História Luxury Lollipop - AU Sabriel Fanfic - X - Addiction

 Os pequenos raios de sol abriam espaço para dentro do quarto desorganizado dos Winchester. Sam que estava deitado sob seu colchão macio e aconchegante, esfregou os olhos, e tentou abri-los com sua normal serenidade e tranquilidade porém, ao tentar fazer o ato, sentiu uma martelada na cabeça, o que o deixou com uma expressão de dor na face.

 Aos poucos o moreno acostumou-se com o enorme clarão que vinha de fora e sentou-se ao pé da cama, levando suas mãos até os cabelos desgrenhados por conta do suor. Suspirou pesado tentando recordar de algo da noite anterior, coisa quase impossível por conta de sua enorme ressaca. 

 Sam encorajou-se a erguer-se de pé e caminhou lentamente sentindo o pesar do corpo dominá-lo por inteiro. Suas costas doíam bastante. O jovem havia reparado que no quarto, estava apenas ele, e se perguntava onde estavam Adam e Dean.

 Quando adentrou a cozinha sentiu seu estômago roncar alto e encarou o cheiro delicioso que exalava no ar. Na frente do fogão estabelecia-se o mais velho da casa preparando a primeira refeição do dia com total concentração.

 O mais alto puxou um dos bancos de madeira e sentou-se, deixando com que as mãos segurassem a cabeça. O jovem queria uma cartela enorme de aspirina, porém, seria algo muito traumatizador pois este possuía uma alergia por quase todos os remédios que ajudavam a melhorar uma ressaca gigantesca.

 - Que bicho te mordeu, cara? Acordado a essa hora. - comentou Sam vendo que o irmão não havia notado sua presença no cômodo.

 - Bom dia também bela adormecida! - sorriu com falsa animação, já a esta hora da manhã exalando seu habitual ironismo.

 - Bom dia minha bunda. - murmurou o maior com os olhos cerrados.

 - Parece que alguém acordou de mau humor. - brincou o menor rindo da desgraça do irmão.

 Dean desligou o fogo e levou até a mesa os pratos repletos de ovos com bacon, um pequeno pote com pães frescos e um bule com café forte e fresco. Retirou o avental de seu corpo que era amarelo com babados azuis, e tinha os dizeres 'Melhor cozinheira da casa' na frente. O mais velho bufou revirando os olhos e sentou-se junto ao irmão.

 - Como eu fui parar no meu quarto? Não consigo me recordar de nada. 

 Sam serviu-se com bastante café em uma xícara grande ao nível de tentar conter as dores de cabeça frequentes. Seus cabelos ainda estavam cheios de nós grossos e em seus olhos possuíam pequenas olheiras causadas pelo esgotamento de energias.

 - Pode me agradecer porque pode acreditar, te carregar até a cama foi a tarefa mais complicada. Lúcifer, Balthazar e eu éramos os únicos sóbrios, então nos ame eternamente. - argumentou Dean bebericando um pouco do café, logo revirando a cara numa careta, já que este não estava adoçado.

 - Certo, pelo menos me diga que Adam se divertiu um pouco. - dissera Sam mordendo um pedaço do pão crocante, - pão este da confeitaria Angels, que fora produzido pelas mãos delicadas e ousadas do brincalhão da família Novak.

 - Você não sabe o quanto. O garoto estava louco! - zombou o mais velho já gargalhando, sem se importar com o sofrimento que Sam estava passando

 Dean repassava as imagens pouco nítidas de sua mente enquanto carregava Adam no colo até o dormitório. O jovem loiro ria sem motivos e falava coisas estranhas enquanto enrolava de vez em quando a língua, soltando alguns palavrões.

 - Sua risada parece com o som de um papagaio engasgado. - ouviu-se uma terceira voz dentro do cômodo e logo trataram de encarar a porta. Lá estava Adam, com o cabelo bagunçado e os olhos cansados.

 - Beber não parece tão ruim, não é mesmo boneca? - brincou Dean rindo do irmão que sentava-se próximo à eles.

 - Seu senso de humor é esplendido, Dean. - revirou os olhos o loiro - Está feliz assim por quê? Provavelmente a noite foi boa.

 - Ah, maninho, você não sabe como. - os dois entregavam-se as risadas. 

 - Ainda não acredito que fiz aquilo. - disse Adam encarando seu café pasmo. O jovem até antes não havia recordado de nada, porém logo as memórias voltaram fresquinhas.

 - Adam é o tipo de bêbado que lembra das merdas que fez. - riu Dean bagunçando mais ainda os fios loiros do irmão, que ainda estava com a boca entreaberta assustado.

 - O que você fez de tão errado? Uhn? - questionou Sam entrando na conversa e encarando o irmão mais novo - Desde que você não tenha engravidado alguma menininha está tudo certo.

 O silêncio pairou-se no ar e as brincadeiras tiveram um fim. Sammy arregalou os olhos apavorados em direção a Adam que parecia estar perdido em seus próprios pensamentos. 

 - Não me diga que você fez aquilo? - perguntou boquiaberto Sam com um sorriso estranho no rosto, mas logo desapareceu ao pensar que alguém podia ter abusado de seu irmão - Porra, Adam, pelo menos usou camisinha?

 - O que?! Eu não fiz nada disso não seu podre! - Adam deixava o rosto esquentar a cada palavra emitida por Sam e sentia que estava vermelho até as orelhas.

 - Então o que você fez? - Dean perguntou com confusão presa na face.

 - Eu não  acredito que beijei ele. - disse Adam tentando esconder a cara cheia de vergonha contida.

 - VOCÊ BEIJOU O MIGUEL?! - Dean cuspiu o café que bebia e arregalou os olhos sorrindo loucamente - Puta merda, esse não nega que é meu irmão...

 Antes que pudesse terminar sua frase Adam abre a boca diversas vezes deixando-o em meio de pensamentos perdidos. - Não. - disse o jovem encarando as mãos trémulas.

 - Não o que? - perguntaram Sam e Dean agora mais próximos do loiro que estava quase encolhido na cadeira.

 - Eu não beijei ele.

 - Então que você beijou? Trepou? Pegou?!

 - Gadreel.

 - O garoto que você conheceu esses dias? - indagou Dean com os olhos esbanjados de surpresa. Adam apenas assentiu coma cabeça.

 Em sua mente parecia que tudo estava dando voltas. Adam sentia-se péssimo por mais que tivesse gostado do beijo e das sensações quentes e prazerosas que Gadreel havia lhe causado, porém por outro lado, ele também pensava que o mais novo amigo o achava um atrevido, e ele teria total razão disto.

 - Meu irmãozinho beijou alguém pela primeira vez. - Sam fingiu fazer uma cara fofa e Dean revirou os olhos, enquanto Adam lhe mandava o dedo do meio - Que momento lindo!

 - Para de viadagem, Sammy! - disse Dean retirando o café da mesa e o levando até a pia - Isso que dá andar com Gabriel!

 Ao escutar aquele nome, parece que todas as células de seu corpo decidiram dar uma volta em uma montanha russa gigante. Seus pelos ergueram-se e pareciam animados com aquela situação. O coração de Sam parecia um tambor de tão rápido que batia e os olhos pareciam uma televisão, que mostrava a ele tudo o que havia acontecido na noite passada, inclusive o beijo.

 - Sam, você está bem, cara? - perguntou Adam exalando preocupação com o irmão.

 - S-Sim, eu vou tomar meu banho, daqui a pouco temos aula. 

 Sammy cruzou o corredor com as pernas se batendo e trémulas. Suas recordações sobre noite eram longas e deliciosamente tentadoras. Seus anjos o avisaram - sim, ele é tão puro que têm dois anjos no ombro - que não deveria ter bebido e que não deveria ficar perto de Gabriel.

 O moreno entrou no box nu e deixou que a água deslizasse por todo o contorno de seu corpo definido e relaxou toda a tensão e estresse que sentia. Sam esfregou todo o seu corpo e lavou os cabelos longos. Após terminar seu banho por completo, tratou de vestir-se e colocar uma touca no cabelo por conta do pequeno frio que já residia do lado de fora de Stanford.

 Após todos da casa tomarem seus devidos banhos e aprontarem-se, saíram do dormitório e andaram calmamente até o corredor de salas. O coração de Sam batia descontrolavelmente e sentia uma turbulência no estômago. Agora teria aula de Direitos Sociais com Bartolomeu, que tivera uma noite mal dormida.

 Os jovens ficavam esperando o sino ser tocado sentados em um dos bancos de pedra e madeira que tinha próximo ao gramado de frente ao corredor. Adam sentiu que estava sendo observado e ao olhar para sua esquerda, notou Gadreel o encarando e logo em seguida o chamando.

 - Oi. - Adam aproximou-se envergonhado e sentiu as bochechas tomarem cor.

 - Oi. - retribuiu no mesmo gesto Gadreel, que parecia estar sem jeito com aquele clima.

 - Sobre ontem... Eu sei que você deve estar me achando um atrevido e eu sei que mereço, e quero que... - Adam parecia descontrolado com as palavras, fazendo com que Gadreel o puxasse para um beijo, nada grande, apenas um toque sensível nos lábios acolhedores.

 - Adam, se eu não quisesse ter feito aquilo, eu não teria feito. - Gadreel sorria ao ver que a face de Adam ruborizava cada vez mais que o mesmo se aproximava.

 - E-E-Eu nem sou experiente nesses assuntos, Gadreel. - o mais novo não conseguia retirar o tom avermelhado do rosto e aquilo o deixava mais constrangido ainda. Por outro lado, o Gadreel adorava suas reações, e as achava extremamente fofas.

 - Sabia que você tá me matando, Adam? Uhn? - sussurrou o moreno ao ouvido do menor que sentia as pernas ficarem bambas a cada aproximação.

 - E-Eu?

 - Uhum. Sabia também que eu quero beijar cada parte do seu rosto, loirinho? - Gadreel brincava com as palavras deixando Adam sem jeito.

 - Então por que não beija? - o loiro calou-se ao notar a que ponto sua ousadia havia chego. 

 Gadreel sorriu puxando o queixo de Adam para próximo do seu e unindo os dois em um envolvente e calorento beijo. O moreno deslizava uma das mãos livres pelo corpo do loiro que sorria entre o beijo. Quando os dois pensaram que a falta de ar acabaria, eis que surge um imprevisto, que acaba por afastá-los.

 - Que merda é essa? - a voz rouca de Miguel fora-se escutada e Adam sentiu seu coração bater mais forte ainda - VOCÊ TÁ FICANDO LOUCO?

 - O que quer dizer com isso? - Gadreel arqueou a sobrancelha recordando de quando o conhecera na biblioteca.

 - Você por acaso têm noção do que estava fazendo? - o mais velho dos Novak jorrava raiva dos olhos azuis e Adam começava a ficar assustado. 

 Miguel avançava para cima de Gadreel o empurrando com as mãos e com um olhar súbito de fúria. Os punhos estavam fechados e as veias saltavam para o alto. O rosto pálido do Novak começava a tomar uma tonalidade mais escura por conta da pressão que o ar exercia.

 - Você têm alguma coisa a ver com isso? - retrucou Gadreel enfrentando o moreno a sua frente.

 O limite de Miguel havia estourado e em pouco tempo já estava diferindo socos por toda a região facial de Gadreel que tentava defender-se. Os dois rolavam no chão entre os socos e chutes soltos. Gadreel conseguiu tomar o controle e socava o Novak que conseguia pegar quase todos os seus golpes.

 Em um movimento brusco, Miguel acertou Gadreel na boca de seu estômago, o que dificultou o ato de respirar. Adam que estava estético vendo a cena em sua frente, tomou coragem e segurou o braço do Novak, tentando parar com aquela briga ridícula. 

 - Seu imundo. Quem você acha que é pra se quer tocar nele?! - Miguel gritava liberando todo o estresse em socos no homem abaixo de seu corpo.

 - Que eu saiba, Adam não têm nenhum compromisso com ninguém! - indagou o moreno rosnando para o maior.

 - Miguel, pare com isso. - o loiro tentava retirar o moreno de cima do 'amigo' com certa dificuldade, já que este era mais forte que ele - Miguel, solta ele porra!

 Num gesto defensivo e rápido, Miguel deu um tapa na face esbranquiçada de Adam, que com o susto afastou-se colocando uma das mãos no canto da bochecha. Miguel parecia não ter notado o que fizera e continuou aos berros com Gadreel que ainda mantinha-se quase inteiro tentando enfrentá-lo.

 A briga já tinha chamado a atenção do campus inteiro, fazendo com que vários dos alunos fizessem uma roda em torno da confusão. Adam sentia-se apavorado pois nunca havia visto o amigo daquele jeito, tão transformado a ponto de querer espancar alguém.

 Adam sentiu uma mão em seu ombro e notou ser Gabriel, um dos Novaks, que observava a cena abismado e com um sorrisinho estúpido nos lábios. Logo quatro vultos escuros passaram entre a enorme aglomeração de pessoas e tornaram a segurar os dois.

 Lúcifer e Balthazar puxou Miguel segurando-o com uma força extra, já que este debatia-se firmemente nos braços do primo e do irmão mais novo. Sam e Adam tentavam conter a raiva crescida no corpo de Gadreel que tentava a todo custo soltar-se dos irmãos Winchesters.

 - Me soltem! Eu vou matar aquele verme! - Miguel rosnava com os olhos seguidos diretamente aos azuis de Gadreel.

 - Você acha que me batendo vai mudar algo entre Adam e eu? - o moreno sentia a raiva tornando-se evidente e este queria estrangular Miguel.

 - O que é isso no meu campus? 

 Um homem de terno negro - e provavelmente de marca cara - surgiu em meio do círculo. Ele tinha cabelos escuros, pele clara, olhos castanhos e uma altura de um metro e sessenta. Todos silenciaram-se, até mesmo os dois morenos que antes discutiam entre si. 

 - Crowley, não precisa se preocupar, já contemos os dois. - Dean tentou argumentar ao ver a face que Adam liberava. Imploração era evidente na face do loiro que estava assustado com tudo aquilo. Em sua mente a única coisa que passava era que os dois caras que ele gostava estavam brigando por sua causa.

 - Como não se preocupar, esquilo? Esses dois encrenqueiros estavam quase se matando aqui! - dissera o reitor aos berros, coisa que deixava qualquer um com as pernas no meio do rabo.

 - Mas reitor, veja pelo lado bom. Ninguém saiu morto. Tá, que teve algumas mutilações, machucados e cortes, mas nada demais. - tentou justificar o mais novo dos Novaks em uma tentativa falha de livrar o irmão da furada que se metera.

 - Calado, capetinha! - Crowley lhe mandou um olhar mortal que com os outros estudantes funcionava, porém não com ele.

 - Pra você é Lúcifer. 

 - Quero os dois na minha sala. Agora! - o reitor saiu em direção do círculo que fora aberto espaço por todos - O que ainda estão fazendo aqui?! Isso tá parecendo aquelas assembleias que dão comida de graça! Direto para suas salas!

 Num piscar de olhos os alunos fugiam do local correndo diretamente para suas salas. Os Novaks e os Winchesters estavam paralisados tentando compreender tudo aquilo. Dean abriu a boca para brigar com os dois, porém fora impedido por alguém que nunca esperaria ficar com raiva.

 - O que você estava pensando, Miguel? - Adam andava em sua direção com os olhos brilhando de decepção misturado com ira.

 - Ele estava te aga... - antes que o moreno pudesse se justificar, o loiro apontou para o seu rosto que ainda estava marcado e o fuzilou com os olhos cerrados.

 - Você estava tão descontrolado que fez isso, seu idiota! - Adam mordia os lábios tentando conter o distúrbio de emoções - E ele não estava me agarrando, que droga! 

 - Mas ele te beijou, Adam! Arg! - Miguel e Gadreel já estavam soltos dos braços dos amigos e se encaravam. 

 - Que eu saiba eu tenho o direito de beijar quem eu quiser, Miguel. - Adam o encarou com uma frieza que o moreno nunca havia visto antes - Eu realmente estou decepcionado com você. Eu podia esperar essa ação repulsiva de qualquer um, menos de você!

 O loiro virou-se saindo do local e tentando tirar de mente tudo o que tinha passado. Seu rosto ainda ardia pelo fato de quão força fora utilizada para marcar a área sensível.

 Gadreel e Miguel foram para a sala de Crowley que os recebeu com seu famoso sorriso cínico e teve uma longa conversa com os dois. O restante da família Novak e Winchester andavam em direção as suas respectivas salas, que eram da aula do loiro Bartolomeu. 

 Dean sentou-se ao lado de Castiel e sentiu suas mãos tremerem ao ver que o moreno o encarava por um tempo. Balthazar e Lúcifer estavam sentado a sua frente; o menor dos Novaks possuía o rosto fechado pelo fato de estar tão próximo ao primo - ou talvez não apenas por isso - e o grisalho mantinha um sorriso idiota preso nos lábios. 

 - Que cara emburrada é essa, Lúcifer? - perguntou Dean surgindo com seu ironismo - Parece que comeu e não gostou.

 - Provavelmente foi isso mesmo, mas aposto que a comida foi de boa qualidade. - respondeu Balthazar sorrindo vitorioso.

 - Não é porque eu tive uma recaída que eu vou voltar pros seus braços. - Lúcifer dissera totalmente irritado com o ex-namorado.

 - Olha, você disse isso quando a gente se pegou pela primeira vez, e olha no que deu. - o mais velho sorriu fingindo estar lixando as unhas.

 - Eu só posso ser otário por ter namorado com alguém tão ridículo. - o mais novo dos Novaks bateu na própria testa resmungando.

 - Por isso eu digo Dean, se for pra pegar o Cas, pega logo. - disse Balthazar revirando os olhos - Porque depois eles ficam muito fresquinhos.

 Ao ver o mais velho dos Winchesters sorrir correspondendo a brincadeira, Castiel pegou-se com as bochechas rosadas. Seu coração batia de forma acelerada e passivamente desorganizado, assim como seus pensamentos. 

 O moreno lembrava do que fizera. Lembrava de cada parte, afinal, como poderia esquecer de um beijo maravilhoso daqueles? Ainda lembrava dos toque firmes distribuídos pelas mãos grandes do mais velho. Lembrava dos sorrisos e dos chupões avassaladores que recebeu na noite anterior.

 - Castiel? - Dean o cutucava ao ver que a aula tinha dado um começo à algum tempo.

 - Sim, Dean? 

 A voz suave e o odor de hortelã fresco se misturavam, e pareciam agora um feitiço bem elaborado para com os olhos esmeraldas do loiro. Cada parte do moreno o fazia perfeito, cada pequeno detalhe o tornava cada vez mais maravilhoso, isso ele não conseguiria negar nunca. 

 - A aula começou, baixinho. - sorriu Dean entregando-lhe a lista de presença para o que estava ao seu lado, tendo levemente um contato direto com sua pele, e distribuindo todo o calor de seu corpo naquela área.

 - A-Ah obrigado.

 A aula passou-se lentamente e constantemente chata como o esperado. Bartolomeu não parecia satisfeito vendo que o mais novo dos Winchesters estava desatento o tempo inteiro. Provavelmente pensando em como Gadreel estava.

 Sammy e Gabriel estavam sentados em uma das cadeiras no fundo da sala por conta da exceção de lugares que restaram ao entrarem. Os dois tiveram que divir o livro do moreno pois o loiro havia molhando os seus. Gabriel martelava seu subconsciente com isso.

 O Novak recordava, e muito bem do que acontecera na noite anterior. Seu corpo se chocando com o do maior era algo atraente, como se ele fosse um metal, e Sam, um imã. As carnes se batiam com frequência e os dois não podiam negar que a sensação era prazerosa.

 - Sam, eu uhn, queria saber se posso estudar com você hoje? - Gabriel sentiu a voz e o coração vacilar quando soltou a pergunta. O loiro não entendia porque não estava conseguindo usar seu sarcasmo original quando estava tão perto do moreno Winchester.

 - E-Estudar? 

 - É, o ato de aprender ou rever alguma coisa da matéria ensinada. - zombou o menor rindo baixinho vendo o que causara no mais velho. De repente todo aquele fogo habitual voltou para seu corpo por completo. 

 - Ah, quero dizer, pode sim. - respondeu o moreno totalmente corado, ato este que não passou despercebido pelo loiro.

 Depois de horas dentro daquela sala fria e quieta, sendo apenas escutada a voz estridente do professor Bartolomeu, enfim batera o sino para irem embora. Pelo fato de ser domingo as aulas de revisão não eram tão longas e ultra duradouras quanto as normais.

 Aos poucos os alunos saíam do local sem pressa. Sam guardava seu material dentro da mochila quando sentiu seu corpo ser chocado com o de alguém, que tratou de cair por cima deste. A jovem era leve, tinha pele clara e cabelos castanhos escuros bonitos.

 - Oh mil desculpas, sou distraída. - a menina levantou-se totalmente corada e ajeitou os cabelos. 

 - Não foi nada, acontece sempre. - Sam respondeu rindo de leve e entregando os materiais da jovem - Sou Sam.

 - Meu nome é Ruby. - a menina disse estendendo a mão esquerda.

 Gabriel apenas observava a cena inteira sentindo algo dentro de si crescer. Coisa que nunca ocorrera antes. Parecia que haviam um zilhão de linhos dentro de si que davam enormes nós ao ver Sam e a garota denominada Ruby.

 - Grahan. - tossiu forçado para os dois e logo viu Sam virar-se para ele.

 - Oh, este é Gabriel. Gabe esta é Ruby. - o moreno os apresentou e a menina sorriu acolhedora estendendo a mão para este, que apenas assentiu sorrindo falso. 

 - Sam, seus irmãos estão te esperando na confeitaria. - disse apenas isso e saiu bufando irritado de perto dos novos amiguinhos. 

 Sam notando a irritação do loiro coçou a nuca nervoso. Ruby parecia ter notado que o clima tinha esquentado e decidiu se despedir do mais novo colega de classe com um de seus abraços de urso.

 - Bom, tenho que encontrar minha namorada. - disse sorrindo e os olhos de Sam arregalaram-se devagar, porém logo tratou de disfarçar.

 - Oh, eu também tenho que ir, como Gabriel disse, meus irmãos me esperam. - o moreno sorriu amigavelmente - Até mais ver, Ruby.

 - Até mais, Sam.

 Em um dos corredores do terceiro andar de Stanford, encontrava-se Bartolomeu caminhando lentamente, quando em uma das salas, cujo era a enfermaria, o chamou atenção.

 Um moreno de olhos azuis estava sentado sobre uma das macas com os olhos fechados, provavelmente por conta da dor que sentia. O loiro ergueu a sobrancelha esquerda sem compreender porque seu 'namorado' estava ali e principalmente, o porque daquele estado.

 Em passos delicados o mais velho adentrou o cômodo e fechou a porta lentamente, tentando evitar fazer barulhos. Gadreel encarava os próprios pés ainda pensativo. Parecia que alguns dos acontecimentos atuais estavam deixando-o confusos até demais.

 - Gadreel? - ouviu-se a voz grossa do loiro, fazendo com que este erguesse a cabeça em sua direção.

 - Oi, Bart. - seu um sorriso singelo e fraco por causa do ferimento longo que tinha próximo aos lábios. 

 - Meu Deus, o que aconteceu com você? Confusões de novo? - Bartolomeu deixou de lado toda a raiva que sentia do menor e tocou seu rosto suavemente.

 - Quase isso. - o moreno riu sem graça e sentiu a pele formigar no local tocado pelo professor.

 - Vamos cuidar disso. - Bartolomeu abriu uma caixa de equipamentos e devagar passou as pomadas necessárias na face do jovem, que fazia caretas dolorosas.

 - Bartolomeu...

 - Sim, Gadreel? - o loiro prestava atenção em cada curativo feito e tentava ao máximo não machucar o amado.

 - Eu queria que soubesse que Adam e eu não estamos namorando. - murmurou quase que para si Gadreel, deixando um olhar confuso em Bartolomeu.

 - E por que disse que eram? Não tente culpar a bebida pois eu sei o quão tolerante você é com álcool. - o professor sorriu de canto e Gadreel mordeu os lábios o fitando.

 - E-Eu queria te p-provocar e deixar você com c-ciúmes. - o moreno explicou-se sentindo o rosto esquentar, e com certeza não era culpa do calor, já que fazia frio agora.

 - Por que hein, Gadreel? Por que queria causar ciúmes em mim? - Bartolomeu sabia o porque mas gostava de ouvir as palavras saírem da boca do menor. 

 - P-Porque eu pensava que assim você demonstraria que gosta de mim. - sua voz saiu fraca e Bartolomeu soltou uma risadinha suave e gostosa de se escutar.

 - Não era necessário fazer isso, Gadreel. Aquela cena toda apenas me irritou e acabei por cometer atos impensados. - o loiro recordou-se do soco que havia acertado no menor noite anterior.

 - Eu só queria saber se você realmente gostava de mim. - Gadreel balançou os pés disfarçando a vergonha e o nervosismo que sentia.

 - Não é transparente o que eu sinto por você? - o loiro acariciou com a ponta dos dedos a face delicada de Gadreel enquanto sorria.

 - Parece que você nem se quer se importa com a nossa relação. 

 - Pare de falar besteiras, Gadreel, você sabe que meus sentimentos são fortes por você. - Bartolomeu sentia-se desconfortável em falar sobre aquilo, já que faziam anos que não sentia algo parecido.

 - São fortes, uhn? Mais o quão fortes? Bartolomeu, eu tenho tantas perguntas sem respostas. - Gadreel suspirou mas logo sentiu seu corpo tremer quando viu o loiro aproximar seus rostos.

 O roçar dos lábios teve início e os dois encostavam os narizes de leve. Gadreel sentia-se bem por mais que os ferimentos doessem, afinal, o que o amor não cura? O moreno nunca havia dito para o mais velho, mas o que sentia por ele, havia deixado de ser uma simples atração carnal à muito tempo atrás.

 - São tão fortes quanto o próprio bater do meu coração, Gadreel, são tão fortes quanto a pressão que sinto dentro de mim todas as vezes que olho diretamente nos teus olhos. - Bartolomeu mordiscou os lábios do menor que tentava controlar a respiração. O loiro gostava de provocá-lo e estava conseguindo.

 - As vezes parece que você não se importa comigo, Bartolomeu.

 - Pois eu me importo sim, Gadreel. - O loiro uniu suas mãos com as do moreno e sorriu para ele.

 - Verdade? 

 - Me importo tanto com você, que se o ar me faltasse provavelmente nem notaria. - dissera e assim juntou seus lábios nos do menor que retribuiu o beijo num ato surpreso e maravilhoso. 

 O gosto dos lábios macios de Bartolomeu puxavam para uma mistura de mel com morango e isso causava arrepios no moreno. As mãos de Gadreel subiram até a nuca de Bartolomeu, ajudando-o a concentrar-se mais no beijo. Ele queria que aquilo nunca acabasse, porque de certa forma, para ambos, o amor que sentiam era como se estivesse no Inferno e no Paraíso ao mesmo tempo.