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História Luxúria e Perdição (In memorian Reita-2024)(Hiatus) - Prólogo - Revisado.



Notas do Autor


Minha Primeira Fanfic com o The Gazette
Sendo personagens sobrenaturais.
Feita em Parceria com a Malika e a Mirai.
Apresento o prólogo de uma história ficcional envolvendo Vampiros , Lobisomens, Metamorfos , Bruxos e um Humano cheia de Lemon, intrigas e muito suspense.
Boa Leitura .
Por Favor nos tratem bem.

Capítulo 1 - Prólogo - Revisado.


Fanfic / Fanfiction Luxúria e Perdição (In memorian Reita-2024)(Hiatus) - Prólogo - Revisado.

DARKCITY  1999

 

POV OFF

 

Suspirou fundo, o clima estava frio e o céu estava nublado, haviam poucos flocos de neve espalhados pela rua por causa dos poucos graus da noite passada, as pessoas que andavam na rua a essa hora estavam devidamente agasalhadas, assim como ele, que respirou fundo sentindo o nariz arder levemente por culpa do ar gélido que ao sair de seus pulmões provocou uma nuvem de condensação a sua frente.
 

Ainda estava se adaptando à nova rotina, não que tivesse mudado de rotina recentemente, na verdade, fazia uns meses que estava na mesma. Mas ainda sim era estranho para si, muito estranho. Fora criado num lugar cheio de gente, pessoas conhecidas e que parecia que todos eram amigos uns dos outros, ali naquela cidade, não conhecia praticamente ninguém e não tinha amigos. 

Ok, pessoas já tinham tentado fazer amizade consigo, muitas na verdade. Achava que sua aparência ajudava nessa questão, a pessoa olhava para si e quanto sorria mostrando as covinhas a pessoa achava que era um convite para se aproximar. Todavia, não era por ter um sorriso tido como belo — o que de fato era uma verdade e ele sabia que sim — não significava que gostaria ou planejava fazer novas amizades. Na verdade, recentemente tinha adquirido uma fobia de lugares cheios, multidões ou aglomerados, sabe? Muita gente junta era sinônimo de bagunça e não gostava disso.
 

Em verdade, não gostava de pessoas escandalosas e que demonstravam felicidade demais. Outra coisa que o incomodava eram os vampiros espalhados pela cidade, nunca teve muito contato com essa raça mas o pouco que teve lhe foi o suficiente para aprender a lição. Não podia confiar. 

Não eram criaturas simpáticas e muito menos do bem aos seus olhos. Certo, talvez exista um vampiro ou outro que seja bom, mas de resto? Que queimassem ao nascer do sol. Era rancoroso sim, afinal, maldita espécie de sanguessugas que escravizou o seu povo por séculos e mais séculos. Os malditos que se achavam superiores e roubaram seus tesouros, espécie que matou muitos de seus líderes, mutilaram famílias e tantas outras atrocidades que apenas eles eram capazes de fazer.

Maldita espécie que tinha deixado uma marca tão profunda na história de sua raça, tal qual a física carregava em seu corpo, uma cicatriz em seu abdômen que por mais e melhor cicatrização que tivesse, ela jamais saiu ou sumiu de lá, uma lembrança viva do que aqueles desgraçados eram capazes de fazer.

Mas, ah! Tinha uma pseudo-amizade. O cara era exatamente o tipo de pessoa que ele gostava, era calado, educado e parecia uma pessoa boa. Acima de tudo: não era um vampiro. 

E ali estava ele, no horário, no dia e no lugar certo, como um relógio. Quando o viu ele já entrou para a feira agitada, o seguiu um pouco mais animado, não o suficiente para demonstrar, mas animado. 

Pegou uma cesta e foi junto dele, de barraquinha em barraquinha. Cada um sabia o que o outro comprava e gostava, as vezes se ajudavam pegando algo que estava longe de um e perto de outro, se ajudavam a localizar barraquinhas e a ver verduras ou carnes novas. O cara era legal, tinha que admitir, apesar de muito estranho. 

Quer dizer, não para a espécie dele, na verdade. Bruxos, ou feiticeiros que seja, eram pessoas naturalmente estranhas, muitos de aparência medonha e nojenta ou até quase angelical, mas nenhum normal aos olhos nem mesmo para os padrões de normalidade do seu mundo peculiar. Como aquele cara: Máscara preta sobre o rosto cobrindo parte dele, cabelo repicado e muito preto, bagunçado como se tivesse tomado um choque, roupas eram pesadas feitas de couro e cheias de spikes e talvez um esqueleto ou outro de animal pequeno pendurado pelos bolsos ou cinto, luvas grossas nas mãos a lhe proteger do contato pele-com-pele e o olhar gélido. 

E o mais estranho. Desenhos do queixo as clavículas manchando a pele pálida demais, desenhos pretos que mais pareciam as veias e vasos sanguíneos de seu pescoço, linhas pretas e sem um padrão. Era um cara legal. 

Eles iam todas as quartas a noite, faziam suas compras para casa, no mesmo horário e as mesmas coisas, o que fazia sempre um esperar pelo outro para sua atividade, nunca trocaram muitas palavras, não sabiam seus nomes e costumavam a afastar os demais cidadãos. Os donos de barraquinhas os atendiam sempre rapidamente por que os outros clientes não gostavam de suas presenças. 

Um era conhecido como "o mal agouro da cidade", sempre de preto, sempre com cara de morte e morando num bairro extremamente violento e mal frequentado. E apesar de tudo sua casa sempre estava barulhenta por causa dos pássaros que suas inúmeras plantas atraiam, e davam cor, alegria aquela casa amarela desbotada. 

Já o outro era conhecido como uma "sereia", devido ao seu sorriso bonito, cabelo sempre bem penteado, olhar gentil e rosto másculo, mas era só chegar perto que você seria ferido pelas palavras frias e carrancudas, o mal humor ferrenho e o tom de voz rosnado. 

Não teriam uma fama tão grande se não morasse numa cidade tão pequena e ao mesmo tempo tão populosa quanto aquela. Quer dizer, as fofocas correm, muito rápido, as pessoas não tinham muito sobre o que falar então falavam dos dois esquisitos de preto que vagavam pela cidade. 

Tirando é claro, um ou outro que achava divertido se aproximar para fazer graça e se achar corajoso. Bem, bastava então, para esses, somente espinhos de sombras brotarem do chão ou então rosnados altos e garras cumpridas para que perdessem toda a coragem e saíssem correndo. 

Era uma vida boa até, uma cidade boa e uma boa companhia. Era o que achava, viveria em paz para sempre ali, até ter que voltar a sua morada e tomar seu posto que lhe era de direito. 

Mas, oh, nada, nunca, lhe prepararia para aquilo. Sim, era 'Aquilo' por que aquele ser não era nem para ser considerado gente ou similar, este adjetivo era até bom demais para coisas como ele. Por que vampiros aos seus olhos eram uma raça inferior aos humanos, isso tinha certeza. 

Mas, deixando todo o mal humor e o ressentimento de lado e voltando para "Aquilo". Bem, Aquilo e ele tinham se visto pela primeira vez no estacionamento para as trilhas do bosque. Ele estava com uma regata de gola V e uma bermuda, ambos pretos. Sobre as mãos luvas de dedo para não machucar suas mãos durante os exercícios e lhe render calos de levantar pesos grandes.. 

Na verdade estava terminando de fazer suas flexões quando notou que era observado, não se incomodou muito por que tinha lá certa fama. Ao longo de suas flexões, depois de um tempo se sentindo incomodado com os olhares, decidiu ouvir o que os dois estavam fuxicando. Tentava não prestar atenção nas conversas alheias, mas pensava ter total direito, afinal, era sobre si que estavam falando. 

Apurou os ouvidos e focou naqueles dois. 

". . . Gostoso" 

Se desequilibrou e quase torceu o pulso. 

Estavam. . . Elogiando ele? Certo, era bonito e sabia disso, afinal, muitas pessoas se aproximavam por causa de sua aparência. Mas nunca fora chamado de "gostoso" e ainda mais tão descaradamente. Aí já eram algo inusitado. 

Decidiu ignorar e se virou, ainda com o sangue quente dos exercícios e começou suas abdominais para ao final dar como encerrado o treino do dia.
 

— Caralho caiu um anjo do céu. . . Ou então. . . É um incubus. Isso, você só pode ser um incubus._ escutou as palavras d’Aquilo em meio a passos em sua direção, as botas que ele usava fazendo um barulho alto demais e firmes ao se chocarem contra o chão por prestar atenção nele no momento e o cheiro desconhecido. 

Mas nada o prepararia para aquele comentário, nada. Olhou descrente para Aquilo e ficou encarando, parecia ser um vampiro e cheirava como um, mas não podia ser não é? Um vampiro jamais se referiria à sua pessoa e alguém de sua espécie desse jeito, na verdade, estava crente de que um vampiro jamais se aproximaria com intenção outra senão para lhe atacar. Não poderia abaixar a guarda.

Mas lá estava Aquilo, agachado do seu lado mordendo o lábio carnudo inferior enquanto analisava seus braços e descia o olhar para seu abdômen tampado pela regata. 

E isso foi assustador.

Não disse uma palavra, somente olhou para Aquilo e rosnou o mais alto que conseguia sem causar alarde, parecendo com um pequeno rugido, e avançou rápido. Não avançou de verdade, acima de tudo era um homem civilizado, embora sua origem e essência fosse animal, apenas mudou de posição para uma de ataque e defesa caso houvessem mais como ele a espreita para lhe emboscar, mas agachou mais rápido ainda colocando uma mão no chão e se inclinando para Aquilo. 

Ele desequilibrou e caiu para trás no susto, de bunda no chão e os joelhos colados no peito, com os olhos vermelhos arregalados de susto com as presas saltadas. Ficou com uma expressão assustada vendo o outro se levantar e pegar sua toalhinha, limpar o suor do rosto e pescoço. Tudo sem desviar os olhos ou abaixar a guarda, deixando claro que não gostava de sua presença e caso se movesse morreria. Tudo antes de sair andando dali, engatando numa corrida para se afastar o mais rápido possível.

Sua expressão mudou de assustada para safada no mesmo instante, não podia negar a idéia realmente estúpida de chegar num lobo assim, ainda mais falando aquelas coisas. Mas, oh, atire a primeira pedra quem nunca tarou um gostoso na rua. 

Aliás, gostoso era pouco, aquele ali sim valia a pena seu tempo e investidas. Tá que ele era mal humorado mas aquele rosnado tinha arrepiado seu corpo inteiro, não sabia se foi de medo ou. . . Bem, nunca se relacionou com uma fera antes, estava curioso e muito animado, queria experimentar. E se aquele lobo era feroz assim com todo mundo na rua, imagina entre quatro paredes!? 

Oh, iria presentear seu Chibi por arrastá-lo nessa "caminhada para sentir o ar puro", não queria vir de primeira,era um inconsequente e sabia disso, não um jumento para ter sua garganta dilacerada pelas garras de um lobo. Tinha amor a sua vida apesar de tudo. mas depois desse encontro viria com todo prazer sempre que pudesse. 

— Ai, mas esse macho alfa vai ser meu, ah se vai… — comentou para si mesmo antes de se levantar e sair de lá sorrindo ao cogitar o que faria quando pusesse suas garras e presas em sua recompensa.

.:.:.:.:.:.:.:.

Estava em paz, muito bem consigo mesmo, somente caminhando para sair da rotina e conhecer mais sua nova morada. Era pra ser algo simples e muito confortável de se fazer a noite quando o movimento nas ruas por vezes era menor e chamava menos a atenção estando vestido de preto, só ele e seus pensamentos. 

Mas Aquilo tinha que aparecer. Com roupa extremamente elegante e sexy ao mesmo tempo, uma fragrância gostosa por culpa de algum perfume ou algo do tipo que chamava a sua atenção, estava desfilando ao seu redor a um tempo, queria não olhar, queria simplesmente ignorar. . . Em verdade, no momento queria expulsar Aquilo a rosnados e arranhões para que nunca mais chegasse perto.

Mas como disse: era civilizado não um animal.

Estava tomando um café quente que havia comprado numa cafeteria ali perto para aquecer suas mãos, vestia uma calça simples e uma blusa mais simples ainda, não precisava de tantas roupas pois o clima frio não lhe incomodava tanto. Não saiu de casa para seduzir, mas Aquilo parecia ter uma determinação inesgotável. 

Quando se sentou num banco de praça, pensou que como Aquilo estava andando, ia embora. Mas a santa petulância o fez dar passos decididos e se sentar ao seu lado. Suspirou pesado soltando o ar em forma de rosnado rouco. 

Que coisa mais insistente. 

Aquilo cruzou as pernas ao seu lado deixando as coxas fartas ocuparem todo espaço dentro da calça e forçarem o tecido. Eram pernas bonitas, teve que admitir eram boas de tocar e mordiscar, o tipo de pernas que geralmente lhe chama atenção. 

Suspirou e olhou para frente, bebendo outro gole de seu café, gostava de sair de noite por causa do frio característico e a pouca paz que tinha.

Tinha, até Aquilo decidir o seguir. 

Olhou de novo para Aquilo do seu lado de modo irritado, só então reparando sem entender as roupas caras e a maquiagem arrumada. Não quis pensar como aquela calça empinava a bunda dele ou ela já era assim? 

Produção demais ao seu ver, ele estava arrumado e chique demais em plena noite num local simples. Valia tanto assim a vontade de lhe seduzir?

Não sabia, nem se ele queria mesmo o seduzir. Quer dizer, vai que era somente um tipo de brincadeira ou algo assim? 

Não importava muito na verdade, depois de dar mais uma olhada nAquilo concluiu que apesar do corpo bonito e o rosto que acompanhava sua beleza, não lhe agradava o fato que fosse um vampiro. Sim, vampiros são asquerosos.

Se fosse qualquer outra espécie, estava tudo bem, principalmente por saber de sua fama e não se abalar por seu humor, veria suas investidas como bons olhos e até mesmo flertaria, mas tinha de ser um maldito vampiro. 

Deu mais duas goladas no café e suspirou. 

— Olá, qual seu nome?_ Demorou um tempo para raciocinar que estava falando consigo. Olhou para ele o medindo de cima a baixo e depois abaixou o café e voltou a perder seu olhar em algum ponto, esperando ele se calar e ir embora. _ Eu me chamo Uruha. . . Se bem que gostoso desse jeito você é pode me chamar do nome que quiser, que te deixo louco e nem vou cobrar nada por isso. _ Ele se arrastou para mais perto no banco e sorriu galanteador e mordeu o lábio inferior, levou os dedos de sua mão a um dos braços dele, imitando pernas ao subir por ali, buscando o olhar sério e descrente de tamanha ousadia da parte daquele vampiro insano.

— Não estou interessado em seus serviços._ deu uma rosnada ao remover sua mão dali, levanta e joga o copo vazio num lixo próximo, voltando a caminhar indo embora.

— Não sou nada disso, você não entendeu a cantada._ Não se incomodou em responder ao olhar para o lado, iria ignorar o vampiro até ele desistir, ou até perder sua escassa paciência e o matar. 

Continuou o ignorando, tinha decidido caminhar de volta para casa, a companhia indesejada o desanimou. 

— Sabe, eu realmente não sei por que estou gastando meus esforços com você. Você é tão mal amado!_ Parou de andar e olhou para o ser petulante que está a uns passos à frente, mas que parou também. _ Ah, não me olhe assim, você é bem mau humorado!_ Protestou e mordeu a cabeça do dedo, porque percebeu que sua atitude lhe rendeu mais um olhar desagradado da parte dele.

Um repleto de “morte à vista”.

Tinha tido um amor platônico por ele, sem dúvidas, ele é bonito discreto, o cabelo grande preso num rabo de cavalo, os músculos dos braços e pernas marcados nas roupas e o olhar feroz que lhe atraia até demais. Sim, queria provar do lobo mal a sua frente com todos os detalhes possíveis e inimagináveis também. 

Por isso pegou sua melhor bota com aquela calça que apertava tanto que suas pernas ficariam dormentes, pegou aquela blusinha linda que comprou a pouco tempo e caprichou na maquiagem. Estava lindo, havia recebido muitos olhares desejosos, mas o lobo mal nem havia se dado o trabalho de reparar na sua produção, tinha passado um bom tempo se arrumando para estar irresistível para ele.  

— Cai fora._ Rosnou levemente e os caninos se afiaram levemente. Seu olhar se tornou selvagem por um segundo antes de voltar ao castanho, estava para avançar naquela garganta a qualquer mínimo desleixo ou irritação. Vampiro petulante e abusado, não tinha percebido ainda sua falta de interesse?!

— Não estou propondo casamento!_ Argumentou e bufou. _ Só queria poder... abusar do seu corpo, que mal tem isso!?_ Cruzou os braços mas se sentiu estremecer diante de mais um rosnado rouco e olhar furioso. 

Ele não falou mais nada e voltou a sair andando o deixando para trás.

Estava ficando indignado, extremamente raivoso, como aquele. . . Plebeu sequer OUSAVA não olhar a sua beleza e charme, havia feito tudo para lhe agradar, mas não. Tinha o par de coxas mais deliciosos do mundo e ele sequer reparou! Como ele ousava não olhar para suas coxas!?

Como ele resistiu diante de sua beleza!? Como ele pode não ficar submisso a suas vontades!? Isso é um absurdo! Quem aquele pulguento achava que era para não o desejar!? Era um Príncipe! Era desejado e amado por todos tanto em sua terra natal quanto fora dela! Tinha que ser, não seria um pulguento que iria fazer descaso que o trataria e a seus imensos esforços com tamanho descaso! Não mesmo. 

Iria fazer ele vir com o rabo entre as pernas implorando por um beijo sequer de um ser tão magnífico como si! Iria fazer ele ficar de joelhos perante sua beleza, desejos, charme e presença. Com certeza teria o prazer de ter aquele selvagem em sua cama somente para o rejeitar como ele havia feito consigo. 

Mas, não agora, primeiro daria a melhor transa da vida dele que jamais seria capaz de imaginar ser possível, depois o rejeitaria. Sim, esse é o plano.

Seduziria o outro e depois o largaria de lado, ele o faria aprender a nunca, jamais em toda a sua vida rejeitar um sangue nobre, ia aprender a não rejeitar um Príncipe!

 

:.:.:.:.:.:.:.

— Tem algo nos seguindo._ Foi a primeira vez no mês que ouviu a voz do feiticeiro, olhou para trás e viu Aquilo. 

Mas não era simplesmente Aquilo, era o "Aquilo" tomando sorvete de forma totalmente provocante e libidinosa e com o olhar fixo em sua pessoa. Aquilo tinha um olhar tão penetrante que não evitou de devolver a provocação com um sorriso de canto, com direito a uma covinha. 

— Ele não vai nos perturbar._ Disse convicto e olhou uma última vez para Aquilo antes de pegar sua cesta de vegetais e seguir o companheiro para a próxima barraquinha. 

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Olhou o Lobo Mal chegando de longe e ajeitou o cabelo, respirou fundo e começou sua performance. 

Tinha percebido que ele era como uma colegial virgem, tinha que ir chegando aos poucos, encantando de longe e flertando calmamente. Não podia ser direto e insistente senão levava um rosnado irritado ao invés de um sorriso de covinhas para casa.

Ruki — a quem Uruha chamava de Chibi e era sua inseparável companhia nessas horas, não porque quisesse, mas por ser obrigado a fazê-lo — achava um absurdo essa obsessão, mas ao mesmo tempo era divertido, com certeza bastante divertido.

Quando o lobo passou a sua frente chamou-lhe a atenção com um "psiu", ele o olhou com as sobrancelhas franzidas e teve sua chance de o encantar mais ao cruzar as pernas apertadas em uma calça simples e morder o lábio rechonchudo. Teve seu prêmio ao vê-lo balançando a cabeça em negação e sorrir de leve, a covinha quase sendo mostrada, antes de mais uma vez seguir seu caminho.

 — Viu — disse assim que o perdeu de vista. — Ele gosta de mim e vai ser meu ainda, Chibi, você vai ver. — comentou se sentindo vitorioso, enquanto Ruki acreditava que estava sendo e se comportando como um lunático obsessivo.

— É, estou vendo — preferiu não contrariar e estragar sua noite, pois o sorriso que exibia no momento era uma bela covardia.

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— Sua conta senhor._ o garçom parou a frente do lobo mal visto da cidade e não ousou lhe encarar devido a toda sua fama, cujo medo estava estampado em seu rosto, uma atitude que muitas vezes o cansava e essa foi uma delas, dessa formo revirou os olhos antes de pegar a conta, ver a soma e quando estava para retirar a carteira do bolso da calça, o papel foi retirado de sua mão sem um pingo de educação, e não precisava ser um gênio para saber de quem era a culpa.

— Eu pago, fofo._ Aquilo disse a voz rouca para o garçom que olhou assustado para o outro e logo assentiu enquanto ele se sentava ao
balção ao lado do nervosinho.. _ Está bonito hoje. . ._ Murmurou e o olhou de soslaio. 

— Você não desiste, não é?_ Era a primeira vez que o vampiro reparava na voz dele, e gostou, tinha um timbre agradável. 

— Não se for você o prêmio._ Apoiou a cabeça na mão fechada e o cotovelo no balcão, o olhar caramelo sobre o moreno de covinhas que respirou fundo e olhou para o louro. Reparou em todo o cabelo bem arrumado e rosto bonito, a roupa, os ombros e o corpo, a postura aristocrática. Não poderia negar, lhe era agradável a visão daquele homem. 

Estalou a língua ignorando a fala dele e o ouviu suspirar, olhou para o copo quase vazio de uma cerveja artesanal que tomava, ia acabar aquele copo e ir para casa. 

— Dá uma chance pra mim, Scooby-Doo._ Sorriu com a provocação e com o olhar calmo do lobo, seus pêlos se eriçaram com a percepção que estavam tendo uma conversa civilizada. 

— Vá se foder. . . _ O lobo levantou de seu banquinho e arrumou a gola do casaco, passou a mão em seus bolsos e olhou em seus olhos. _ ...Daphne._ E saiu deixando o vampiro estupefato pela petulância dele o chamar de mulher mimada e mais um monte de coisas com uma só palavra, e mais surpreso ainda ficou o vampiro ao ver um sorriso aberto no rosto do outro. As duas covinhas sendo exibidas em um curto momento enquanto o lobo o deixava ali, sem palavras e ainda mais encantado.

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Não tinha nada a fazer em casa, na verdade até tinha mas estava com preguiça. Olhou em volta e repensou toda sua sala, estava fazendo reformas em alguns móveis, por exemplo a mesa de centro que tinha em cima do tapete. 

 

Era uma mesa simples que achou num lugar que vendia móveis usados, mas a mesa estava o desagradando com o tempo, então retirou o vidro que era o tampo e destruiu a madeira da estrutura, pegou os restos e fez alguns arabescos bonitos e delicados, coisas pequenas que foi fácil de fazer com sua mini marcenaria na parte de trás da casa. 

 

Pegou algumas madeiras e refez toda a estrutura da mesa, poliu e lixou, cortou o vidro em um triângulo de pontas arredondadas e montou sua nova mesinha de centro. Era triangular, assim como o vidro, eram três pés que tinham equilíbrio e firmeza para sustentar-se. Era menor do que a original, mas nunca colocava muita coisa em cima dela mesmo. 

 

A segunda coisa que desmontou e remontou foi o rack da sala e o cabideiro, nunca soube o porquê mas sempre gostou de coisas mais trabalhadas, não enfeitadas e extravagantes, mas com detalhes bonitos e únicos. Mudou o sofá de lugar e trocou o tapete preto por um cinza felpudo, limpou o sofá e poliu o vidro da porta. 

 

Estava legal. 

 

Depois de um mês inteiro de trabalho com tudo isso se deu o luxo de sair para beber. Não iria encher a cara e vomitar as tripas, ia sentar numa mesinha com uma caneca de cerveja bem gelada, daquelas puro malte, pedir algum petisco, talvez cebolas ou batatas. Uma coisa bem ocidental. 

 

Se vestiu rapidamente após um banho relaxante, pegou seu sobretudo preto feito de lã e saiu trancando a porta. Pensou em pegar seu carro mas não era longe onde ia, não valia a pena. 

 

Foi andando pela calçada aproveitando o fim de tarde, o sol fraco esquentava sua pele e amenizava o frio que o vento trazia. Não que sentisse frio com facilidade, na verdade poderia muito bem andar só de bermuda na rua enquanto via os outros com seus cachecóis e luvas grossas, mas não queria chamar mais atenção do que já chamava. 

 

Estava em uma cidade com a maior parte da população sobrenatural, haviam mais feiticeiros do que lobos, e mais lobos que vampiros, mas haviam muitos humanos também. Às vezes híbridos, famílias geradas depois de um sobrenatural se juntar a um humano, humanos ou com sensibilidade ao sol e paladar mais apurado para coisas sangrentas, crianças que ficavam com orelhas finas, olhos dourados e dentes afiados quando com raiva, ou adolescentes idiotas que faziam objetos flutuarem por aí. 

 

Esses híbridos não eram poderosos como seu progenitor sobrenatural mas tinham lá suas particularidades. Os híbridos mais estranhos eram os entre os Sobrenaturais, oh sim, a primeira vez que viu um vampiro fazer magia pensou no quão bizarro era a cena. Não eram muitos os híbridos de sobrenaturais, por exemplo, existia somente um filho de lobo e vampiro. Tanto por que as duas raças se odiavam, quanto por que os genes são agressivos, o corpo começaria a se auto atacar ou não iria aguentar as mudanças. 

 

Enfim. Era uma cidade boa para se morar, ficava no litoral do Japão mas não tinha muito a aparência oriental, pessoas de todo o mundo iam para lá viver com sua família, correndo de Alfas e Condes que eram antiquados o suficiente para apresentar perigo. 

 

Quem regia aquela cidade era um grupo estranho de quatro poderes. Um vampiro, um lobo, um feiticeiro e um transmorfo, todos eles pareciam ter uma amizade entre si e ajudavam a cidade a ser boa para as espécies. Na sua opinião o transmorfo estava ali por simples simbolismo, por que toda essa raça se dividiam em tribos por todo o mundo e se tinha um deles naquela cidade era muito. 

 

Suspirou e coçou o nariz. Sempre se perdia em pensamentos quando estava fazendo algo. 

 

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Kai P.O.V

 

Tomo mais um gole da cerveja em meu copo, hidromel para ser mais exato, é uma combinação ótima entre cerveja, sal e mel. . . Pelo menos acho que são esses os ingredientes, penso que tenha limão também, ou limão é em outra bebida? 

 

Não costumo ir para bares nem boates, na verdade lugares cheios me sufocam. Mas de vez em quando vou para um lugar diferente, por causa do estresse ou fugir da rotina, é até saudável fazer isso ao meu ver. 

 

Trabalho com carpintaria e marcenaria, faço de móveis até enfeites de mesinha. Tinha começado com algumas das árvores no quintal de minha casa mas, de uns tempos para cá tinha tido dinheiro o suficiente para comprar madeira do lugar certo.

 

Olho em volta e mesmo não querendo ouço e vejo coisas inapropriadas e que eu não desejava, não que eu seja santo, mas estou num lugar público, um pouco de bom senso não faria mal a ninguém. 

 

Suspiro. 

 

O lugar é escuro com as paredes de madeira mas tem lâmpadas bem bonitas, tem cheiro de álcool e couro o que não era uma combinação ruim.

 

Tem cadeiras, bancos e mesas espalhadas por aí, música ao vivo num rock calmo e com melodia agradável, garçons passeando pelas mesas com porções de petiscos e canecas de bebida. Luzes fortes para os banheiros e saída de emergência, e no escuro bem perto do palco, encostado na parede de camurça do lugar tem um casal quase se engolindo. A mão daquele cara está dentro da calcinha dela que tem uma cara de prazer meio falsa, mas não afasta ele, só se aproxima de seu pescoço. 

 

Volto meu olhar para a bebida, prostituição em troca de alimento? Se essa sanguessuga fosse um pouco mais informada saberia que tem bancos de sangue em vários lugares da cidade. 

 

Essa "paz" não me faz ter menos preconceito pelos vampiros, são muito sem noção. Todos com aquela pose de duques porém com uma personalidade podre, só se importando com seus bens materiais e sangue alheio, deveriam aprender conosco os lobos, a valorizar a família e amigos. 

 

Afinal, um lobo sozinho não dura. 

 

Essa história de lobo solitário é ridícula e me entedia, e eu tenho mais raiva disso por que sou considerado um. Não que eu seja um deserdado, eu só não vivo com minha família, vivo sozinho é verdade, mas não sou solitário. É diferente.

 

O barulho de risadas altas interrompe minha momentânea paz e eu tento ignorar a falta de senso da pessoa, porém, ele ri novamente e é impossível não olhar. 

 

Ah, claro, tinha que ser um vampiro. . . Oh não, era quem estava pensando? Ahh. . . Era sim, Aquilo estava a poucas mesas atrás de si.

 

Mas aquele ali junto dele é um humano, não? É como aquela mulher ali no canto que agora sugava o sangue do cara? Sério, achei que Aquilo tivesse ao menos classe, perdi totalmente o interesse.

 

Não que eu seja conservador, não, mas essa paz entre as espécies ainda é recente e eu, sinceramente, não sei se quero mais é ficar em paz ou estraçalhar cada presa branca que me aparece. 

 

Talvez fazer um colar com os dentes, ia ficar muito bonito e ainda ia aumentar sua patente de guerreiro, talvez conseguisse mais honra. . . 

 

Ah, mas quem queria enganar? Estava decepcionado com Aquilo por que achava que ele fosse no mínimo decente e admitia, estava pensando em ceder aos charmes do outro. Porém, toda vez que pensava que seria uma experiência boa sentia minha cicatriz coçar.

 

Outra risada alta e eu olho realmente incomodado para o vampiro, sim ele o irritou então deixou de ser 'Aquilo' e passou a ser simplesmente 'vampiro'. 

 

Reparei no cabelo loiro longo e na pele pálida demais, o humano ao seu lado tem uma aparência meio cabisbaixa, cabelo loiro curto, no pescoço alvo ele exibe a marca de mordida. Oh, um vampiro e sua bolsa de sangue, que lindos. 

 

Paro de observar os dois por pura educação e bebo o resto da minha cerveja. Chega, por que hoje não é final de semana e eu não estou animado o suficiente para isso. 

 

Faço um sinal para o garçom e peço a conta, respiro fundo quando vejo alguém sentar ao meu lado. Olho para o teto pedindo paciência e depois para o ser sem cor ao meu lado. 

 

_ Vi que estava nos olhando._ Ele fala me dando um olhar que me faz arquear uma sobrancelha. 

 

_ Estava rindo alto._ Me justifico. 

 

_ Me divertindo, somente._ Ele sorri e eu reparo nos lábios dele, nunca tinha visto algo do tipo na minha vida. Não que seja feio, só é incomum. _ Podia ter sentado conosco, iríamos gostar de sua companhia na conversa também._ Olho para a vitrine de bebidas atrás do bar e suspiro. 

 

_ Uhm._ Resmungo procurando o garçom. _ Volte para seu namorado._ Tento ser educado ao expulsá-lo. 

 

_ Não tenho namorado._ Ele sorri de canto e eu vejo aquele brilho no olhar de novo antes mesmo de ele segurar minha mão por cima da mesa. 

 

Olho para a mão dele e depois pra ele. 

 

_ Sou um lobo, criança, vai procurar outro._ Tiro sua mão de mim e recolho a minha mão para minha coxa. Cadê o garçom? 

 

_ Não quer? Podemos ter uma boa experiência._ Isso não pode estar acontecendo. . .  Tá que eu estava cedendo antes, mas era antes. 

 

_ Qual seu nome?_ Ele se anima. 

 

_ Uruha._ 

 

_ Certo, Uruha, seu pai te ensinou a diferença entre 'não' e 'sim'?_ O olho nos olhos e ele sorri abertamente, meus olhos vão para os dentes infantis e maçãs do rosto saltadas. Não nego ele é lindo, tanto o rosto quanto cabelo e corpo, e parece ser bem corajoso e resignado ao dar em cima de um lobo. E isso me atraiu, mas penso se vale a pena.

 

_ Não, você poderia me ensinar, uh? _ Passo o olho pelo balcão e depois pelo salão vendo alguns garçons transitarem entre pessoas num clima leve. Esse ambiente me relaxa mas não sei se devo baixar a guarda perto dele. 

 

_ Penso que não gostaria dos meus métodos de ensino._ Ele ergue uma sobrancelha bem feita diante da primeira desculpa que montei, acho que estou caindo na dele. Nunca tivemos conversa tão longa, eu sempre ia embora, mas como o garçom ainda não chegou com a merda da conta não dá pra eu o ignorar e sair andando. 

 

_ Eu só preciso de um bom professor, não de um bom método de ensino._ Ele está debochando? Ah, ele está sim. 

 

Olho em volta suspirando pesadamente não vendo o "amigo" dele, o olho de novo e me levanto da mesa onde estava, vou até o caixa e pago a conta ali mesmo. Nunca mais volto nesse lugar, péssima clientela e atendimento demorado. 

 

Saio no vento frio de fim de tarde e olho para o fim da rua vendo o sol se pôr, os últimos raios alaranjados e um azul celeste dando lugar rapidamente ao azul escuro e algumas estrelas já brilham timidamente por um canto ou outro. Coloco minhas mãos nos bolsos da calça e não me importo muito com a criatura loira que entrelaça nossos braços, na verdade só o olho meio cansado de resistir. 

 

Ele não me parece ameaçador e se ele tentar alguma gracinha eu começo meu colar de presas com as dele. Afinal, sou um guerreiro forte e bem treinado, e acima de tudo sou um lobo poderoso o suficiente para acabar com ele facilmente.

 

_ E então? _ Ele sorri levemente por debaixo do chapéu preto estiloso e da gola do sobretudo que o protegem do sol. 

 

_ Não me irrita._ Resmungo começando a andar pela calçada em direção a minha casa, era isso que eu tinha que fazer quando meu pai falou pra "curtir a vida"? 

 

_ Não sei seu nome. _ Ele aperta o braço ao redor do meu, os olhos chocolates olhando em volta felizes. Ele é bem animado eu confesso, é fofo a forma que olha em volta alegre e se agarra no meu braço.  

 

_ . . ._ Suspiro olhando para a calçada e me perguntando o por que disso tudo. Por que eu tô levando esse doido para minha casa? Tô tão na seca assim? Não, mas a insistência dele ao longo desse mês inteiro me fez ter o mínimo de segurança perto dele, acho que a convivência com poucos vampiros da cidade está me fazendo baixar a guarda.

 

_ Não reclame se eu gemer um nome qualquer._ O olho carrancudo. _ Pode ser Kazuo? Acho a melodia desse nome bom. . . Kazuooo._ Me seguro para não rosnar para esse desnaturado. Como assim ele tá gemendo no meio da rua?! E um nome aleatório ainda por cima, vai que tem um Kazuo bem alí lendo jornal? 

 

Acho que vou abandoná-lo bem aqui mesmo.

 

_ Kai._ 

 

_ Kai também é bom. . ._ Ele me olha e sorri mostrando as presas finas. _ Kaaaaai!_ 

 

_ Não geme perto de mim em público._ Falo entre dentes enquanto minha voz sai mais rouca por causa de um rosnado.

 

_ A maioria gosta._ Ele se defende fazendo bico e eu me pergunto qual o tipo de pessoa que ele transa, por que pra maioria gostar de passar vergonha em público é preocupante.

 

_ Não sou a maioria, e não gosto._ Aviso já vendo a rua da minha casa. 

 

Olho para o céu de novo. Ótimo dia, por que não o estragar levando um vampiro para casa?

 

 


Notas Finais


Deixem suas teorias se esse relacionamento entre
Um Lobo e Um Vampiro, tem um futuro?

Obrigada por ler 😉
Obrigada por favoritar👌
Obrigada por comentar ❤
Obrigada muuuito obrigada😍

Um Parceria de Malika , Kagura Way e Elisha_Sky

Ps: Quem tá fazendo a releitura pode comentar de novo, se quiser.😍

Obs: Esse foi presente para @_Nightshadow_
Feliz aniversário flor❣️


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