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História Luz sobre Tormenta - A Carta do Beija-Flor


Escrita por: prudencia

Notas do Autor


Boa leitura nenéns ❤

Capítulo 9 - A Carta do Beija-Flor


Fanfic / Fanfiction Luz sobre Tormenta - A Carta do Beija-Flor

Junto com o céu noturnal, que estava por acabar-se, também se ia a chance de Severus de passar um sono tranquilo. O mestre de poções estava a horas vagando em círculos por seus aposentos. Tal fato se sucedeu de um pesadelo do qual ele demorara para sair, se existisse um inferno, ele seria sentenciado a reviver aquela cena repetidas vezes, das mechas despedaçadas sobre o chão, a bochecha amassada pelo piso em que caíra, e os olhos para sempre sem vida.

Seu cérebro era consumido pela mágoa da qual ele não conseguia livrar-se, e decerto, não parecia querer fazer tal coisa.

Pois os que bailam no caos, sobre os cacos da alma, melando-os com o sangue dos seus pés, não conhecem outra maneira de viver. O trágico se torna o comum, o breu externo adentra a áurea, e faz pensar-se que aquela é a única maneira. Já não se consegue mais encarar a luz, porque ela queima, arde, as sombras impregnadas nos poros negam-se a partir, e quando ameaçadas, escavam o cerne e buscam penalizá-lo. Nada cicatriza, e o sol no fim da caverna mais espanta do que convida. O escuro acolhe, e o findar é uma certeza, todavia, é lento e quase imperceptível, transmitindo uma falsa ideia de paz.

 

E quando por fim, os primeiros raios alaranjados rasgaram o tecido escuro da noite, uma coruja marrom atravessou as nuvens que naquela manhã estavam aparentando a textura de algodões, ela voou diretamente para a janela de Cassandra, bicando o vidro de maneira ritmada, cortando parte do sono da professora, que delongou sua saída da cama, e rastejou para atender a ave de penas eriçadas.

– Bom dia – falou de maneira vagarosa e rouca ao abrir a janela, então passou a olhar o sol nascendo – Para você também.

Mas, toda aquela sonolência que fadava seu corpo foi arrebatada, pois ela reconheceria aquele envelope grosso e amarelado em qualquer situação. E teve ainda mais certeza, quando ao arrancar a carta de dentro, e desdobrá-la, pode ver, desenhado acima das escritas, um beija-flor, o peito de Cassandra encheu-se de ar no mesmo instante que um sorriso tomou seu rosto, e então começou a ler, cada letra escrita com tinta preta.

Minha filha,

Sua despedida não fora como deveria ser, e peço que me perdoe por isso, pois no início, não aprovei sua decisão em partir, o que agora reconheço que foi um erro vergonhoso, pois a criamos para ser livre, como as aves, deixei que meu medo me dominasse, mas eu deveria saber que Guaraci vive em você, e que irá protege-la nessa sua nova jornada. Fique feliz, minha menina.

Che rohayhu.

Pajé Abaeté.

Amuleto pressionou a carta contra seu peito, deixando espalhar-se por ela tal forte energia, preenchendo-a por inteiro, como se pudesse sentir cada prece correr por suas veias dando vida ao seu coração, mas fora interrompida, pois a coruja ainda estava no batente da janela a fitando.

– Devo ter algo para você, vem! – rumou para fora dos seus aposentos, e como era esperado, sua bandeja de café da manhã já estava posta na escrivaninha, ela tirou um generoso pedaço de pão e entregou a coruja que alçou voo contente pela janela cujo entrou.

Ainda em posse da carta, uma ideia raiou em sua mente, uma ideia que foi temida por ela assim que se apresentou em seu cérebro, a incerteza circulava por seus pensamentos enquanto caminhava para sua varinha, que ela havia deixando na segunda gaveta da escrivaninha, ao segurá-la, questionou-se múltiplas vezes se estaria preparada para lidar com a provável frustração.

Aquela insegurança parecia ridícula, meneou bruscamente a cabeça, e sentindo a textura do papel ainda em seus dedos, ela ergueu a varinha para o sul da sala e recitou as palavras:

– Expecto Patronum! – a varinha vibrou, e dela saiu apenas uma fagulha prateada, e nada além disso.

Seu coração que palpitava de empolgação pareceu murchar, assim como seu semblante.

– É mais comum do que imagina... – ouviu uma voz agradável.

Transferiu o olhar para a direção, e lá estava Dumbledore, parado no portal da porta entreaberta.

– Eu não estava com altas expectativas – tentou sorrir, mas os cantos da boca não se elevaram.

– E eu não a julgaria se estivesse... – ela lhe deu a permissão para entrar com um aceno de cabeça – Passou-se algum tempo.

Como todos que adentravam aquele lugar, Dumbledore passou a observar o teto, algumas criaturas que lá viviam ainda estavam adormecidas, portanto, o habitual som de pássaros brincando com pétalas e sementes não estava presente.

– Mas, ainda há esperança – ela falou com resquícios de melancolia, olhando para sua varinha.

– Para todos nós, Cassandra... – ele caminhava pela sala, com as mãos atrás do corpo – Até para os que parecem não a querer.

Ela sabia de quem ele falava.

– Dumbledore... – os olhos de jabuticaba se firmaram no diretor, que não parava de xeretar a sala – Qual foi o motivo real de ter me colocado com ele?

O velho sorriu, como se ela tivesse acabado de perguntar porque o céu é azul.

– Ah... As pessoas sempre buscam um motivo para as coisas, porém as vezes, elas apenas são – olhou-a por cima dos óculos de meia-lua – Não procure profundidade em tudo, ou então, ficará exausta.

Ela assentiu, e o silêncio entrou pela porta da frente, e deu uma longa vagada, antes do diretor falar novamente.

– Mas, ao contrário dessa outra questão. Minha vinda tem um motivo, acabaram-se as mangas, recorda-se?

Amuleto mudou de expressão, suas esferas negras brilharam quando a fala do velho causou-lhe um risada soprada. Ela assentiu, ergueu o dedo para que ele a esperasse, e foi para seus aposentos, dando-lhe mais tempo para espiar as aves que já despertavam, havia um ninho não muito distante sendo construído. Logo ela voltou, tendo uma tigela amarela em mãos, e passou para ele, que demonstrou gratidão com palavras breves e foi caminhando com suas vestes azuis para fora.


Era raro caminhar pelos corredores quando a sineta tocava e não esbarrar em alguém, ombros estavam sempre se encontrando, braços se chocando, principalmente quando uma serpente dava-se de cara com um leão, a rivalidade de grifinória e sonserina permaneceria por séculos, todavia, quando uma capa negra era vista, mesmo que as lonjuras, nenhum estudante seria tolo de se quer apropinquar-se dele, que mantinha uma carranca irredutível que era tão costumeira quando os cabelos cobrindo as bochechas magras.

Raramente outro professor impunha tal efeito em seus alunos, a que poderia mais sofrer com tal fato seria Amuleto já que era uma recém-chegada, porém um grupo majoritário em Hogwarts havia a tomado como uma professora adorável e competente, de forma que a mesma nunca precisou chamar a atenção de nenhum aluno, pois na maioria das vezes eles estavam boquiabertos com as novidades que ela trazia, para falarem outra coisa. Todavia, sempre há os que escolhem ir contra a maré, e era tal grupo que se encontrava em um dos amplos corredores, a risos soltos.

– Eu passei minha tarde de sábado inteira escrevendo sobre a origem das caiporas – falava com desdém – A coisa mais idiota que já li.

– Ela não está seguindo os livros de magizoologia – observou uma garota aos cochichos – Talvez nas terras de onde ela veio tudo isso seja útil mas, isto não nos servirá para coisa alguma – meneou a cabeça negativamente.

– Já viram a sala dela? É uma piada! – comentou o que estava encostado na parede.

– Tive que ir no banheiro depois, porque meu cabelo estava cheio de sementes – reclamou uma garota, com o lábio retorcido.

O grupo arrependeu-se de não ter parado naquele infeliz comentário, pois a leste deles, aproximava-se, com um copo de café na mão, a que era alvo das falações, que já estivera atenta aos mexericos enquanto caminhava.

– Fico curioso, ela ensina Trato das Criaturas Mágicas ou Herbologia? – os seus colegas teriam rido se atrás dele, a própria não estivesse, pela primeira vez com um expressão antipática.

– Eu leciono Trato das Criaturas Mágicas, sr. Orwell – ela respondeu, e o tal rapaz endureceu no mesmo instante, com uma palidez tomando conta do seu rosto – Mas, tenho altas qualificações também para Herbologia, e posso ensiná-las tanto em inglês, como português, espanhol e guarani – ela olhava para cada um que estava presente na roda que se formara para caçoá-la – Vire-se.

O menino mantivera os ombros encolhidos, e parecendo uma estátua sendo girada, ficou cara a cara com Cassandra, que ao invés de fria e enfurecida, esboçava um sorriso irônico no rosto.

– Pretendem perguntar mais alguma coisa, ou... Preferem ir para suas aulas? – ela arqueou as sobrancelhas emitindo um ‘’hum?’’, e todos eles apressaram-se em retirada.

Ela subiu o queixo, e tomou um gole do seu café, até que a imagem dos adolescentes correndo fora substituída pela do mestre de poções que acabara de sair de um dos corredores à direita, sua vista enquadrou-se nele, pois percebia que ele ia começar a falar.

– O que ainda faz aqui? – questionou ele, e a expressão dela mudou para duas sobrancelhas enrugadas.

– Estava indo para a sala de duelos... – cogitou mentalmente a possibilidade de ter errado o caminho.

– Então se apresse! – falou de modo insípido, passou por ela, indo na direção contrária.

Mais cedo, na sala dos professores, enquanto Cassandra tentava fugir das investidas de Sibila em querer proferir o destino da nova professora, Minerva McGonagall foi a porta-voz do diretor para informar a todos que o Ministério enviaria um membro para fiscalizar o funcionamento da escola após a guerra. Mas, a maioria já adivinhara que tal fiscalização dava-se pelo retorno de Dumbledore. Graças a Hagrid, Amuleto soube que, após a batalha que acometera o castelo, o Ministério tem se mostrado visivelmente a favor de frequentes demonstrações de duelos, estavam eles, interessados em pôr o maior número de estudantes na carreira de auror, o guarda-caça nomeava isto como ‘’efeito colateral da incompetência deles anos atrás’’.

Quando entrou na sala, passeou com os olhos rapidamente para conferir se o tal membro havia chegado, e ao visualizar apenas rostos familiares, ela constou orgulhosa que não havia se atrasado desta vez. Os professores estavam acomodados em cadeiras acolchoadas ao canto esquerdo da sala, quando a avistaram, Lupin e Hagrid ergueram os braços e apontaram para a cadeira vazia entre eles, que ela não custou a ocupar.

– Cassandra.. – cumprimentou Hagrid, ele mantinha as duas mãos apoiadas nas pernas.

Lupin, segurou a mão dela, e depositou um beijo no dorso coberto pela luva azul.

Ressaltou-se o som de numerosas pisadas, e logo uma remessa de alunos de ambas as quatro casas atravessaram a porta, com cenhos franzidos ou semblantes entediados, atrás deles, estavam Dumbledore, McGonagall e Snape.

– Fizeram isto ano passado? – perguntou Cassandra a Hagrid.

– Não, apenas nos dois primeiros anos – respondeu ele, tentando falar o mais baixo possível, ela assentiu.

Três homens, todos de sobretudo preto se postaram ao lado do diretor e dos dois professores. E dali começaram um diálogo que não parecia nada agradável para nenhum deles.

– Não era só um? – questionou a Hagrid, e meio-gigante soltou uma lufada de ar.

– Pelo visto, estão levando essa demonstração a sério  – disse Lupin, por fim.

Dos três homens, apenas um se encaminhou a plataforma de madeira que ocupava boa parte da sala, os estudantes amontoados ao centro, foram todos afastando-se conforme o homem caminhava.

– É do conhecimento de vocês, que o Ministério pede uma frequente visita, para garantir que tudo está indo conforme deveria ir... – as bochechas flácidas dele, balançavam-se enquanto ele falava, subiu a escadinha que dava para a plataforma, e tendo os braços atrás do corpo ele prosseguiu, falando empolado demais de forma que Cassandra, mesmo com a prática diária em inglês tivesse dificuldades para compreender.

Mesmo assim, ela entendeu que eles fariam demonstrações de feitiços defensivos, e depois solicitariam alguns alunos para repetirem tal coisa. O modo pomposo do membro do Ministério, que tentava tornar complicado as coisas mais simples, por meio de palavras requintadas e medir com uma desnecessária minuciosidade os movimentos que se fazia com uma varinha, fez Cassandra retorcer diversas vezes o nariz, ela definitivamente não era adepta da sutileza.

Os outros dois estavam ao lado de McGonagall, Snape e Dumbledore. Ela percebeu certa aversão nas expressões por parte dos enviados pelo Ministério para com Snape, o que tinha cabelos dourados chegava até a sorrir com os comentários que o parceiro estaria a fazer em seu ouvido, isso deixou Amuleto irritada, ela odiava atitudes como esta.

– Senhor Cavalori, por favor – chamou o velho em cima da plataforma, e o loiro se moveu para lá, ele tinha um ar soberbo detestável – Dumbledore, alguns dos seus professores poderia acompanhar-nos nessa demonstração?

Ela ouviu Lupin pigarrear do seu lado, o diretor até então calado, arqueou as sobrancelhas, a expressão dele gritava um ‘’é sério isso?’’. Ele direcionou os olhos a Snape, que ao contrário do diretor, não apresentava quaisquer expressões, Amuleto notou que ele não estava de capa, e se perguntou se ele já esperava a situação que se encontravam, pois não se demorou.

Cavalori estava de costas para os professores sentados, mas pelo movimentar dos seus ombros, ela soube que estava a estufar o peito, ele se quer olhou para Snape, sua atenção foi para os estudantes, ‘’observem’’, disse ele com certa arrogância.

Os acontecimentos seguintes, foram velozes. Ambos os duelistas deram as costas um para o outro, e em seguida passos à frente, um lampejo de luz emergiu-se, e em menos de três segundos Cavalori estava no chão.


Notas Finais


informações:
"che rohayhu" é eu te amo em guarani

confiram uma das fanfics que eu mais amo nesse Spirit: https://www.spiritfanfiction.com/historia/labirinto-10075000

Não vão se arrepender ❤


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