Pov's Romeo
- O que você acha que Yu está pensando, loiro?- perguntei, fazendo carinho no cabelo de Strify.
- Deve estar arrasado.. Tadinho dele... Ele, que tanto precisava de alguém pra cuidar dele, pra ele não se meter mais com lâminas e drogas... Agora ele vai afundar de vez...- disse, tristonho.
- Ei, ele não vai fazer isso, não.. Porque nós, como amigos dele, vamos apoiá-lo.- eu disse.
- É..
Nessa hora, Kiro saiu do quarto, estava vermelho, a maquiagem borrada, ele nos olhou e logo se foi, achei estranho.. Enfim.. Entramos de volta no quarto, Yu estava olhando para algum lugar além da janela, me aproximei dele e pus a mão sobre seu rosto:
- Primo, você está bem?- sussurrei.
Yu me olhou como se tivesse sido surpreendido, deu um sorriso triste.
- Sim.- disse simplesmente.
Eu e Strify nos sentamos ao lado dele, esperando que ele dissesse alguma coisa ou tivesse uma reação além de ficar olhando pra janela...
- Eu fui tão idiota.- começou.- Como pude acreditar que era real? Como pude ficar quieto depois de dias que Kiro disse que iria almoçar e só voltava à noite? Eu sabia que não daria certo.. E ainda assim fui teimoso.- Yu parou, deu uma risada seca, triste.- Como eu sou tonto... Ele me fez de palhaço e até mesmo hoje, que ele veio me contar essas coisas, eu amoleci pra ele..
- Ei, moreno, você não é idiota e nem tonto, ok? É normal ficarmos cegos quando estamos apaixonados.. Mas agora passou, Yu, bola pra frente... Pelo menos agora você pode pegar quantos go go boys quiser!- Strify deu uma piscadela, Yu caiu na risada.
- Sim! Vou pegar muitos.. Quando tiver alta, vamos sair todos os dias pra mim pegar os go go boys, que tal?- sugeriu.
- Claro, Yu..- eu disse, rindo.- Mas tem que ser de noite, porque de dia já sabe, né?- disse num tom malicioso, olhando pra Strify, que devolveu o olhar.
- Ahh, claro! Os dois tarados vão putanhar..- ele riu.
- PUTANHAR??- Strify começou a gargalhar.- Nunca ouvi essa palavra, Yu!
- Minha mãe dizia isso quando minhas irmãs iam para as baladas! - ele riu também.
- Credo, que palavra feia pra descrever um ato tão bonito, tão..sexy..- eu disse rindo.
- Romeo e seus ditados filosóficos sobre o ato sexual.- disse Yu, fazendo uma voz de apresentador de programa.
Nós três caímos na gargalhada... Ficamos lá rindo muito tempo. Até Yu ficar sério de repente...e começar a chorar como uma criança...
- Primo..
- Ai, meu Deus, Yukiito.. Não chora, senão eu também vou chorar..- Strify pegou a mão de Yu.
- Desculpa, gente ... Eu tava pensando no Kiro...
- Ai, meu Deus, Yuu.. Não fica assim..- Strify abraçou Yu, que começou a chorar escandalosamente nos braços de Strify..
"Ei, tá dando atenção demais pra ele, não tô gostando..", pensei.. Mas logo eles se soltaram e Yu se acalmou.
O médico disse que poderíamos ir pra casa e voltar outro dia se quiséssemos.. Então ligamos pro Shin, e Yu falou com ele pelo celular, Shin visitaria Yu e passaria a noite lá.. Eu, sinceramente, não sei como Yu conseguiu convencer Shin de dormir lá, sendo que Shin era toda bendita noite na casa do namorado...
Entramos no carro, eu e Strify, e eu dei partida. Coloquei pra tocar SayWeCanFly no rádio.
- Tadinho do Yu..- disse Strify.
- É.- fui frio.
- Que foi, moreno?
- Fica dando atenção pra ele, sendo que não precisa de tanto. E você lembra muito bem o que ele fez com você, parece até que esqueceu tudo já, a dor que você sentiu, e as brigas que eu tive com ele.
Strify abriu a boca espantado, logo em seguida levou as mãos a ela e a tapou.
- Romeo..!- disse simplesmente, numa exclamação surpresa.
O olhei com tristeza, e logo voltei a olhar o trânsito.
- Romeo, você tá errado.. Eu não estou dando atenção demais a ele.. Você tá com muito ciúmes, Romeo, eu só estou dando a ele o apoio de que ele precisa...
- O APOIO DE QUE ELE PRECISA?!- gritei, dando um soco no volante.- E se ele te pedir um beijo?! Ou então uma noite com ele?! Você vai dar esse apoio de que ele precisa?!
- Calma, Romeo.. É claro que não!- Strify alterou sua voz, o que me deixou irritado.
- STRIFY, VOCÊ SABE O QUE ANDO SENTINDO ULTIMAMENTE?!
- Não.. O quê??
- A SUA FALTA! A SUA MALDITA FALTA, CARALHO! NÃO ENTENDE ISSO? Porra...- passei as mãos no cabelo, tentando manter a calma.- Você voltou ontem! ONTEM! E a gente transou, mas só transou! Você acha que eu só me importo em transar com você? Eu quero mais, eu quero voltar a ficar aquelas noites deitado e mexendo no seu cabelo, quero sentar no sofá com você e assistir os clipes do I See Stars..- parei de falar, olhei pra frente, mas não foi pro trânsito que eu prestei atenção, foi pros meus pensamentos e pra confusão da minha cabeça, que perguntava a toda hora "Estou certo? Ou tô exagerando demais?"..
- Romeo...
- QUÊ?- olhei novamente pra ele.
Strify se encolheu, olhou para as mãos e depois para a rua.
- Desculpa..- sussurrou.
O fitei por alguns minutos, pensando no que falar, e ouvi uma buzina..
- Vai logo, caralho! O sinal tá verde, otário, tá cego?!- ouvi o cara do carro de trás gritar.
Acelerei o carro e de repente um caminhão passou correndo, parei o carro bem cima, quase que o carro bateu no caminhão, e senti o carro de trás bater levemente no meu, o cara começou a xingar.. Meu coração batia muito rápido.. Foi um susto e tanto..
- ROMEO! VOCÊ QUASE NOS MATOU! AI, MEU DEUS!!- Strify gritava, as mãos no rosto.
- Ai, Jesus Cristo..- sussurrei, encostando no banco, fechando os olhos e com a mão no peito..
- Aí, tapado! Dá pra você andar logo! Quase matou todos aqui atrás, agora anda logo!!- o cara do carro de trás gritava.
- VAI TOMAR NO SEU CU, SEU IMBECIL! SE QUER PASSAR, VAI PRA OUTRA PISTA E PASSA, CARALHO!- gritei.- SE TU TÁ AFIM DE BRIGA, VAI TRETAR COM TEUS VIZINHOS!
O cara reclamou mais um pouco e passou pra outra pista, estacionei o carro. Como eu tava assustado, meu Deus... Se eu tivesse acelerado um pouquinho mais, ia ser o fim de nós dois.. Que sorte que tivemos...
Strify chorava silenciosamente, estava encolhido no banco do carro.. Suspirei, passando as mãos no rosto.. Tirei o cinto e me aproximei de Strify, encaixei meus braços em sua cintura e o envolvi, colocando sua cabeça em meu peito.
- Amor, me desculpa... Eu exagerei um pouquinho, é que estou tanto tempo sem você... Me perdoa mesmo.. Não queria ter brigado com você e nem quase ter batido o carro... Eu te amo, loiro...
- Eu sei..- Strify chorava. -Eu também te amo, moreno... Eu só tô assustado..
O apertei mais em meus braços, seu corpo pequeno e magro era tão bom de abraçar... E cheiroso também..
- Amor, você quer sair hoje? Quer ir a algum lugar? Comer fora, balada?- sussurrei.
Strify fez que não com a cabeça.
- Quero ficar em casa, com você..- disse, ainda choroso.- Mas antes quero passar na locadora pra alugar filmes de terror, e depois no mercado pra comprar refrigerante e pipoca com bacon..
Sorri e levantei o queixo de Strify, fazendo-o olhar em meus olhos.
- Certo, doçura.. Vamos fazer isso.- respondi.
Pov's Shin
Saí da casa do Jon e fui direto pro hospital, logo que entrei e vi Yu dormindo como um anjo, fiquei pensando no que poderia ter levado o filho da puta do Mitch fazer aquilo com Strify...e ter causado a vinda de Yu ao hospital... Logo eliminei esses pensamentos e me sentei ao lado de Yu, pus os fones de ouvido e comecei a ouvir SayWeCanFly.
Yu acordou, me olhou surpreso.
- Já está aqui, Shin?
- Sim. Como você está?
- Bem..
Silêncio..
- Devia fazer um vlog..- eu disse, divertido.
Yu riu.
- Meu celular tá com o Romeo..
- Então eu te empresto o meu e daí você posta.
- Mesmo?
- Uhum..
- Mas o que eu vou falar??- ele riu.- "Eu tô no hospital, porque fui baleado por um tarado sádico, que queria ter matado meu primo Romeo, e agora tô tendo que aguentar essa comida horrível de hospital.."
Eu ri.:
- Não.. Faz alguma coisa, sei lá.. Descontrai..
- Primeiro eu quero falar com o Luminor..- disse olhando para as mãos.
- nossa, o Luminor.. Saudade dele... Liga pra ele.- dei o celular na mão de Yu, que digitou o número e pôs no viva-voz.
LIGAÇÃO ON
- Alô?- sua voz suave e calma atendeu.
- Luumiii..
- Yu?
- Siim, eu mesmo. Caramba, Luminor, tô morrendo de saudades de você...
- Awn, também estou com saudades, morenoo..
- Ai, Lumi, você nem sabe o que aconteceu..
- O quê??
-Levei um tiro.
- Um..TIRO?? Como assim, Yu? Você tá bem??
- Sim, Lumi, tô melhor agora, já acordei no hospital. Eu gostaria que você viesse me ver aqui, sabe..?- disse, tímido.
- Ah, mas é claro, Yuu! Eu vou agora pro aeroporto, pegar o próximo vôo para Los Angeles. Chego aí de noite, ok?
- Ai, tá bom, Lumi! Você vai vir sozinho?
- Sim. Alan está trabalhando muito na banda, sabe..? Ele anda muito ocupado, mas acabou de lhe mandar melhoras e disse que logo que poder irá vê-lo.
- Ah, tá bom.. Diga obrigado a ele.
- Tá bom, meu moreno.. Já vou sair, beijoos..
- Beijo.
LIGAÇÃO OFF
Apertei o celular em meu peito, olhando para Shin com emoção.. Shin gostava tanto de Lumi, nem pensei em passar pra ele.. Percebi as lágrimas de saudade em seus olhos claros e tive vontade de me socar..
-Desculpa não ter passado pra você, Shin...- eu disse, devolvendo o celular a ele.
- Tudo bem, quero falar com ele pessoalmente.
- Caramba, o Lumi faz falta, né?
- Muito..
Pov's Tom
- Seus tios e seus avós irão vir para o jantar, Bill.- ela arrumou a gravata do meu irmão.- É melhor se comportarem.- disse olhando para nós dois.- Vocês sabem que a tia Wendy odeia que coloquem os cotovelos na mesa ou falem de boca cheia.
- Sabemos disso, mamãe. Que saco, está nos tratando como se tivéssemos 6 anos!- eu disse, irritado.
- Só não quero tia Wendy falando mal da educação de meus filhos.- disse ela, se olhando no espelho e ajeitando o cabelo.
- Por que preza tanto o que os outros pensam? Por que convidou tia Wendy, se sabe que ela sempre reclama de alguma coisa daqui?- perguntei.
- Tom, apenas obedeça. E não ouse responder à ela, entendeu?
Abri a boca para responder, mas Bill me interrompeu.
- Certo, mamãe. Vamos dar uma volta, Tom, antes deles chegarem.
- Tá bom..
Fomos pra fora e saímos para o parque, Bill pegou minha mão e andamos de mãos dadas, fiquei encantado..
- Você sabe o que mamãe pensa da tia, né? E sabe que ela a valoriza tanto porque Wendy tem sangue de princesa nas veias..
- E daí? Grande porcaria que ela tem sangue de princesa. Qual a diferença do sangue dela? É de outra cor? Brilha no escuro?
Bill começou a rir ..
- Odeio esses almoços de família, temos que fingir ser super educados, aff.. Todo mundo sabe que eu não sou educado, inclusive tia Wendy.
- Amor..- ele parou de frente pra mim, pegando minhas mãos.- Já não basta o que irão passar, tia Wendy pode até desmaiar com a notícia que vamos dar... Se comporte só hoje, você sabe que depois vamos arranjar um jeito de sair daqui.- me olhou com súplica.
- Eu sei... Ai, Billy, tá bom....- suspirei.
Bill sorriu, se aproximou de meu rosto e sussurrou em meu ouvido:
- Você tá me devendo uma noite daquelas.. Faz tempo, amor..- sussurrou em tom malicioso.
- Hmm... Pode deixar que logo arranjaremos tempo para isso, amor...- devolvi o tom malicioso.
- Certo.- ele sorriu e voltamos a andar pra casa de volta.
Foi inconsciente, me virei e toquei seus lábios com os meus, o beijo evoluiu para um beijo cheio de paixão, desejo e malícia, e muita língua também... Logo nos separamos, e Bill me olhou nos olhos.
- Saudade disso..- sorriu.
Sorri de volta e voltamos a andar pra casa, ao chegar lá, sentamos no sofá, Bill mudou o canal da TV, passava uma seleção de clipes de j-rock, synthpop e etc... É claro que tocou TH, tocou também Cinema Bizarre, me lembrei de como eles eram gentis e divertidos, saudade deles.., tocou Mejibray, Kerbera, MoNoLith, Babymetal, SuG, e quando tocava The Gazette, minha mãe entrou na sala e nos viu lá.
- Tia Wendy já vai chegar.. Tirem desse canal, ela não gosta desse tipo de música, vocês sabem.- disse e saiu.
Fechei o punho, irritado. Bill pôs a mão em meu braço.
- Calma, amor..
Mudei o canal e coloquei em um de música clássica, aff...
A campainha tocou, minha mãe foi correndo pra porta, a abriu e cumprimentou quem quer que estivesse lá.
- Que bom que vocês vieram! Inclusive a senhora, milady Wendy, estávamos esperando ansiosamente pela sua visita.. Entrem.
- Cadê os dois pirralhos?- perguntou a Wendy, se aproximou e nos olhou.- Olá.- disse com desprezo.
- Oi.- Bill respondeu no mesmo tom, eu não disse nada.
A "milady" se foi, foram todos pra cozinha, as outras pessoas chegaram, a família inteira praticamente, aff...
Todos fomos para a sala de jantar e nos sentamos, todo mundo falava ao mesmo tempo, fizeram brindes, falaram piadas sujas, contaram histórias de família.. Até que chegou a hora da gente falar... Bill se levantou, todos ficaram em silêncio.
- A gente achou que dizer isso agora seria bom, porque estão todos aqui.. Bem.. Vocês sabem que somos irmãos.. Mas há algo que a gente não achou que aconteceria...- a mãe ficou séria ao ouvir isso.- Bom, foi há um tempo atrás. Vocês conhecem aquela brincadeira, Verdade ou Desafio.. Pois então, nos desafiaram a nos beijar, e assim o fizemos.- Wendy fez uma expressão horrorizada.- Mas o que era pra ser só um beijo, foi mais que isso, e mexeu com nós dois, nos apaixonamos e precisamos confessar que nós estamos namorando.. Nós nos amamos, entendem? Não só como irmãos..- terminou de falar.
Todos ficaram em silêncio, minha mãe se levantou:
- O quê?! Meus filhos além de serem gays, acham legal cometerem incesto??! É isso mesmo que ouvi?! Vocês tem noção do que estão fazendo?! Seus idiotas!- ela gritou.
Meu pai pediu pra ela se acalmar. Bill se levantou também.
- Mãe, calma.. Você não sabe o que sentimos um pelo outro. É muito especial pra nós, mãe.. Voc..- Bill foi interrompido pela milady.
- MAS QUE BAIXARIA! FALTA DE VERGONHA NA CARA! FALTA DE EDUCAÇÃO POR PARTE DESSES PAIS INÚTEIS! VOCÊS NÃO DEVIAM EXISTIR, SEUS MONSTRINHOS, PECADORES, ASQUEROSOS!- disse a milady, apontando para nós dois.- AH, MAS EU VOU EMBORA DESSE ESTÁBULO AGORA!- ela se levantou e foi indo.
- milady!! Espere!- disse minha mãe.- Ainda não servimos a sobremesa..
- EU NÃO QUERO SABER DE SOBREMESA NENHUMA, EU VOU EMBORA!!- e assim ela fez, e levou mais algumas pessoas.
- Olha só o que vocês fizeram! Imbecis! Vocês não são meus filhos!! Não mesmo..! Vão embora daqui!! Peguem todas as suas coisas, agora! Amanhã não quero mais vocês aqui!- disse minha mãe.
Eu e Bill levantamos, ótimo... Fomos pro nosso quarto, e lá começamos a arrumar nossas coisas...
- Juro que eu não esperava tanto ódio por parte da mamãe.. Não mesmo..- comentou Bill.
- Nem eu, mas fazer o que, né? Agora já aconteceu.. E vamos embora, nos virar..
- Ah, a gente tem dinheiro, não vai ter problema, e a banda também ajuda..
- É.. Ainda bem..
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