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História Lua de Sangue - Depende de quem você será.


Escrita por: thislovato

Capítulo 25 - Depende de quem você será.


“Certas coisas não têm explicação. Uma pessoa é colocada no nosso caminho, muda nossa vida, nossa direção, nosso rumo. E depois é tirada sem aviso prévio. Acredito que tudo tem um porquê. Hoje podemos não entender, mas o amanhã pode trazer muitas respostas.”

Passei uma boa parte da infância frequentando o escritório do Duncan. Eu lembro que após a consulta, caso eu comportasse, ganhava um pirulito colorido, aquilo me bastava. Pobre criança. Mal sabia que o destino seria cruel e colocaria todos que ama contra ela, contra ela mesma. Voltar ao Texas é como recobrar todas as memorias que eu costumo ignorar. Entretanto eu não consigo visualizar outra opção melhor. Creio que está na hora de encarar independente do que venha a significar em minha vida.

O atraso no voo, mais algumas horas para chegar à cidade significaram um dia perdido e um cansaço físico, porém a minha ansiedade passa por cima disso e eu passo a ansiar cada vez mais a minha visita ao Duncan.

O prédio simplório característico de minha infância estava do mesmo jeito de antes, as paredes rochosas, o portão enferrujado e a sinalização sobre aqueles que trabalham no local – Duncan não está presente.

Esperei alguns minutos na pequena salinha observando os movimentos da secretaria, sabendo que não tinha outra coisa a fazer. Até que passos roubam minha atenção ao corredor à direita e logo sua face com o seu típico sorriso enigmático, enfatizando ainda suas verrugas, seu nariz alongado em um descompasso para o seu rosto vertical e achatado e, dessa vez, seus cabelos mais ralos.

— É um prazer vê-la novamente, acompanhe-me, Demetria — ele disse colocando suas mãos no bolso do jaleco branco. — Julia, sem interrupções.

Levanto-me, ajeitando a alça da mochila em meu ombro e acompanhando os passos largos do Duncan. Este me conduziu pelo estreito corredor me levando até sua sala a qual ainda recordo. Adentro primeiramente sendo seguida por ele. Seu escritório era conjugado em duas partes uma para o exame clinico e outra para o físico, seu papel de parede fora trocado por uma pintura branca nova deixando o ambiente mais claro e arejado com a grande vidraçaria.

— Por onde iremos começar? — pergunto colocando a mochila sobre a cadeira e encarando o Duncan.

— Eu preciso fazer alguns exames, conversaremos enquanto isso, o que acha? — Entre seus dedos calejados uma caneta prata interage com eles, sua mania.

— Eu tenho alguma escolha? — Arqueio o cenho ao perguntar com um mero sorriso amargo no rosto.

— Você sempre teve, apenas optou por ser levada pelas escolhas de terceiros.

— Você tem noção com quem está falando, Dr. Duncan? Você não faz ideia do quanto estou me segurando para não arrancar sua cabeça com minhas próprias mãos.

— Como você fez com o Batman? — perguntou ele dando um passo a frente. Ele queria me intimidar, porém eu não sinto nenhum medo dele, não há motivos para temer. — Eu sei com quem eu lido, mas resta saber se você sabe.

— O que está insinuando? — pergunto quase em um rugido.

Acontece, porém, que ele não me replicou. Duncan indicou para a outra parte de sua sala, a parte que sempre temi. Mordo a mucosa de minha boca por pura raiva e ando até a cadeira a qual é comum a retirada de sangue.

— Passou tantos anos com amostras do meu sangue, por que precisa de mais? — pergunto ao meu sentar a cadeira e apoiar o meu braço no metal auxiliador do processo.

Duncan abriu um sorriso deslumbrado enquanto retirava da estante ao lado alguns frascos e um par de luvas.

— Digamos que o seu sangue, em especial, é algo que não compreendo completamente. Há algo em você maior do que consegue imaginar que corrompe as regras da natureza. Eu só preciso juntar o quebra-cabeça com as peças que tenho, porém um sangue fresco é mais prático.

— Ver um homem se transformar em Lobo com certeza é algo a se preocupar — digo em uma completa ironia, observando um sorriso dançar em seus lábios.

— Você mudou bastante, deveria se orgulhar disso — disse enquanto ajeitava os instrumentos necessários. — Lembro-me do quanto era agarrada aos pais quando tinha seus surtos, o quanto os amava. Como foi saber que é fruto de uma relação proibida e com dois pais inimigos naturalmente? — Duncan perguntou sem descaso, ele realmente queria saber como me senti.

A questão era do se tratava aquilo?

— Eu vim saber a verdade, espero que me conte — digo tentando conter a ansiedade.

— Seu namorado não te contou tudo, pelo visto. — Ele tombou sua cabeça, hesitante. — Não lhe contarei sua historia, te falarei apenas aquilo que necessita. — Antes que eu pudesse contestar, ele continuou: — Peter como sabe é um Lobo, um dos melhores eu diria, e o seu pai Patrick é um caçador, ou era.

Orgulho ferido do pai não era somente por eu não ser filha dele, mas por ser o monstro o qual ele luta, ele mata, ele destrói.

— Um caçador? — Um sorriso torto desenha meus lábios. — Ele queria me torturar quando me colocou no Internato?

— Não. Ele realmente via aquilo como uma opção, você sabe que o seu pai é religioso, apesar de tudo. Ele nunca atendeu suas ligações, pois sabia que se lhe ouvisse chorar, voltaria correndo para te ajudar. E, na visão dele, você não estaria segura.

— Todos de lá sempre souberam — murmuro.

Sempre falavam que meu maior defeito era a minha ignorância e o fato de não me controlar.

— O que Wilmer tem haver com isso? Patrick tentou matar ele, por acaso?

Duncan retirou a agulha grossa própria, separando-a. Este umedeceu o algodão no álcool e logo perfurou minha pele.

— Seu namorado fez um trato com o seu pai, com seus dois pais, a proposito. Ele sempre soube sobre você.

— Ele não é meu namorado — é apenas isso que consigo dizer. Afinal ele era pior do imaginei, mais egocêntrico, eu diria, mais idiota. — O que aconteceu com a irmã dele? Foi por isso que ele está atrás de você.

— Ele me culpa por não ter ajudado a irmã dele e por ter a deixado morrer. A única coisa que ele quer é descobrir o que aconteceu com o corpo dela, pois ela com certeza está morta e seu o corpo não foi comido no Golfo do México, ele já deve estar em um estagio avançado de decomposição.

— Você a deixou morrer?

— Eu tive a chance de mudar o percurso da vida dela, mas nada fiz — disse tranquilamente, sem nenhum remoço. — Agora, responda-me você sabe com quem lida, em quem confia?

— Não faça perguntas das quais já sabe a resposta — rosno contorcendo meus lábios.

Um sorriso largo desenhou seus lábios, mas ele logo ficou sério concentrando em seu serviço e deixando-me mergulhar em meus pensamentos.

— Eu te dei o que você queria. Agora, diga-me o que eu preciso fazer!

Doutor Duncan movimentou sua cabeça negativamente e um sorriso perverso desenhou seus lábios enquanto colocava as bolsas com meu sangue em uma bandeja de prata e retirava suas luvas, jogando-as no lixo.

— Eu te falei que iria te dar aquilo que você mais precisa: a verdade.

— Todos se transformaram em um deus Apolo? Até parece que essa característica é típica de vocês. Todos mentiram da pior forma possível. Passei, praticamente, 21 anos da minha vida consumida por ilusões.

Duncan sorriu. O mesmo sorriso de quando me viu pela primeira vez entrando em seu consultório junto a minha mãe.

— Você sempre teve a verdade em sua frente, só não viu, pois não se sentia confortável.

Ele abriu a porta de seu consultório e com um simples sinal eu entendia que era para acompanha-lo.

— Você não vai ter muito tempo, aconselho que se apresse — disse enquanto me guiava pelo corredor.

Era um prédio simplório, até demais para um homem que trabalhou em grandes hospitais dos quais costumava frequentar em minhas crises de surtos. Eu não sabia explicar, mas sentia o meu peito se comprimir, minha respiração falhar e a pulsação aumentar.

— Algumas verdades são melhores ditas por aqueles que amamos.

Foi a última coisa que disse antes de abrir a porta branca. Meu coração saltou pela boca, uma expressão exagerada por minha parte, mas bem explicativa em comparação aos meus sentimentos.

— Mamãe — sibilo.

Eu não me questionei como ou quais motivos a impulsionaram para isso. Pelo contrário, eu me impedi de questionar. Eu não soube ao certo se aquilo era real ou apenas mais um dos meus delírios. Eu não soube ao certo o que sentir ou como reagir.

Entretanto, meus olhos a viam sem nenhum rancor, como se tudo o que eu me questionava sobre sua moralidade e dignidade evaporassem. Afinal, não é todos os dias que coisas assim acontecem.

Meus pés falharam ao entrar no quarto e logo percebi que a porta se fechou atrás de mim.

— Você está tão linda! — disse, com voz rouca, a mulher em minha frente vestida com trajes hospitalares e a expressão pálida.

Ela não se parecia nada com a mulher radiante que conheci com cabelos sedosos e soltos em ondas sempre perfeitas. Sua parte vaidosa sumiu dando lugar a uma expressão acabada que lhe davam mais anos de vida do que realmente tinha. Seus lábios, antes, sempre contornados com cores neuras e, algumas vezes, com o avermelhado, estavam, agora, ressecados e esbranquiçados. Seus olhos castanhos vivos e, normalmente, repreendedores, agora, eram vibrantes e esperançosos. Ao seu redor contava com inúmeras maquinas que sinalizavam seus batimentos cardíacos e outros. Suas mãos estendidas eram envolvidas por vários fios eletrônicos e outros que indicam o soro recebido por ela na veia.

— Por favor — murmurou ela para mim, quase em suplico, um último pedido.

— Isso é um truque da minha mente? — questiono.

Um sorriso dócil e angelical desenhou em seus lábios.

— Não, minha princesa — ela disse mantendo seus braços abertos. — Por favor.

Algo dentro de mim negava, outro acreditava veementemente. Eu acabo me rendendo para um desses lados, porém sem euforia, e me aproximo receosa. Dianna com suas mãos ásperas toca em meu rosto, como se fosse uma rosa preciosa da qual apenas ela via beleza, seus olhos brilham intensamente e percebo-os marejados. Ela enche minhas bochechas de beijos e me envolve em seus braços. Eu não soube bem como reagir, o choque me consumiu por inteira.

— Sente-se, por favor — ela disse secando suas lágrimas e indicando para que eu me sentasse no espaço vago de sua cama. — Você está tão linda — ela indagou orgulhosa e com seus lábios trêmulos. — Eu sei, sou uma mãe coruja mesmo.

— Como isso é possível? — De alguma maneira arrumo forças para perguntar.

— Temos tempo ainda. Diga-me como você está? Eu não tenho noticias suas há mais de meses.

— Você tinha noticias minhas? — pergunto incrédula.

— É mais complexo do que pode imaginar — ela indagou tocando em uma mexa de cabelo meu, evitando olhar em meus olhos.

Toco em suas mãos tremulas, percebendo o nervosismo dela e pressiono-as com as minhas.

— Responda-me, como isso é possível? Eu sinto que vou enlouquecer.

Dianna estalou a língua e aconchegou suas costas nos travesseiros que as apoiava. Seus olhos evitavam os meus e ela temia.

— Melhor eu começar pelo começo, certo? — Ela suspirou abrindo um sorriso doloroso e passando acariciar minhas mãos entre as suas. — Você já sabe deve saber de bastante coisa, já que está aqui. Eu sinto muito por tudo que tem passado, eu sempre quis retardar isso.

 — Por isso das insulinas e do Duncan? — interrompo-a ansiosa.

— Um passo de cada vez, minha princesa. Um passo de cada vez — repetiu, umedecendo seus lábios. — Eu sempre fui amiga do Patrick, ele me mostrou, em partes, um mundo maravilhoso e misterioso. Tudo era fora do clichê do cotidiano, algo magico. Porém meu pai acabou conseguindo um emprego em Bridgewater e nos mudamos para lá. Essa mesma cidade onde você foi com o seu amigo, Charles. — Ela abriu um sorriso tremulo e afastou nossas mãos, passando a brincar com seus próprios dedos. — Eu conheci Peter, seu pai, ele me mostrou outro lado desse mundo. É algo que não consigo te descrever, mas isso me aproximou dele. Nos apaixonamos e eu me entreguei por completo para ele. Ficamos um tempo juntos, nos últimos dois meses Peter era outro homem, ele ficou violento e mais ambicioso. Ele tinha enfraquecido, a cor de seus olhos não eram mais avermelhados como sangue, eles passaram a ter rajadas alaranjadas. — Singelas lágrimas escorreram de seu rosto e ela continuou a historia: — Eu sempre soube que ficava no segundo plano para ele. Peter nunca me amou o suficiente para se entregar totalmente, ele ficava com um pé atrás em nossa relação. No primeiro plano estava o poder, sempre soube que ele nunca abriria a mão do poder por mim. O que é verdade.

Seus batimentos cardíacos aceleraram, seus lábios estremeciam e suas lágrimas de dor alertam sobre o seu estado. Porém nada disso a fez parar de contar a historia. A minha historia.

— Aos dois meses soube que estava grávida, não foi difícil juntar os pontos. Além disso, um senhor me ajudou muito nisso. O nome dele era Benjamin White. — Senhor White — Eu estava tão desesperada e depois do que este homem me contou, eu precisava fugir, precisava de uma nova vida. Então voltamos para o Texas e deixei que Patrick acreditasse que fosse seu pai. Isso é errado eu sei, mas eu sabia que ele cuidaria de você.

— O que o senhor White te contou?

— É um caso raro. — Seus olhos encheram de lágrimas e eu percebi sua dor, sua hesitação, o seu medo. — Parte do poder do Peter está com você, por isso ele enfraqueceu.  Vocês têm uma ligação direta.

Pressiono meus olhos, sentindo uma leve tontura amolecer meu corpo.

Uma ligação direta, penso.

As peças do quebra-cabeça estavam sendo postas em seu lugar.

— Patrick sabia desse mundo melhor do que eu, ele é um caçador.

— E eu sou o Batman — não pude deixar o meu sarcasmo de fora.

Dianna permitiu-se rir por um momento, suavizando a situação, neste instante.

— Você cresceu — ela disse chorosa. — E meu medo também, medo de que Peter descobrisse sobre você, que ele usasse dessa ligação, que você não consiga se controlar, que Patrick descobrisse de tudo. Por isso eu recorri ao Duncan, ele é bem mais que um médico louco que muitos costumam dizer. Ele me prometeu manter segredo e me ajudar, te ajudar, por isso inventamos da Diabete. Porém aos seus 16 anos seus surtos iniciaram.

— Sim, meu outro lado ganhando força.

Dianna aproximou-se de mim, segurando meu rosto entre suas mãos e olhando em meus olhos.

— Não, minha princesa. Não era, nem nunca foi o seu instinto de Lobo. Peter começou a quebrar as barreiras da ligação entre vocês. De algum modo ele descobriu. Eu fiz de tudo para que isso nunca acontecesse, mas era inevitável. Talvez em alguns casos tenha sido o seu outro lado, mas a voz, essa voz, era do seu pai, era do Peter.

 

"Minhas pernas estremeciam. A respiração me faltava. A transpiração estava intensa. Uma sensação estranhamente familiar rodeava minha mente. 

 Lýkos Glabo — O sussurro parecia tão perto e, ao mesmo tempo, tão longe.

Sinto o ar gélido tocar minha nuca e a respiração me faltar. Eu estava sufocando. Estava me sufocando.

— Aceite quem você é — O sussurro obrigava-me a encolher. — Seja forte.

— Quem é você? O que está fazendo comigo? — Eram perguntas nunca respondidas. Apenas o silêncio predominava aquilo era tortura para meus ouvidos. — Isso é real? — perguntei olhando para as paredes desgastadas ao meu redor. 

Nada evidenciava a presença dele. As janelas eram altas e estavam fechadas. Apenas uma luz fraca amarelada iluminava aquele espaço pequeno. Nenhuma das meninas, quem dividiam o quarto comigo, estavam presentes. Todas estavam na Sacristia.

— Tão real quanto os contos que o seu pai lia para você — respondeu misterioso. — Não se assuste, minha cara. Somos feitos do mesmo sangue. 

Meus olhos vagavam aquele lugar, eu não conseguia ficar em pé diante a dor enorme que sentia em minha cabeça, parecia carregar toneladas. Tudo ficava embaçado, mas eu não via ninguém. Eu estava sozinha com meu demônio mais intimo.

— Por favor, pare com isso — Implorei ajoelhando no chão e levando minhas mãos a cabeça já tão pesada — Deus me ajude.

Lagrimas já comumente vistas em meu rosto rolavam sobre ele. Eu estou prestes a ficar louca? Ou já estava? Qual será o limite da minha sanidade?

— Nem o seu Deus te salvará do seu Destino Demetria. Aceite-se. Liberte-se. Sinta-se. 

Nada disso tinha fundamento. Como poderia ter?

— Saia da minha mente. Saia agora — gritei enfurecida. Não aguentava mais. Não suportava. — Saia.”

 

Lýkos Glabo. Lýkos significa Lobo do grego e Glabo um tipo de transformação.

Somos feitos do mesmo sangue.

Ele sempre esteve perto de mim, me atordoando, me conhecendo, conhecendo meus medos e vícios. Ele era o meu demônio mais intimo.

— Para uma mãe isso é horrível. Não poder fazer nada a respeito e nem poder conversar com o Patrick sobre isso. Então eu pedi para o Duncan entrar em contato com o Peter e, assim, conversamos pela primeira vez, desde então. — Ela suspirou pesadamente e estremeceu. — Eu estava certa, ele sabia de você. E como Benjamin me alertou, ele queria o seu poder e para isso você tem que morrer, pois é esse poder que te sustenta. Entretanto ele me deu outra alternativa, só não contaram que era temporária. — Dianna umedeceu seus lábios, afastando-se. — Que eu fosse igual a ele. Então eu fui envenenada, como manda o protocolo, e aqui estou.

— Você forjou sua própria morte. — Um sorriso descrente desenhou meus lábios. — Como foi capaz disso?

— Não. Eu não sou forte o suficiente para aguentar o veneno. Eu realmente morri, se podemos dizer assim. Foi quando eu disse a verdade para o seu pai, eu fiz ele me prometer que te protegeria, mas... — Ela fechou seus olhos, tentando conter suas palavras. Ela sabia, sempre soube. — Enfim, Duncan acabou me salvando, eu vivo a base de maquinas e substancias. Eu não me arrependo do que fiz, mas, por favor, não me julgue pelos meus atos. Eu só queria me redimir pela dor que te causei e continuo te causando.

— Isso está parecendo filmes de terror e a qualquer momento o vilão entrará por essa porta e nos matará.

Minha mãe riu novamente, aproximando-se e tocando em meu queixo.

— Você é mais forte do que pensei que fosse. Eu realmente sinto muito por tudo que tenha passado. Eu pensei que me rendendo do Peter ele pararia com o seu tormento, mas, pelo contrario, ele continuou, pior que antes e eu não estava mais lá para te ajudar.

— Por mais insano que possa parecer, eu compreendo.

Ela abraçou-me novamente, porém dessa vez mais forte, como que se através desse abraço ela pudesse reparar todos os cacos em meu coração e todas as dores que senti longe dela.

— Eu sinto sua falta — confesso, sentindo meu peito se comprimir. — Por que nunca se comunicou comigo ou falou que estava aqui? Por que nunca me disse sobre isso? Por que as pessoas insistem em continuar mentindo para mim? Por quê?

— Eu não podia, nem tenho forças para sair daqui.

Seus lábios estavam mais brancos e ela segurava minha mão de forma tremula, seus olhos eram tão desesperados que me agoniava não poder fazer nada.

— Eu tenho orgulho de quem você se tornou. — Ela colocou minhas mãos rentes ao seu peito e esboçou um sorriso dócil. — Você vai conseguir dar a volta por cima, eu sei disso.

— Depois de tantas mentiras, eu não acho que eu consiga ter forças para suportar isso.

Nenhuma lágrima escorreu, mas minha voz era chorosa.

 — Meu pai biológico é um maluco ambicioso que quer me matar. Patrick me deixou em um hospício, nem atendia minhas ligações. Eu fui uma idiota em entregar meu coração para o homem errado e Charles — suspiro, esboçando um sorriso amargo — aquele foi quem mais me decepcionou, nunca fomos amigos de verdade e eu sou idiota em tentar reparar isso, sou idiota em tentar entende-lo e em tenta-lo salvar, em tentar continuar com tudo isso.

— Eu não sei sobre esse homem, mas eu conheço o Charles. — Minha mãe acariciou meu rosto, seu toque era tão puro e eu sentia um leve reconforto com ele. Algo que não sinto a muito tempo. — Ele te ama igual um idiota. A amizade entre vocês é pura, é algo raro de se encontrar. Sei que você encontrará uma solução para os seus problemas, achará uma forma de salva-lo. Eu tenho certeza disso.

— Você não entende — Desvio meus olhos, sentindo-os arder e meus lábios começarem a estremecer. — Ele é o Beta do Peter e para salva-lo tecnicamente eu tenho que me render e me rendendo eu morro... É insano isso!

Dianna tocou em meu queixo fazendo-me olhar em seus olhos. Ela estava mais pálida, seus lábios estavam mais ressecados e eu percebia que ela se esforçava para continuar ali, ao meu lado, continuar contando a verdade. Os barulhos das maquinas aumentam e eu minimamente percebo seus batimentos diminuindo, seu sangue correndo com lentidão em suas veias e artérias.

— Eu te amo Demi. Eu tenho certeza que você encontrará o caminho certo.

Seguro o meu choro, percebendo o que estava por me esperar.

— Eu não vou conseguir. Eu mal tenho controle de mim mesma. Quem vai vencer esse jogo?

Ela juntou todas suas forças e abriu o sorriso mais dócil que já vi em seus lábios. Seus olhos estavam imersos em lágrimas puras e ela sibilou a resposta:

Isso irá depender de quem você será, qual lado seu irá dominar.

O folego escapou de seus lábios de uma forma súbita. Seus olhos fecharam rendendo-se a dor que sentia e os barulhos eletrônicos simbolizam o que era iminente.

Não me deixe também, por favor, não me deixe. Não agora.

Seguro em suas mãos, em uma tentativa de sugar sua dor, no entanto eu não consegui.

Eu não consegui.

— Por que isso não está funcionando? — pergunto para mim mesma. — Duncan. — grito pelo medico inúmeras vezes, mas nenhuma resposta.

 E quando seus olhos abriram pela ultima vez, eles eram brilhosos e eu consegui compreende-la "você consegue”, então eles se renderam e a maquina fez um constante barulho indiciando sua morte.

A mesma dor que eu senti quando a perdi pela primeira vez, quando o meu pai me deu a noticia. A mesma dor, porém de alguma forma eu aceitei esse sentimento e não relutei contra ele, eu fui a favor dele.

Não me permiti nadar contra a correnteza, e, sim, ir a favor dela.

 


Notas Finais


oie amoras!
é o seguinte, eu fiquei com muita duvida se eu colocaria a mãe da demi de volta, ou não, porém acho que ela será o ponta pé inicial e ela foi extremamente essencial para que a demi desperte e, consequentemente, o seu outro lado desperte!
eu, finalmente, coloquei todas as cartas na mesa, não temos mais nenhum segredo, ou algo omitido!
agora quanto a dilmer, ficarei devendo a vocês, porém eu preciso focar no individualismo da demi, além do mais eu passei uma boa parte da fic focando no casal!
enfim, essa fic é bem curtinha e eu não quero me prolongar muito! faltam, agora, exatos 11/10 capítulos(pelos meus cálculos) para acabar! Por isso, eu passarei a postar mais frequentemente
beijocas!


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