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História Lutando contra fantasmas - Único


Escrita por: nuny e 7decopas

Notas do Autor


essa história faz parte de um universo maior que eu quero escrever um dia como original, mas precisava começar a desenhar os contornos dela como parte do espetáculo que a companhia de hip hop em que eu danço está montando nesse final de ano.

queria agradecer à Dan por ter me ajudado com a ideia e com o universo, @ Dan, sem ti eu não teria saído do lugar, muito obrigada <3

muito obrigada também a quem vier ler <3

Capítulo 1 - Único


Taeyong não precisava olhar para trás para saber que estava sendo seguido fielmente por todos aqueles que lhe juraram lealdade. Seus olhos estavam fixos à sua frente, na figura que se aproximava acompanhada de homens o suficiente para fazer frente a seu exército, em uma marcha sem volta.

Não precisava chegar perto para saber que Doyoung estava confiante na vitória, que ele acreditava saber o que era melhor para todos, até mesmo para Taeyong, a quem jurou proteger com sussurros entre beijos trocados em um aposento de uma espelunca onde nunca esperariam encontrar o Primogênito do Monarca e o General. Ainda o conhecia o suficiente para predizer a forma como pensava, embora não mais conseguisse reconhecer o homem que ele havia se tornado desde a última noite que compartilharam juntos como indivíduos que tinham interesses em comum.

Em breve o barulho das espadas e das labaredas colidindo iria se sobrepor ao barulho criado pelo vento a tremular a bandeira da Nação e dos Rebeldes. Em breve haveria tanto vermelho espalhado no chão que a cor dos uniformes dos soldados não mais seria associada às chamas que foram e ainda eram elemento essencial para o surgimento e manutenção daquela civilização.

"E ainda assim você quer continuar com isso", Taeyong não estava perguntando, mas uma parte de si queria que o tom de incredulidade com que as palavras foram pronunciadas fosse mais uma expressão de dúvida que de choque pela pessoa que o outro revelava ser naquele instante, a noite anterior ao confronto, quando eles se encontravam em território neutro e sozinhos. Pelos velhos tempos.

"Eu não tenho outra escolha", ele disse, mas não sentia muito por ter que enfrentar as perdas do campo de batalha em prol de uma causa que havia muito se perdera. "Eu estou consertando todos os meus erros, Taeyong".

Taeyong sempre havia sido o sonhador entre os dois. Sempre havia acreditado que existia um jeito de resolver todos os problemas sem maiores danos, seguindo todas as regras, jogando o jogo como ele deveria ser jogado. Sabia que Doyoung o julgava fraco pela falta de resistência ao pai, pela forma como havia sido criado em meio às comodidades que estavam à disposição da família real. Ele via falhas em sua lógica, via brechas que poderiam ser fatais em uma batalha e talvez por isso tivesse tomado para si a tarefa de transformá-lo no monarca forte e poderoso que acreditava ser o que as pessoas mereciam. Esteve tão absorto em Taeyoung que se esqueceu de si mesmo, perdendo o controle dos próprios sentimentos e passando a amar Taeyong como ele nunca deveria ter amado.

Talvez fosse culpa sua que Doyoung tivesse tornado um general ainda mais formidável e também que tivesse caído naquele labirinto de culpa e de miserabilidade em que ele entrou ao perceber que estivera sob o comando de um monarca que fechava os olhos para problemas reais e se focava em problemas que eram mais consequências que causas.

"Meu pai está morto agora, você está lutando contra um fantasma", rebateu, na esperança de que ele percebesse que as coisas não precisavam mais ser como antes, que era pior se tivessem que sacrificar vidas em vez de encontrarem outras formas de solução de conflito.

"Você é igual a ele", Doyoung sorriu, sem se deixar vencer pelo argumento lançado.

"Você sabe que isso é uma mentira, ou você teria amado ele como me amou", replicou entredentes. A vida toda ouvira que era igual ao pai e isso sempre lhe causara um misto de medo e de repulsa. Não queria ser igual ao homem que era pai apenas quando lhe convinha, mas não conseguia fugir das comparações que eram inevitavelmente feitas a todo instante que alguém punha os olhos sobre sua fisionomia. Até mesmo quando ele falava com os servos da família na frente de parentes e de estranhos, era como se fosse uma versão mais nova do homem que aprendera a temer desde cedo. Taeyong se odiava tanto por isso que foi incapaz de se sentir ofendido quando Doyoung o chamou fraco, sem hesitar, pela primeira vez.

E mesmo quando ele o tocava, com desejo e insolência em vez de submissão ou reverência, Taeyong sentia em sua pele, em sua carne e em seus ossos que ele o via como verdadeiramente era – não uma cópia barata de seu pai, mas o ser humano que veio a se tornar. Permitia-se acreditar que a boca dele na sua significava que havia algo de especial em si, o qual o deixava diferente sob o olhar afiado do homem que alcançou o posto mais alto do exército ainda jovem. Doyoung nunca se deitaria com seu pai, nunca se despiria de todas as suas armas e defesas para estar com o rei sem reservas, e o pensamento o confortava quando ele era ainda um jovem inocente e impressionável.

"Eu ainda amo você", foi a resposta que recebeu e parecia verídica. Bem como parecia um lamento mais que uma confissão apaixonada de alguém prestes a largar tudo em nome de um sentimento.

"Não fuja do assunto", cortou-o, trazendo para a superfície aquela faceta que o fazia se assemelhar ao falecido líder, mesmo sabendo que a atitude não o ajudaria a convencer Doyoung de que sua causa era perdida, de que os tempos haviam mudado, de que ele era diferente.

"Se isso é tudo o que temos para dizer um ao outro, então acho que podemos adiar essa conversa para amanhã, quando nos encontrarmos, você sabe"

"Se é o que você quer...", concedeu, ainda que não fosse o que ele queria.

O silêncio que dominou o campo de batalha no tempo de algumas poucas batidas de coração era ensurdecedor. Taeyong ouviu a inquietação de seus homens e a bravura dos homens de Doyoung. Ouviu sussurros doces trocados por dois amantes, ouviu ameaças amargas de dois rivais. A um sinal com o braço dos respectivos comandantes, todos se colocaram em posição dos dois lados. Com o segundo sinal de cada lado, vieram os gritos, os passos em direção ao meio do campo aberto onde as tropas deveriam se enfrentar, as faíscas que logo tornariam aquele espaço em um local de desolação.

O fogo para seu povo era uma dádiva divina. Uma força que não podia ser verdadeiramente dominada ainda que se pudesse criar uma ilusão perfeita de controle. O fogo os consumiria sem piedade, destruindo o que encontrasse pela frente, independentemente de lados. O calor os impulsionaria na direção de um destino em que era pouco provável que saíssem de lá com vida. Ainda assim, era preciso reconhecer a inevitabilidade do destino que os aguardava no caminho que escolheram traçar. Ao final, quando tudo não passasse de cinzas e fumaça, eles teriam todo o futuro pela frente para recolherem o que por milagre tivesse conseguido escapar daquela força tirana, teriam a chance de reconstruir e de renascer, mais fortes do que haviam sido até então, como uma fênix pronta para iniciar um novo ciclo de vida.


Notas Finais


tava tão doida com a internet que esqueci de colocar uma capa, mas já coloco q


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