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História .lullaby - sangcob. - O anjo


Escrita por: JinnieGemini

Notas do Autor


Oi vocês! Como estão?
Essa é a minha primeira sangcob que faz tempo que queria conceber e só agora deu certo.
Espero que gostem :)

Capítulo 1 - O anjo


Fanfic / Fanfiction .lullaby - sangcob. - O anjo

Era só um sábado normal na vida de Lee Sangyeon. A louça do café da manhã já estava lavada, o lixo já tinha sido depositado na lixeira externa, tudo na sala de estar brilhava assim como a pequena Heeyoung, tomando o seu leitinho na mamadeira, tão quieta como costumava ser naquela hora da manhã. A bebê tinha o mesmo tom de pele que o pai e as bochechas tão rosadinhas e macias que pareciam pêssegos. Olhinhos puxados, escuros e pequenos, a boca pequena, tudo pequeno.

Era em momentos de paz como aquele em que Sangyeon se sentia satisfeito por completo, sendo ele o pai da criatura mais perfeita do universo. Ele nunca se arrependeu de nenhum dos feitos inconsequentes que acabaram provocando o seu nascimento: o que importava, pensava ele, ao sentir os cabelos escuros e fininhos na sua mão, era que ela existia, afinal de contas, estava viva, feliz e era amada. As desavenças com sua mãe e a separação não o impediram de criá-la de forma saudável e responsável por suados sete meses, cheios de tutoriais no youtube, idas ao posto de saúde, de trocas de fraldas e noites em claro.

E talvez o único problema atual fosse que a pequena Lee Heeyoung não tinha mais uma babá para cuidar dela enquanto seu pai estivesse trabalhando feito um louco na agência de publicidade. Sua última babá foi uma senhora simpática de meia-idade que precisou pedir licença por conta de uma doença muscular. Não demorou muito e a empresa de serviços domésticos que ele havia contratado agendou uma reunião com a nova babá. Ela apareceria naquele sábado e ficaria um tempo predeterminado, apenas como teste. Se o Sr. Lee não gostasse dela ou não conseguisse fechar os horários, poderia solicitar outra reunião, com uma babá diferente. Todo o esquema de troca de cuidador não tinha acontecido muitas vezes e quando acontecia, Sangyeon sempre se satisfazia com a escolha do pessoal da empresa de serviços e continuava com sua rotina.

Naquele dia, o jovem pai não teve tempo de abrir o perfil já enviado sobre o profissional que supostamente apareceria em sua casa em poucos minutos para conhecê-lo e a sua filha. Ele apenas acordou para adiantar os serviços da cozinha (já que não tinha dinheiro suficiente para cobrir alguém para limpeza também) e seguiu dando atenção à simpática Heeyoung que já arriscava algumas conversas monossilábicas com seu papai.

O som da campainha cortou aquele momento. Sangyeon deixou a pequena Hee no cercadinho com os brinquedos e foi até a porta da frente, abrindo e dando de cara com um garoto de cabelos loiros que sorriu largo para ele no momento que o viu. O Lee ficou confuso por um mísero segundo, pois, irracionalmente, esperava uma mulher. Uma mulher mais velha de terninho e cabelo preso e penteado com gel. Talvez Sangyeon fosse um pouco antiquado, apesar de só ter vinte e nove anos na cara.

— Sr. Lee? — O garoto sorridente lia seu nome num cartão. Ele podia ter no mínimo uns vinte e cinco anos e tinha uma voz simpática. Algo nele também fazia Sangyeon hesitar demais em responder e ele não sabia dizer o que era.

— Sou eu.

— Sou Bae Jacob da Home Care, me mandaram por conta da sua pendência…

— Sim, claro! Seja bem-vindo. — O Lee fez reverência, saiu da frente da porta e deu espaço para o mais novo entrar na sua casa.

Ele vestia uma jaqueta jeans clara meio surrada e tênis all-star, que foram retirados no vestíbulo e trocados por um par de chinelas previamente separadas por Sangyeon para qualquer visitante. 

O Lee se perguntava como aquele garoto que parecia mais um estudante universitário ou um professor de inglês tinha ido parar numa empresa de serviços domésticos. Então, antes que pudesse perguntar sobre, Jacob passou para ele o cartão da Home Care que segurava e nele tinha impresso o seu perfil com informações básicas.

— J-Jacob? — Sangyeon enfatizou o nome escrito no topo da folha.

— É. Sou canadense mas cresci aqui. — Era sempre mais prático explicar logo — Quer dizer, não aqui em Seul. Me mudei para estudar.

— E o que estuda?

— Enfermagem. Estou para me formar.

— Hmm — Sangyeon leu com paciência a ficha dele, e ali dizia que, apesar da idade, Jacob tinha bastante experiência como cuidador. As cópias dos seus documentos estavam anexadas com um clipe — Enfim, venha conhecer a nossa patroa.

Sangyeon sorriu, educado, e guiou Jacob por dentro da sala de estar. O mais novo observava tudo com curiosidade: não era uma casa luxuosa de gente rica, mas era espaçosa e tinha muita coisa que no seu apartamento apertado não tinha ou simplesmente não cabia, a começar pelos dois sofás confortáveis, tv a cabo, a cozinha bem equipada com torradeira, fritadeira, triturador, fogão elétrico, purificador, e tudo mais, além do largo balcão onde se podia cozinhar à vontade. Queria Jacob ter uma cozinha assim. 

No cantinho da parede, conectando a sala de jantar com a sala de estar, estava o forte da princesa Heeyoung cercado das cores vibrantes de seus brinquedos de plástico. E ela mesma, no interior, entretida em tentar morder uma cenoura de brinquedo que fazia barulho quando se apertava. Jacob sorriu, já afeiçoado à bebê de sete meses apenas por vê-la, e se agachou para se aproximar.

— Ooooi — disse Jacob, numa voz infantil, contagiando Sangyeon com a fofura do momento, esta que o mais velho não sabia mais de onde vinha.

— Ela está querendo engatinhar já. Então não tem problema em abrir o cercado de vez em quando para deixar ela livre na sala. Pode jogar as almofadas do sofá no chão também, não me importo. — Sangyeon voltou a se concentrar nas instruções que precisava dar — Ela precisa de muita atenção nessa fase, às vezes fica chorando se você não fizer contato visual ou conversar.

— Ah, não vai ser um problema, acho que temos muito o que conversar, não é mesmo…?

— Heeyoung.

— Heeyoung! — Jacob abriu bem a boca falando seu nome ainda com a voz fofinha e com o olhar fixo nos olhos redondinhos da bebê, que soltou uma risada rouca e chacoalhou um dos braços gordinhos que segurava a cenoura de plástico.

— Acho que ela gostou de você — Sangyeon falou, ainda em pé, observando o sorriso de Jacob que era tão hipnotizante como aqueles programas musicais da tv a cabo para crianças. Mas porque ele estava tendo pensamentos como aquele, mesmo? — Pode deixá-la aí por enquanto, daqui a pouco vai querer tirar uma soneca e provavelmente fazer cocô também, então vamos ver onde fica cada coisa que você vai precisar.

Os dois jovens entraram na cozinha, Sangyeon mostrou onde ficava a comida da Heeyoung, sua bacia de tomar banho, a mamadeira, os potinhos de papa, os legumes. Ensinou rapidamente a preparar tudo, contudo antes que terminasse, a pequena Lee começou a reclamar de onde estava e então chorou, irritante como qualquer ser humano da sua idade.

— Tá vendo, ela não fica nem cinco minutos sozinha esses dias... — Sangyeon alcançou no balcão o gel de limpeza para as mãos e passou para Jacob usar. — Vai lá, é a sua vez.

Jacob limpou as mãos, foi até o cercado e pegou a criança chorona no colo, checou se a fralda ainda estava limpa e estava.

— Ela já comeu?

— Já.

— Então está apenas com sono. — Jacob, depois de sacudir o pequeno corpo algumas vezes, o posicionou contra o próprio peito, ainda a ouvindo chorar de irritação, e a balançou com paciência, de um lado para o outro, girando.

— Não vai me pedir a chupeta dela?

— Não precisa — o loiro respondeu, calmo. Sua paciência era tanta que Sangyeon estava impressionado. E incrédulo de que Jacob conseguiria fazê-la dormir sem a chupeta. Os momentos antes de dormir eram os que Heeyoung mais fazia birra, às vezes demoravam sólidos e longos minutos para que ela parasse, mesmo com a chupeta. O mais velho, curioso, observou o outro atravessar a cozinha com a menina nos braços e parar de frente à janela. Jacob olhou mais uma vez para a bebê e começou a cantar uma canção em inglês. Sangyeon não conhecia a música e não sabia se era uma canção de ninar, mas a voz do outro era tão bela e precisa, que até Heeyoung prestou atenção e parou de chorar em pouco tempo, se comparado com a jornada que Sangyeon levava para colocá-la no berço.

Dear when you smile at me, I heard a melody… — Jacob tinha começado a repetir a letra da música com sua voz aveludada, mas parou quando percebeu que a pequena Hee dormia, babando no seu ombro.

Sangyeon estava mais que impressionado. Ele desejou secretamente que sua filha não tivesse dormindo tão rápido para que pudesse ouvir seu novo conhecido cantar mais um pouquinho, pois estava hipnotizado com o jeito meigo de Jacob e um pouco envergonhado por precisar admitir isso para si mesmo. Quando o Bae se virou com o bebê nos braços, viu que Sangyeon o encarava nos olhos.


— Onde aprendeu isso?

— Passei muito tempo cuidando do meu irmão mais novo e dos meus primos. Tive muitos — Jacob riu — mas acho que eu só levo jeito mesmo.

— Sua voz é linda — Sangyeon não conteve o elogio que fez o Bae corar.

— Obrigado — Jacob se aproximou e devolveu a bebê para o pai. O Lee, então, adentrou a casa, sendo seguido pelo mais novo, e deixou Heeyoung no seu quarto, no berço branco enfeitado com flores coloridas de pelúcia. 

As cortinas amarelas do quarto estavam fechadas e a luz entrava fraca, aquele quarto tinha um clima de paz inexplicável. Jacob olhou para as estantes com ursinhos de pelúcia e livros infantis, presentes e coisas que Heeyoung só usaria quando fosse mais velha. Enquanto Sangyeon fitava a filha dormindo, incrédulo, o mais novo avistou um porta retrato quase escondido entre os pacotes de fraldas na cômoda.

Era uma foto de uma mulher coreana sorrindo, ela tinha longos cabelos negros e se aquecia num suéter de lã.


— É a sua esposa? — Perguntou Jacob.

— Ex — O mais velho replicou, finalmente lançando a atenção para o outro — ela quis que eu deixasse para a Heeyoung.

— Ah — talvez Jacob tivesse se arrependido de perguntar, aquele podia ser um assunto delicado, mas sua curiosidade já tinha estragado tudo — ela não vem visitar?

— Não… — Sangyeon abaixou a cabeça, voltando a olhar a filha, contudo sua voz era firme como a de quem conta uma história fictícia — Ela foi embora pro Japão pouco tempo depois que a Heeyoung nasceu. Entrou em pânico, não conseguia nem comer.

— Sinto muito — disse Jacob; se perguntava se o mais velho ainda nutria sentimentos por aquela mulher bonita, mas logo se ateve de que nada daquilo era de sua conta, afinal, ele era apenas o cuidador da bebê Lee. — Me desculpe por perguntar. Força do hábito.

Sangyeon rapidamente sorriu e disse que não era mais nada demais, que foi melhor assim, e guiou Jacob de volta a sala de jantar. Os dois se sentaram na mesa para discutir os horários. Sem Heeyoung por perto para distraí-lo com sua fofura fatal, o Bae finalmente deu atenção ao pai da bebê. O Sr. Lee realmente não tinha cara de senhor, embora se vestisse bem aleatoriamente como qualquer pai ocupado numa manhã de sábado — aquele suéter verde escuro e as calças de moletom deviam ser ao menos confortáveis. Quando Sangyeon subiu as mangas para pegar o seu material de escritório, o mais novo pôde ver a firmeza dos seus braços. Sob aquela roupa larga, o Lee podia ter um corpo bonito, a notar pela largura dos seus ombros. 

— Eu saio de manhã às nove e chego às dezessete, tudo bem ficar de segunda a sexta esse horário?

— Sim — respondeu o loirinho — meu turno na faculdade é noturno.

— Ótimo.

— Não vai precisar aos sábados também? 

— Não, aos sábados eu me viro. Mas fique atento que eu posso precisar, em último caso. Te pago hora extra, tranquilamente — Sangyeon respondeu — Só lembre que quando estiver aqui sinta-se à vontade para usar as áreas de serviço, os cômodos, os utensílios, eu não me importo. Qualquer coisa você também pode me enviar uma mensagem, mas não vai ser difícil, às vezes ligar a TV na Discovery Kids resolve tudo… Ou cantar, no seu caso.


Jacob sorriu, envergonhado.


— Vou comprar comida para você cozinhar o seu almoço, o que você come?

— Não! Não precisa, eu posso resolver meu próprio almoço! — Jacob ergueu as mãos no ar para gesticular, sem jeito — posso fazer uma quentinha. 

— Nada disso! Você vai cuidar da minha filha, isso é o mínimo que eu posso fazer em troca.

Na verdade, Sangyeon não tinha que cumprir com aquela obrigação — existiam algumas normas que regulamentavam a relação entre o dono da casa e o contratado, algumas delas eram respeitar os horários de trabalho permitidos por lei, arcar com custos básicos que envolvessem a criança e, claro, pagar à empresa pelo serviço oferecido. Ela, por sua vez, garantiria vale refeição para Jacob, além do seu salário.

Sangyeon só seguia um impulso irracional. Ele queria ser legal com o canadense, queria que se sentisse em casa, mesmo que tivesse acabado de conhecê-lo. O próprio Jacob estranhou, pois nenhum dos seus patrões tinham sido tão gentis consigo, geralmente eles só assinavam o contrato imediatamente e o mandavam trabalhar. Com Sangyeon era diferente, ele parecia entender o sufoco que era ser assalariado. E na realidade, ele sabia mesmo.

Jacob passou para ele o contrato da Home Care que levara consigo e o mais velho não hesitou em assinar depois de ler rapidamente. Estava bastante acostumado com o processo.


E, no momento, Jacob parecia a pessoa perfeita.


Quando ele saiu da casa, após uma longa conversa sobre a Heeyoung e suas manias, Sangyeon se colocou a pensar sobre a própria vida. Ele sentou no sofá e ligou a tv no jornal, mas não conseguiu prestar atenção em nada visto que de repente sentiu a amarga falta de sair com os amigos, de viajar, de conhecer alguém novo e ter uma companhia que já soubesse andar, falar e discorrer sobre política e arte. Não podia esconder a solidão de si mesmo, mesmo que estivesse feliz com Heeyoung e que ela fosse tudo pra ele. E mesmo que não sentisse falta da Misun, por todo o cansaço que era estar com ela.

Sangyeon sempre sentiu que estar com ela era sua obrigação. Se questionava se em algum momento chegou a amá-la de verdade.

Agora sua única obrigação era com a mocinha que dormia quieta no interior de sua casa, a quem ele jurava seu amor todos os dias de manhã. A vida era tão engraçada. Sangyeon riu de tudo aquilo, se sentindo mais confortável em saber que na segunda ele sairia para trabalhar e Jacob estaria brincando com Heeyoung, fazendo sua comida e a colocando para dormir com aquela voz tão perfeita. 


Se ele ao menos tivesse a chance de ouvi-lo cantar de novo como naquele dia...


Já o Bae voltava para a central da Home Care para devolver os documentos assinados. Faziam três meses que a maldita empresa não o convocava para qualquer trabalho e ele estava disposto a não acabar com tudo, pois precisava do dinheiro como nunca. Entretanto aquela animação era diferente das outras vezes em que assinou o mesmo contrato, ela veio carregada de ansiedade e de pensamentos involuntários sobre seu novo patrão. 

Jacob tentava se acalmar e se convencer que nada demais aconteceria.


Notas Finais


Comentem e favoritem se gostaram ;) vou postar mais assim que puder.


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