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História Lukanette - Rock n' Love - Rock And Roll All Nite


Escrita por: LuckyGirl102 e HanabiKawaii26

Notas do Autor


Apesar do título, esse capítulo não tem cena de sexo explícito. Ele já estava pronto há algum tempo (na verdade, antes da estreia de "Crocoduel", então apesar de algumas semelhanças, não há referências propositais). Esperamos o dia de hoje, da estreia no Brasil do documentário da banda mais rock n' roll de todos os tempos, para postar.

Esse capítulo é o que a Marinette aparece menos, pois ele é mais centrado no Luka e a família. Por falta de foto para ilustrar os personagens no enredo, colocamos outra imagem para ilustrar. A foto de capa é Mustique. Nesse capítulo, vocês vão conhecer um pouco mais sobre essa ilha, onde o Luka vai passar o fim de ano com sua família.

Boa leitura!

Capítulo 11 - Rock And Roll All Nite


Fanfic / Fanfiction Lukanette - Rock n' Love - Rock And Roll All Nite

Era um inverno bem frio em Paris, mas no Caribe o tempo estava quente. Conforme meu pai explicou, era a melhor época para ir para lá, pois estava fora da temporada de furacões. O único problema era que justamente por isso é que as praias ficam mais cheias, mas Mustique é um lugar bem reservado e não haveria nenhuma multidão lá. Não que isso fosse problema para mim, pois eu já estava acostumado com praias cheias, mas segundo o meu pai, é mais relaxante quando tem menos gente.

Havia cinco horas de diferença de horário de Paris para Mustique. Nosso voo ia levar um pouco mais de 16 horas, então decidimos sair cedo, praticamente de madrugada. Meu pai apareceu com o carro, colocamos nossas malas nele, e fomos ao Hotel Grand Paris tomar café da manhã. Seguimos para o aeroporto, onde o jatinho particular do meu pai nos esperava. Juleka e eu ficamos de boca aberta ao ver o jatinho, parecia que estávamos sonhando. Os funcionários levaram nossas malas para dentro e entramos. Havia várias poltronas acolchoadas, mesas, televisão, e muitas luzes pequenas que iluminavam todo o ambiente. Um lado meu achava que estava sonhando, o outro ficou até com medo de quebrar alguma coisa ou fazer feio. Eu nunca tinha entrado em um jatinho particular e não tinha a menor ideia do que fazer em um. De repente, senti as mãos do meu pai em meus ombros.

- Tá nervoso, filho?

- Eu… eu… é que… é tudo tão lindo.

- Entendo, a primeira vez a gente fica muito surpreso, né? Mas você vai se acostumar. Quando formos sair em turnê, vamos viajar com esse jatinho para todos os cantos do mundo.

Sorri e sentei em uma poltrona. Juleka sentou na poltrona à minha frente, tendo a mesa entre nós. Ficamos emocionados e com frio na barriga quando o jatinho decolou. Ela já tinha viajado de avião uma vez, mas eu nunca tinha tido essa oportunidade antes. Colamos os rostos na janela e ficamos vendo a paisagem se movendo. O mais perto que eu tinha chegado disso foram nas duas vezes que eu sonhei que estava voando.

Meu pai nos apresentou alguns dos funcionários do jatinho e nós os cumprimentamos. Passadas algumas horas, nos serviram o almoço. Comemos frango ao champanhe com batatas sauté. A comida estava ótima. Em um dado momento, não havia o que ver pela janela, e eu e Juleka decidimos assistir a um filme juntos. Minha mãe conversava com o meu pai, mas eu não sabia o quê. Fang ficava em uma caminha reservada para ele. Mais tarde, serviram o nosso jantar: filé mignon com tartiflette*. De sobremesa, nos deram sorvete de pistache com chantilly.

(*Gratinado de batatas, cebolas, bacon e queijo reblochon.)

Na hora de dormir, Juleka e eu ficamos lado a lado, dividindo um cobertor. Mesmo o assento sendo confortável, eu tinha que me forçar a dormir. Eu estava acostumado a dormir em uma cama, então aquela experiência foi um pouquinho estranha. Virei de lado, coloquei a cabeça para fora do assento e vi minha mãe dormindo sossegada no colo do meu pai. Fiquei feliz pelos dois, mas eu ainda não conseguia dormir.

- Luka… o que foi? - perguntou Juleka sonolenta - Você tá se mexendo toda hora.

- Não tô conseguindo dormir.

- Inclina mais o assento.

- Já inclinei. É que ainda é estranho pra mim.

- Vem cá… - ela bocejou - Deita no meu ombro que eu te faço dormir.

- Obrigado.

Deitei minha cabeça no ombro de Juleka e ela me fez um cafuné. Não sei dizer quando o sono chegou, mas aos pouquinhos eu consegui dormir. Foi uma das poucas noites na minha vida que eu não sonhei com nada, apenas com uma tela azul marinho na minha frente. Quando acordamos, era o comecinho da manhã. Nos serviram croissant e chá inglês*. Era o café da manhã favorito do meu pai.

(*Chá bem concentrado, feito com casca de limão e laranja, servido com leite para suavizar. Mas mesmo assim ainda é muito forte.)

Descemos no aeroporto de São Vicente e passamos pela imigração. Nosso inglês tinha muito sotaque de francês, mas os funcionários entenderam bem. Eu nunca imaginei que um dia veria um passaporte sendo carimbado. Para chegar em Mustique, poderíamos pegar um barco, mas meu pai quis que chegássemos de jatinho. Só paramos para nos declarar diante das autoridades. Voltamos para o jatinho e seguimos para Mustique. Um carro guiado por um chofer nos buscou no aeroporto da ilha. Dois funcionários do jatinho descarregaram nossas malas. Apesar de eu não ter tido a melhor noite de sono da minha vida, Juleka estava um pouquinho mais cansadinha do que eu. Isso, ou ela quis reviver nosso tempo de infância, e deitou no meu colo enquanto o carro nos levava para a mansão. Meus pais estavam nos bancos à frente dos nossos.

- Já tá com sono, Juleka? - perguntou minha mãe.

- Tô um pouco… - minha irmã respondeu enquanto eu fazia cafuné em seu cabelo.

- Olha, Jagged... - ela nos apontou para ele - Nossos filhos faziam isso nas viagens quando eram mais novos.

- Que bonitinhos… - meu pai disse admirado - Já estamos chegando. Vocês vão adorar a casa. Mustique é a ilha mais bonita do Caribe. E também uma das mais privativas. O lugar perfeito pra relaxar. Falando nisso, vocês já estiveram em uma banheira de hidromassagem?

- Acho que só em sonho - respondi brincando.

- A mansão tem seis quartos, cada um tem uma. Mas olha, não pode colocar nenhum produto nela porque estraga, nem sabonete. Então é pra fazer que nem ofurô de japonês: primeiro toma banho no chuveiro, se lava bem com água e sabão, se enxagua, e só depois que estiver limpinho, entra na hidromassagem e pode ficar lá o tempo que quiser.

Fiquei ansioso para conhecer a mansão e testar cada novidade. Chegando lá, nos deparamos com uma enorme casa de paredes claras e um lindo jardim japonês com lago e uma piscina bem grande. Parecia um cenário de filme de tão lindo. O carro nos deixou na porta da casa e prontamente um funcionário abriu a porta do carro para sairmos. Eu me sentia em um hotel, pois meu pai nos avisou que não precisaríamos nos preocupar com nada, os funcionários fariam tudo por nós. Minha mãe queria cuidar da bagagem mesmo assim.

- Eu já avisei, Nanarky. Eles vão levar até o quarto e guardar tudo - disse meu pai.

- Eles não sabem qual é o jeito que eu gosto - respondeu minha mãe - Deixa que as minhas coisas guardo eu.

- Deixa pelo menos eles colocarem as malas lá, Nanarky. Depois você vê isso.

Entramos na casa e nos deparamos com um hall enorme, que parecia um salão de festas de filmes de baile. Meu pai indicou as escadas e o seguimos.

- Eu tenho funcionários que mostram a casa para os hóspedes, mas como são vocês, eu mesmo quero mostrar. Vamos começar pelas damas - ele abriu uma porta - Esse é o quarto da Juleka.

- Irado! - minha irmã exclamou ao ver, era bem grande.

Os funcionários trouxeram as malas da Juleka para dentro e seguimos meu pai. Ele abriu outra porta.

- Esse é o quarto do Luka.

- Puxa! - fiquei encantado ao vê-lo, era do mesmo tamanho que o da Juleka.

Quase que de imediato, trouxeram minhas malas para dentro e me perguntaram se podiam arrumar minhas coisas na acomodação. Permiti e seguimos com o meu pai, que abriu outra porta.

- Esse é o seu quarto, Nanarky. Pertinho do meu.

- Que lindo! - disse minha mãe.

- Coloquem as malas dela no chão que depois ela guarda do jeito dela - meu pai orientou os funcionários - Agora vamos para o último, mas não menos importante dessa ala: o meu quarto.

O do meu pai era o maior da casa. Acho que a nossa sala de estar inteira cabia dentro dele.

- Se à noite vocês precisarem de mim, já sabem onde me encontrar - ele disse e então aproximou o rosto da minha mãe - Já sabe onde me procurar, Nanarky. Se quiser uma companhia pra dormir…

- Você não tem jeito, pirata - minha mãe respondeu, tentando esconder um sorrisinho.

- Bem, por enquanto é isso. Todos os quartos têm vista pro mar. Devem estar cansados por causa da viagem. Melhor tomar um banho, descansar. Depois se quiserem ir para a praia, me avisem.

Penny veio logo depois, guiando Fang pela coleira, e o entregou ao meu pai. Fui para o meu quarto e me surpreendi com a rapidez que os funcionários guardaram as minhas coisas. Havia uma enorme janela de vidro que ia do chão até o teto e dava passagem para a sacada. Fui até lá para apreciar a vista. O mar era tão lindo, de um turquesa exuberante. O céu era limpinho, tinha um tom de azul lindo em degradê. A areia era bem clarinha. Fiquei com bastante vontade de visitá-la, mas estava um pouquinho cansado e queria descansar. Fui para o chuveiro e tomei um banho bem gostoso. Me enxuguei e entrei na banheira. Apertei um botão e liguei a hidromassagem. Aquilo era coisa de outro mundo, me deixou tão relaxado que eu poderia ficar o dia inteiro lá. Quando eu percebi o sono vindo, desliguei a banheira, me sequei e vesti um roupão que tinham colocado para mim. Deitei na cama e senti a maciez do colchão, dos lençóis e do travesseiro. Parecia que eu tinha deitado numa nuvem. Dormi por umas três horas até que acordei e me vesti para ir para a praia. Coincidentemente, minha mãe e irmã também estavam prontas.

- Querem ir agora? - perguntou meu pai.

Todos nós confirmamos e descemos os quatro mais o Fang para o hall. Fomos a pé até a praia. Era lindíssima, paradisíaca, limpinha e calma.

- Bem melhor que Calais, não é? - brincou meu pai.

- Ah, não tem nem comparação - eu e Juleka dissemos ao mesmo tempo.

- Isso aqui é tão bonito - disse a minha mãe.

Andei pela areia sentindo meus pés afundando a cada passo. Estava feliz de não ver nenhuma ponta de cigarro como eu via aos montes em Calais. Juleka e eu fomos juntos até o mar. Pela primeira vez, pudemos ver nossos pés quando a água vinha cobri-los. Em Calais, a água era marrom e tudo o que podíamos ver eram as manchinhas de óleo preto que vinham do porto. Em Mustique, a água era transparente no raso e turquesa no horizonte. Minha irmã e eu entramos na água e avançamos até o mar chegar nas nossas cinturas. Parecíamos duas crianças brincando, como nos nossos tempos de infância. Ao longe, pudemos ver nossa mãe inclinada sobre uma cadeira, sob um guarda-sol. Meu pai e Fang estavam ao seu lado. Juleka e eu perdemos a noção do tempo, ficamos brincando na água por umas três horas. Minha mãe se juntou a nós bem depois.

- Estão gostando? - perguntou ela.

- Muito - respondemos juntos.

- Vendo vocês assim me lembra quando vocês eram pequenininhos. Vocês nunca queriam ir embora. Tinha vezes que vocês choravam porque não queriam sair da praia.

- E isso porque era Calais - disse Juleka - Imagina se fosse aqui.

- Ah, eu ia ter que esperar a noite pra levar vocês de volta.

- E só tem a gente na praia - eu reparei - Acho que só teve uma vez que ficamos sozinhos em Calais. Duas, se contarmos a vez que o tio nos levou e estava uma ventania. O céu tava até branco, de tanta chuva e vento.

- Eu lembro, vocês eram crianças - disse minha mãe - Quase que você perdeu a sandália no mar, Luka.

- Quase, mas eu fui rápido.

De repente, meu pai apareceu atrás de nós.

- Gostando da praia, gente?

- Pra caramba - respondeu Juleka.

- Estávamos conversando sobre como era ir à praia quando a gente era criança e como é agora - expliquei.

- Mustique é uma ilha e por isso tem várias praias - contou meu pai - Nós estamos em Macaroni Bay, a mais bonita e mais reservada.

- É realmente muito bela - eu disse sincero.

Voltamos para a mansão. Estava entrando no meu quarto quando ouvi meu pai conversando com Juleka.

- Vai lavar o cabelo, filha? Tem uma parte aqui com toda a estrutura de salão de beleza, se você e a sua mãe quiserem ir.

- Eu quero.

- Ótimo. Penny, leve a Juleka e a Nanarky pro salão.

Tomei um banho rápido e lavei meu cabelo. Me sequei, coloquei uma roupa leve e fui para a varanda apreciar a vista. Meu pai entrou no quarto.

- Com licença, filho. Posso entrar?

- Claro, pai. Pode vir.

Ele fechou a porta e foi até a varanda. Eu continuei vendo a praia.

- Eu nunca pensei que fosse estar diante de uma vista tão linda.

- Você merece, Luka. Quando quiser passar umas férias bem tranquilas, me avise que eu deixo meu jatinho à sua disposição. E você vai querer descansar depois das nossas turnês.

- É bem puxado o serviço?

- Bastante. Mas você vai dar conta. Aaah… estar aqui me inspira a escrever várias canções.

- Eu sinto o mesmo.

- Quem sabe daí sai o próximo sucesso - meu pai se virou e foi em direção à porta - Mais tarde, eu vou receber a minha massagista. Você vai querer fazer também?

- Sim, muito obrigado.

- Excelente - ele teclou no celular - Vou dizer pra ela trazer mais gente que você também vai querer.

Meu pai saiu e eu peguei minha guitarra para tocar uma música. Meu coração estava tranquilo, então a melodia saiu bem calminha. Eu estava gostando muito de Mustique, nem conseguia acreditar que estava vivendo tudo aquilo de verdade.

Mais tarde, almoçamos todos juntos. Meu pai avisou que naquela noite teríamos um jantar especial, com comidas típicas de São Vicente e Granadinas. Para o almoço, tivemos alguns exemplos, servidos do modo francês. De entrada, tomamos sopa Callaloo, feita com a planta de mesmo nome (que parece espinafre), alho, cebola, pimentões, batatas, leite de coco, mandioca e inhame. Como prato principal, comemos jackfish e fruta-pão frita. É um prato típico do país, que lembra muito o fish n’ chips dos ingleses. De sobremesa, comemos rabanadas de banana. Muitos ingredientes da nossa refeição não são encontrados na França, e alguns só estão disponíveis em São Vicente e Granadinas, então era a primeira vez que eu estava provando vários daqueles sabores.

Mais tarde, meu pai nos levou em um passeio pela ilha. Percorremos todo o trajeto de carro, que o chofer dirigia. Havia bastante mata e algumas casas bem chiques. Meu pai nos mostrou algumas de longe, inclusive a da família real inglesa. Ele nos contou que já encontrou pessoalmente o Príncipe William em Mustique, mas que quando alguém da realeza vinha para a ilha, era mais difícil entrar, por questões de segurança. Aliás, todo mundo que entra em Mustique tem que se identificar muito bem, pois a ilha é toda feita de propriedades particulares. Como nós éramos a família dele, Penny tratou de cuidar dessa burocracia por nós.

- Olha aí… - disse minha mãe - Pergunta para aquele metido do Tom se ele já viu a casa de férias do Príncipe William.

Dei uma risadinha e continuamos vendo a paisagem. Voltamos para a mansão e meu pai nos colocou cada um em uma salinha aconchegante com uma mesa de massagem. Uma moça entrou e eu a recebi educadamente. Era a primeira vez que eu recebia uma massagem profissional. E foi de corpo inteiro. Quase cochilei de tão relaxado. Quando a massagista terminou, subi para o meu quarto e esperei pelo jantar. Sentamos em uma mesa bem maior do que a em que tínhamos almoçado. Isso porque meu pai mandou trazer um banquete para nós.

- Você não vem pro Caribe e deixa de aproveitar o que o mar tem pra te oferecer - disse ele.

Havia ostras, lagostas, camarões e mais uma enorme variedade de frutos do mar e peixes. Meu pai teve que nos ensinar a comer a lagosta, porque era a nossa primeira vez. Nós comíamos ostras apenas no Natal, quando juntávamos dinheiro para comprar. Era emocionante poder vivenciar aquilo em um dia diferente. Comi bastante, e mesmo não ficando com dor de barriga, acabei bem estufado. Conhecem aquele ditado que diz “Quem nunca comeu melado, quando come se lambuza”? Foi o que aconteceu comigo. Depois daquele jantar, eu só queria ir pra cama descansar um pouco para meu corpo fazer a digestão. Deitei e ouvi a porta se abrindo.

- Irmão…

- Oi, Juleka - reparei que ela estava com a mesma cara que eu - Tá estufada também, irmãzinha?

- Sim…

- Oh, vem cá… deita aqui comigo que eu te faço um cafuné.

Juleka entrou, fechou a porta e deitou ao meu lado. Envolvi minha irmã com um braço e passei meus dedos sobre seu cabelo.

- Acha que vamos ficar mal acostumados com tudo isso, irmão?

- Não sei. Talvez. Está gostando?

- Muito. E você?

- Também. Ah, se eu pudesse trazer a Marinette aqui, nunca mais ia querer voltar pra Paris.

Juleka e eu ficamos deitados por uma meia hora, até ela voltar para seu quarto. Alguns minutos depois, Marinette me telefonou. Atendi enquanto ia para a sacada.

- Alô.

- Oi, Luka. Como estão as coisas aí em Mustique?

- Pra ficar perfeito só falta você.

- Ai, que fofo. E qual praia você está?

- Macaroni Bay.

- Caramba. A melhor da ilha. Aproveita, tá?

- Vou aproveitar. E você? Como estão as coisas aí em Paris?

- Ah, não me deixam em paz. É trabalho atrás de trabalho que essa maldita faculdade fica me passando.

- Se quiser, eu mando o jatinho particular do meu pai te buscar, pra você pegar uma prainha comigo - falei brincando.

- Ai, que vontade, Luka…

- A gente ia nadar um pouquinho, tomar um banho de hidromassagem, comer uma comida gostosa… e à noite, nós íamos nos dedicar somente ao nosso amor.

- Como eu sinto saudades de você, Luka… espera passar esse monte de tarefas e eu vou aí te fazer companhia.

Conversamos um bom tempo sobre como foi minha ida para Mustique, desde o jatinho até o momento que nós conversávamos. Ela estava perto da hora de dormir, então nos despedimos. Olhei para o céu e estranhei um pouco. Como eu cresci em cidade grande, estava acostumado com as luzes, mas como Mustique tinha pouquíssimos habitantes, o céu estava bem preto. Por motivos desconhecidos, senti medo de vê-lo. Lembrei que na ilha passavam furacões e meu coração bateu nervoso só de pensar em como seria um à noite. De repente, ouço a porta abrir e acabei gritando sem querer.

- Luka, que susto! - reclamou minha mãe - Precisava gritar desse jeito?

- Desculpa, mãe. Eu não sabia que era a senhora.

- O que houve, marinheiro? Você parece assustado.

- É que… eu não tô acostumado a ver um céu tão preto, olha… - apontei para cima.

- Ah, meu filho - minha mãe passou a mão no meu cabelo - Sabe que quando eu fui acampar pela primeira vez, eu também estranhei o céu? É que não estamos acostumados, mas não tem problema. Essa é só a nossa primeira vez aqui. Logo vamos passar todas as nossas férias no Caribe. E você vai poder jogar na cara daquele chato do seu sogro.

Rimos juntos e eu me acalmei.

- Obrigado, mãe.

- De nada, marujo. Vem, seu pai está chamando a gente lá na sala.

Descemos e encontramos meu pai, Juleka e Fang.

 

And you say you wanna go for a spin

(E você diz que quer dar uma volta)

The party’s just begun, we’ll let you in

(A festa acabou de começar, nós te deixaremos entrar)

You drive us wild, we’ll drive you crazy

(Você nos deixa selvagens, nós vamos te deixar louco)

 

- Agora estão todos aqui - disse o meu pai - Luka, você já é maior de idade. Fala pra mim qual é o seu drink favorito.

- É Johnnie and Coke.

- Excelente. Vou pedir pra fazer um pra você.

- Seu pai quer sentar com a gente para bebermos juntos - explicou minha mãe.

- Ah… então nesse caso, pai, melhor só me dar o uísque puro mesmo - coloquei a mão no peito para sinalizar - Eu… não consigo segurar quando eu bebo Johnnie and Coke.

- Entendi. Mas você quer beber só o uísque mesmo? Você tá no Caribe, aproveita. Olha, a sua mãe pediu Piña Colada*. Se você quiser, eu peço pra misturar o seu uísque com alguma coisa que não tenha gás.

(*Drink feito de suco de abacaxi, leite de coco e rum.)

- O suco de maracujá daqui é gostoso, Luka - disse Juleka - Eu pedi um. Se quiser pedir pra misturar no seu, acho que você ia gostar.

- Valeu, irmãzinha - olhei para o meu pai - Vou seguir a sugestão da Juleka então.

- Excelente - meu pai se dirigiu a Penny - Fala lá na cozinha que é pra trazer uma Piña Colada pra Nanarky, um suco de maracujá pra Juleka, um uísque com maracujá pro Luka e um Ward 8* pra mim, por favor.

(*Ward 8 é um drink feito de uísque, suco de limão, suco de laranja e xarope de romã.)

- Você puxou seu pai na bebida - disse a minha mãe - Ele também adora uísque.

- Coisa de roqueiro - meu pai fez o símbolo do rock com a mão.

 

You keep on shouting, you keep on shouting

(Continue a gritar, continue a gritar)

 

I wanna rock and roll all night

(Eu quero rock and roll a noite toda)

And party every day

(E festa todos os dias)

I wanna rock and roll all night

(Eu quero rock and roll a noite toda)

And party every day

(E festa todos os dias)

 

 

Sentamos os quatro em cadeiras acolchoadas e conversamos enquanto bebíamos. Juleka teve a ideia de pegarmos os instrumentos, e fizemos nosso próprio show particular. Cantamos várias músicas, encerrando com “Rock and Roll All Nite”. No final da noite, escovei meus dentes e fui dormir pensando em tudo o que havia acontecido. Era gostoso dormir com o barulho do mar. Acordei no dia seguinte com o sol iluminando meu quarto e eu pude ver aquela praia linda de novo. Daí que eu me dei conta de uma vez por todas que eu não estava sonhando.

Meus dias em Mustique foram parecidos. Eu só precisava relaxar e aproveitar os momentos com a minha família. Juleka e eu passeávamos pela praia todos os dias, e aproveitávamos para conhecer as outras da ilha. Fazíamos todas as nossas refeições junto com os nossos pais, e no final da noite, antes de dormir, tomávamos um drink, nem sempre alcoólico, e conversávamos. Algumas noites do fim de semana, Marinette me telefonava durante a madrugada na França. Seus pais estariam dormindo e não nos incomodariam. Aproveitávamos que ela não teria aula no dia seguinte para ter conversas de namorados, e fazíamos sexo por telefone. Era o único jeito de atendermos àquela necessidade por causa da distância. Em uma dessas vezes, após um momento de amor com a Marinette pelo celular, fui para a cozinha pegar um copo de água, e na volta tive a impressão de ouvir alguns gemidos de mulher. Eu não sabia se era a minha cabeça pregando uma peça ou se a minha mãe estava com o meu pai, mas deixei para lá. Todos nós temos direito, não é?

Nossas festas foram muito boas. Contamos para o nosso pai sobre os nossos costumes no Natal. Passávamos na casa dos nossos avós, onde nos encontrávamos com os nossos parentes que também moravam em Paris. Todo ano, para acompanhar o peru, minha avó fazia duas travessas de lasanha: uma de presunto e queijo e uma só de queijo, para quem não gostava de presunto. Nós sempre levávamos a sobremesa: um bolo tronco. E nos últimos anos, esse era comprado na padaria dos pais da Marinette. Meu pai quis reproduzir as nossas tradições, mesmo que o número de convidados fosse bem menor. Ele encomendou uma ceia bem farta, que misturava o Natal francês com o caribenho. A variedade era enorme. Para a entrada, havia ostras, bolinhos fritos de bacalhau com pimentão, foie gras, pastéis de forno jamaicanos recheados com frango, e doubles, panquecas feitas de massa de pão, fritas e recheadas com grão-de-bico e pepino. Como prato principal, assaram um peru recheado com castanhas e fizeram um cabrito cozido no curry. Havia três acompanhamentos: a lasanha da minha avó, torta de macarrão e queijo, e salada quente de batata. Tinha queijo caribenho de cabra e brie que meu pai mandou trazer da França. Para a sobremesa, fizeram o bolo tronco da Marinette, drops de coco caramelado, pudim de batata doce e sorvete de frutas tropicais.

Peguei porções pequenas para experimentar um pouquinho de tudo. Estava tão gostoso que algumas coisas eu repeti. Até então, a última vez que me senti tão cheio foi quando a Sabine me recebeu pela primeira vez na casa dela. Mais tarde, meu pai nos entregou taças de cristal para brindarmos com champanhe. Mesmo a Juleka sendo menor ainda, ela pôde tomar daquela vez. Eu não sabia na época se era o meu paladar ou se eu é que não estava acostumado, mas achei a champanhe horrível. Era de uma marca bem cara, até mesmo para os padrões franceses, mas era amarga e ácida igual vinagre. Meu pai tomou tranquilamente, mas minha mãe, Juleka e eu detestamos. Ele percebeu e pediu para trocar nossa champanhe por sidra, que era bem mais doce. Como dividimos a garrafa entre quatro pessoas, estava indo tudo bem, até o meu pai ter a “brilhante” ideia de minutos depois bebermos rum e uísque. A última coisa que eu me lembro daquele Natal antes de cair na cama é de mim com a minha família, todos bêbados, cantando “Douce nuit” e “Vive le vent”. Acordei no dia seguinte sentindo uma martelada na cabeça. Durante o café da manhã, eu e Juleka deitamos no peito da nossa mãe, chorando de dor que nem duas crianças. Ela nos fez um afaguinho e deu um remédio para nós dois. Meu pai não parecia estar tão mal, mas assim que eu e Juleka voltamos para as nossas cadeiras, ele também deitou no peito da minha mãe e chorou pedindo para ela fazer a dor dele passar. Minha irmã e eu abrimos os nossos presentes, e nosso pai havia nos dado instrumentos novos: uma guitarra acústica para mim e um baixo elétrico para ela. Agradecemos muito e o abraçamos.

Nosso Réveillon também foi bem divertido. Como Mustique estava bem vazia, não haveria queima de fogos, então meu pai providenciou algumas pessoas para fazê-la especialmente para nós. A comida era parecida com a da nossa ceia, com umas poucas diferenças. Em vez de peru e cabrito, fizeram pato ao molho de laranjas e camarão na abóbora japonesa como pratos principais. Bebemos menos antes da meia-noite para vermos os fogos na praia. Era a paisagem noturna mais linda que eu já havia visto. Minha mãe, irmã e eu brincamos de pular as ondas nos primeiros minutos da virada, e depois abraçamos cada um de nós, desejando Feliz Ano Novo. Quando meu pai estendeu os braços para abraçar a minha mãe, ela fez o mesmo, mas depois pensou em recuar. Juleka e eu nos viramos e pude escutar um barulhinho de beijo. Quando me virei de novo, vi os dois abraçados, mas de repente minha mãe gritou para Juleka não ir para o fundo que ela poderia se resfriar. Voltamos para a mansão, tomamos banho e bebemos sidra e vinho antes de dormir. Marinette me telefonou quando eu estava deitando, me desejando Feliz Ano Novo e dizendo que a Sabine também me desejava. Mandei meus desejos às duas, conversei um pouquinho com ela, e pude sonhar depois que estava com a Marinette, dançando na beira da praia sob o brilho da lua.

O último dia que passamos em Mustique foi o Dia de Reis. Comemos uma galette de rois* deliciosa. Passei em uma lojinha de souvenirs perto do hotel da ilha para comprar um presentinho para a Marinette. Ela já tinha uma lembrancinha de Mustique, mas eu queria dar algo para ela.

(*Torta francesa de massa folhada recheada com marzipan, tradicional no Dia de Reis.)

- A Marinette vai ficar bem feliz que você se lembrou dela - disse Juleka.

- Ela é muito especial pra mim - respondi sorrindo - Me ajuda a escolher um presente, irmãzinha?

- Claro.

Achamos uma lembrancinha com uma linda sereia esculpida. Era um souvenir ainda mais bonitinho do que aquele que ela tinha em casa. Decidi que era esse o que eu levaria para a Marinette. Aproveitamos para fazer nossas últimas compras antes de voltarmos para Paris.

Acordamos no dia seguinte, tomamos café da manhã e seguimos para o aeroporto. Os funcionários haviam feito nossas malas no dia anterior, e só finalizaram pouco antes da nossa partida, para colocar as últimas roupas. Cochilei um pouco no caminho para o aeroporto para não sentir a tristeza e ir embora de Mustique. Aquele se tornou meu lugar favorito para passar as férias. Eu ia sentir falta da praia limpinha, da hidromassagem, da comida local, de tudo o que Mustique oferecia. Mas o bom era que, como a casa era do meu pai, eu poderia voltar lá outras vezes. Pegamos o jatinho particular e descemos no aeroporto de São Vicente e Granadinas para fazer o check out. Pouco depois, embarcamos no jatinho novamente rumo a Paris. Comemos exatamente o mesmo que na ida, e outra vez não consegui dormir direito. Mas eu não estava incomodado. Eu estava louco para chegar em Paris, e depois de descansar um pouquinho, eu iria correndo rever a minha querida e amada Marinette.


Notas Finais


Mapa de Mustique: http://www.paradise-islands.org/mustique/map.htm

A mansão do Jagged Stone em Mustique foi inspirada na mansão que o Mick Jagger tem na ilha. Ela pode ser alugada para as férias. A do Jagged tem algumas diferenças (por exemplo, na do Mick Jagger há menos banheiros do que quartos, enquanto que na do Jagged Stone tem um banheiro para cada quarto). Vocês podem ver as fotos aqui: https://variety.com/2016/dirt/real-estalker/mick-jagger-stargroves-mustique-1201941472/

As receitas caribenhas do Natal tiramos desse site: https://www.tiharasmith.com/blogs/advent-calendar/caribbean-food-christmas ; As outras referentes a São Vicente e Granadinas, tiramos de um programa do Discovery World que mostrou o país.

"Douce Nuit" e "Vive le vent", as músicas que o Luka menciona, são canções de Natal francesas. Os versos que colocamos na cena que a família se reúne são trechos de "Rock and Roll All Nite", do Kiss.


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