foi o estopim. Abrindo os olhos, viu a cabeleira clara dar lugar a um par de olhos nebulosos.

Ele o encarava com uma intensidade que chegava a doer. O pau ainda dentro da boca dele, os dedos se movendo em um vai e vem ritmado... Os olhos fechando o pacote por completo. Aqueles olhos dele diziam tudo. Ele não ia parar. E Izuna o amaldiçoaria por toda a vida caso o fizesse.

Abrindo mais as pernas, oferecendo-se para ele, quase gozou ao vê-lo fechar os olhos e gemer contra seu pênis, como se fosse sensual demais para a sanidade dele.

Mordendo a própria boca, manteve o contato visual ao começar a rebolar contra os dedos dele, este respondendo aos seus estímulos ao enfiar mais um. Sentindo toda aquela pressão e ainda sendo chupado pela frente, sentiu que começava a esquecer o próprio nome. Felizmente, Tobirama decidiu dar uma leve pausa para tirar a própria roupa. Observou-o remover a blusa, revelando um peitoral masculino e forte. Quando ele enfim tirou as calças, a ereção latente não se fez tímida; a carne rija pendurada ali, exalando poder.

Suas entranhas se apertaram em antecipação, o sorriso safado dominando seu rosto quando o sentiu pegar em suas mãos e trazê-las outra vez para seu pênis pulsante. Ao segurá-lo, apertou com força, apreciando quando notou que ele vacilava, as forças se esvaindo por causa do prazer. Era delicioso vê-lo com tanto desejo quanto si, e por isso não pensou duas vezes antes de voltar a deitar contra o colchão, o peso do corpo apoiado nos cotovelos, a perna se abrindo mais uma vez, expondo o exato local onde queria que ele entrasse.

Tobirama não precisou de mais. Atacando-o, suas mãos seguraram suas pernas para o alto, deixando seu caminho bem exposto antes de tomá-lo com a boca. Lambendo sem delicadeza, ele o chupava com fúria, a saliva sendo espalhada sem o menor pudor. Seus lábios subiram para seus testículos, tomando-os também, sugando-os entre as bochechas com força suficiente para doer, mas não para incomodar. Subiu pela extensão, oferecendo-o um beijinho quase carinhoso bem na ponta.

Ainda nessa linha de pensamento, ele continuou trilhando beijos. Passou pela barriga, subindo direto para o peito onde brincou com um mamilo enquanto seu pau se encaixava no ponto certo. Movendo o rosto para o outro mamilo, mordeu-o bem na hora que permitiu que a glande começasse a forçar sua entrada. Quando as bocas enfim se encontraram, as línguas logo trataram de se esfregar, o beijo reiniciando com uma calma que não combinava com a situação.

Notou quando ele permitiu que dominasse o beijo por alguns momentos, mas logo que se afastou em busca de ar, dirigiu seus lábios inchados até a orelha dele, tragando-o mais uma vez naquela mudança de atmosfera, fazendo questão de enfeitiçá-lo.

Mordiscando o pé da orelha de Tobirama, gemeu seu nome devagar e rebolou contra o pau duro, sorrindo com malícia quando o sentiu explodir.

Com uma poderosa arremetida, sentiu-se preencher. Doeu um pouquinho, mas não o suficiente para fazê-lo desistir. Porém, foi a língua dele voltar a encostar na sua que qualquer sombra de desconforto desapareceu, o prazer retomando ao pico, seu interior se acostumando com todo aquele tamanho.

Os beijos então se tornaram difíceis, os movimentos frenéticos dos quadris atrapalhavam a função. Entendendo aquilo, afastou outra vez, deixando sua cabeça tombar para trás, seus gemidos de êxtase parecendo deixá-lo ainda mais agressivo.

Uma vez em consenso, Tobirama também se afastou, as costas agora eretas. Ele segurou suas pernas ainda mais para trás, abrindo-as e permitindo que seu pênis batesse bem lá no fundo. Estocou algumas vezes, a fricção antes modesta agora começando a ficar mais e mais desesperada.

Não conseguia acreditar no prazer que sentia. Aquela posição, com as pernas tão abertas, era tão exposto, tão sem vergonha, mas ao mesmo tempo lhe permitia conhecer um ângulo delicioso que jamais havia atingido sozinho. Ele batia nos lugares certo... O prazer inundando suas veias. Sentia algo mudando dentro de seu corpo... Estava próximo do orgasmo. Ele também... Podia senti-lo enrijecer ainda mais, o seu nome sendo grunhido com desespero pela garganta rouca.

 

 

Perdido em meio às sensações, Tobirama mergulhava fundo dentro de Izuna. Ele recebia todo seu tamanho de um jeito quase transcendental. Sentia que seu peito iria explodir com todos aqueles novos sentimentos. Seu corpo todo clamava pelo rapaz.

Mal podia acreditar que tinha cedido... Que estava realmente comendo ele com força, realizando todos os malditos pensamentos que dominaram sua mente nas últimas vinte e quatro horas. E por Deus... Aquilo era delicioso demais para parar. O calor, as contrações, o sabor... Queria subjugá-lo até que ele fosse tão viciado em seu toque que jamais haveria espaço para que ele pensasse em outra pessoa.

Enquanto murmurava o nome dele em êxtase, pôde vê-lo abaixar o queixo, seu rosto voltando a ficar visível. Ainda metia com força, apreciando todos os tremores e movimentos de vai e vem que o corpo magro e claro fazia, assim como o ardor das unhas dele que insistiam em marcar toda a extensão de suas costas. Mas, no instante em que ele enfim abriu os olhos, pronto para encará-lo, foi ali que Tobirama se engasgou com o próprio orgasmo.

Izuna tinha as írises vermelhas e negras. O formato peculiar de seu próprio sharingan dominavam aqueles olhos antes tão oblíquos. Ver aquilo causou-lhe um leve pânico, mas sufocou-o em um instante. Respirando fundo, perguntou-se por que algo que deveria temer; algo que com toda absoluta certeza odiava, não parecia mais carregar o mesmo peso? Seria apenas porque era Izuna ali?

O garoto nunca havia antes parecido tão sensual: o corpo suado, as pernas abertas, a boca sendo mordida pelo desespero, a bunda exposta recebendo toda a extensão de seu pau... E agora os olhos, sensuais, quase profanos.

Não conseguia evitar. Fodeu-o com fúria, agora tão fundo que suas bolas doíam, retesadas, batendo contra as nádegas avermelhadas. Gritando o nome de Izuna, fincou as unhas nas coxas claras, gozando tanto que sua visão ficou escura. Ele gritou seu nome logo em seguida, o interior dele pulsando contra seu pau, ordenhando mais de seu gozo.

Desesperado, aproveitou a onda do orgasmo, decidido a estendê-lo um pouco mais. Removendo-se de dentro dele, segurou o pau com a mão, masturbando-se com força, terminando de gozar bem em cima da barriga dele, marcando-o quase como um selvagem, seus pulmões ardendo pelos gemidos roucos e desesperados.

Caindo sobre ele, tomou cuidado para não o esmagar e então aproveitou o frenesi pós-sexo. Respirando fundo por longos minutos, sentiu os corpos se misturando em fluido e suor, e descobriu-se não ligando a mínima para isso.

Beijando-o na boca mais uma vez, lhe acariciou a face antes de enfim começar a se ajeitar. Puxando o cobertor, afofou os travesseiros outra vez, limpando o corpo melado dele em seguida com o primeiro pedaço de roupa que conseguiu encontrar. O trazendo para perto, encaixou as costas dele contra seu torso. Aspirando seu delicioso aroma, sentiu o coração bater forte de novo.

O mais novo estava mole, completamente esgotado. Seu orgasmo parecia ter sido arrebatador, o que o deu uma sensação intensa de orgulho masculino. Quando passou o grande cobertor por cima de seus corpos nus, encontrou-se admirado ao vê-lo amolecer mais ainda e aninhar-se contra seu corpo, como se o calor dele fosse o melhor do mundo. Então, em um último ato de coragem, levou os lábios até a orelha dele, encantado pelo sorriso que brotou naquele rosto sempre tão adorável.

— Boa noite, Izuna.


Notas Finais


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