1. Spirit Fanfics >
  2. Luminescence - Sope (Abo) >
  3. Destino Estimado

História Luminescence - Sope (Abo) - Destino Estimado


Escrita por: Hobijinjoon

Capítulo 13 - Destino Estimado


Mesmo que estejamos cientes de que a espera gera desgaste á alma e corrói a esperança, permanecemos continuamente á espera.


⭐🌟



Avançando continuamente sem o privilégio do repouso ou desaceleração, as carruagens levaram os herdeiros, atravessando a divisa do clã Park, tornado-os cientes a quem pertencia aquele território. 


A princípio, o primeiro contato visual viera de uma encantadora e vasta floresta, a qual lhes presenteava com o seu frescor e encarregava suas folhas de impedirem que os raios solares do sol os atingissem diretamente. 


Percorrendo um caminho alternativo, guiado por Jimin, evitaram olhos curiosos e a excessiva atenção daqueles que moravam próximos a estrada principal. Pois embora ninguém se atrevesse a dizer em voz alta, possuíam dores e cansaço causados pelo vinho e confusão. Certamente era vergonhoso para cinco dos herdeiros aparecessem com ferimentos desonrosos e nenhum deles possuía face para ir a público. 


Por onde passavam, a beleza e formosura se tornaram cada vez mais nítidos aos seus olhos, enchendo-os de admiração. Mesmo as áreas não habitadas possuíam cuidado e vigias se certificando da segurança de todo o território. 


Só ousaram sair das carruagens quando se depararam com os portões dourados, que indicava a área residencial da família principal. Para a surpresa de todos, a líder alfa aguardava a chegada pacientemente. 


Expressando a tamanha educação, os sete se colocaram um ao lado do outro e inclinaram suas cabeças, curvando-se não somente por sua posição e sim cheios de respeito e admiração que adquiriram pela família Park. 


Através dos anos, a fama grandiosa do clã se expandiu como uma avalanche sobre o reino, anunciando a todos quão fortes haviam se tornado. Entretanto, isso não era tudo. 


Constantemente subestimado por obter uma contínua geração liderada por mulheres, sendo alfas ou não e por sua população serem ômegas em peso, foram obrigados a mostrarem sua ferocidade e poder.  


Desenvolvido em um país que desmerecia seu povo e desacreditava da capacidade de sua liderança feminina, chocaram ao se tornarem o clã com o maior número de terras, ultrapassando a antiga unificação Kim. Além do vasto território, agora o clã Park também possuía o terceiro maior poderio militar do país, ficando atrás do clã Min, descendentes da coroa e os Jeon, que possuía uma grande e única frota marítima.   


Os cumprimentos se estenderam por um curto período de tempo e ao final, lhes foram oferecidos passagem, enquanto eram guiados pela líder. Sem demora, foram levados para dentro. 


Levando-os à sala de visitas, Areum, a líder alfa, os ofereceu o sofá e poltronas para que se acomodassem. Sem demora, os servos surgiram com água fresca e chá, oferecendo-os aos herdeiros. 


— Espero que o chá esteja agradável ao seu paladar, alteza. — Areum se dirigiu a Yoongi, este que concordou com um aceno simplista. — Á você também, herdeiro Jung. Estou ciente de que o clã Jung possui um paladar sensível a sabores fortes. 


— O sabor está perfeito. Não se preocupe. — Hoseok respondeu educadamente, segurando a xícara com delicadeza. 


Acenando positivamente, a líder ergueu-se, levantando da poltrona onde estava sentada. 


— Repetindo o que lhes disse anteriormente, eu sou a Areum, alfa e líder do clã Park ao lado da minha querida esposa Sohui. — Iniciou a sua fala, preferindo as palavras com clareza. — Há dois motivos para que ela não tenha os recebido. Um deles, minha esposa está encerrando uma reunião. E o mais importante, eu irei treinar ao lado de vocês. — Diante desta revelação, a face de Jimin formou uma careta, concluindo que seriam dias duros. — Posso me identificar como mulher e para muitos, ser uma significa que esse pequeno fator denomina tudo ao meu respeito. Mas, isso não é tudo. Espero que tenham isso em mente e claro, saibam que treinamento não será fácil. 


Antes que pudesse continuar com o anúncio, próximo de onde estavam, a porta dupla se abriu e de dentro dela, ômegas se retiraram, logo seguido pela mãe do Jimin. 


— Os meninos mal chegaram e já estás preocupada com o treinamento, querida? — Com passos calmos e elegantes, ela se aproximou, colocando-se ao lado da companheira e pousou a mão em sua lombar, mantendo a postura ereta. Somente em poucos instantes, os fez saber de onde viera a presença de Jimin. Era quase como uma cópia da mãe ômega. — Meus cumprimentos aos herdeiros. — Inclinou ligeiramente a cabeça por educação. — Espero que a viagem tenha corrido bem. 


— Ocorreu tranquilamente, posso dizer. — Sendo simplista, Yoongi respondeu. 


— Sinto-me feliz por ouvir isso, alteza. — Lhe ofereceu um sorriso pequeno, mas seus olhos permaneciam sérios. — Nossos servos lhes apresentarão seus respectivos aposentos e disponibilizarão água fresca para o banho. Mas agora… — Se direcionou ao príncipe. — Alteza, poderia conceder-me alguns instantes do seu tempo? 


— Claro, agora mesmo. — Compreendendo a urgência, Yoongi se levantou e colocou a xícara sobre o pires. — Kim Namjoon, me acompanhe? — Chamou pelo outro, que prontamente se colocou ao seu lado. 


Erguendo a mão para a alfa, Sohui aguardou que a mesma viesse pousar a palma sobre a sua. 


— Vamos, querida. Temos assuntos a tratar com o príncipe. 


Assim como faziam na presença daqueles que possuíam cargos maiores do que os seus, os herdeiros ergueram-se, curvando suas cabeças respeitosamente em direção ao príncipe e as líderes. Nenhuma palavra fora ditas até que estivessem adentrado na sala. 


Sendo o mais intrigado, Seokjin enxergou a situação com uma leve estranheza. Anteriormente, quando ainda estavam no vilarejo, Yoongi se ausentou completamente pela manhã e almoço, agora, havia urgência em seu olhar ao se direcionar a Sohui. 


Ciente de que Jimin era leigo perante a história tanto quanto os demais, preferiu não comentar e com isso, trazer suspeitas à tona. A propósito, não possuía evidências ou certeza, e preferia acreditar que se o Min desejava desta forma, o assunto não se referia aos demais. 


Restando apenas o ato de seguir um dos criados, lhe foi apresentado o quarto disponibilizado para sua estadia. Diferente do ocorrido no clã Jeon, os Parks se dispôs a reservar um quarto para cada herdeiro. Água fresca também foi oferecida juntamente com toalhas limpas. 


Usufruindo de tamanha gentileza, banhou-se buscando frescor e alívio para o cansaço acumulado. Apenas de pensar sobre o treinamento, sentia-se deveras desanimado, isso porque o treinamento havia se iniciado há poucos dias no clã Jeon. 


Mesmo com a chegada da noite, o jantar não havia sido anunciado, então, aproveitou-se desses instantes antes da refeição e se retirou dos aposentos na intenção de ir ao encontro de Hoseok e pedir por sua pomada milagrosa. 


Surpreendendo-se com a presença de Taehyung na larga varanda que se localizava na frente das portas dos quartos, sozinho como se aguardasse por alguém, não pensou corretamente ao se aproximar do omega. 


Com o seu cenho levemente arqueado pela repentina surpresa, seus olhos pousaram calmamente sobre o Kim mais novo e impediu-se de suspirar decepcionado com as suas próprias emoções. 


Diferente da amarga tristeza que sentia em seu peito quando se encontrava na presença do Namjoon, ao estar diante de Taehyung, havia um peso doloroso da decepção. 


Em determinados momentos, o via tão longe do alcance de suas mãos, tão inalcançável e isso o assustava. 


Indo contra as atitudes tomadas tempos atrás, se aproximou, sentindo o receio da rejeição quase o tomar completamente. Ciente de que o coração de Taehyung era distinto do que havia no interior de Namjoon, sabia que simples gestos educados não fluiriam em atitudes amigáveis vindas do omega. 


Se permitindo parar ao lado do mais novo, ergueu ligeiramente a sua cabeça analisando o céu que tanto roubava a sua atenção. 


— O jantar ainda não fora anunciado? — Iniciou-se, optando por uma pergunta ocasional. — Também estás aguardando? 


— Aguardando o Namjoon. — Respondeu sendo simples e direto. — Ele ainda permanece em reunião. 


— Tens razão. Eu havia me esquecido completamente. — Faltou com a verdade, pois ainda se lembrava. E o achando completamente ridículo, deu passos à frente, indo para beira da varanda. — Que não tenha algo errado. 


Sendo novamente surpreendido pelo mais novo, pode escutar os seus passos e consequentemente sentir a sua aproximação. Aguardando ao seu lado, Taehyung manteve o olhar em sua direção. 


— Pude perceber que a sua relação com Namjoon tem passado de caótica para amigável. — Sem rodeios, rasgou o verbo, dizendo tais palavras com firmeza. — Estou certo de que ele não precisa de um vigia. No entanto, falho em compreender suas intenções. 


Conhecendo-o, Seokjin soube instantaneamente que as palavras proferidas não carregavam ciúmes venenoso e sim uma preocupação. De certo compreendia tal atitude. 


Taehyung não o via mais apenas como o rapaz com quem rompeu os laços afetivos. Com o passar do tempo e através de suas atitudes errôneas que se multiplicaram, passou a ser aquele que constantemente feria a quem ele se importava. 


— Apenas tenho tentado construir um ambiente harmonioso para todos nós. — O respondeu prontamente, não recuando. — Os demais estavam começando a ser afetados por nossas desavenças. Estou tentando reduzir os danos. — Ao que finalizou sua fala, pode escutar a risada sarcástica soando da boca de Taehyung. 


— Ah, compreendo. Agora você deseja reduzir os danos. — Com o fim da sua risada, balançou a cabeça negativamente. 


— Ao contrário do que tens pensado, não almejo me aproximar intimamente dele. — Jogou as palavras, mostrando-lhe que estava ciente do que suas palavras significavam. — Não estou tentando algo. 


— Só lhe falta face para me dizer que não o queres. — Arqueou o cenho, trazendo os braços para cruzá-los sobre o peitoral. — De fato, nada mudou. Não esconde a ideia de que não estás com ele porque não quer. 


— Taehyung… — Sua voz soou alerta, vinda de quem avisasse o quando imprudente estava sendo aquela conversa. — Sabemos bem que não se trata da hora e nem do lugar para este assunto. Agora se me permite. 


Sem esperar por uma mínima ação que viesse partir do outro, afastou-se da beira da varanda. Para sua surpresa, Taehyung segurou em sua mão, puxando-o sentido as grandes rochas que se encontravam no lado direto da varanda. 


— Mas o que?! — Praticamente rosnou sobre a face do mais novo, puxando seu braço para junto de seu corpo. — O que estás pensando? 


— Há apenas nós dois agora. 


— Já lhe disse tudo o que havia para ser dito. — Lançou um olhar feroz, detestando ser colocado contra parede daquela forma. — Não há mais nada. 


— Inacreditável como pensa que não estou ciente da aproximação de vocês. — Debochou, rindo em tom baixo. Naquele instante, Seokjin poderia jurar aos céus que sentia o veneno em suas palavras. — E quando saíram juntos, acha mesmo que não chegou aos meus ouvidos? 


— Não há nada acontecendo, Taehyung. — Sentindo-se cansado, sua voz se ergueu, embora não fosse sua intenção. — Depois de todo este tempo você está enciumado? Jura? — Arqueou o cenho, encarando os seus olhos. — Com quem mesmo Namjoon está? Com quem ele vai se casar? 


— Eu não sei! Diga-me. 


— Como podes ter tamanha atitude de merda?! — Cuspiu as palavras, desacreditado e afastando-se, repudiou a atitude do outro, mesmo que estava ciente de que não o cabia julgar por tais. E então, se aproximou, encarando seus olhos. — Da última vez que conversamos sobre o passado, ele encarou estes olhos aqui — Apontou para os mesmos. — e preferiu todas as letras, dizendo que te amava. Isso é o suficiente para a vossa pessoa? — E com seu peito queimando de dor, sentia-se como se estivesse humilhando a si mesmo. — Ou desejas saber quando ele nos matou, dizendo que era o nosso fim? Isso tudo enquanto sentia o líquido dele escorrer em minha barriga.


Como se tivesse sido queimado, Taehyung se afastou. 


— Vocês dois…? Quando? — Perguntou desnorteado, mas sua pergunta não foi respondida. 


— Alguma vez, você disse que o amava? 


— O que isso tem relação? — Questionou, aproximando como se estivesse furioso. 


— Só me parece que estás mais preocupado com o fato de eu ter me aproximado dele e não de você. — Como flechas afiadas, suas palavras o atingiu. — Estás aqui por ele ou por você? Hein, Taehyung?


— Fique quieto! 


— Então, me responda. — Sentindo seu peito queimar, se aproximou, colocando-se rente ao seu corpo. — O que estás fazendo aqui? 


Encarando os seus olhos, o mais novo foi guiado por sua irracionalidade, aproximando o seu rosto com uma certa rispidez e antes que a consciência viesse clarear seus pensamentos, suas bocas se uniram. 


Em resposta, o corpo de Seokjin entrou em combustão, cedendo aquele pequeno gesto e então, se afastou bruscamente, jogando-se o mais longe que conseguia. 


— Não podemos, Tae. — Negou, passando os dedos entre os cabelos, claramente desnorteado. — Não podemos fazer isso com o Namjoon. 


Taehyung poderia não enxergar, mas no passado, se havia algo que Seokjin obtinha certeza era o fato do amor que Namjoon sentia pelo mais novo. 


Não existia qualquer sombra de dúvida a respeito do quanto Namjoon possuía sentimentos para com ambos. Se alguém tivesse os amado nesta vida, com certeza seria ele. Por esta razão, não poderia o machucar ainda mais. 


Deixando-o para trás, se afastou, rumando o primeiro caminho que encontrou, pedindo desculpas por sua atitude. 



 ⭐🌟


Estando no lugar e na hora errada, Jimin andava ao lado de Jungkook, uma vez que ambos haviam se preparado para a refeição noturna. 


Mantendo-se em silêncio para atravessar em frente aos dormitórios, ambos paralisaram ao escutarem vozes soando ríspidas próximo de onde estavam. 


Reconhecendo a voz do precioso amigo, Jimin segurou no pulso do alfa ao seu lado, levando-o para se esconder atrás das plantas altas. 


Mesmo dizendo que não deveriam tomar aquela atitude, Jungkook se deixou ser levado, sentindo a presença de alguém cada vez mais próxima. 


Não tendo a certeza do que Jimin conseguiu assistir entre as folhas, secretamente observou Seokjin adentrar, seguindo rumo ao corredor que daria a outro cômodo e em seguida, Taehyung seguiu para o lado oposto. 


— Jungkook, acho que eles se beijaram. 


— Você conseguiu ver? — Seus olhos se arregalaram ligeiramente, olhando-o. — Céus, o Namjoon-hyung ficará um caco. 


Intimamente, Jimin reprimiu-se de sorrir com o comentário do alfa. A causa não seria a tristeza de Namjoon, obviamente. Entretanto, ele se via gradativamente agradando-se do mais novo e o fato dele sempre possuir opiniões e comentários sobre o qualquer asneira que viesse dizer.


— Infelizmente não. — Negou rapidamente, se recompondo. — Mas irei falar com o Taehyung mais tarde. Ele não pareceu nada bem. 


Pousando a mão sobre o ombro do omega, Jungkook suspirou. 


— Difícil dizer qual dos três está verdadeiramente bem. 


— Isto é culpa do Seokjin. — Não perdeu a oportunidade de frisar. — Ele não quer estar com eles, mas também não os deixa em paz. 


— Jimin… — Sua voz o alertou, mas seu semblante era sereno e gentil. — Não sejas cruel. É impossível que saibamos de todos os detalhes, então não nos cabe achar um culpado. 


Sentindo-se envergonhado, Jimin se calou, pegando o alfa de surpresa. Era difícil ele assumir tão rapidamente que estava tomando uma atitude errada. 


— Tens razão. 


Eles estavam prestes a partir quando novamente, puderam escutar o barulho da porta sendo aberta. 


Por impulso, Jungkook puxou Jimin para se esconder novamente, o fazendo franzir o cenho, estranhando tal atitude. 


— Não me olhe assim. Pensei que seria melhor nós nos escondermos novamente. — Encolheu os ombros, soltando o seu braço. — Não seria imprudente ser encontrado na companhia de um alfa? Ainda mais sendo eu. 


— Como assim "Ainda mais sendo eu"? — Seu cenho se arqueou, enquanto o encarava seriamente. — Convivemos na mesma casa há anos, Jungkook. É natural a proximidade. 


— Sim, mas pensei que não gostaria de ser visto tão perto de mim, já que sou alfa. — Por fim, desviou o olhar, suspirando. De repente, passou a se sentir pequeno sob o olhar do Park. 


— Hã? — Seu cenho voltou a se franzir, antes de sua expressão suavizar, iluminada por compreender. — Não diga essas sandices, Jungkook. Desde quando eu me importo como os outros me vêem? É comum que eu esteja com ômegas como eu, já que há a familiaridade. Como você, que sempre estás com Namjoon e Seokjin.


— Pensando por este lado. 


— E nós não estamos passeando com mais frequência do que costumávamos? — Sorriu ladino e com sua diminuta mão, pousou sobre o seu peito, empurrando-o levemente. — No máximo, você só terá que explicar-se para a minha mãe alfa caso ela venha com perguntas. E ela não é nem um pouco gentil. — Sorrindo travesso, se ergueu para deixar um beijo em sua bochecha, provocando-o. — Mas isso não é nada, já que você teve face de invadir o clã na última vez que esteve aqui à procura do Hoseok. 


Dizendo essas palavras, ele se afastou, se direcionando a sala em que aconteceria a refeição, deixando Jeon para trás. 


Despertando, Jungkook o seguiu, entendendo que se a alfa realmente soubesse da sua invasão, ele estaria em apuros. 


— Jimin, ela está ciente? — Com seus olhos redondinhos arregalados, o seguiu apressadamente. — Jimin me explica isso direito. 


🌟⭐ 



Trajado com as vestimentas que ganhara no período que se hospedou na casa dos Park, Hoseok se sentia confortável ao estar submerso naquelas peças de cor amarela, que pareciam reluzir. Não era sempre que permitia-se vestir trajes coloridos. 


Parando em frente a porta dos aposentos, aguardou pacientemente, esperando que os outros também viessem aparecer para que fossem juntos à sala de jantar. 


Poucos instantes se passaram até que seus olhos puderam observar a avó de Jimin surgir, atravessando a área externa da varanda, caminhando em sua direção. 


Lhe oferecendo um sorriso afetuoso, a senhora de cabelos grisalhos ergueu os seus braços e o abrigou em seu abraço carinhoso. 


Relutante pelo gesto repentino, o jovem Jung piscou os seus olhos, retribuindo. 


— Perdoe-me a inconveniência, querido. — Pediu ao sentir seu corpo se livrar lentamente da rigidez. — Ainda me encontro incapaz de não enxergar sua mãe em você. 


— Não há problema, senhora Park. — Garantiu, aceitando com gratidão o gesto da omega. — No passado, minha mãe era próxima a família Park e eu me alegro ao presenciar esse carinho se estender até os dias de hoje. 


— Todos nós amávamos a Yuna com nossos corações. — Calmamente, o soltou, mas se manteve próxima a ele. — Sequer existia alguém que fosse incapaz de amá-la.


Por não estar acostumado a se deparar com situações como aquela, sorriu tímido, não sabendo como reagir a alguém que falava de sua mãe com tamanha propriedade e intimidade. 


Após a morte da ômega que o gerou em seu ventre, parecia que proferir seu nome havia se tornado um tabu perante ao clã. Mesmo sua mãe alfa não costumava a se referir a ela ou citar seu nome em meio às conversas curtas que tinham. Era quase como ser obrigado a fingir a sua inexistência. 


Sentindo o seu ser regozijar ao obter a bênção de ouvir sobre a sua mãe, seus ouvidos se inclinaram, atentos e seu coração se abriu, permitindo-se adquirir os sentimentos transmitidos pela avó de Jimin. 


Sua fala se estendeu, contando sobre quão amigas Yuna, sua filha Sohui e a mãe de Taehyung se tornaram ao se conhecerem durante o treinamento. 


O fez saber que Yuna possuía um coração gentil e incrivelmente forte, tornando-a capaz ir contra os céus e terra a favor do seu povo. Assim como fora capaz de se dispor da sua liberdade para prolongar a vida dos membros de seu clã. 


Naquela época, a opressão do reinado se estendia não somente aos herdeiros, como também aos seus irmãos mais novos e primos, todos sendo levados ao acampamento. 


Quando a conversa estava prestes a tomar um rumo sombrio sobre detalhes do passado, ela se interrompeu e Hoseok compreendeu, perguntando se os demais já haviam seguido para o salão do banquete.


— Na verdade, eu não os vi. Já o príncipe, ele permanece em reunião. 


— Por ser da realeza, Yoongi é mantido ocupado constantemente. — Comentou inocentemente, despreocupado pela sensação de conforto. — Me acostumei.


— Yoongi? — Acompanhando o surgimento de um sorriso, seu cenho se arqueou e seus olhos transmitia o brilho da nostalgia, como se estivesse se deparando com aquela cena pela segunda vez. — Podemos notar mudanças nos hábitos deste jovem Jung. 


— Perdoe-me a falta de modos. — Alarmado, recuou, prontamente se retratando. De fato, estar em viagem estava dissipando seus bons costumes e e etiquetas, trazendo-lhe constrangimento. 


Gentilmente, a ômega tocou-lhe em seu queixo, calmamente erguendo o seu rosto. 


— Este brilho no olhar. — Proferiu as palavras com afeição. — A face repleta de vida… Oh, querido. — Hoseok desejou não poder enxergar a tristeza sutil cintilar nos olhos alheios, que o encaravam, pois assim seu peito não doeria. 


— Não é o que estás pensando. — Em um gesto calmo, segurou no pulso alheio, afastando a mão do seu rosto. Hoseok não precisava daquele olhar, nem ao menos pena por algo que não deveria soar de tal maneira. A sua aproximação com Yoongi não lhe trazia tristeza. Sentia-se sortudo e feliz. — Não é desta forma. 


Em seu coração, Jung não possuía sentimentos penosos sobre si mesmo quando pensava no Min. Sua mente, embora fértil, não imaginava uma outra vida, pois fora naquela que deuses lhe deu a benção de conhecer Yoongi. 


— Eu não almejava lhe trazer desconforto. 


— A senhora não trouxera. — Forçando um sorriso, se despediu com educação. 


Permitindo que Hoseok se afastasse, manteve seu olhar sobre ele, observando suas costas estreitas e o cabelo longo alcançar a altura do seu quadril. Novamente enxergando a Yuna nele, obrigou-se a piscar os olhos. E com o coração pesado, pediu aos céus para que não estivesse presenciando a história se repetir. 



⭐🌟





Sentados em torno na extensa mesa, os cinco dos sete herdeiros se encontravam aguardando o início da refeição, e nem um dentre eles parecia disposto a iniciar o agradecimento pela hospedagem. 


Com apenas três horas que haviam chegado não clã, a atmosfera que anteriormente fluía agradavelmente entre eles, se dissipou, cedendo lugar a um clima desconfortável. 


Da família Park, apenas Sohui e sua mãe estavam em seus respectivos lugares, secretamente analisando a situação e se perguntando quando o clima havia mudado tão drasticamente. 


Limpando a garganta, a líder ômega iniciou a sua fala, reafirmando que se tratava de uma honra os receber em sua casa. 


— A ausência da alteza se dera por ele permanecer auxiliando a minha esposa com questões do nosso clã. — Continuou dizendo o que mantinha em mente. — O príncipe é um alfa honrado. E o herdeiro Kim Namjoon. — Findando sua fala, apontou para a entrada. 


Apressadamente, Namjoon se aproximou e diante deles, inclinou sua cabeça, desculpando-se pelo atraso. 


— Desculpem o atraso para a refeição. Espero que não tenham aguardado por muito tempo. — Com um sorriso tímido direcionado ao Taehyung, sentou-se ao seu lado. Quando a atenção não pairava sobre si, pousou a sua mão na superfície da coxa do mais novo e, inclinando seu corpo ligeiramente em sua direção, disse em tom baixo. — Estive ocupado com o Yoon. Me desculpe, sim? 


Esforçando-se para que sua face não viesse expressar sinais de qualquer sensação indesejada, seus dedos alcançaram os do alfa e com seus lábios, lhe ofereceu um sorriso. 


Sinceramente, os via indo bem, de fato estavam. Poderia afirmar que após alguns meses provavelmente lhe seria ideal elevar o nível de relação deles. Estavam quase prontos para assumir aos pais e os clãs sobre seu íntimo com Namjoon. Não poderia lhe ocorrer a insanidade de estragar daquela maneira. Não por alguém que não os queria. Muito mesmo quando enfim Namjoon estava tão presente. 


— Não precisa se preocupar com isto, Joonie. — Sussurrou para que apenas ele fosse capaz de escutar. — Estive bem. 


— Mesmo assim, passarei a noite ao seu lado. 


O anúncio e permissão para a refeição partiu da líder e então, seus pratos foram preenchidos com alimentos frescos e minuciosamente preparados e as taças completadas com o mais puro e suculento vinho. Menos a Hoseok, este que não possuía o costume de consumir bebidas com teor alcoólico. 


De onde estava, Sohui ergueu o guardanapo de pano e limpou os lábios, antes que voltasse a romper o silêncio. 


— Amanhã será o início dos treinamentos. No entanto, ele precisará ser encerrado com antecedência. Hoje recebemos a notícia de que minhas irmãs e meus sobrinhos estarão visitando a casa principal. — Mesmo que não era preciso, explicou-se para os meninos, mantendo-os informados. — Algumas delas casaram-se com alfas de outros clãs, outras moram afastadas. E eu possuo um anúncio para amanhã, quando sua chegada for anunciada. 


Ouvindo estas palavras, Jimin sentiu seu corpo enrijecer e o ar faltar em seus pulmões. 


— Algumas das minhas sobrinhas possuem um comportamento um tanto dificultoso. 


— A senhora quis dizer que elas não possuem face alguma ao se insinuar aos alfas. — Imprudente, Jimin não se conteve ao erguer sua voz. 


— Park Jimin. — Sohui o repreendeu. — Não pense que me esqueci da conversa que tivemos na última vez que esteve com o jovem Jung. — O fez lembrar da chegada hora de ir ao altar. — Também não se esqueças do rei, quem está ciente dos três alfas que permanecem solteiros, incluindo o príncipe. 


— Mãe! — Pousando bruscamente o guardanapo sobre a superfície da mesma, ralhou. — Esta conversa na frente dos garotos não. 


— O que eu e sua mãe Areum almejamos para você, é que se case com um membro de nosso clã. Evitaria choque de culturas e o manteria aqui para assumir seu lugar como líder. — Continuou, ignorando o seu pedido. — Se não decidir rapidamente, não poderei negar o pedido do rei caso chegue. 


Com a sua face transbordando surpresa e choque, seus olhos seguiram em direção ao Jung, pousando sobre o mesmo. Seu peito instantaneamente pulsava dolorosamente, não apenas por si e sim por sua mãe dizer claramente que caso o rei ordenasse, sua mão seria concedida ao Yoongi. 


Abaixando a sua cabeça, se viu completamente sem voz. 


— Certamente o rei não irá pedir, uma vez que o casamento real possui mais serventia com a união de reinos. É outro patamar. — Seokjin ergueu a sua voz, tomando a atenção para si. — Então somos apenas eu e Jungkook. 


— És um jovem esperto e articulado, Seokjin. — Com um sorriso, o elogiou. — Nosso Jimin possuí a razão, não se trata de um assunto para discutir em mesa. Mas seria prudente todos vocês pensarem a respeito. Aliás, o que acham que irá acontecer após o torneio? 


— Casamento e filhotes? — Jeon se pronunciou pela primeira vez. 


— Exatamente. — Concordou, assentindo. — Ao dizer sobre matrimônio, não estou forçando Jimin a se casar. Minha intenção é lembrar a todos vocês de que, caso não encontrem alguém que se afeiçoam, provavelmente acabarão como alguns dos pais de vocês. — Então, sua voz soou mais firme, como se os alertasse. — E se por alguma razão tempos ruins nos assombrarem e algo venha acontecer para com vossos pais, vocês casarão com alguém escolhido pelos anciãos do clã. 


Após o assunto ser mudado para algo mais leve, o término da refeição ocorreu tranquilamente, mas em seus pensamentos, as palavras da líder ainda ressoavam, porque afinal, todos estavam cientes de que o momento de se casarem estava se aproximando. 


⭐🌟


Em contraste do calor intenso que seu corpo enfrentou no decorrer daquele dia ensolarado, à noite, o vento gelado soprado entre as folhas das árvores o atingiram, ao se despir dos seus trajes após o jantar. Entretanto, Seokjin não se importou verdadeiramente. 


Certamente, não existia nada capaz de trazer-lhe incômodo maior do que sentia no centro do seu peito. 


Almejando ser capaz de retirar aquela sensação carregada de si, banhou-se na água gelada, afundando-se no largo lavatório até que estivesse completamente submerso. 


Passando o óleo corporal feito de lavanda, suspirou, deslizando sua mão até a nuca, desejando poder ter uma massagem no local dolorido. E lembrando-se das suas recentes atitudes, fechou os olhos repudiando-as com todo o seu coração. 


Ele quem havia decidido romper os laços, julgando ser o melhor caminho para os três. No passado, havia concordado com tais atitudes, então por que a dor permanecia? 


Reprimiu-se, balançando a cabeça negativamente e vestiu seus trajes de dormir, uma vez que pela manhã, o treino se iniciaria. Mas antes que viesse deitar-se sobre a cama, pode escutar o barulho baixo de um punho batendo contra a sua porta.


Estranhando o ocorrido, se aproximou, abrindo minimamente. Para a sua surpresa, encontrou o jovem Hoseok, também vestido com seus trajes de dormir. 


Pensando que algo pudesse ter acontecido para que ele viesse ao seu encontro, cedeu passagem completa e fechou a porta. 


— Eu não consegui adormecer. — Prontamente, Hoseok se justificou. — Yoongi não se encontrava nos aposentos dele. Desculpe-me se isso soa inconveniente, mas eu vi a luz acesa, então achei que estivesse acordado. 


Compreendo, Seokjin não chegou a se incomodar, pelo contrário, sentiu empatia pelo mais novo. Mesmo que não confessasse, ele se afeiçoava pelo Hoseok. Algo em seu interior desejava o proteger de qualquer circunstância ruim. 


Quando olhava para o Jung, adquiria a sensação de que se tivesse um irmão caçula, ele seria exatamente como Hoseok era. Totalmente oposto de si e que mesmo tão novo, o ensinaria como apreciar os pequenos momentos da vida, o escutaria com paciência e teria intimidade o suficiente para o repreender por más atitudes. E então, talvez assim, não se sentiria tão amargamente solitário. 


— Por que estás se desculpando? Sorte a minha que você veio ao meu encontro, também não consegui dormir. — Se esforçou para ser amigável e receptivo. — Este clima é diferente do que estamos habituados. 


— Está tudo bem? 


— Sim, está. — O alfa assentiu, puxando o edredom da cama para ceder espaço. — Você pode dividir comigo, há lugar para nós dois. Claro, se não for incômodo para você. 


O observando virar de costas para si, Hoseok o chamou por "Hyung", mas ao não obter resposta, se aproximou. 


— Jin? 


Como quem não compreendesse, Seokjin se ergueu, voltando o seu corpo em direção ao mais novo. Seu cenho estava franzido e seus olhos confusos. 


Por estar perto, com a mão esquerda, Hoseok apanhou para si a direta de Seokjin, e pousando a sua palma sobre a alheia, reproduziu o processo que o irmão de Jungkook havia feito consigo. Entretanto, ao invés de soprar em direção a ele, afastou sua mão apenas para poder pousar a palma aquecida no centro do seu peitoral.


Sentindo o lobo do mais velho praticamente expulsar a sua energia, Hoseok afastou sua mão, sentindo-a arder. 


— O que estás fazendo, Hose? — Submerso em confusão, Seokjin o perguntou. 


— O seu lobo… — Negou rapidamente, como quem estivesse afastando determinados pensamentos. — Se deite um pouco, tudo bem? 


— Tem algo errado? 


— Não se preocupe. — Garantiu, lhe oferecendo um sorriso tranquilizador. — Só estou tentando ter certeza de uma coisa. 


O obedecendo, o alfa retirou as sandálias de casa, se sentou na cama e em seguida se deitou, descansando a cabeça sobre o travesseiro. 


Confiando em Hoseok, ele pôs as mãos sobre a barriga, entrelaçando os dedos e pacientemente, fechou os seus olhos. 


Diante dele, Jung pousou as suas mãos finas e gentis sobre o seu peitoral ainda coberto por suas vestes. Sentindo o lobo interior o rejeitar, se manteve firme, passando partículas da sua energia para que pudesse o tranquilizar. 


Inesperadamente, Hoseok sentiu seu peito começar a ficar dolorido em reflexo das emoções apresentadas por Seokjin. 


A cada segundo que se passava, a dor se intensificava e tudo o que Hoseok conseguia encontrar era devastação, dor, solidão e raiva. Algo havia o ferido tão profundamente, deixando seu lobo, a parte mais forte de si, quase irreconhecível. 


Hyung! — Hoseok reconheceu a própria voz, soando como anos atrás, quando ainda não passava de uma criança. — Hyung, me espera


Em sua mente, uma cena recordada como uma lembrança se apresentou, o trazendo confusão. 


Um campo verde parecido com os que haviam em seu clã, a frente, um Seokjin mais novo estava sorrindo abertamente, parando de correr. As madeixas do seu rosto coradas e sua face suada pela recente corrida. 


Ele assistiu a própria mão se estender, pequena e magrinha, e segurar parte do robe branco do mais velho.


 E então, se foi. Agora, tudo o que via, era o presente. 


— Hose, você está chorando? — O alfa perguntou, estendendo a mão para afastar o cabelo de Hoseok de sua face. — Por quê? 


Sentindo lágrimas inundaram o seu rosto, impedindo que pudesse o enxergar com clareza, um soluço escapou de seus lábios. Céus, Seokjin havia sido o seu irmão em uma outra vida, e agora, nem ao menos o seu lobo o reconhecia. 


— Porque você está triste e eu não quero que se sinta triste. — Fungou, mantendo suas mãos sobre o peitoral alheio, parecendo desolado. — Porque você está com dor e eu não sei como parar. 


— Não, não chore. — Se sentou sobre a cama, começando a ficar completamente preocupado. — Ei, eu estou bem. Prometo que estou. Deite-se aqui também. — Cedeu espaço ao seu lado e bateu sobre a superfície da cama. — Foi um dia cansativo para nós dois. Venha, descanse. 


Apenas depois de muita persistência, Hoseok se deitou ao seu lado, ainda com os olhos tristes. Seu rosto permanecia avermelhado pelo choro recente. 


Seokjin se lembra de tê-lo visto se aproximar calmamente e soprar no espaço entre as suas sobrancelhas, uma brisa gentil e suave e então, caiu em sono. 




⭐🌟



Assim como o ocorrido durante o jantar na noite anterior, na manhã seguinte, Yoongi não participou da refeição ao lado dos demais, causando a preocupação de Hoseok. Mesmo quando todos terminaram de se alimentar, nem a sombra da sua presença surgiu. 


Levados ao campo de treinamento, Areum os apresentou a localização dos alvos e onde guardavam os arcos e flechas. Diferente do local disponibilizado pelos Jeon's, o campo dos Park's se encontrava em frente a árvores, sobre a baixíssima grama verde. 


Demonstrando a sua apreciação por esse estilo de arma, os explicou pacientemente, embora já possuíssem noção de uso. 


Devidamente esclarecidos, foram incentivados a se colocarem apostos e fazerem a primeira tentativa. Auxiliando e pedindo permissão para tocá-los em seus braços, mãos e ombros, insistiu em corrigir seus gestos e postura. 


A princípio, por consequência dos embates que surgiram no dia anterior, foi preciso dispor da paciência e persistência para adquirir o completo relaxamento e atenção dos herdeiros. No entanto, a alfa parecia mais atenta a ensinar os movimentos corretamente, certificando-se do bom aprendizado ao invés de focar na rapidez durante o processo. 



— Da mesma maneira que fazemos ao desembainhar uma espada, devemos tornar o arco e flecha a extensão do nosso corpo. — Pegando o conjunto de armas, o ergueu, apontando em direção ao alvo. — Através da concentração, postura correta e a mente limpa, conseguimos direcioná-la onde seja necessário. 


— Não sou muito bom nisso. — Taehyung sussurrou para Hoseok, este que se sentia da mesma maneira. 


— Jovem Kim. — Se colocou diante do Taehyung, o ajudando com a postura. — O estilo de luta do seu clã é familiar para mim. Compreendo a necessidade da força corporal para o lançamento da lança. — Reproduziu movimentos similares, como quem lançasse. — Mas aqui, o necessário é manter a planta dos pés firmadas sobre o solo. 


As instruções eram dadas continuamente e juntos, eles romperam a manhã treinando duramente até que a refeição fosse anunciada. 


Embora se encontrassem cansados pelo esforço excessivo, apanharam as armas e guardaram em seus respectivos lugares. Somente ao terminar, quando Hoseok ergueu o olhar em direção ao início do campo, encontrou o Min. 


Sua completa atenção se manteve sobre ele por alguns segundos, antes que ele se repreendesse e aguardasse o príncipe ir ao seu encontro. 


Enfim, ao que o Yoongi se aproximou com passos calmos e colocou-se diante dele, Hoseok se permitiu novamente erguer o seu olhar, inspecionando o que seus olhos alcançavam. 


Com um repuxar desgostoso no canto dos seus lábios, negou em um gesto quase imperceptível, se recusando a erguer a voz e simplesmente ser inconveniente ao perguntar o que estava acontecendo para que ele sumisse por apenas meio dia e surgir com a aparência tão exausta. 


Por mais que a sua vontade pura e genuína fosse deixar transparecer preocupação e perguntar, se manteve calado. Yoongi não agia levianamente, o conhecia o suficiente para se agarrar nesta certeza. 


— Permita-me elogiar, Hobi. — Lhe ofereceu um pequeno sorriso. — Você melhorou muito nesta técnica. 


— Não posso acreditar que esteve observando todo esse tempo. — Se voltou a ele, sentindo-se envergonhado. — Por que não se aproximou antes? 


— Minha presença só iria os desconcentrar. — Justificou suas ações, enquanto levava os braços para trás, mantendo-os unidos. — Areum é incrivelmente boa no que faz. Imagina se eu interrompesse o treinamento? 


— Certamente ela lhe bateria. — E então, apontou para a entrada da casa. — Irá adentrar conosco para a refeição? 


— Sim, eu Irei. — Concordou, seguindo-o de perto, mas mantendo a distância que Hoseok possuía o costume de manter sob o olhar de terceiros. — Assim como vocês, também foi me proporcionado o convite para o chá com os familiares da senhora Park. 


Alegrando-se, Hoseok assentiu, o acompanhando para dentro. Secretamente, havia sentido falta da presença constante do alfa. 


HORAS MAIS TARDE.



Desde o raiar do som naquela manhã, ao caminhar no interior da mansão, era possível presenciar servos andando de um lado para o outro, entrando e saindo da sala de visitas


Após a refeição, Hoseok optou por banhar-se novamente antes de trajar-se com vestimentas que viessem transparecer o clã de onde viera. Por tê-los agraciado vestindo-se com peças amarelas, naquela tarde, o banco adornava o seu corpo. 


Perfumado e de face limpa, o único enfeite que o decorava se tratava de uma fita de seda, qual mantinha seus cabelos presos firmemente. 


Saindo dos aposentos, foi capaz de escutar vozes, algumas de adultos e outras de crianças. Àquela altura, Sohui e Areum já haviam recepcionado seus familiares, os recebendo em sua sala. 


Feliz por se encontrar com os demais a frente aos aposentos, se viu aliviado por todos também trajar as vestimentas respectivas dos seus clãs. Mais do que anteriormente, precisavam mostrar respeito e disciplina. 


Escutando atentamente as palavras que Jimin proferia quase afobado, Hoseok soube que ele se encontrava nervoso com o momento que teria com os familiares. Calmamente, pousou a mão sobre o seu ombro. 


— Não se preocupe, eu trouxe o que pediu. — Estendeu a cesta em sua direção. — Há o suficiente para todos. 


— Obrigado, Hose. 


Mantendo-se ao seu lado, agradeceu aos céus por não precisarem anunciar a sua presença para que as portas fossem abertas e a entrada fosse concedida. 


Juntos, eles se afastaram do caminho, permitindo que Min Yoongi adentrasse primeiramente, uma vez que ele era o príncipe. Seguindo-o, Jimin adentrou ao lado de Hoseok, Jungkook ao lado de Seokjin e por fim, Taehyung ao lado de Namjoon. 


Colocando-se no centro da sala, cumprimentaram os que estavam presentes e quando Hoseok estava prestes a se curvar, Jimin o impediu. 


— Sua posição não é inferior para que tenhas que se curvar. Apenas incline sua cabeça para os mais velhos. — Jimin sussurrou para que apenas ele pudesse escutar. 


Sentindo olhares curiosos sobre si, Hoseok reprimiu-se, impedindo que olhasse para si mesmo, à procura de algum sinal de imperfeição em seu traje. 


Sem mais, um por um se apresentou, os cumprimentando educadamente. 


Erguendo a sua voz, Jimin deu passos a frente, mantendo sua postura tão elegante quanto as vestimentas que cobriam seu corpo. 


Não se tratava de uma multidão, entretanto, parecia o suficiente para o trazer tensão. Havia expectativa até mesmo nos olhos das crianças. 


— Me encontro alegre por novamente ter a oportunidade de estar na presença de vocês. — Soando calmo e surpreendentemente afetuoso, soprou as palavras. — Para alguns, passaram anos desde o meu primeiro acampamento, para outros menos, por nossos repentinos encontros durante minhas visitas ao clã e para outros. — Seu olhar se pousou no pequeno grupo de crianças, quais dividiam um largo sofá. — Trata-se da primeira vez. Então, pedi para meu querido amigo, Jung Hoseok, usar seu talento e montar essas pequenas lembranças. 


Pegando a cesta das mãos de Hoseok, Jimin pegou os sabonetes, quais estavam envoltos com um pequeno pano de renda furadinha. 


Exercendo uma calmaria que antes lhe parecia impossível, distribuiu, entregando em mãos. 


— São naturais, feitos a mão por Hoseok. — Os certificou, sorrindo e piscando em direção ao Jung. — Ele também faz loções, óleo corporal e aromatizador. — Notando a surpresa deles, se animou. — Incrível, não é? 


Enfim, quando todos os herdeiros acomodaram-se em seus lugares, chá e bolinhos de mel e gengibre foram servidos. 


Jimin, que aparentemente se encontrava mais tranquilo perante os olhos dos familiares, se manteve sentado em sua poltrona, ao lado de Hoseok. Mas após todos passarem a se sentirem confortáveis, não havia quase ninguém que se conteve em seu assento. 


Suas mães conversavam com suas duas tias e avó, Taehyung, que ao ser chamado pelas crianças, não se conteve ao ir de encontro ao pequeno grupo, sendo rodeado por elas. Namjoon permanecia ao lado de Yoongi, sempre tomando a atenção para si, quando alguém parecia importunar o príncipe. Seokjin, o mais observador, impedia que Jungkook se levantasse e simplesmente partisse, uma vez que não parava de resmungar, que não havia gostado dos bolinhos e que sentia-se entediado. E Hoseok, bem, ele continuava sendo o centro das atenções. 


Embora não se passava muito tempo desde o início, se viu deparado com perguntas um tanto inconvenientes e de fato, ele não queria justificar o motivo de nunca ter entrado no templo da família Park, sendo que desde quando havia partido do seu clã, suas orações se tornaram cada vez mais escassas. E não, aquela atenção não o agradava. Entretanto, quando a atenção foi direcionada a Jimin, desejou que ele voltasse a ser o alvo. 


— Primo, meu esposo comentou que há primos deles dispostos a conhecer-te. — Com uma falsa inocência, sua prima soou, ganhando a sua atenção. — Não me entenda mal, nós não possuímos a mesma idade? Acabo de gerar meu segundo filhote. 


Mantendo a postura alinhada e sua falsa calmaria, Jimin sorriu ladino, mas a olhando de maneira feroz. 


— Me sinto feliz que esteja realizada com a maternidade. Mas sabe, querida, nem todos nós desejamos ter filhotes, crias ou filhos. 


— Mas o seu alfa- 


— Meiry, eu não possuo um alfa. Logo, eu não tenho que me preocupar com isso neste momento. — Frisou a palavra "não", para que ela conseguisse compreender. Esta sua prima havia se casado nova com um alfa de um clã pequeno, este que possuía um caráter indevido. 


— Sem contar que nem todo alfa também quer filhotes. — De onde estava, Jungkook deu de ombros, como se quisesse soar indiferente. — Claro, nós alfas devemos respeitar os desejos de nossos ômegas. 


Entranhando a sua fala, Jimin não conseguiu transparecer nada mais que surpresa. 


— Não sabia que pensava desta forma, Jungkook. 


— Bem, nós não possuímos o costume de conversar sobre esses assuntos. — Constrangido por ter atenção totalmente sobre ele, coçou a sua nuca, desviando o olhar. — Há muitas coisas que não sabemos um do outro. — Ao que voltou olhar para frente, Hoseok o assistia com a expressão de quem desejava dizer que ele havia sido correto em suas palavras. 


Sentindo suas bochechas esquentarem, levantou-se, pedindo licença. 


Ao conseguir despistar a Meiry, Jimin obteve um curto período de tempo livre para ir de encontro a Vivian, a prima mais velha dentre eles, filha primogênita da sua tia, também primogênita. Desde que a avistou de onde estava, sentiu-se em choque ao ver sua barriga enorme. 


Naquele momento, ao se ver diante dela, não conseguia parar de encarar a barriga, pensando em como sua prima havia visto tamanha satisfação em ser mãe. Diferente da Meiry, ela parecia radiante. 


— Antes que venha perguntar, não, não darei a luz neste momento. — Brincou com ele, pousando a mão sobre a barriga. — Não se preocupe. 


— Não sou eu quem deveria me preocupar mesmo. — Franziu o cenho, encarnado. — Olha o tamanho disso. 


Escutando uma risada alta e engraçada ecoar atrás de si, não se conteve ao revirar os olhos, sentindo o cheiro característico de seu único primo alfa. 


— Trouxe a água fresca que me pediu, nona. — Referiu-se a irmã mais velha, sendo cuidadoso ao lhe entregar o copo. — Percebo que você ainda possui medo de barriga, Jimin. — Novamente, riu, vendo graça no outro. 


— Nunca disse que tinha! — Ralhou, cruzando os braços sobre o peitoral. — Toda vez que a encontro, parece que está prestes a ter um bebê, não venha me julgar.


— Este é o meu quarto. — Sorriu de maneira larga e feliz, enquanto acariciava a barriga com amor. — Parece impossível, mas eu amo ser mãe. Minha alfa é paciente e doméstica, você a conhece. Não há do que me queixar sendo que ela sempre me ajuda. 


Sendo uma ômega forte, Vivian colecionava elogios sobre sua inteligência e estratégia, dons herdados de sua mãe, que muito nova saiu do clã Park para liderar o exército do rei. Entretanto, retornou ao seu lar, liderando o exército Park. 


Por ela sempre repudiar os rótulos e estereótipos, nunca imaginou que ela se casaria e muito menos que viesse ser mãe.


 Se até mesmo ela havia gerado, sendo o filho unigênito da líder do clã, também precisaria o fazer. Isso não parecia estar em discussão. 


Antes que lhe fosse capaz de responder a prima, sua mãe Sohui ergueu-se, trazendo a alfa consigo para o cento da extensa e espaçosa sala. 


— Seremos o mais breve possível para anunciar. — Areum iniciou a fala, enquanto todos mantinham olhares curiosos sobre o que elas iriam dizer. — Após anos, eu e Sohui estamos esperando um outro filhote. 


No instante em que sua fala se findou, houve um silêncio, onde os familiares se encontravam completamente chocados e então, olhares foram pousados sobre Jimin, à espera de uma reação dele. 


Ele poderia imaginar os pensamentos alheios, quais certamente questionam se ele quem não deveria ter dado o anúncio, ele quem deveria estar casado e prestes a dar um herdeiro e assim, demonstrar ser digno da liderança. 


Engolindo o bolo que estava se formando em sua garganta, Jimin ergueu a voz, mantendo-se educado e firme. 


— Parabéns, mãe e mamãe. Que esta criança venha com saúde. 


Somente quando a atenção fora desviada para o casal, ele se afastou, dizendo a prima preocupada que estava tudo bem. 


Hoseok, que apenas quando se levantou para ir ao encontro do amigo, percebeu que tão inesperadamente Yoongi apareceu durante o treinamento, ele se foi. 


E de repente, com menos de dois dias que os herdeiros tinham chegado, o clã Park estava deixando de ser o mais estimado, para se tornar o menos estimado. 


Rápido como o cair de uma pedra sobre o solo, as expectativas referente ao momento harmonioso entre eles se dissipou, mostrando-os que não existia tempo propício para que a realidade mudasse. 




Notas Finais


Oi, meus amores. Como vocês estão?

O capítulo foi meio paradinho, mas foi preciso para o desenrolar da história.

Agora a fanfic tem uma tag no twitter #Luminessencia para nós interagirmos. Meu user é @hobijinjoon lá.

Enfim, o que mais gostaram nesse capítulo? Alguma dúvida de como funciona o universo abo nesta história?


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...