História Lucy In The Sky With Diamonds - Capítulo Dois

Capítulo Dois

O dia clareava em Liverpool, era por volta do meio-dia. Estava levemente nublado, mas alguns raios de sol transpasavam as nuvens cinzentas. 

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Acordei assustada, com o barulho da porta azul batendo forte. Sentei rápido no sofá, sem conseguir abrir os olhos direito. Olhei para pessoa na porta, Rick.

—Oi. -Disse, ele me encarou, sufocou uma risada, eu deveria estar patética.

—Vim checar se não estava assaltando o clube. -Disse e percebi um tom de brincadeira na sua voz.

—Eu iria, mas meus capangas foram baleados no assalto anterior. -Disse, levantei do sofá e peguei meu maço de cigarro e um fósforo. Rick havia se sentado no sofá, me joguei ao lado dele.

Passei a mão nos cabelos, os jogando para trás, e coçei os olhos. Coloquei um cigarro na boca. Antes mesmo de acender Rick o pegou, girando-o entre os dedos. Me estendeu o cigarro.

—Estou tentando parar de fumar. -Disse, e eu sorri, guardei o cigarro junto aos outros e joguei o maço perto da mala.

Ele me encarou de novo, sufocando mais um riso, dei um tapa de leve no seu ombro e levantei, peguei umas peças de roupa da minha mala e entrei no banheiro.

—Se arrume. Vou te mostrar uma lanchonete legal. -Disse o Rick, do outro lado da porta, enquanto eu me despia. Gritei um Ok e entrei no chuveiro.

Depois de alguns minutos já estava pronta, dessa vez com uma calça azul escura e camisa preta simples. Sai do banheiro e encontrei Rick sentado no sofá. Ele levantou e nos saímos, e só então percebi que estava morta de fome.

Entramos numa lanchonete que era quase toda amarela, tinha janelas grandes, com molduras vermelhas, era colorido e fofo. As garçonetes eram bem diferentes das do Cavern Club. Cabelos amarrados, sapatilhas, calças e camisas brancas e rosas. Ele fez o pedido por nós e começamos a comer.

—Tem namorada Rick? -Perguntei puxando assunto, ele me encarou.

—Olha Lucy. Você é linda mas...-O interrompi rindo, ele me olhou confuso.

—Não estou te cantando Rick, só quero conversar. -Disse, e ele riu também, dei uma mordida no meu hambúrguer.

—Tenho. O nome dela é Laurence, e se ela saber que estou te deixando ficar no Cavern Club, ela me castra. -Disse, e eu entendi que ela era, extremamente ciumenta.

—E por que você me deixou ficar lá. Quer dizer, ninguém aceitaria uma estranha assim. -Ele sorriu e tomou um pouco do suco.

—Já fui recém chegado em Liverpool Lucy. A cidade não é lá muito receptiva com gente sem grana. -Disse, e deu uma longa pausa.

—De onde era? -Perguntei, colocando Ketchup em cima do meu hambúrguer.

—Era de Pittsburgh. -O encarei, surpresa. —Fugi de casa. E fiz questão de fugir pra bem longe.

—Por que fugiu?

—Minha mãe morreu aos meus 9 anos, meu pai bebia e gostava de me bater, aos quinze vim pra cá. Roubei trezentos dólares dele. -Ele sorriu com a lembrança.

—Me fale droga. Como foi quando chegou. Pare de fazer suspense -Disse irritada, terminando de comer meu hambúrguer, ele sorriu e iniciou.

—Dormi na rua por uns dias. Vendi drogas por um tempo para me manter, fui preso e quando sai, aí mesmo não consegui emprego. Depois de um tempo, um cara me arrumou um emprego de Faz-Tudo. Eu pintava umas paredes, concertava carros, limpava vidro. Esse mesmo cara me deixou ficar no porão dele até eu me estabilizar. E ele sabia sobre meu envolvimento com drogas, me mantive limpo. Resumidamente, depois de anos de trabalho, consegui abrir o Cavern Club. Foi uma droga no início, mas a uns seis anos. Quando conheci Laurence, ele me ajudou lá, e agora é bem famoso. - Refleti sobre tudo oque ele tinha me contado e cheguei à conclusão de que Rick era um cara extremamente competente, ele tinha chego ali quase como eu. E agora tinha um Clube famoso, e estava me abrigando.

—E é por isso que você me ajudou... -Ele me interrompeu, sorrindo.

—Por que você está igual a mim quando cheguei aqui. -Ele disse, eu sorri. Ia pegar um cigarro quando me toquei de duas coisas. Primeiro, estava numa lanchonete onde era proibido fumar. E segundo, seria sacanagem fumar perto do Rick.

—Você me chamou, você paga a conta. -Disse, dando um último gole no suco. Ele sorriu e balançou a cabeça.

—É justo. -Pediu a conta e pagou, saímos da loja. Rick me entregou um envelope. Abri e tinha trezentos dólares.

—Que isso? -Perguntei, ele colocou a mão nos bolsos.

—Você ainda não era minha funcionária ontem, então aí está seu pagamento. Agora que é minha funcionária, recebe final do mês. Os trezentos são por ontem. -Ele disse, olhando com raiva para um cara que passou fumando por perto dele, sorri.

—Obrigada. -Ele só assentiu. Eu sabia que aquilo era só uma forma de me dar dinheiro, sem me deixar sem graça. Ele estava me ajudando, da mesma forma que ajudaram ele, se não mais. Sabia que aquilo era só um pretexto para de dar uma força.

—O clube abre as dez e meia da noite. Preciso de você aqui as nove para me ajudar a abrir, mesmo que ele só encha à meia-noite. Até lá, pode fazer o que quiser. -Assenti, ele entrou num carro que estava na frente do Cavern Club, acenos pra mim de dentro do veículo e deu partida.

E eu? Fiz  o que toda "recém chegada" em Liverpool faz. Enfiei meus trezentos e dez dólares no bolso, acendi um cigarro, e fui conhecer a cidade. Já que, era só oque eu podia fazer ate as nove.