História Lucky one - Second Intentions

Segundas intenções 

No meio tempo de quase seis anos, nada do que me aconteceu ficou enraizado o suficiente para ser digno de história. Foram umas quedas embaraçosas e o meu primeiro beijo, o qual prefiro não me recordar em tantos detalhes: era uma garota, antes de eu estar pronto para enfrentar o mundo com todas as suas cores. Não aceitei sua confissão, não cheguei a sentir nada com seus lábios rubros de quem quer crescer precocemente. Deixei-a sob uma árvore para nunca mais voltar minha palavra para si. Mais um caso de vergonha e tentativa de autoconhecimento do que uma maldade. Desculpe-me, Taeyeon, sei que fui um completo idiota. 

Então, no final do meu primeiro ano no ensino médio, conheci Oh Sehun. Foi um acaso.  

Meu grupo de amigos se juntou com seus amigos e as coisas se tornaram grandes a partir disso. De uma pequena reunião, uma festa inteira se formou na casa de Kim Jongin, tomada por desconhecidos e bebidas ilícitas. Eu sequer conhecia o dono da residência, porém por insistência dos colegas, cedi. 

Durante boa parte daquele ínterim, permaneci sentado no sofá, tentando achar alguma coisa interessante no celular, como me era de praxe. Não consigo me recordar muito bem o que havia me levado a tal mal humor, porém meu ânimo estava bem longe do pico naquela noite. Certo momento peguei-me fitando um copo de refrigerante deixado sobre a mesa de centro. Olhei para os lados e logo notei um rapaz alto e magro sentado na outra ponta. Ele me gritou por cima da música algo como "Se eu fosse você, não beberia isso". 

De início sobressaltei-me, porém logo começamos a conversar.  

Oh Sehun era uma dessas pessoas desligadas de tudo, que faz o que quer quando quer, talvez tenha sido por essa sensação de desapego que me encantei por ele. Eu me sentia grande e livre das correntes da normalidade que me prendiam dia após dia. No entanto, essa liberdade que beirava o egocentrismo dele foi demais para mim. 

Tudo bem que ambos éramos adolescentes, com os hormônios transparecendo por todos os poros, porém ele me tocava demais e eu não estava pronto para isso. Em cada beijo, suas mãos desciam por meu torso, adentravam minhas roupas. Cada brincadeira pequena ganhava uma conotação além da original, cada convite era entrelaçado com suas segundas intenções. 

Então, devido a essas suas tentativas inúteis de aprofundar nosso contato, fui obrigado a cortar nossos laços de repente. Quase tão do nada quanto foram criados. 

Desculpe-me, Sehun, nem todo mundo está disposto a ceder tempo e amor para alguém que só quer seu corpo.