História Loyal, sweet, but also very dumb Colegial AU ANTIGA - Final do interescolar

*** 25/04/2018 - final do campeonato de futebol interescolar do 2º ano ***

— me fala mais uma vez porque a gente precisou vir ver a final do campeonato mais uma vez? — disse Alex entediado do meu lado. 

— Você sabe, pra gente escrever uma coluna pro jornal da escola — pois é, esse ano eu decidi me juntar ao clube de jornal. 

Acontece que o clube de astronomia não teve interesse suficiente por parte dos alunos e consequentemente teve suas atividades encerradas, então entre demais escolhas me vi forçada a me juntar ao clube de jornal, Alex acabou se juntando a mim, tanto pela amizade quanto por seu interesse em redação. 

— Aham, sei, isso aí me cheira a desculpa esfarrapada para assistir o Fritz jogando futebol — lancei um olhar penetrante em sua direção, ele apenas revirou os olhos entediado. 

Eu não conversava mais com o Fritz, não depois do que rolou no ano passado com a nessa e tal, eu basicamente nunca mais troquei uma palavra com nenhum dos dois, mas por algum motivo, Alex vivia insistindo nesse suposto "crush" que eu tinha nele, o que na minha oportunidade era a maior bobeira que ele já tinha inventado. 

A noite estava fria e o vento bagunçava meu cabelo enquanto eu tentava seguir o movimento da bola pelo campo fazendo notas mentais sobre o andamento da partida. Eu podia não gostar dele, mas seu domínio no campo era muito bom, não era atoa que ele era o líder da equipe e ele nem era do terceiro ano ainda

— ah e tenta não babar — mais uma vez lancei um olhar furioso em sua direção. 

— Se não vai me ajudar Coothe eu não vou colocar seu nome junto do meu na edição do jornal e aí você vai ter que procurar outro clube — ele sabia que eu não era capaz de fazer isso, mas era frustrante ver ele apenas brincando enquanto eu prestava atenção no jogo. 

— Não! Eu juro, é só brincadeira Liz — ele se arrumou a postura nervosamente e eu não pude deixar de sorrir, ele era um bom amigo apesar da constante provocação. 

— Eu sei… — de repente era hora do meio tempo, 15 minutos de intervalo, enquanto isso as equipes de torcida faziam apresentações. 

O time da escola era muito bom, nunca fui muito de esportes, mas era muito legal ver eles fazendo piruetas e saltos, quem sabe não poderia mencionar eles na matéria também e então algo na torcida me chamou a atenção, um menino, bem era novo, ele devia ser do primeiro ano, talvez uns 13 ou 14 anos, talvez de descendência asiática, era bem pequeno e magricela, mas era facilmente lançado no ar e fazia as mais belas acrobacias que levavam as arquibancadas à loucura. 

— Uau, esse ano a torcida tá muito boa — não pude deixar de dizer em voz alta. 

— é mesmo, tem até um menino bonitinho na equipe né? — eu lhe lancei um olhar de canto de olho, era engraçado como Alex do nada tinha ficado subitamente interessado nos saltos, não pude deixar de abafar uma risadinha — que foi agora Liz? 

— Nada, só acho engraçado seu súbito interesse em torcida agora que tem um suposto menino bonitinho na equipe, eu na verdade sempre achei que você tivesse uma quedinha no Hartmann do futebol, mas você até disfarça bem falando assim desse jeito do pobre coitado da torcida — ele olhou pro lado parecendo sem graça, como se não pudesse argumentar contra mim. 

— Tá, e daí? E se eu acho o Hartmann bonito? Em? E se eu gostar de ficar olhando pra ele sempre que ele passa pelo corredor do lado do Thiago? Eu… — ele estava claramente nervoso. 

— Se acalma Alex — eu o abracei de lado — não faz mal gostar de alguém assim, não precisa ficar nervoso, somos amigos afinal de contas, pode contar comigo sempre beleza? — ele assentiu vom a cabeça. 

E logo o jogo se resumiu, 0 a 0 ambas equipes eram fortes, nenhuma parecia querer perder, mas não demorou para que Thiago driblasse seu ponente de forma bem fácil chutando diretamente no gol fazendo a escola inteira ir à loucura, inclusive eu. Saltei gritando de emoção, não sabia dizer o porquê, mas aquilo tinha enchido meu peito de animação e não conseguia mais parar quieta. 

Mas já era bem tarde e assim que a partida terminou fomos aconselhados pelos professores a voltarmos para os dormitórios, mas ninguém parecia muito a fim de ir dormir. 

A multidão barulhenta parecia praticamente carregar Fritz em seus ombros em direção aos dormitórios e bom, eu não pude deixar de olhar pra ele, não vou negar, de como sua risada era contagiante ou como seu cabelo por mais que suado e bagunçado ornavam muito bem seu rosto em uma expressão de pura felicidade. 

O que eu não esperava era uma pequena comemoração na sala de lazer, com direito a música semi alta e conversas mesmo depois do toque de dormir, os monitores e professores pareciam igualmente felizes pelo êxito do time. 

— Ei Liz, eu acho que eu vou ir falar com o Daniel, o que você acha? — Ele parecia mais nervoso agora. 

Daniel estava de pé sozinho enquanto observava o resto da equipe conversar, ele não era do tipo muito conversador, ele era bem quieto na verdade, eu não tinha uma lembrança sequer de ouvir a voz dele, nunca. 

— Vai na fé querido, aposto que vai dar certo, na pior das hipóteses ele vai dizer não — ele deu um passo pra trás — ah não, agora vai, não precisa ter medo Alex, puxa um assunto legal com ele, decobre o que vocês têm em comum. 

— Beleza, beleza — ele respirou fundo arranjando coragem — me deseje sorte. 

— Boa sorte seu bobo — e fiquei mais uma vez sozinha do outro lado da sala onde podia continuar tendo uma boa visão de Thiago de Alex que se aproximava de Daniel. 

Não poderia dizer que prestei muita atenção em Alex, pois assim que ele se afastou percebi o olhar de Thiago sobre mim, como se ele finalmente tivesse reparado em mim, não pude deixar de fechar a expressão e olhar para outra direção em uma tentativa falha de despistar ele, mas é claro que não funcionou e antes que eu percebesse ele estava caminhando em minha direção. 

Ninguém o acompanhava, o que era estranho, pela primeira vez na noite ele parecia estar sozinho, justamente quando se dirigia até mim. 

— E ai nerd? — ele se apoiou contra a parede, era a primeira vez desde o primeiro ano que ele tentava conversar comigo de novo, olhei em sua direção de forma ameaçadora, para ver se ele não se tocava e ia embora logo — então tá no clube de jornal né? por qual outro motivo teria ido ver meu jogo? — ele riu em um sorriso irritante de lado que só me deu raiva — não quer uma entrevista pra matéria? — na verdade isso até que não seria má ideia, dei um passo pra trás pensando melhor — ah sim, sem ressentimentos pelo que quer que tenha rolado ano passado em, eu te perdoo. 

— Você é insuportável, sabia?  — ele tinha a mesma expressão irrefreável no rosto. 

— Olha, então ela fala — ele riu ironicamente — Eu sabia que não ia manter silêncio pra sempre, 'cê não ia resistir ao meu lindo rostinho aqui — ele piscou e eu senti meu rosto esquentar, desviei o olhar mais uma vez. 

— Você quer levar um soco, Fritz? porque eu to achando que você quer. 

— Mas eu não to mentindo to? Você não parou de olhar pra mim, a noite toda — eu caminhei em direção à varanda tentando me afastar dele mais uma vez, era incrível como ele podia ser irritante às vezes e é claro que ele me seguiu — Sabe minha querida, eu até que senti falta de andar contigo, cê é maneira, na moral — dei um grunhido, ele não ia largar do meu pé não? 

— Fritz, porque você não volta pro seu fã clube e me deixa em paz? Cadê a Nessa? vai falar com ela… 

— Webber, você sabe que a Nessa foi transferida né? — ele não parecia estar brincando, não pude esconder meu choque, eu não sabia disso, a gente acabou trocando os dormitórios e eu nunca mais vi ela, me senti meio mal — Relaxa que não teve nada a ver com você, ela se mudou pra uma escola com um programa para atores, era o sonho dela afinal — aquilo era verdade, me senti vazia por um momento, porque mesmo a gente tinha brigado? 

— Que bom pra ela — dei um leve sorriso. 

— Olha só, então ela também sorri — revirei os olhos. 

— Não enche Thiago — ele foi até meu lado se apoiando contra o muro da sacada. 

— Só to falando, a gente não precisa estar brigado, sabe, a verdade é essa, que você é incrível demais e eu senti sua falta — bem eu posso ter prometido pra mim mesma que eu nunca contaria o que veio a seguir para ninguém, mas você sabe como essa história termina então omitir essa parte só ia te confundir mais. 

Olhei em sua direção mais uma vez, as vezes tinha grande vontade de socar aquele rosto idiota, mas agora eu sentia algo diferente, seu sorriso convencido e seu cabelo arrumado pra trás me chamavam a atenção, me aproximei mais dele e fechei os olhos e prendendo a respiração ao puxar ele pela gola em um beijo, no inicio ele pareceu confuso, mas então pude sentir suas mãos sobre meus ombros, meio desajeitado por minha parte ele passou a conduzir o beijo que acabou durando mais do que o esperado e assim foi meu primeiro beijo. 

Empurrei ele de leve buscando ar e secando meus lábios provavelmente o mais corada que jamais fiquei, ele parecia ter desligado o próprio cérebro incapaz de falar qualquer coisa. 

— Uma palavra disso Fritz, uma palavra que seja e eu juro que nunca mais na vida eu falo com você, você nunca mais vai ouvir minha voz — ele concordou nervosamente com a cabeça ainda sem entender muito o que tinha acabado de acontecer, me virei para voltar ao dormitório com as mãos tremendo de forma nervosa, eu sinceramente não faço ideia do que foi aquilo, o significado do beijo, o que quer que fosse nós decidimos não pensar muito nisso. 

— Amigos? — eu me virei em sua direção, ele parecia tão sem jeito como eu. 

— Amigos — ainda dei um pequeno sorriso antes de me virar mais uma vez, pelo menos agora poderiamos voltar a sermos amigos como antigamente.