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História Lua de Sangue - Lua de Sangue


Escrita por: fifthondrugs , Finallais e RenaTriz

Capítulo 39 - Lua de Sangue


Arabella

Observei o rosto sereno e despreocupado de Jacob no pequeno berço, a sensação de que essa pudesse ser a última vez que o veria me fazia querer mandar tudo para o inferno e me trancar aqui para sempre com meu filho, mas eu sabia que nós éramos a única forma de deter Margot. Chegava a ser quase cômico o modo como o destino do mundo estava dependendo de alguns bruxos problemáticos, vampiros complexados e um ex caçador mais complexado ainda. Eu quase podia ouvir Noah dando risada da nossa cara do outro lado do plano.

— Arabella, temos que ir — Sebastian disse entrando no quarto.

Assenti e respirei fundo.

— Lancei um feitiço do sono para que ele não acordasse até que alguém apareça — falei e encarei Sebastian. — E caso não voltemos, tive que me certificar de que alguém vai encontra-lo e....

— Ei, ei, vai ficar tudo bem — Sebastian segurou minhas mãos. — Eu prometo.

— Então por que não consigo sentir isso? — eu disse e o abracei. — Parece que.... Não sei! Estou com uma sensação terrível.

Sebastian me apertou levemente.

— Não precisa ir se não quiser — disse calmamente. Ele sabia que isso estava fora de questão, eu jamais os deixariam fazer isso sozinhos.

— Você gostaria disso, não? — Me afastei para que pudesse ver seu rosto.

Sebastian sorriu.

— Você sabe que é a coisa mais importante para mim, assim como Jacob. Nada me tranquilizaria mais do que saber que estão aqui em segurança — ele disse e eu abri a boca para começar a contestar, mas Sebastian fez sinal para que eu esperasse e continuou. — Mas também sei a mulher que tenho e sei que ela jamais abandonaria os amigos em um momento como esse, é a mais corajosa que já conheci. Jacob terá orgulho da mãe que tem.

Senti meus olhos se encherem de lagrimas e abri um sorriso.

— E do pai também — falei e Sebastian riu me puxando para os seus braços novamente.

— É claro que sim — disse e ficamos abraçados por um tempo até Will bater na porta e avisar que precisávamos ir. Dei uma última olhada em Jacob, Sebastian depositou um beijo em sua face e entrelaçou nossas mãos antes de deixarmos o quarto. Eu queria acreditar em suas palavras de que tudo ficaria bem, mas então por que eu tinha sensação de que tudo que estava vendo seria a última vez?

A tensão entre nós era quase palpável enquanto andávamos em silencio pela floresta. Sebastian e eu caminhávamos de mãos dadas na frente; Will e Wes também estavam com as mãos entrelaçadas, dessa vez não fiz objeções para que meu irmão não fosse conosco, acho que ele já havia provado o suficiente do que era capaz; Selene estava um pouco afastada, sua expressão era de quem estava perdida em pensamentos, acho que ela não queria estar aqui de verdade; Hailey andava ao lado de Brad e Tommy segurava a pequena mão de Ruby, o laço que esses dois haviam criado durante o tempo em que a menina esteve entre nós era algo do mais lindo e puro sentimento que eu tive o prazer de presenciar.

— Vadia louca por atenção — Hailey disse de repente e nós paramos para observar a grande luminosidade que refletia no céu escuro, vinha de um ponto um pouco mais a frente.

— É quase como se ela quisesse que fossemos até ela — Brad falou e Selene soltou um risinho sarcástico.

— É exatamente isso que ela quer, Brad — disse seca. — Margot sabe que a localizamos e talvez tenha até facilitado as coisas.

— Ela está certa de que vai conseguir executar o feitiço da lua de sangue — me pronunciei pela primeira vez.

Hailey deu de ombros.

— Bom, é isso que nós vamos descobrir — Ela tomou a frente e começou a caminhar em direção da luz.

A lua cheia parecia estar bem em cima de onde Margot estava e eu sentia meu coração acelerar a cada passo que dava. Em minha cabeça passava um filme de tudo que passamos até chegarmos aqui: Quando os caçadores chegaram em New Orleans, o festival de Halloween, a morte de Enzo, minhas conversas com Margot, os momentos com Sebastian quando ele não sabia de meus poderes, a morte de Noah.... Eram flashes de momentos importantes e eu podia ter quase certeza de que todos também pensavam a mesma coisa.

Caminhamos por mais ou menos uns trinta minutos até pararmos a alguns metros da clareira onde Margot estava, eu podia sentir a magia impregnada no ar, um tipo de magia jamais sentida antes, era pesada e suja, quase obsoleta.

— Essa magia é.... — Wes começou a dizer e todos nós, bruxos, assentimos.

— Também consigo sentir, é algo tão poderoso e.... — Will continuou.

— Proibido — terminei e todos nos encaramos. Sebastian colocou o braço em meus ombros, ele e os outros não conseguiam sentir com tanta intensidade quanto nós, mas era perceptível que a magia que Margot estava utilizando também os afetava de alguma forma.

— O que essa garota tem na cabeça? — Hailey parecia indignada, os braços em volta de si mesma.

— Vamos acabar logo com isso — Tommy dizia enquanto envolvia Ruby em seus braços, como se pudesse protege-la de qualquer coisa. — Não suporto essa sensação de que algo vai acontecer, mas nunca acontece.

Sebastian assentiu.

— Certo, vamos — Ele olhou parra mim e pude ver um aviso silencioso para que eu tivesse cuidado.

Assenti e todos seguimos ao encontro de Margot. Senti meu estomago afundar quando chegamos e pude vê-la parada bem no centro da clareira, seu cabelo preto ricocheteava em seu rosto o escondendo parcialmente, suas mãos emitiam a luz que nos guiou até aqui e estavam erguidas para o céu.

— Por que demoraram tanto? — Ela riu e percebi que seus olhos estavam brancos, a íris havia sumido completamente.

— Sua.... — Hailey correu em direção a Margot, Brad tentou segura-la, mas minha amiga foi mais rápida.

Foi tudo em questão de segundos, Hailey foi para cima de Margot e pude ouvir Will gritar alguma coisa, mas era tarde e Hailey bateu no escudo de proteção que havia em volta de Margot e foi jogada para trás, era como uma parede invisível. Brad e Tommy correram até o corpo desacordado de Hailey.

— Acham mesmo que conseguem me deter? — Margot disse prepotente. — Eu só os deixei chegarem até mim porque preciso dela. — Olhou em direção de Ruby e Tommy correu para o lado da pequena em questão de segundos.

— Não ouse toca-la — ele disse de forma ameaçadora e Margot sorriu ainda mais.

— Gostaria de saber quem é que vai me impedir. — Ela estendeu a mão na direção de sua irmã.

Tommy soltou um grito como se estivesse sentindo uma dor muito forte e caiu de joelhos no chão e o corpo de Ruby foi erguido no ar. Uma ventania se iniciou e senti meu corpo ser jogado para trás, mas os braços de Sebastian impediram-me cair.

— Precisamos de uma maneira de atravessar esse escudo — ele disse alto.

— Tio Tom! — Ruby gritou com a voz apavorada e Tommy fazia força para ficar de pé, mas parecia que algo o prendia no chão.

— Will, ajude o Tommy! Eu vou pegar a Ruby — falei para meu irmão que assentiu.

O corpo de Ruby estava seguindo em direção aonde Margot estava e eu sabia que se ela conseguisse colocar Ruby perante a proteção do escudo seria quase impossível de conseguir tirar a menina de lá. Estendi as mãos em direção a Ruby e comecei a sussurrar um contrafeitiço, mas a o feitiço de Margot era muito forte, quase como se...

— Ela está sendo ajudada! — Selene gritou ao meu lado, suas mãos estendidas para o corpo de Ruby.

Balancei a cabeça.

— Isso não faz o menor sent... — comecei a falar, mas senti uma dor aguda em minha costela e quando olhei para baixo pude ver uma adaga cravada em meu corpo. Cambaleei um pouco e olhei para Sebastian que estava com a mão estendida.

— Eu não sei o que aconteceu, eu não.... — Seu olhar estava assustado e era como se estivesse confuso.

— Arabella! — Selene caiu de joelhos no chão e era como se não tivesse conseguindo respirar.

Pude ver Hailey e Brad tentando pegar o corpo de Ruby, mas Margot era mais forte e conseguiu passar a garota pelo escudo. Ela tocou o a testa de Ruby com a mão e disse algumas palavras em uma língua que eu nunca tinha ouvido, o corpo de Ruby se dobrou e a garota soltou um grito agonizante.

— RUBY! — Tommy gritou de forma desesperada e correu em direção de Margot, ele não parou mesmo sabendo que não conseguiria passar e começou a socar o escudo até suas mãos começarem a sangrar.

— Tommy.... TOMMY! — Hailey o afastou com a ajuda de Brad. — Não vê que isso é inútil?

Tommy balançou a cabeça e tentou se livrar das mãos de Brad.

— Não, Hailey! Ela vai matá-la, vai matar a Ruby e eu não posso fazer nada! — Gritou na cara de Hailey.

Hailey olhou para nós.

— Existe uma forma de quebrar esse escudo?

Ruby emitiu mais um grito e Tommy se debateu tentando se libertar.

— RUBY! — ele gritou e Brad fez uma careta enquanto fazia força para que o vampiro não se soltasse.

Wes balançou a cabeça, ele estava ajoelhado ao lado de Selene a ajudando se recompor.

— Tem alguém a ajudando, alguém muito poderoso.

— Alguém que fez o Sebastian fazer isso — eu disse e fiz uma careta de dor ao retirar a adaga de meu corpo, o sangue ensopando minha blusa.

— Eu não sei, era como se eu não tivesse controle de meu corpo — Sebastian ainda parecia desnorteado e Will veio até mim para ajudar com a ferida que havia se formado.

— Eu só conheci uma pessoa que era capaz de fazer isso — Selene disse e nos encaramos.

— Não é possível — descartei a ideia.

— O corpo dela não foi encontrado — Selene rebateu.

— Do que estão falando? — Hailey perguntou.

— De mim — Uma voz disse nos viramos dando de cara com Irina.

A antiga líder do clã vestia as mesmas roupas estilo hippie de sempre e seus olhos violetas estavam serenos, parecia a mesma Irina de sempre.

— O que? Você estava morta! — A encarei sem entender absolutamente nada.

Margot soltou uma risadinha.

— Irina sabe escolher o lado vencedor ao contrário de vocês — ela disse. — Estou cansada de vocês, não são mais uteis de qualquer forma. — Estendeu a mão e sussurrou algumas palavras, logo pudemos ver silhuetas de pessoas chegando por trás de Irina.

— Não pode ser.... — Brad disse e senti a respiração de todos acelerar diante do que estávamos vendo.

Estavam todos ali: Enzo, Noah, meu pai, Lucy, Lauren.... Todos que havíamos perdido durante a guerra e mais alguns rostos que eu nunca havia visto, entretanto mesmo que a aparência fosse de nossos entes queridos, os olhos eram vazios e o rosto sem expressão. Eu sabia que Margot estava tentando nos afetar psicologicamente e segurei o braço de Sebastian quando ele começou a ir em direção de seus amigos.

— Eles não são reais! — Gritei, mas era tarde.

As versões vazias de nossos amigos correram em nossa direção e começaram a nos atacar.

— Noah, sou eu! — Brad dizia enquanto desviava dos golpes do amigo.

Noah socou a cara de Brad e o derrubou no chão, o nariz de Brad sangrava, mas ele se recusava a revidar. Noah estava prestes a afundar a mão em seu peito para retirar o coração, quando Hailey pulou em suas costas e arrancou sua cabeça, o corpo de Noah se desfez em barro.

— De nada — ela disse para Brad e voltou a lutar contra os outros.

Sebastian lutava contra seus antigos amigos caçadores e pelo menos ele parecia estar ciente de que eles não eram reais e Tommy trocava golpes com Lauren, mas seus olhos sempre voltados para onde Margot estava fazendo o feitiço. Era difícil saber sobre todos quando Irina estava lançando feitiços sobre mim, ela era muito poderosa.

Estendi minhas mãos em direção a bruxa e lancei fogo sobre ela, que bloqueou facilmente. Irina sussurrou algumas palavras e fui jogada para trás. Senti minha cabeça latejar e pude ver a lua começando a ganhar uma coloração avermelhada, levantei e procurei por Will, que acabava de destruir meu pai. Pude ver Wes assumindo o ataque contra Irina.

— Will! — Gritei e meu irmão correu em minha direção.

— Você está bem? — Ele agachou do meu lado e lançou um olhar para minha ferida que voltou a sangrar.

Balancei a cabeça ignorando isso.

— Você precisa desfazer o escudo de proteção. Wes e Selene vão ajudar enquanto eu e os outros vamos acabar com essas coisas — falei e meu irmão assentiu.

Will me ajudou a levantar e nos olhamos por alguns segundou antes dele sair correndo. Irina ergueu o corpo de Wes no ar e com um movimento rápido seu pescoço foi quebrado, pude ouvir o grito de meu irmão ao longe, mas não havia tempo. Irina avançou em minha direção.

— Sinto muito por isso, Arabella — ela disse e dei uma risada irônica, ignorando a dor em minhas costelas.

— Você traiu o seu próprio clã por poder, é uma vergonha para as bruxas e você sabe qual a punição para bruxas traidoras — eu cuspi as palavras antes de canalizar toda a força que tinha e jogar Irina contra uma arvore. Seu corpo chocou-se com força no tronco e com um rápido movimento de minha mão começou a pegar fogo. Irina soltou um grito agonizante enquanto queimava. — A fogueira — eu disse baixo antes de cair de joelhos no chão, estava exausta e não parava de sangrar.

Respirei com dificuldade e vi Sebastian sendo pressionado por dois caras que eu não fazia ideia de quem eram. Reuni todas as forças que me restavam e andei até ele, facilmente jogando os homens para longe, que ao se chocarem contra o chão desfizeram-se. Senti minhas pernas cederem e Sebastian me segurou antes que eu caísse.

— Eu não vou mais aguentar — eu disse fraca.

Sebastian balançou a cabeça.

— Não diga bobagens. Prometi que ia ficar tudo bem, lembra? — ele disse e eu sorri. — Precisamos de Will, ele vai dar um jeito nisso. — Sebastian colocou meu corpo no chão com a cabeça em seu colo e pressionou com força a ferida, tentando estancar o sangramento, mas eu sabia que era inútil.

— Não vai adiantar, a adaga estava enfeitiçada — eu disse e Sebastian negou com a cabeça se recusando a acreditar.

— Não seja tola, é claro que Will vai dar um jeito nisso, ele e o melhor bruxo que conheço para fazer essas coisas e.... — Sebastian começou a falar sem parar, mas eu sentia que meu tempo estava se esgotando.

— Sebastian — eu o interrompi e ele olhou em meus olhos.

— O que? — ele disse baixinho.

— Eu amo você e diga ao Jacob que o amo também e sinto muito por não ter a oportunidade de vê-lo crescer — falei e Sebastian negava com a cabeça sem parar.

— Não, não, não.... Você não vai morrer, eu não vou permitir, prometi isso — ele disse e começou a chorar. — Me desculpa — ele sussurrou, suas lagrimas caindo em meu rosto.

Segurei em sua mão e olhei bem no fundo de seus olhos. Sempre ouvi as pessoas falarem da morte como algo horrível e a temerem com todas as suas forças, mas tudo o que eu conseguia sentir olhando os olhos azuis de Sebastian, do meu amor, era uma extrema paz e tranquilidade, me fazia ter a certeza de que tudo ficaria bem depois, seja lá o que viesse ao meu encontro.

 

Sebastian

— Arabella, por favor... – O corpo de Arabella pesava em meus braços. – Abra os olhos, abra meu amor. – Eu toquei o rosto de Arabella e senti sua pele fria. – Amor... – As minhas lágrimas molhavam o rosto dela. Mordi o meu pulso e coloquei o meu sangue na boca dela. – Beba, você vai acordar, vai se sentir melhor, você vai ver...

Eu puxei o corpo de Arabella para mais perto de mim e a abracei. Mãe Lua, por favor, se ainda sou digno de sua força, não deixe Arabella morrer. Por Deus! Me leve, me mate mas traga ela de volta. Ela não merecia. Isso é culpa minha, fui eu que a matei, eu fui manipulado, eu deveria ter lutado contra a magia. Eu devia ter sido mais forte, lutado por você. Devia...

— Amor? – Eu sacudi o corpo de Arabella. – Não! – Me descontrolei em lágrimas. Preciso ouvir seu coração bater! Minha dor não cabia mais em mim, eu queria ter esperanças, meu amor gritava para eu confiar que ela iria acordar, mas o meu cérebro dizia que ela já tinha ido. O amor da minha vida tinha morrido em meus braços. Ela morreu olhando em meus olhos. Eu não conseguia pensar, não conseguia larga-la.

— Arabella! – Will gritou ao longe.

Como vou viver sem você? Como vou dizer para nosso filho? Eu não sei se consigo.... Eu não sei.

— Não, não, não! Você não! – Wil se jogou de joelhos ao meu lado e entre as lágrimas segurou o rosto de Arabella com as duas mãos e grudou suas testas. – Irmã...Por que?

— Eu sinto muito, Will. – Eu disse tentando controlar o meu choro. – Isso é culpa minha.

— Isso não é culpa sua. – Ele soluçava. Will também tinha perdido a única família que lhe restou. Ele também estava sozinho. – É culpa dela! – Ele apontou para Margot e se levantou decidido.

Will secou as lágrimas, correu com as mãos fechadas em punhos e atravessou o escudo como se ele nunca tivesse estado lá. Procurei a bruxa que estava ajudando a Margot e não a encontrei até olhar um corpo carbonizado em uma arvore. Ele mirou a mão em direção a Margot que estava com as mãos em cima do corpo de Ruby. As duas flutuavam no ar de baixo de uma Lua cheia cuja a metade estava vermelha vibrante e a outra branca e brilhante.

— Ei! – Ele chamou a atenção dela.

Margot abriu os olhos e encarou Will. O bruxo disse algumas palavras e bateu as palmas antes de mirar as duas mãos para Margot. A bruxa gritou, se debateu no ar e caiu sobre o solo. O corpo de Ruby foi caindo, mas antes que atingisse o chão, Tommy ergueu os braços e a pegou no colo. Ruby não acordava, estava com o corpo mole e os olhos fechados.

A Lua voltou a ficar branca, a floresta ficou mais iluminada. Will levitou um pedaço de galho e jogou em direção a Margot. Ela rolou no chão e depois se levantou grunhindo de raiva. Will ergueu as mãos para o céu, mas antes que ele atacasse, Margot levitou uma rocha do tamanho de um crânio e jogou-a na cabeça dele. Will cambaleou, caiu no chão desacordado e com a cabeça sangrando sobre a terra.

Hailey, Brad e Selene, foram para cima de Margot. A bruxa sorriu cinicamente, grudou os punhos uns nos outros e sussurrou algum feitiço nas mãos. Margot lançou uma bola de luz cor de violeta dos punhos em direção de Selene.

— Droga! – Selene absorveu a bola de luz em seu corpo e caiu no chão se debatendo. De repente os olhos de Selene ficaram violetas e ela levantou instantaneamente do chão.

— Selene? – Hailey perguntou. – Você está...— Selene rodou a mão no ar e o pescoço de Hailey foi quebrado. Brad avançou como um monstro para cima de Selene e começaram a trocar golpes.

Olhei para Arabella, fiquei esperando ouvir o coração dela bater novamente. Encostei minha orelha em seu peito e tentei ouvir qualquer batida que seja. Mas nada, não adiantou. Eu senti o vazio dominar o meu corpo. Eu queria morrer também, queria me deitar junto a ela e dormir para sempre. Grudei nossos lábios e senti sua pele gelada contra a minha.

— AH! – Will gritava e rolava no chão se contorcendo de dor. Olhei para Margot e ela gargalhava ao ouvir Will agonizar.

— Eu vou salvar o seu irmão. – Eu sussurrei no ouvido dela. – Não se preocupe, só durma bem, meu amor. – Eu beijei a boca dela pela última vez. – Eu te amo, Arabella.

Coloquei o corpo de Arabella deitado no chão, uni suas mãos ao peito e suspirei dando um beijo na testa dela. Eu me sentia morto por dentro, eu não queria mais lutar, queria apenas a paz eterna junto com Arabella, mas ela jamais me perdoaria se eu me juntasse a ela por vontade própria. E se ela soubesse que Will estava sofrendo e eu não o ajudei, nunca me aceitaria. A olhei pela última vez e respirei fundo antes de começar a caminhar até Margot.

Ela mirava a mão para Will e falava algo que eu não entendia. Peguei uma adaga no suporte da minha cintura e joguei a mesma pelo ar fazendo que a lamina cravasse no ombro de Margot. Ela berrou de raiva, ou dor...

— Eu vou te matar! – Ela gritou e eu dei de ombros. Ela retirou a adaga friamente de si.

Will se arrastou pelo chão para longe de Margot e eu me senti aliviado. Corri usando a vantagem de ser vampiro e consegui acertar um soco no rosto de Margot. A satisfação de vê-la sangrando me motivava. Soquei novamente e ela deu um passo para trás. Ela avançou conseguindo acertar a adaga no meu abdômen, fiz uma careta de dor e a empurrei para longe ganhando tempo para retirar a adaga da minha barriga. Puxei de uma vez só e comecei a andar até a Margot segurando a arma com força.

Então vi o tronco de Brad ser jogado pelo ar por cima de mim, seus ossos pareciam quebrados e havia um buraco em seu peito. A cabeça de Brad rolou até atingir o meu pé. Olhei para baixo e sua boca estava aberta assim como seus olhos.

— Selene é forte mesmo. – Margot sorriu triunfante e cruzou os braços. – Acho que não vou sujar as minhas mãos para te matar. – A bruxa estalou os dedos e Selene se aproximou de nós.

Os olhos de Selene brilhavam, eu não ligava se iria morrer ou não, mas não iria sem lutar. Faria isso por Arabella.

— Sempre gostei de matar bruxas. – Eu disse cruzando os braços.

— Selene. – Margot ordenou.

Usei a minha velocidade para pegar impulso e chutar o tronco de uma arvore que estava próximo de mim. A madeira era frágil e fina, não foi difícil. A arvore rangeu até seu tronco ceder e cair no chão. Usei toda a minha força para levantar o tronco, até mesmo para um vampiro, ainda era pesado. Selene levitou o próprio corpo e começou a vir até mim. Segurei a arvore acima da minha cabeça e a lancei em direção a Selene. O tronco atingiu o corpo da bruxa e ao cair no chão pude vê-la sendo esmagada pelo o mesmo. Uma poça de sangue se formou ao redor do corpo dela e eu sorri sem mostrar os dentes. É uma pena ter que matar uma de nós, mas não liguei.

— Ora... – Margot parecia surpresa. – Por essa eu não esperava.

— Agora é a sua vez. – Eu disse.

— Sério? – Ela ergueu uma das sobrancelhas. – Mostre-me.

Comecei a andar lentamente até ela. Mas então Margot ergueu a mão aberta para o alto e eu senti uma pontada forte no peito. Meu coração acelerou e eu sentia como se ele estivesse sendo esmagado dentro do peito. Ficou difícil respirar, perdi o equilibro e cai no chão de joelhos. Olhei para a bruxa e ela fechou a mão e foi descendo a mesma bem devagar. Eu cuspi sangue. Sentia como se Margot enfiasse uma faca diversas vezes em meu tórax. O ar ficou rarefeito. Abri a boca para puxar o ar para dentro, mas não conseguia. Minha visão foi ficando escura, Margot não tirava o sorriso do rosto. Sua mão desceu bruscamente por completo, pude sentir meu coração indo em direção a ela até o mesmo furar-me e cair no chão na minha frente. Foi assim que eu morri, lenta e dolorosamente. Só desejei rever meus amigos, meu querido irmão e ter Arabella em meus braços novamente.

 

Hailey

Abri os olhos e todo o meu corpo parecia doer, aquilo era estranho. Eu me levantei e todo meu corpo estava imundo de terra, mas eu tinha mais com o que me preocupar. Ao olhar para Margot percebi que o único que estava lutando com ela era Will, e ao procurar por meus amigos ao meu redor tudo que eu encontrei foram corpos sem vida jogados ao chão. Não, não, não, não. Aquilo não podia estar acontecendo. Arabella, minha melhor amiga estava morta? Eu não conseguia acreditar no que eu estava vendo. Brad estava reduzido a sua cabeça, o lindo cara por quem eu estava me apaixonado havia sido morto cruelmente. Sebastian, o bravo caçador, estava jogado ao lado de seu coração no chão de terra frio da floresta e Wes, o jovem rapaz fazia parte das perdas que tivemos.

— AAAAAAAAAAH. — Will gritou.

Eu despertei de meus pensamentos, aquela não era a hora de me lamentar pelas perdas, meu lamento não os traria de volta. Eu vi Margot fazer um movimento rápido com a mão e o corpo de Will levitar.

— CHEGA. — Eu gritei atraindo sua atenção.

Ela me olhou com um sorrisinho vitorioso, mas eu já estava cansada daquele joguinho. Eu corri em sua direção sem me preocupar com qualquer coisa, o seu campo de defesa havia sido tombado e eu não tive dificuldades para alcança-la. O corpo de Will caiu no chão e o menino gemeu de dor.

— Você é uma covarde. — Eu cuspi as palavras próximas de seu rosto.

— Por que? — Ela me olhou com desdém.

— Lute com suas próprias mãos — eu disse e acertei rapidamente um soco em seu rosto.

Ela virou a cara e quando voltou a me olhar vi um filete de sangue escorrer de seu nariz.

— Você deveria ter sido a primeira a morrer. — Ela deu de ombros.

Ela movimentou suas duas mãos para a frente como se fosse me empurrar e não foi necessário que me encostasse para que meu corpo fosse lançado para longe dela. Eu bati com força contra uma árvore e pareceu que todos os meus ossos haviam sido quebrados, mas a dor agora era o menor dos meus problemas. Eu corri até o corpo de Sebastian e peguei rapidamente as adagas que haviam testado com o caçador.

— Cuide de minha amiga e não esqueça que você sempre será o nosso caçador — eu sussurrei como se ele fosse me escutar.

— Hailey, eu preciso de ajuda. — Will me olhou e não havia sentimentos em seus olhos.

— Eu estou com você. — Corri até estar próximo a ele.

— A gente consegue. — Ele me olhou e eu assenti.

O bruxo começou a pronunciar algumas coisas e seus olhos começaram a atingir uma tonalidade mais clara, mas a essa hora Margot já não estava tão interessada em nós e sim em Ruby. Meu irmão havia corrido para esconder a garotinha, e agora Margot buscava a menina fazendo algumas árvores caírem ao chão abrindo espaço pela floresta. Will repetiu uma sequência de palavras e eu senti o ar ficando mais pesado, Will fechou seus olhos e quando os abriu novamente, sua pupila havia desaparecido.

— Eu protejo você enquanto ataca ela — ele disse para mim.

Eu não pensei duas vezes, eu confiei no bruxo e corri até Margot pulando nela assim que cheguei perto o suficiente. Nós duas caímos ao chão e eu a soquei diversas vezes no rosto, e todo feitiço que ela tentou me lançar pareceu não funcionar. Estava funcionando, boa Will.

A bruxa tentou batalhar comigo, mas era evidente que quando se tratava de brigas físicas eu tinha muito mais vantagem.

Ela estava com o rosto todo ensanguentado e ela pronunciou algumas palavras e eu comecei a rir.

— Isso não funciona mais. — Dei de ombros. — Essas serão suas últimas palavras.

Eu levantei minha mão para pegar impulso para enfiar em seu peito e arrancar seu coração, mas minha mão foi segurada e ao olhar para cima Will era quem estava segurando.

— Will, o que você está fazendo? — perguntei e notei seus olhos roxos.

— Hailey? — Tommy apareceu correndo e empurrando o bruxo para o chão.

O bruxo ia lançar meu irmão para a longe, mas eu tentei o segurar e acabei sendo lançada junto. Margot se levantou batendo no próprio corpo para retirar o excesso de terra e seu rosto começou a cicatrizar enquanto ela sussurrava alguma coisa.

— Will está enfeitiçado, Hails, ele vai não vai parar até nos matar. — Tommy disse com pesar.

— Nós não vamos morrer hoje irmão. — Eu coloquei a mão no ombro dele. — Faça qualquer coisa, mas não mate Will. — Ele assentiu.

— Onde está Margot? — Ele arregalou os olhos.

— Dessa vez não vamos perder ela — eu disse irritada.

— Ela não pode encontrar Ruby — ele disse e eu assenti.

Nós corremos na direção de Will e eu tentei dar um mata leão para que o menino apagasse por algum tempo, mas ele fez que cada toque que eu desse em seu corpo me queimasse. Tommy pegou então um pedaço de madeira e acertou em cheio o rosto do mais novo.

— Tommy — o repreendi.

— O que é? Ele vai sobreviver a isso. — Ele revirou os olhos e pegou o corpo desacordado colocando em seus ombros.

Nós ouvimos um grito infantil e Tommy apressou seus passos. A ventania voltou a circular pelo lugar, e ao olhar para o céu notei que a lua voltou a tomar a coloração vermelha e agora a cor parecia estar se alastrando mais rápido. Nós encontramos Ruby e Margot, e para nossa sorte dessa vez Margot não perdeu tempo criando algum escudo de proteção para elas. Tommy largou o corpo de Will no chão de qualquer jeito e avançou em cima de Margot. Eu corri logo atrás dele e enquanto Tommy cravou duas adagas próximas ao coração da bruxa, eu tentei tirar Ruby de perto dela, mas agora parecia ter uma parede que nos impedia de sair. Merda!

Ruby me olhava sem conseguir dizer uma palavra e seus olhos gritavam por ajuda, Margot retirou uma das adagas de si e enfiou no abdômen de meu irmão que pareceu não se importar, mas foi lançado contra a parede invisível e caiu no chão.

Eu fui tentar uma aproximação novamente mas senti meu peito queimar e o ar me faltar, eu estava morrendo?

— HAILS. — Meu irmão gritou em desespero e tentou andar até onde eu estava.

Seu corpo passou a flutuar e estava sendo puxado em direção a Margot e Ruby, a criança estava prestes a apagar e a lua estava quase completamente vermelha, era isso, Ruby não poderia morrer, caso contrário o feitiço seria feito. A dor que eu estava sentindo cessou e o ar voltou para meus pulmões e agora era com Tommy que ela estava fazendo a brincadeirinha de sofrer. Meu irmão e Ruby estavam próximos da morte, e mesmo assim eu vi Tommy procurar pela mãozinha de Ruby, assim como ele fazia quando eu ficava com medo quando criança. Eu não podia deixa-lo morrer, nenhum dos dois merecia ter uma morte daquelas. A criança pareceu se render e os olhos de Tommy estava brilhando em lágrimas, Margot foi fechando uma de suas mãos lentamente e meu irmão pareceu agonizar.

— Tio Tommy, não. — Ruby conseguiu gritar.

Eu não estava ali para assistir isso acontecer, eu estava farta de perder tanta gente e eu estava disposta a fazer o que fosse preciso para salvar os dois. Eu corri na direção da bruxa maluca deixando minhas presas e garras a amostra, eu me enfiei na frente do meu irmão e arranhei de seu peito até sua barriga, rasgando sua roupa e deixando a ferida exposta. Ela caiu no chão e meu irmão e Ruby também, ambos desacordados. Will estava acordando da inconsciência e tudo que eu não queria era ter que lutar com dois bruxos malucos. Eu comecei a correr para frente e para trás de Margot e ela parecia me procurar, e quando ela tentou me fazer levitar eu agarrei em sua cabeça e torci seu pescoço, mas eu continuei levitando com ela morta em meus braços. O que estava acontecendo? Para ter a certeza de que ela estava morta, eu puxei sua cabeça e rasguei seu pescoço com a unha até ser desmembrado do resto do corpo. Tommy se mexeu e pareceu acordar, eu suspirei aliviada e logo fui lançada contra uma árvore que quebrou em cima de mim com a força da colisão. Will caminhava em minha direção, Tommy foi tentar segurar o menino, mas ele só movimentou a mão e Tommy pareceu ficar preso.

— Hailey. — Meu irmão gritava e socava com força a parede. — Levante-se.

— Tio Tommy? — Ruby olhou assustada para ele.

— Nós vencemos irmão — eu disse com um sorriso no rosto. Will chegou perto suficiente para que eu notasse a coloração violeta em seus olhos. — Você lutou bravamente Will!

Ele levantou a mão fazendo a árvore se mover saindo de cima de mim, e antes que eu conseguisse me levantar o menino encostou em mim com a mão quente e foi queimando meu peito até fazer um buraco e alcançar meu coração. Eu segurei em seu braço na tentativa de impedir que alcançasse meu coração, mas já era tarde e agora eu tentava fazer com que sua mão não saísse dali com meu órgão na mão.

— Will, acabou. Por favor, volte — eu disse sentindo dor.

— HAILEY. HAILEY. — Meu irmão gritava. — WILL, O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO?

Ruby estava calada e fechou os olhos e apontou uma de suas mãos na nossa direção, enquanto Tommy socava desesperado a parede invisível.

— Will. — Eu senti sua mão puxar meu coração.

— Hailey. — Eu ouvi a voz do menino.

Meu coração foi arrancado de mim e a última coisa que eu vi foi a lua completamente vermelha voltando a ficar branca lentamente. O rosto de Will com seus olhos normalizados tamparam minha visão antes que ficasse tudo preto. É, espero que meus amigos estejam me esperando. Sebastian, parece que não vou precisar que você cuide de Arabella, eu estou chegando para te ajudar.



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