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História Luz dos meus olhos. ( Jikook ) - Capítulo 4


Escrita por: LinaJikook

Capítulo 4 - Capítulo 4


Fanfic / Fanfiction Luz dos meus olhos. ( Jikook ) - Capítulo 4

Reaprendendo a viver.

Chegando na casa do meu pai, sou levado ao meu antigo quarto, onde me deito pra pensar na vida, criar novos planos, novas metas.

A primeira decisão que tomo é não permitir que as limitações visuais me impeçam de seguir em frente.

A segunda é deixar o coração de lado, usar mais a razão; durante toda minha vida ouvi o meu coração e no final das contas, estou só.

A Terceira e última, é lutar para me adaptar sem me sentir um coitadinho. Vou me permitir chorar, sim, mas não será pra sempre, afinal, sou humano, quem em uma situação, como a que estou vivendo, suportaria sem chorar ou se lamentar?

Meu pai, após um longo tempo, retorna ao meu quarto.

— Eu já falei com Kai sobre a sua decisão — meu pai diz parecendo feliz — Ele disse que hoje mesmo  irá pesquisar sobre a escola que você sugeriu.

— Quanto antes, melhor! — digo — Eu não pretendo ficar deitado nessa cama o dia inteiro, vem, me ensina a andar neste quarto...

Meu pai segura em meus braços, me dando apoio para me levantar. Começamos a caminhar, na direção da porta, estou contando os passos enquanto o meu pai me diz sobre as coisas que há no caminho em que eu posso tropeçar ou esbarrar. Agora caminhamos de volta para a cama.

Repetimos o trajeto algumas vezes, no final eu quis fazer sozinho.

O meu pai aplaude a cada conquista minha. Sinceramente,  eu sentia falta disso, de ser amado de verdade. Só agora, neste  instante, eu percebi que me iludi a minha vida inteira, amando sozinho. A minha família sempre me alertou sobre isso, mas eu acreditava que ele poderia mudar.

Agora, somente agora, eu percebo que ninguém muda, somos exatamente quem somos, nos moldamos para caber em certos lugares ou situações, para caber em algo. Mudança é algo gradativo, mas a sua essência sempre vai estar ali. O seu verdadeiro “Eu” nunca vai deixar de existir.

— Agora descansa, meu filho! — meu pai me deixa voltar sozinho pra cama — Eu tenho tanto orgulho da sua força de vontade! — o meu pai me abraça emocionado — Daqui a pouco eu venho pra te ajudar com o banho — meu pai dá dois tapinhas na minha mão e se levanta — Vou pedir pra prepararem o seu almoço.

Assim que meu pai sai do quarto, tento me lembrar do quarto que passei a maior parte da minha vida.

Me levanto, ando com os braços estendidos com medo de esbarrar em algo. Encontro a escrivaninha, vou  usando a minha memória para achar o closet.  Sorrio satisfeito quando o encontro. Pego a primeira roupa que encontrei. Acho a gaveta de cuecas, pego uma. Volto para a cama a usando como ponto de partida. Caminho para outra direção onde encontro o banheiro. Comemoro sorrindo.

Entro no box após retirar as roupas que coloco sobre o sanitário. Tomo  banho tateando as paredes para achar o sabonete e o shampoo. No final do banho acho a toalha no lugar de sempre. Pego a roupa que deixei no balcão da pia. Vestir as roupas foi mais complicado.

Me enrolo na toalha e vou até a cama com as roupas nas mãos. Me sento pra vestir a cueca, a calça de moletom. A camisa eu coloquei errada, tirei os braços e virei na direção certa.

Estava secando os cabelos quando o meu pai entrou no quarto.

— Você conseguiu tomar banho sozinho? — a voz do meu pai demonstra surpresa — Como conseguiu achar as roupas?

— Eu vivi grande parte da minha vida neste quarto, pai — respondo me sentindo feliz por minha conquista — Só usei a memória. Não foi fácil, mas eu consegui.

— Sim, você conseguiu! — o meu pai torna a me abraçar — Não sei como você consegue ser tão forte...

— Logo que recebi a notícia, eu passei por um psicólogo — digo — Ele teve uma conversa sincera comigo durante um longo tempo. O que ele me disse, eu guardei e resolvi colocar em prática.

— O que ele te disse? — meu pai me pergunta sentando-se ao meu lado.

— Justamente aquilo que eu te disse no carro — Sorrio — “ Eu tenho duas opções: Chorar e me lamentar a vida inteira, ou lutar para viver da melhor maneira possível.” Eu optei por viver...

— Ótima escolha! — meu pai toca na minha perna —  Mas você  também pode chorar e se lamentar, afinal não é fácil passar por tudo isso, só não pode desistir!

— Eu sei que posso, tanto que faço isso! — digo — Só não me permito chorar muito.

Meu pai me ajuda na hora do almoço, logo me deitei para dormir um pouco, afinal o meu dia foi cansativo.

Acordo com o barulho da porta abrindo.

— Jimin? — ouço a voz do meu irmão — Eu consegui te matricular na escola que você pediu.

— Obrigado! — bato no colchão ao meu lado para ele se sentar — Quando começo?

— Amanhã. Eu falei com o pai que eu fico responsável por você — Kai fala esfregando as minhas costas num carinho tão bom — Eu te levo todos os dias, pela manhã e de tarde vou para a empresa.

— Não vai te atrapalhar?— pergunto — Posso pedir ao motorista para fazer isso...

— Não vai me atrapalhar em nada — o Kai responde imediatamente me passando segurança — Esse momento é o mais importante para estarmos juntos. Eu te amo e jamais te deixaria sozinho... Você faria o mesmo por mim, eu sei que sim.

Kai me abraça, ouço ele fungando durante o abraço e noto que é a primeira vez que o ouço chorar. Faço um carinho em seus cabelos e o abraço bem apertado.

— O pai me contou que você andou sozinho pelo quarto — Kai diz com a voz embargada — Que também tomou banho sozinho... Você é muito esforçado, estamos muito orgulhosos de você!

Sinto um beijo na bochecha, e sorrio.

No dia seguinte, Kai entra em meu quarto, escolhe uma roupa pra mim. Eu me visto após o banho e descemos juntos para o café da manhã.

— Quando chegarmos em casa eu te ligo para contar como foi — Kai diz ao nosso pai — Eu preciso ver direitinho como serão as aulas e o material que ele irá precisar.

— Me liga sim — meu pai diz — mas quando eu chegar quero saber de todos os detalhes.

Saímos de casa, e o Kai me ajuda a entrar no carro. Fomos por todo o caminho em silêncio. Estamos muito ansiosos.

Chegamos na escola, o Kai segura no meu braço me ajudando a entrar.

— Bom dia. Eu liguei ontem para matricular o meu irmão, Park Jimin! — Kai diz ao chegarmos no balcão — A  primeira aula dele está agendada com o professor Kim Seokjin.

— Segue esse corredor, fuca na última porta, sala dezessete — uma mulher diz — Os alunos logo chegarão.

— Obrigado! — Kai diz e seguimos andando até chegar na sala — Bom dia, esse aqui é meu irmão Park Jimin, hoje é seu primeiro dia de aula.

— Prazer, sou  o professor. Podem me chamar de Seokjin — o professor segura minha mão — O seu acompanhante pode assistir a aula se você permitir.

— Sim, eu permito — digo soltando o braço do meu irmão — Você quer ficar Kai?

— Claro! — Kai responde imediatamente — Aonde eu me sento?

Logo estou sentado numa cadeira escolar, ouvindo algumas pessoas chegando, barulho de cadeiras sendo arrastadas, algumas vozes misturadas.

— Hoje temos um novo aluno. O nome dele é Park Jimin — ouço o professor falar — Nós o ajudaremos a ser independente, a ler e escrever em braile. Serão três alunos por professor. Caso você não se sinta confortável com algo ou alguém, a informação deve ser passada imediatamente para o seu acompanhante.

Durante toda a aula Seokjin conversa comigo. Comecei a usar o braile, por eu dizer que sou escritor, logo fomos levados para uma outra sala.

— Aqui é a nossa cozinha. Cada aluno fará sozinho o seu lanche. Como hoje é o seu primeiro dia, vou te ajudar a reconhecer os alimentos. Você vai usar os seus outros sentidos. Nesse momento, você irá usar o tato e o olfato — Seokjin me leva até a pia para lavar as mãos — Você vai tocar nos alimentos para identificá-los.

Toquei na bandeja que estava à minha frente.

— Morango — digo apalpando a fruta e sentindo o seu cheiro — Leite, pão... Isso aqui eu não sei... Acho que é queijo.

— Muito bem! — Seokjin me aplaude em incentivo — Agora você vai precisar preparar seu sanduíche e o que irá beber, será quando você usará a sua audição para saber a quantidade de leite que colocará no copo. Como eu disse antes, hoje eu te ajudarei.

Com muita dificuldade, eu consegui fazer o meu sanduíche e a minha bebida. Estamos usando um avental para proteger a roupa, ainda bem, eu acabei derrubando um pouco de suco, mas me senti orgulhoso por essa conquista.

Voltamos para a sala de aula para aprender mais algumas letras. Hoje foram as vogais. Eu consegui reconhecer no primeiro dia.

— Olha, estou impressionado com você! — Seokjin diz enquanto caminha comigo — Logo você será independente, só relaxa, não preciso correr tanto. Crie um ritmo de aprendizado.

Seguro no braço do meu irmão, identifiquei por causa do perfume. Aprendi hoje a usar meus outros sentidos. Eu não havia percebido que eu tentava ver ao invés de ouvir ou usar meus outros sentidos.

Seokjin nos acompanha até a lojinha na própria escola.

— Essas são as coisas que ele irá precisar — Seokjin diz entregando alguma coisas nas mãos do meu irmão — A cada semana iremos focar em alguma coisa diferente. Essa semana, ele irá aprender o braile, e a preparar alimentos simples.

— Obrigado, eu gostei muito de acompanhar tudo! — o Kai diz emocionado — Eu fico muito orgulhoso de ver o seu empenho.

— Sim, Jimin é muito esforçado — Seokjin diz me abraçando — Vamos inserir também essa semana o convívio social. Vamos colocar alguns alunos dividindo a carteira. Cada dia será um, que no final da semana o aluno irá escolher com qual ele sentiu mais afinidade.

Essa parte, eu confesso que não gostei muito. Vou aceitar por ser parte da aula.

— Até amanhã, Jimin! — Seokjin me abraça novamente.

— Até amanhã — digo caminhando com o meu da irmão que parece muito satisfeito.

— Você foi muito bem! — Kai diz orgulhoso — Confesso que tive que me segurar pra não te ajudar a fazer o seu lanche.

— Eu imagino! — digo sorrindo — Você sempre foi muito protetor.

Chegamos em casa. Eu vou descansar enquanto Kai conversa com o pai pelo telefone.



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