1. Spirit Fanfics >
  2. Maçã Ruim >
  3. Só até a chuva passar. - Parte 2.

História Maçã Ruim - Só até a chuva passar. - Parte 2.


Escrita por: HeyMaxi

Notas do Autor


*(Tô fazendo contabilidade, pra que? não sei! pq? pq mandaram fazer pra me dar um emprego) * kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk* um capítulo de Maçã*

Capítulo 5 - Só até a chuva passar. - Parte 2.


Fanfic / Fanfiction Maçã Ruim - Só até a chuva passar. - Parte 2.

Seus dedos dos pés fugiram do cobertor. O frio lhe fez cócegas, e gelou até a unha. Acordou no sofá, em uma manhã de tempo de chuva, onde dava pra ouvir o som da água varrendo as calçadas, seus olhos abertos não viram um raiozinho de sol sequer, as janelas estavam cinzentas e embaçadas, não parecia que a chuva fizera algum intervalo. O cheiro de chão molhado vinha da rua, e era gostoso, lhe dava a liberdade de puxar o cobertor grosso até o pescoço, encolher as pernas, e querer dormir um pouquinho mais, ouvindo a água cadente como canção de ninar.

Chovia, de fato, as gotas surrando o telhado não o deixavam mentir. Mas tinha um chiado diferente no ar, de olhos fechados, agarrando-se ao restinho de ressaca de sono, conseguia diferenciar gotas de chuva que caem, e gotas de óleo que fritam.

Chuva, sofá, travesseiro macio, cobertor quentinho, e cheiro de ovos fritos, pela manhã.

Mas, se hoje é seu primeiro dia morando sozinho, quem haveria de preparar o desjejum se não o próprio Baekhyun?

Chutou a coberta até ela se amontoar em seus pés, o expondo ao ar gelado, separou os fios bagunçados do travesseiro, pisou no chão frio, e levantou fazendo careta ranzinza e coçando o bumbum a caminho da cozinha até parar de pinicar e estar satisfeito.

Seguiu a farra da frigideira, até encontrar Park Chanyeol, cozinhando em sua casa, pela manhã. Os ingredientes estavam espalhados pelas  bancadas, com vegetais cortados, presunto enroladinhos dentro dos pães, uma jarra de suco, uma xícara quente de café, duas opções de frutas fatiadas, iogurte, geleia, pão integral, biscoitos, e os ovos fritando. A casa havia ganhado um novo dono. A visão era estranha demais para seus olhos sonolentos assimilarem, o cantor Chanyeol, mundialmente famoso, salgando ovos em sua cozinha, pisando descalço em seu chão mal varrido, descontraído como se fosse o mais novo inquilino da residência, e usando sua calça de moletom. Logo a cinza, a que Baekhyun mais ama na vida.

Qual era a pegadinha? O que estava rolando ali? Para qual lado Baekhyun devia olhar e sorrir para as câmeras?

  — Você cozinha? – era uma, das dezenas de perguntas que tinha pra fazer. Talvez não a mais sensata.

— Bom dia pra você também. Como gosta dos ovos?

— Quando não são feitos por um estranho que tomou conta da minha casa. Quem deixou você usar minhas roupas, e mexer na minha cozinha?

Ranzinza, ele.

Chanyeol o encarou com desdém, como se Baekhyun fosse diferente dos ovos, sem sal e sem graça.

— Ih, Alá, você sempre acorda de mau humor assim ou o que?

— Você vai responder alguma pergunta ou o que?

— Eu acordei primeiro, e estava fazendo frio, eu precisava de algo mais confortável, e abri seu guarda-roupa, e eu quis comer, tá legal? O que você queria, que eu ficasse com fome? Não pode me trancar no quarto com pouca comida e água como se eu fosse um cachorrinho – ele levou os dedos até o joelho, esfregando-o com uma careta dolorida. – E qual é o problema com a escada, heim?

Aparentemente, caiu mais uma vez.

— E aí você fez um banquete matinal? – Baekhyun cruzou os braços, e se se encostou ao batente da entrada da cozinha. Encarando Chanyeol, esperando ele por as unhas de fora e contar logo suas intenções. Uma hora ele teria de dizer o porquê de estar ali, e tão à vontade. Via tudo como uma ironia sem tamanho da parte dele. Uma afronta.

— Café da manhã, para dois, voilá.

Chanyeol puxou uma cadeira, e se sentou à mesa, com os joelhos bem separados e as costas bem descansadas no encosto. Desfrutando de tudo o que havia preparado. Enquanto Baekhyun se mantinha de pé, fuzilando-o com o olhar. Até fazê-lo parar de mastigar, e questioná-lo:

— O meu namorado não vai se sentar comigo pra tomar café?

Namorado. Era a segunda vez que o chamava assim, lembrava-se perfeitamente de ter ouvido isso dele ontem, igualmente sarcástico. Procurava nele a aura glamourosa de artista que via em cima do palco, e não encontrava nada, nenhuma maquiagem, ou o cabelo arrumado milimetricamente, ou as roupas estilosas e expressões sedutoras, seus olhos não eram falsamente verdes naquele momento, e reparou que os piercings que usava, eram falsos, não tinham marcas na pele dele, não de piercing, mas como todo observador, o garoto notou uma pequena cicatriz embaixo do lado direito de seu maxilar. Chanyeol parecia só um cara normal que acordou cedo demais numa manhã de chuva e não fazia ideia do que fazer o resto do dia. Baekhyun é essa pessoa, o outro é um cantor pra lá de famoso, isso não combina com ele. Namorado, como odiava cada sílaba que formava essa palavra, que sai tão carregada da boca dele.

— Eu não sou seu namorado… — disse Baekhyun.

— Não é? Mas não é exatamente isso que as fotos dizem? Você viu as fotos? Elas não mentem.

 

— Ok... Então tá bom. Já entendi o teatrinho todo, vai ficar fazendo cena, comendo a minha comida, usando minhas roupas, pelo visto, você é um mala. Mas por que a gente não pula essa parte e você me processa logo e vai embora, hã? Acabou, a casa caiu pra mim, você me encontrou, vamos resolver logo isso.

Chanyeol parou de mastigar, e o encarou com um olhar julgador, parando todos os movimentos, deixando a torrada pender no ar ameaçando entrar na boca entreaberta, com dentes prontos para abocanhá-la. Ele tinha a faca e o queijo na mão, não literalmente, porque a faca e o queijo estavam na mesa, mesmo assim, isso quer dizer que podia soltar os cachorros em cima de Baekhyun a qualquer momento, e o garoto esperava por isso. Mas o Park desfez a pose intimidadora, fez cara de cansado, e tentou dar um “chega pra lá” no assunto.

— Mala? Mano, na boa... Eu só tô com fome, só isso. Senta aí, e come. Eu hein...

 

Baekhyun não entendia, se ele estava ali tirando sarro de sua cara, esperando vê-lo tremer na base e se ajoelhar implorando por perdão, ou se realmente só continuava na casa pra filar a boia e encher a barriga. Por que enquanto pensava em um milhão de possibilidades de argumentar caso iniciem uma discussão, Chanyeol não parava de comer.

— Assim, jogo limpo, na real, você me odeia, certo?

E dessa vez o Park se irritou, soltou um palavrão sem som, o convenceu com uma única reação de que só queria mesmo tomar café e não assassinar alguém. Tanto que chegou a apanhar uma faca sem ponta, mas somente para raspar na manteiga e espalhar na fatia de pão.

 — Seguinte. Senta. E come. E depois eu respondo qualquer coisa que você me perguntar.

Sobrava desconfiança, o garoto puxou a cadeira, e passou somente uma perna para frente, sentou somente um lado do bumbum, uma perna dentro, outra fora. Arrastou a outra perna para dentro, devagar, juntando-se a ele na mesa, mas com uma distância segura entre o assento e as pernas do móvel, pra ter espaço de levantar e reagir, caso o pior aconteça. Isso enquanto não tirava os olhos do indivíduo que estava processando o resto de migalhas na boca, de pão com café, fazendo barulho molhado e tudo, ainda falou enquanto mastigava, Park Chanyeol come de boca aberta e ainda fala mastigando.

— Me passa o patê, aí. – apontou com a faca.

Patê? Até ele, Baekhyun, é fresco o suficiente para não comer patê, mas pelo visto, o Idol famoso cheio de fãs e milhões na conta bancária não. Comeu a primeira, depois a segunda torrada com patê, e ainda lambeu o dedão no fim da terceira.

— Como você me achou?

Chanyeol bateu as mãos, limpando as palmas, passou o dedo nos cantos da boca, a língua nos lábios, e amoleceu ainda mais o corpo na cadeira, descendo as costas, e espalhando as pernas mais para dentro, quase deitado, satisfeito. Mas pela diferença de altura, diante da postura quase formal do garoto, os dois mantinham os olhos no mesmo nível.  

— Eu sabia muito bem quem tinha tirado aquela foto, e pra você saber, tem vídeos das câmeras de segurança do ginásio com você correndo pelos corredores, igual um doido num manicômio, se juntou todo mundo na sala de segurança pra rir disso. Você trabalhou com a minha equipe por um dia, e eles tinham seus documentos, foi só pegar seus dados escondido, e fazer umas buscas no google e pouco a pouco, fui te descobrindo até chegar no seu endereço, se bem que a minha empresa podia abrir uma investigação policial e fazer todo esse trabalho por mim, mas eu preferi agir sozinho e descobrir por conta própria, eu vi seu canal no youtube, é sério que você tem dois dedos do pé do mesmo tamanho ou aquilo é montagem?

— Não te interessa.

— Enfim, agora eu tô aqui.

— E o que você quer?

— Nada. - Chanyeol deu de ombros.

E de tão confuso, Baekhyun ficava impaciente por ter suas questões mal respondidas, e se Park Chanyeol não tinha pensamentos agressivos, ele quem começaria a ter.

— Aaah, mas vai rolar um assassinato aqui... Como “nada”, criatura? Nada o que? Fez esse CSI todinho, aí, pra nada? Dormiu na minha casa por nada, tá acabando com as minhas compras do mês por esporte? Veio só dizer “Oi, você é o carinha que tá espalhando rumores falsos sobre mim na internet, né? Prazer”?

— Inclusive, Park Chanyeol, prazer. – e ele teve a audácia de se apresentar, como se fosse indelicado demais conversar com quem não sabe seu nome. Mas quem não sabe seu nome?

Baekhyun não tinha palavras e expressões para usar diante disso, não sabia como reagir, estava sendo levado ao limite do ódio humano, nunca na vida, ninguém tirou uma tão grande com a sua cara dessa forma.

— Ou, eu tô tão puto a ponto de perder todo movimento do meu corpo, ou de tão paciente eu virei um Buda, porque esse joguinho já me deu vontade de te esganar.

E o Idol riu. Chanyeol riu, ele estava rindo de sua raiva.

— Tu é dramático demais, sabia? Na boa, não tô fazendo joguinho, sério. Eu não vim te processar, nem te pedir pra acabar com os rumores e nem nada desse tipo.

Aquilo foi quase uma decepção, de tanta expectativa que tinha em ser odiado pelo cantor e xingado até sua próxima geração. Percebeu que toda a sua raiva era, de fato, totalmente desnecessária. Estava se irritando por nada, Baekhyun estava sendo muito gelo pra dois dedos de água. Seus olhos piscaram, desacreditado, e a chuva entrou na conversa, aproveitando que, finalmente, ele havia se calado.

Park Chanyeol, aparentemente, pegou mesmo no sono totalmente sem querer, e agora estava ali somente para matar a fome. Não tinha joguinho, ele não escondia nada, pelo visto ele é mesmo daqueles que frita ovos, faz café, lambe os dedos e come fazendo barulho. Ele só estava sendo Park Chanyeol, fora dos palcos.

— Quê?

— É... Tipo, eu quero que você continue fazendo o que começou,  sendo meu namorado. Eu não sei se você viu, mas, eu confirmei isso pra um jornal esses dias. Você devia estar feliz...

E, devagar, os dois começaram a soltar as palavras lentamente, arrastadas, prolongando as sílabas, passo a passo, paciente, como quem explica uma tarefa difícil a uma criança, até que ela chegue sozinha a uma conclusão. Era assim que discutiam o assunto agora:

— Eu vi, mas achei que fosse pegadinha sua. Mas, vem cá, e o que você ganha com isso?

— Um namorado?

— E quem seria o namorado?

— Você?

— E quem disse que eu quero ser seu namorado?

Bingo. Eureca, na mosca. Era esse o ponto.

Chanyeol piscou os olhos, repetidas vezes.

— Ué, mas qual é o fã que não iria querer namorar o ídolo?

E Baekhyun puxou a risada lá do fundo da garganta, alta, forçada, abrindo a boca para o teto e tudo, ele tem o talento de soltar risadas irônicas como ninguém, e fazer as pessoas se sentirem ingênuas demais, e idiotas demais, assim como Chanyeol se sentia agora, sem nem saber por quê.

— Engraçado, você.

— Você não é meu fã? – perguntou, totalmente sem graça.

— Cara, você não me conhece. Eu? Fã de alguém? – seu dedo indicador balançou freneticamente na frente de seu rosto – Não, não, não, não, não... Não. Nops, never. Sem chances... Eu prefiro o outro lado da moeda, se é que me entende.

— Pera, então, por que você fez aquilo tudo?

 

E aí, Baekhyun percebeu, que ele não sabia nada de suas intenções, a mesa e todas as coisas do café espalhadas nela tornaram-se um tabuleiro de xadrez, onde, de cada lado, eles escondiam suas jogadas. Notou que estava no mesmo nível que Chanyeol, ambos não entendiam os interesses um do outro a respeito do assunto.

— Pra ter fama, é claro. – admitiu, com um sorriso largo, exibido, de dentes da frente tortinhos, e levemente desproporcionais. Sua parte coelho.

 — Mas... Eu vi as coisas no seu quarto... – lhe dava gosto ver, pela primeira vez, Park Chanyeol perdido, confuso, sem saber onde se meteu, encarando a parte de seu plano que saiu dos trilhos.

— Parte do processo, eu tenho meus métodos.

E, para o gosto do garoto, o cantor se ajeitou na cadeira, pigarreando, tentando se posicionar na conversa. Agora, sim, entendia, o quanto Byun Baekhyun é o vilão da história. Fechou suas mãos em cima da mesa, entrelaçando os dedos, o joelho ralado pela provável queda na escada hoje cedo começou a tremer. Estava pensativo, e o garoto a sua frente procurava entender o que ele tanto tricotava de forma tão concentrada. O primeiro sinal, foi quando ele parou de tremer, e levantou o rosto com um sorriso vitorioso, um mal sinal para Baekhyun, inclusive.

— Seguinte… -Disse Chanyeol.

— Lá vem...

— Vamos fazer um trato.

— Ah, pronto... E eu pensando que você ia levantar e ir embora logo. Isso não acaba nunca? – Baekhyun derreteu na cadeira, afundando o corpo no vácuo entre os móveis, sendo engolindo para baixo da mesa, deitando o pescoço no encosto do assento, encarando o teto, impaciente.

— Eu te ajudo a ter fama, te coloco no meio do entretenimento, faço você se tornar uma figura pública num piscar de olhos. Com tantos fãs quanto eu, e em troca, você vira meu namorado.

Baekhyun voltou para a conversa como se tivesse sido arrancado da cadeira, descolando as costas e se lançando quase para cima do cantor.

— O que? Primeiro você já tá errado. Essa coisa de falar essa palavra com N, não vai rolar. Não fala essa palavra perto de mim, principalmente se referindo a mim, combinado? Cara, que tipo de pessoa encalhada você é? Tem tanta gente lá fora querendo casar com você.

— Não precisa ser de verdade, é só fingir. E qual o problema? Você já começou, agora é só levar a diante...

— É, só que ter meu falso namorado dentro da minha casa não estava nos meus planos. Eu quero namorar um Idol famoso, sem namorar um Idol famoso. Sacou? A ideia é essa. Você quem tá complicando tudo.

— E você acha que assim vai conseguir muita coisa? Do que adianta se tudo o que você vai ter é uma única foto comigo, e quando eu for aos eventos desacompanhado? E começar a postar somente fotos minhas nas redes sociais, e principalmente, nunca falar de você? Nosso “namoro” vai voltar a ser segredo, e você vai continuar sendo um desconhecido, e não vai passar de “O namorado do Park Chanyeol” e nada mais, e nem mesmo isso você é. Acredite, garoto, você não vai conseguir ir muito longe – Baekhyun começava a refletir, e acompanhar seu raciocínio, e o pior, a concordar com eles. Estava atento, ouvindo tudo – Mas... Com a minha ajuda, você pode se tornar uma estrela, eu vou conseguir trabalhos significativos pra você por baixo dos panos, enquanto você sorri, acena, e posa pra foto como meu namorado. É pegar ou largar...

— Eu não confio em você, quem garante que não vai só me usar?

— Um momento...

 Chanyeol desdobrou seus joelhos para fora da mesa, e subiu até o quarto, tomando muito cuidado com o que causou sua queda e pela primeira vez notando a anatomia deficiente da escada. Dentro de sua calça que trocou por uma mais confortável, estava seu celular, com o qual ele voltou para a cozinha, já apoiado na orelha, no meio de uma chamada.

...Então, eu queria saber se você ainda está no processo de seleção do cast para aquele sua mini-série que você vai dirigir. É que, eu tenho alguém pra te indicar, na verdade, isso é sobre aquele favor que você me deve. Quem é? Bom...” E nessa hora ele olhou Baekhyun, pedindo uma confirmação. “Se você tiver na cerimônia de premiação semana que vem, eu posso apresentar vocês dois, vou estar acompanhado, ele é...” E a questão ficou em aberto, os dois na mesa se encarando, Chanyeol esperando por uma confirmação dele, ainda de boca aberta, com a resposta na ponta da língua...

— Sou seu namorado.

É meu namorado.”

 

...

 

 

 

Baekhyun não sabia ao certo o que tinha ganhado naquele dia, um chantagista, um namorado ou um diarista. Depois de ter comido muito pouco, com gosto de desconfiança, viu Park Chanyeol fazer questão de retirar a mesa, e lavar a louça.

Quem se sente tão confortável na presença de alguém que acabou de conhecer, a ponto de esfregar a esponja nos copos assobiando?

Ele estava tranquilo com a situação, e o garoto separou aqueles minutos de descanso pós-café da manhã para estudá-lo.  A regata preta deixava seus braços pálidos à mostra, que trabalhavam esfregando a ponta de um garfo, como um joalheiro polindo um anel de ouro branco, sua calça era mais curta nele, mal chegava ao tornozelo, e mesmo que a chuva não desse descanso com sua canção fora de sintonia, dava pra reconhecer a melodia nos lábios de Chanyeol, ele estava assobiando uma de suas composições, e era a única coisa que aproximava a imagem que via da estrela dos palcos, pensava e repensava aquela diferença de várias formas, uma delas, era que, muitas e muitas camadas de maquiagem viessem carregadas de personalidade vocal e dedos talentosos para solos de guitarra, ou como se nos minutos antes de entrar no palco, ele virasse um ator, e incorporasse um personagem que sabe dançar como se suas pernas não pesassem, ou, quem sabe, Park Chanyeol, o homem do show, fosse apenas uma casca, uma roupa vazia, que ele vestia antes de entrar no palco e gritar pra multidão pular e cantar junto a ele. Pois, o que via ali, colado a pia, não parecia uma estrela mundialmente famosa. Qual Idol bate na porta de sua casa, dorme em sua cama, cozinha de sua comida, e ainda lava a louça, sem nem ao menos se oferecer, ou perguntar se deve, sem sombra de caprichos, de nariz em pé, de egocentrismo, numa casa simples, de uma rua escondida em um bairro modesto?

E mais estranho ainda, era que Chanyeol não o tratava como o vilão, como a pessoa que tentou se aproveitar dele com mentiras para ser notado, parecia ignorar essa sua parte mau caráter, como se Baekhyun não fosse uma maçã com um lado podre. Das duas, uma, ou ele era bonzinho demais, ou também era uma maçã igualmente ruim. Afinal, fingir um namoro para que?

Decidiu ajudá-lo enxugando a louça, em silêncio, afastado de sua estatura, temendo encostar em um de  seus braços, enquanto ele esfregava as últimas panelas do jantar de ontem. Começaria as perguntas assim que ele desligasse a torneira. Só que, no momento em que os pratos foram empilhados, e abriu a gaveta para guardá-los, mas não conseguiu erguer o braço o suficiente para empurrar a pilha para dentro, Chanyeol resolveu o ajudar. E fez o que não devia. Visto que estava na ponta dos pés e nem assim conseguia alcançar, ele se aproximou e se posicionou por trás, uma mão indo até a louça, e a empurrando para dentro do armário, a outra, buscando equilíbrio, segurando bem na sua cintura. E por ter o corpo esticado, a blusa de Baekhyun estava levantada, então, os dedos do Park entraram em contato direto com a pele de seu quadril. Sentiu o corpo todo arrepiar na mesma hora, como se desse um sinal de alerta vermelho. Sentia na região tocada a textura engelhada da ponta de seus dedos, por conta do tempo de contato com a água, a pele estava fria, e o leve deslizar eriçava os pelos em suas pernas, a sensação fez sua respiração dar um salto, e travar, como num soluço, o ar fugiu para dentro do peito e ali ficou, a pele flácida cheia de dobras atiçava a sua ao deslizar próxima do osso, o arrepiou, foi um toque rápido, um leve dançar de dedos, em busca de apoio, que lhe enviou uma explosão de sensações por cada membro do corpo, o fez se encolher todo, e saltar para longe. Naquele momento, percebeu o poder mortal que o cantor tinha na ponta dos dedos, dali em diante, Chanyeol virou o inimigo.

 

 Chanyeol olhou curioso para o garoto que parecia ter tomado um choque elétrico, e estava se distanciando, andando de costas, com olhos  assustados, quase chegando a considerar aquilo como pânico. Quando parecia que estavam se entendendo e compartilhando uma atividade juntos, o garoto mudou de postura, subiu as escadas, e voltou com suas roupas nos braços, lhe entregando seu casaco, máscara, boné, e suas calças, tinha de equilibrar tudo enquanto era empurrado nas costas até a saída, de um minuto para outro, Baekhyun o estava expulsando, sem mais nem menos, sem lhe dar explicações ou um motivo coerente, sem mesmo deixá-lo terminar de enxaguar as panelas.

— É melhor você ir embora, a gente já fez o acordo, eu vou te passar meu número, e te ligo depois.

— Que? Mas eu não posso ir embora assim, tá chovendo!

— Não tá nada, a chuva já diminuiu bastante, olha só:

Baekhyun passou na frente e abriu a porta, e como se o vento tivesse atrás dela, fazendo força, uma lufada forte e gelada se deslocou para dentro e quase desfez suas tranças, a água começou a entrar encharcando o tapete da entrada, a chuva estava grossa, tão forte que a água descia em cascata das telhas, e formava uma correnteza descendo a rua e sendo sugada pelo bueiro. Estava caindo um pé d’água.

Recebeu um olhar julgador,  que não o deixava discutir, permaneceriam juntos ali por um bom tempo.

 

...

 

 

O garoto que mora na casa de dois andares daquela rua é estranho. E Chanyeol já tinha certeza disso, vendo que estava mantendo distância, se escondendo, criando barreiras entre os dois. Literalmente. Ele virou um dos sofás de lugar, ao contrário, e construiu um forte de travesseiros na frente, colocou uma panela na cabeça, e lhe apontava uma arma de brinquedo enorme, carregada de dardos de plástico.  Espreitava com a pontinha da cabeça para observar o inimigo, provavelmente de joelhos no sofá, Baekhyun transformou a sala num cenário de guerra, como se estivesse escondido em uma trincheira feita de acolchoados e travesseiros.

E ele era o alvo, só que fazia questão de permanecer parado, com os dois pés em cima do sofá oposto, fugindo do chão gelado, na mira, encarando toda aquela encenação.

— Cara, na moral, tu é muito dramático… — disse chanyeol.

— Calado, é melhor você responder corretamente todas as perguntas, ou eu atiro.

— Lá vem...

E Baekhyun puxou o gatilho, acertando seu pescoço com uma munição plastificada. — Resposta errada!

—  Que? Como assim?!

— Por que você não me odeia?

— Eu não tenho motivos...

Tomou mais um tiro, dessa vez teve tempo de encolher o corpo, e foi acertado no ombro. — Errado de novo.

— Ai! Essa merda dói, sabia?

— Qual o meu nome?

—Byun Baekhyun...

 O garoto se posicionou para disparar novamente, pondo a arma rente a um dos olhos, fechando o outro, mirando como um fuzileiro profissional, Chanyeol se encolheu todo, esperando pelo impacto, mas o garoto se espantou com a resposta antes de puxar o gatilho.

— Peraí, você sabe?

— Ué, eu disse que sabia sobre você. É o que tá no seu documento.

Ele ajeitou a panela na cabeça, o lado solto de seu cabelo escapando por baixo e quase cobrindo seu olho, estava impressionado, mas longe de abaixar a arma.

— Quantos anos eu tenho?

— Dezoito, cara, eu sei essas coisas, tá? Pelo menos o básico eu tenho de saber sobre o meu namorado.

E recebeu mais um tiro, tendo reflexo o suficiente para desviar o rosto.

— Eu não sou seu namorado. E eu já disse pra não usar essa palavra.

— Cara, qual o seu problema com isso? Sei lá, você me agarrou no dia do show, depois soltou a foto na internet dizendo que é meu namorado, você gosta de homem, né?

E o tiro saiu sem nem pensar duas vezes, pelo menos dava pra prever e defender com as mãos, mas ainda doía.

— Você tem certeza que quer ter essa conversa com um cara armado?

— Sei lá, tu é gay?

Bang!. Bem no ponto fraco de Baekhyun, e bem no meio de sua testa também, aquilo só podia ser feito de um plástico muito duro, doía pra cacete.

— Para com essa porra! Isso dói!

— É o seguinte, Park Chanyeol... Nas próximas horas em que continuar chovendo e você estiver nessa casa, teremos regras.

— Era só o que faltava...

— Regra número um, você não pode me tocar. Regra número dois, você deve ficar à dez metros de distância de mim.

— Quê? Tá doido? Essa sala não tem dez metros.

— Então vai pra cozinha, eu disse dez metros, regra é regra. Obedeça.

— Ou o que?

Já sabia o que, por isso já estava preparado, pegou o travesseiro do sofá e colocou na frente do corpo, usando de escudo contra a chuva de disparos em sua direção. Foram muitos, até ouvir somente o estalar seco do gatilho de plástico, sem munição alguma. O Garoto olhou para a arma, constatando que não funcionava, e vendo toda a munição caída no tapete.

— Tempo! – gritou, formando um “T” com as mãos, pedindo trégua, mas ao perceber que o inimigo olhava para o chão, decidido a agir, não pensou duas vezes, saltou por cima do sofá deixando o capacete protetor (a panela) cair da cabeça e mergulhou no chão, catando os dardos de plástico espalhados pela sala, começando uma disputa para ver quem conseguia apanhar mais projéteis, porém o cantor foi ainda mais rápido, e com os braços maiores fisgou uma quantidade maior de balas de mentira, na tentativa de desarmá-lo.

Levantaram do chão, Chanyeol de mãos cheias, e Baekhyun recarregando. Voltou à posição de atirador, quase impotente por saber estar na desvantagem de pouca munição, quando o inimigo tentou se aproximar.

— Qual é o teu problema?

—Digamos que eu sou um pouco... – engoliu em seco, temendo admitir – Sensível...

— Você chora?

—Não, sua anta. Eu fico estranho, quando... Tocam em mim.

— Tá zoando... Isso é sério? Ninguém pode encostar em você?

— Não é encostar – ele parecia um filhote encurralado atrás daquela mira. – Tem diferenças, é que tem alguns toques que são... Diferentes... E, não sei, tem pessoas que, são diferentes também, e você é uma delas, então, longe, fique bem longe.

 Queria testar, para saber até onde aquilo era verdade, e até onde era drama e exagero. Com certeza, dez metros era muito exagero. Por isso, deu um passo, não mais que isso, parando para ver a mudança, e nada. Deu outro passo, devagar, calculado, e viu o garoto ajeitar a arma na mão. Arrastou o pé mais para frente, sem sair do canto, depois levou o corpo até lá, ficando mais perto, a poucos passos, e como resultado Baekhyun preparou o tiro. Queria saber se havia mesmo uma linha no qual não devia cruzar, então esticou um dos braços, aproximando a mão, quando fez mais um movimento para frente, recebeu um disparo na barriga, já acostumado a dor, nem sequer se moveu, encarando o quão sem noção aquilo parecia, enquanto tomava outro disparo, e outro, e outro, e outro, enquanto permanecesse dentro da área limite, ou até ele ficar novamente sem munição.

Park Chanyeol, sendo baleado, tinha um namorado no qual não podia chamar de tal forma, e nem chegar perto. Aquilo, definitivamente, não estava em seus planos.

...

 

Não tinha muita opção além de esperar o garoto baixar a guarda, ajeitar o sofá, e ficarem um de frente para o outro até que ambos caíssem no silêncio. E, de sofás opostos, analisou o garoto perdido em seus pensamentos, navegando em seu próprio mundo, desatento, e vulnerável ao seu olhar inspecionador. Ele era jovem, doido, e aparentemente não é muito bom em falar baixo. E doido, estranhamente, fica bem de bermudas, porque suas pernas são curtas, seu estilo de cabelo chamava sua atenção, é diferente, mas o rosto, não aparenta dezoito, assim como a voz, principalmente quando grita, e tão doido. Será que ele sabia falar sério? As coisas com ele são sempre tão cheias de drama, esperava sentar, conversar, tratar dos assuntos como se fossem homens de negócio, acertar os detalhes, e virarem parceiros, e cúmplices, mas, ao invés disso, encontrou um garoto que grita, corre, faz careta, bico, arregala os olhos, e ganhou uma chuva de tiros de plástico só por ter tocado nele sem más intenções.

Há um baú em seu quarto, muito provavelmente o brinquedo veio de lá, ele brinca com brinquedos?

Que espécie de falso namorado ele é?

Leite, a resposta era leite.

Foi até a cozinha, e para acompanhar a chuva fria, esquentou uma panela de leite, e preparou duas xícaras de bebida quente, para agradar, talvez desfazer toda aquela armadura espinhenta que o garoto montou para entrar em modo defensivo. Parou no meio da sala, com as duas xícaras nas mãos, esperando uma confirmação para invadir a linha imaginária que os distanciava. Meio relutante, desconfiado, Baekhyun aceitou, e esticou o braço para pegar o que ele oferecia, sorrindo, simpático.

Ainda não satisfeito ao ver que o silêncio perdurava, e que Baekhyun estava indisposto a quebrá-lo, Chanyeol voltou a andar pela casa. Subiu novamente as escadas, quase caiu mais uma vez no degrau e por pouco não derramou seu leite, fez caminho até o quarto, em busca do baú de brinquedos, poucos deles estavam intactos, soldados de plástico mutilados, sem braços, pernas, ou cabeça, um vestido de princesa, espelhos de plástico e maquiagem velha, bonecas, uma bola de basquete, seu conteúdo era meio de menina, meio de menino, pelo menos o que via superficialmente, talvez ele dividisse aquilo com a irmã, ou talvez fosse uma princesa nas horas vagas, e pela fina camada de poeira no jogo de damas, o baú já não era aberto com frequência.

E na sala, só a chuva, o vento frio e um Baekhyun calado, calçando meias grossas nos pés, sentado no chão, com uma xícara de leite quente e fumegando do lado, apoiando as costas no sofá.

— Eu trouxe Damas, e um baralho.

— Odeio damas... – Não sabia até quando aquele ar de mal encarado iria continuar, até então só vira dois lados do garoto, um que grita, e esse que quase rosna enquanto calça os pés.

— E baralho?

— Qual é a tua, hein?

Chanyeol suspirou, e sentou bem na frente dele, colocando o jogo de damas entre os dois, sabendo que aquele brinquedo de madeira não era suficiente pra defendê-lo de um chute, é que, naquela posição, seria muito fácil para o garoto chutar, e esperava um chute, por estar tão perto. Mas, naquele momento, foi como se tivesse ganhado o privilégio da resposta. Baekhyun esperava que dissesse algo, com olhos ameaçadores, hostis, de fato, ele sabia falar sério também. Suspirou mais uma vez e desfez a simpatia, se desarmou, antes de distribuir as cartas do baralho em cima da peça de madeira, e só respondeu quando o jogo começou:

— A gente tem que se dar bem, só isso...

— Por quê?

— Porque você é meu falso namorado, cara. Você concordou, eu vou fazer de você alguém famoso, se você for meu namorado de mentira. E eu preciso que você faça isso direito.

— Por quê?

— Pra onde foram seus pais? – aquilo de desviar das perguntas com outras perguntas ainda se mantinha entre eles, do mesmo jeito que jogavam as cartas, escondendo suas mãos, seus números, as formas, o jeito que se livravam delas no meio do jogo, uma encobrindo a outra, era como cortavam o assunto, cada um com seus próprios interesses, e suas próprias desconfianças, buscando um no outro as informações que convém, mas cautelosos a dar algo em troca. – Por que saíram tão de repente?

— Bati...

— Bateu neles?

— Bati no jogo, anta. Presta a atenção. Para de perguntar o que não te interessa.

 Chanyeol já absorvia aquela grosseria com lábios esticados em sorrisos no canto da boca e soprados pelo nariz, e seguia o jogo, sem pressa alguma, como se entendesse que era a primeira vez que se viam, e como se tivesse todo o tempo do mundo para cimentar aquela relação.

Paciência, muita, até. Como se a chuva fosse durar para sempre.

— Baek...

— Quê? Do que me chamou?

— Baek... De Baekhyun, é mais fácil de pronunciar, posso te chamar assim?

— Você tá mesmo tentando, não é?

—Eu tô, não é possível que você me odeie. É estranho, o seu quarto tem a minha cara por todo lado, você tira uma foto comigo e diz que tá me namorando, e quando chego aqui sou recebido dessa forma?

— Eu já expliquei esse lance do quarto... E é a minha vez, você já pegou duas cartas. Devolve uma pra baixo do baralho, fica aí falando, falando, e não presta atenção no jogo.

— Eu achei que ia encontrar um fã, que ia enlouquecer quando me visse. E que eu nem ia precisar chantagear.

— Você ia me chantagear? – Baekhyun riu, debochando.

— Eu ia ameaçar contar pros seus pais, se você não aceitasse ser meu falso namorado, mas, mal cheguei a vê-los.

— Foram embora... Foi melhor assim, não gosto de ninguém me atrapalhando.

— Você quer ser famoso, e é do tipo que tira os obstáculos da frente sem um pingo de remorso? Isso é perigoso. Não seja essa pessoa...

— Não é bem assim, foi triste pra mim, tá legal? Eu não sou insensível. Você não me conhece...

— Ainda...

— Nem vai. Não se continuar respondendo minhas perguntas com outras perguntas.

— Nessa brincadeira eu já tô aqui há quase vinte e quatro horas, então tá tudo certo.

— É só até a chuva passar, eu já disse.

— Meu namorado está tentando me expulsar a todo custo, isso é triste. Não acha?

— Se você me chamar de namorado de novo eu vou jogar esse leite quente na sua cara.

— Por que você não quer me namorar?

—Ah, saquei qual é a sua – Baekhyun mantinha a conversa no nível de papo descontraído, estava curtindo ser grosseiro com o cantor, o que é uma forma mais orgulhosa de dizer a si mesmo que estava gostando da conversa. – O Idol, bonitão, está sendo rejeitado. Isso não deve acontecer com frequência na sua vida, não é? Pois eu vou te dizer, você é lindo, em cima dos palcos. Assim, de perto, eu nunca namoraria você, você tem um olhão, orelhas grandes, e seu cabelo é fedido.

— Você sabe quantas coisas eu tenho que fazer no cabelo antes de uma apresentação ou de participar em um programa de TV? Tem mais química na minha cabeça do que num posto de gasolina, tá legal? Admito, ele é lindo, mas não é muito cheiroso. E pode cheirar o cabelo de muita gente famosa por aí, fede a borracha queimada do mesmo jeito – Chanyeol trocava entre espetar Baekhyun com os olhos e ajeitar a formação de suas cartas, igualmente centrado no jogo. – E você não é lá um ícone de beleza, é nanico, tem um narigão de batata, e esses dentes tortos que não param dentro da boca? Isso sem nem contar seus dedos dos p’

Baekhyun o calou, com o pé, mesmo que ele ainda tentasse falar sobre a meia grossa seu pé cobria o rosto dele inteiro e não dava pra entender mais nada. Ria, pois não deixou que aquilo atingisse seu ego.

— Não precisa falar mais nada, eu sei disso tudo, e é exatamente por isso que não somos namorados. Bati de novo...

 Jogou as cartas no centro, junto a um amontoado delas. Chanyeol esperou que ele tirasse o pé de seu rosto, e estranhamente, sorria. Ele era todo sorrisos num dia de chuva, talvez tão estranho quanto eu, pensava o garoto.

— Você pode tentar transformar todo esse seu ódio por mim em, sei lá, amizade, pelo menos? — tentou, com uma voz mansa, soando tímida.   

— Para de dizer que eu te odeio. A gente tá jogando baralho, e tomando leite na minha sala, eu não te odeio. É só que, eu não sei se você parou pra pensar, mas, as pessoas não estão acostumadas que um super astro bata na porta delas, durma em seu quarto, cozinhe sua comida e lave sua louça, como se fosse de casa. Eu nem te conheço, e você já quer saber demais, é só isso... Acho que no seu mundinho de “todo mundo me ama” as coisas são um pouco diferentes. E eu fiz as pessoas especularem coisas falsas sobre você, de propósito, você quem devia estar me odiando. Eu posso estar correndo risco de vida...

— O que? Você ameaçou jogar leite quente na minha cara, quem tá correndo risco de vida aqui sou eu!

E em meio as gotas de água no telhado, ao ar cinzento lá fora, e ao vento frio, Baekhyun riu do que disse, sem tempo pra conter. A Chanyeol, mesmo que o chão fosse gelado, tinha leite, e um sorriso caloroso, para esquentá-lo.

Ih, viu só. Ele ri, tá vendo? Você sabe rir. Você não é grosseiro coisa nenhuma, você é do tipo que ri, eu sabia disso. Para de fingir garoto – viu ele tentar disfarçar, com a xícara cobrindo o rosto. – Nem tenta, eu sei que você ainda tá sorrindo.

O gole demorou, mas era mentira, não estava bebendo nada, estava tentando espantar a graça que Chanyeol fez, seus olhos amoleceram, simpáticos, brilhantes, o sorriso se recusou a ir embora, estava desarmado, então abaixou a caneca, e deixou-se ser pego, no flagra, tão exposto, tão a mostra.

Com simpatia nas bochechas sorridentes, perguntou:

— Como é ser um Idol?

— Sinceramente, faz muito – e Chanyeol buscou a resposta lá dentro, tão dentro que se perdeu, e esqueceu de olhar Baekhyun nos olhos, encarou um rei de paus, contemplando o quão “Muito” significava –  Muito, muito, muito tempo... Que não me sento com alguém no chão, pra tomar leite e jogar baralho.

— Entendi... Você é meio carente, não é?

— Carente, eu? O Carente aqui é você, ou acha que eu não vi que um dos meus pôsteres no seu quarto tem marca de beijo? Não sabia que você usava gloss. Bati, agora eu vou pôr mais açúcar no meu leite.

E Chanyeol saiu da sala, cantarolando alguma coisa, sem dar ouvidos ao Byun perplexo e sua gritaria em suas costas.

— NÃO FUI EU, FOI A MINHA IRMÃ, VOLTA AQUI! – atirou as cartas em sua mão em cima do jogo de damas – Que convencido de uma figa...

 

 

 

“Bieber é uma febre... Mas não sou necessariamente uma fã. Eu não ouço esse tipo de música. Eu gosto de Kurt Cobain. É como meu namorado dos sonhos” 
-MILEY CYRUS

 

...

 

 

Não sobrava muita coisa do dia, principalmente quando este passara tão rápido, assistiram a um filme, e, agora próximo ao final, já estava quase anoitecendo. Durante os intervalos, Baekhyun sentia vontade de perguntar se Chanyeol tinha sua própria emissora de televisão, por que a cada tempo de comercial, padronizado e repetitivo, entre as cenas do filme, seu rosto aparecia na tela. Lá estava ele, em sessenta polegadas e alta definição, anunciando produtos de cuidado para a pele, os mesmos que o garoto compra e acabam em menos de um mês, ele fala o texto de um jeito nada natural, como todas as propagandas, mas sorri, e mais que nos palcos, está falsamente bonito, e no fim, isso é o que vende, e o Byun compra. Não sabia em qual canal a televisão estava sintonizada, mas essa tinha muito Park Chanyeol no repertório, anunciando um programa de palco pré-gravado com sua participação, e logo em seguida, seu mais novo DVD, com cenas do show e uma narração empolgada, um que, não tão propositalmente, Baekhyun tem na estante, em que ele está vestido de um jeito meio punk futurista nas músicas dançantes, e nas baladas, de blazer e calças cor verde água, daquela forma sem gênero, o lado antes indefinido, que, após ter o cantor dentro de sua casa, no sofá oposto, conseguiu definir perfeitamente: A imagem na televisão quase era outra pessoa, difícil dizer que o mesmo homem dos comerciais de hidratante é aquele que está deitado em seu sofá, com calças de moletom que não chegam em seu tornozelo, uma blusa sem mangas, cabelo despenteado, cara de preguiça, mexendo no celular com uma mão e coçando o saco por dentro da cueca com a outra, e sem saber que era observado, levou as unhas até o nariz, e cheirou, discreto e silencioso como um ninja.    

Enquanto a TV falava seu nome uma dezena de vezes por intervalo, ele deslizava o polegar na tela do celular, não dando à mínima.

— Você não gosta de se assistir? – Baekhyun perguntou deitado no sofá oposto, com preguiça de arrumar as tranças, e o lado solto do cabelo um pouco emaranhado. Decidindo conversar, enquanto o filme não voltava a ser exibido.

O distraído finalmente encara a tela, e sua versão maquiada para anunciar hidratantes.

— Isso aí? Eu gravo uns sete desses por mês, não dá pra ficar assistindo tudo, e, sei lá... Eu já tô acostumado com a minha cara nos lugares – ele voltou para o celular – Pra falar a verdade, eu já tô até enjoando de ver minha cara nos lugares.

E Baekhyun se imaginou andando numa rua com seu rostinho nos outdoors, seu nome nas vitrines, cartazes do seu cabelo para marcas de tinta capilar, de sua pele, para marcas de produtos de beleza, de seu sorriso, para pasta de dentes, e seus pés formigaram embaixo do cobertor, ansioso. Quem conseguiria cansar disso?

O celular do cantor começou a tocar, e ao invés de atender, ele esperou, pacientemente, até que parasse. O filme voltou, em suas últimas cenas, e o garoto não sabia se prestava atenção e matava sua curiosidade sobre quem era o verdadeiro assassino da trama, ou sobre quem Chanyeol ignorara a chamada.  E voltou a tocar, um sonzinho genérico de quem comprara um celular novo e teve preguiça de mudar o toque original, mais uma vez, ele esperou até o último vibrar, e não atendeu.

O assassino era o mordomo, tão previsível, e Chanyeol foi atender o celular na cozinha, depois de este tocar, insistente, pela terceira vez. E Baekhyun, notando a demora, e as palavras baixas que ele proferia num tom de discussão, decidiu ir atrás, andando devagar, pisando leve, e ouvindo de trás da parede, na entrada, a conversa se desenrolar.

Não tenho mais nada pra tratar sobre esse assunto, eu já tomei minha decisão, é isso... E eu tô doente, então, vou ficar fora por uns dias. Não me ligue mais até desistir dessa conversa.”. Aquela foi sua consideração final, antes de desligar, e bufar, esvaziando o peito, e soltando os ombros, liberando o aparente estresse causado pela rápida conversa.

  O garoto entrou na cozinha, como quem não queria nada além de um pouco de água e não tinha ouvido uma palavra sequer.

— Estressado? – Perguntava casual, encostado na geladeira, de copo na mão, como quem não se importa verdadeiramente com a resposta.

— Não, era só o meu manager...

O olhou, desacreditando, e ele , como prova, entregou o celular em suas mãos, com a tela de chamada encerrada, e Baekhyun sabia que aquele nome se referia a um dos caras para quem trabalhou durante o show na noite em que conheceu o Idol. Devolveu o aparelho nas mãos dele, sem dúvidas de quem o havia ligado.

— Levou uma bronca por não estar trabalhando?

— Eu tô de férias, minha turnê acabou...

— Ah...

— Mas... É, foi uma bronca, ele disse pra eu tomar cuidado com o frio e não ficar doente, essas coisas.

E falando em frio, este estava como uma adesivo no ar, não havia um lugar que não passasse uma corrente gelada, os dias de calor, onde o céu parecia a tampa de uma panela de pressão, parecem nunca ter existido, agora, é como se a casa de dois andares da rua ficasse na parte funda do congelador. Chanyeol fez estada em sua casa, e trouxe a chuva consigo.

 — Parece que a chuva não vai passar tão cedo. Você não pode ligar para alguém vir te buscar com um carro? Você não tem carro?

— Tenho, mas passo mais tempo dentro de um avião que qualquer outra coisa. E minha equipe não é tão disposta quando não estou em compromissos.

— E um táxi?

Não teve uma resposta, o rapaz só bateu o celular na palma da mão algumas vezes enquanto passeava pela cozinha sempre voltando para a mesma posição, contorcendo o rosto, não gostando muito da ideia, a mesma cara que Seulgi faz quando lhe oferecem algo com carne, e falando nela, estranhamente, a menina não deu as caras durante todo o dia.

— E se... Eu ficar aqui só mais uma noite? Eu prometo que vou embora amanhã bem cedo.

— Você não quer ir, né? – Baekhyun se aproximou e colocou o copo na pia, e naquele ponto a linha invisível que contava a distância que deviam manter já não parecia existir, encararam a diferença de estatura quando ele parou bem em frente ao cantor. Esperando a resposta. Chanyeol sabia que se ousasse tocá-lo novamente, ele pularia de novo para longe, e não haveria ninguém que o impedisse de chutar sua bunda para fora da casa, por isso mantinha suas mãos bem afastadas, quando respondeu:

— Não, pelo menos, não hoje...

O garoto suspirou, coçou a cabeça, no lado preso dos cabelos, quase desfazendo o nó das linhas, e bom, se o cara não o odiava, e estava tentando ser legal, e no fim de tudo, tinham um acordo, uma noite a mais não faria mal, faria?

Olhou na janela, anoitecia, já dava para ver aquela primeira estrela no céu.

— Tem o quarto da minha irmã aqui embaixo, mas a cama é pequena até pra mim, imagina pra você que mal cabe no sofá. Você pode dormir no quarto dos meus pais lá em cima, se quiser, a cama é bem grande, mas não tem janelas, isso me incomoda, não sei se vai incomodar você, e tem também um saco de dormir acolchoado da Nayeon, é bem grande e confortável, se você quiser dormir em qualquer outro lugar da casa. Eu quero dormir cedo, então, eu vou pro meu quarto, tá?

 Antes que pudesse sair do cômodo, foi chamado, mais uma vez.

— Espera...

— O que foi?

— Eu passei o dia todo sem escovar os dentes, não vou conseguir dormir assim, eu quero tomar banho também. Me empresta umas roupas?

 

...

 

Primeiro Chanyeol não sabia onde ficava o banheiro social de cima, depois não sabia onde ligar a luz, nem em qual gaveta ficava as escovas de dente reservadas para visita e em qual ficavam as toalhas. Baekhyun só queria ir para o seu quarto, ligar o computador, mandar mensagens para a amiga desaparecida dizendo que chamaria a polícia se ela não desse sinal de vida, olhar o que andam falando dele na internet, e depois ir dormir tranquilamente. Mas o cara era uma criança que não sabia tomar banho sozinho.

Ficou no corredor do andar de cima, na porta do banheiro, virado de costas, com os braços cruzados, ouvindo atrás o chuveiro ligado, e o barulho ensaboado das mãos de Chanyeol lavando o próprio corpo.

— Eu posso usar o seu Shampoo? – ele perguntou lá de dentro.

— Pode.

— É esse branco?

—É, quer dizer, depende, olha é uma longa história, a minha mãe tira os rótulos das embalagens por que meu pai fica lendo enquanto toma banho e gasta muita água e energia. Então muita coisa aí é branca.

— É esse tubo meio quadrado?

—A tampa é pra cima ou pra baixo?

— Pra baixo, não pera. Pra cima.

—Cuidado, tem duas coisas muito parecidas, o meu Shampoo e o Shampoo pra piolhos da minha irmã, que ela não usa há muito tempo, acho que até passou da validade.

— Caralho! Que complicação.

Baekhyun suspirou, cedendo as costas a porta, já era de noite, não era hora pra ter uma conversa sobre Shampoo.

— O certo é o branco da tampa azul.

— Mas os dois são brancos e tem a tampa azul! Ah, Baek, entra aqui e me mostra qual é.

E a ideia de por o pé dentro do banheiro onde um homem está tomando banho pelado fez seu coração acelerar, seu queixo tremia, os dentes bateram, e nem era de frio, ele só ficou repentinamente gago.

 — E-e, e-e,en... Entrar? Não, tá doido?!

— O meu namorado não tem coragem de entrar no mesmo banheiro que eu?

— Eu sou seu namorado falso, então a minha coragem também é falsa.

— Entra, eu tô atrás da cortina, e tô tomando banho quente, tem fumacinha e tal, não dá pra ver, entra aí...

O garoto girou o corpo no lugar, e a maçaneta, “Eu não acredito que vou fazer isso”.

Abriu a porta, e colocou a cabeça para dentro, olhando direto para o chão, no caso de ele estar mentindo e a cortina estar aberta. Bom, pelo menos não estava, o barulho do chuveiro era mais alto lá dentro, um alívio, não daria para ele ouvir sua respiração freneticamente descontrolada e seu coração sambando no peito. Ali estava, sua sombra, e nem mesmo aquilo Baekhyun queria correr o risco de visualizar, então tratou de apagar a luz, só assim pra conseguir estar no mesmo cômodo que um cara nu.

— É esse aqui? – Chanyeol pôs uma das mãos para fora, mostrando a embalagem. E não dava para ver nada.

— E-eu não sei.

— Óbvio, no escuro... Acende a luz então.

— Não, calma...

— Acende, cacete.

E quando raspou o dedo no interruptor, a claridade voltou para o banheiro, e fez sombra na cortina, sua silhueta era alta, e muito em contraste, definida, claro que não tinha cor, nem as formas internas, mas, caramba, Baekhyun estava vendo a sombra de um cara nu, e se perguntando por que não o expulsou de uma vez quando teve a chance. E por mais que sua consciência gritasse para não olhar para baixo, teimando consigo mesmo, ele desceu a vista pela silhueta de Chanyeol, e quase teve um AVC: Ataque de Vergonha do Caralho.  

Em suas palavras, tinha uma coisa, ali em baixo, ou melhor, a sombra, de uma coisa ali embaixo, uma coisa comprida, reta, e para o desespero do seu pobre coração, grossa.

Quando pequeno, Baekhyun tinha medo das sombras porque podia ser o bicho papão. Agora, aos dezoito anos, ele tem medo de aquela sombra ser o pinto de um homem.

Havia a possibilidade de o leite que tomou mais cedo virar chantilly em sua barriga se continuasse se revirando daquela forma, teria desmaiado de vergonha, se Chanyeol não se movesse no lugar, e trocasse de mão, lhe mostrando o outro tubo de Shampoo que antes segurava próximo ao quadril. Era só o tubo de Shampoo, que ele analisava um pouco longe até demais do rosto.

— É esse aqui?

— E-eu vou dormir, Tchau!

E em três pulos, Baekhyun estava escondido embaixo de suas cobertas. Definitivamente, ele é a guria virgem dos animes shoujo, escondido como uma tartaruga em seu iglu de lençóis.

 

...

 

Passaram-se horas desde que o garoto fechou-se em seu quarto deixando o resto da casa para o cantor, ele é bem grandinho, que se vire, pensava assim. Como alguém que coloca o cachorro do lado de fora, no quintal, e vai dormir. Estava protegido ali, e estaria bem, se pelo menos tivesse internet, só que a chuva levou a conexão embora também, arrastou-a junto com a água pra dentro do bueiro, a coisa estava ficando feia, a tempestade aumentava, as gotas caiam mais pesadas contra o telhado, e os primeiros trovões começaram a urrar no céu, o estrondo balançando os vidros da janela, e nada de a mensagem ser enviada para a amiga:

“Seulgi, socorro, tem um cantor famoso pelado no meu banheiro!”

 

Não dava pra pesquisar seu nome nas redes sociais, nem no google, nem em lugar nenhum, mas se pegou pensando em como as pessoas idolatram o cara que está hospedado em sua casa, certo, ele é humano, e faz coisas de humanos, agora tinha certeza disso. Mas... Ele não tem nada a ver com o cara dos palcos, ou da revista, ele é quase tão normalmente anormal quanto Baekhyun, os dois podiam muito bem trocar de lugar, ele podia estar aqui vivendo como um adolescente de dezoito anos enquanto Baekhyun estaria fazendo turnês e dando autógrafos, pois tem claramente uma postura de estrela muito melhor que Chanyeol, mesmo sem fama nem nada. E também não dava pra ignorá-lo como um cachorro no quintal. Ele bateu na porta de seu quarto, e vendo que não estava trancada, entrou. Segurando um travesseiro e um saco de dormir acolchoado, cor de rosa. Tomando cuidado ao andar e não tropeçar em nada, pois a luz do quarto está apagada. E toda a iluminação vem da rua, pelo vidro da janela fechada.

É engraçada a forma como o garoto o trata com sorrisos e pedradas, porém seus pôsteres de bandas indie foram encobertos por uma enorme bandeira preta desenhada com um “I <3 Park Chanyeol”.   E isso, acima de sua cama, lhe parece tão normal que ele segue mexendo no celular, iluminando o próprio rosto, sem dar a mínima para o cantor encarando a parede, no escuro.

— Eu posso dormir aqui, com você?

— Ué, vai dizer que tem medo dos trovões? – silêncio, chuva, mais um trovão, Chanyeol encolheu os ombros, assustado – Ih, caramba, você tem...

Quem não se compadece de um cãozinho assustado do lado de fora numa noite de tempestade? “Tá. Deita aí...” Consentiu, e assim, Chanyeol fez seu leito, forrando o saco de dormir que parece uma meia cor de rosa no chão ao lado da cama. E, antes de ele entrar com as pernas, Baekhyun o viu se ajoelhar, curvar o corpo para frente, prostrado, com as mãos fechadas de dedos entrelaçados, e, silencioso, fazer uma oração.

Não sabia se seu jeito de observar aquilo, de cima, tinha uma inclinação para o estranhamento, ou para a admiração. Chanyeol estava orando antes de dormir, afinal ele é religioso?

— Você tá mesmo com tanto medo assim, ou você é devoto?

— Não... – ele se enfiava dentro do saco, coberto até o peito, e ajeitava o travesseiro embaixo da cabeça, e começou a falar de um jeito tão calmo, e delicado, sincero, que até os trovões pararam pra ouvir, e não ousaram interferi-lo – Eu não sou religioso, sei lá, eu só gosto de... Pensar que... Tem alguém acima de mim, capaz de fazer por mim o que eu mesmo não posso fazer. E... Capaz de proteger a quem eu não posso proteger... E... Bom, cuidar de mim quando eu não puder cuidar. Sabe, eu, gosto de sentir isso, às vezes. Não é bem acreditar em Deus, é acreditar em, alguma coisa, eu sei lá...

 — Cara, tem certeza que você não é carente?

— Tenho. O carente é você, olha o pôster beijado bem ali – Apontou a parede mesmo no escuro. E recebeu uma travesseirada no nariz.

— Foi a minha irmã, cacete!

Os dois riram, mas o trovão os assustou, e voltaram para o silêncio.

— Você quer mesmo ser famoso?

— Agora? Assim, antes de dormir? Não, fico satisfeito só de estar na minha cama, na minha casa, deitado e tranquilo. Mas amanhã eu vou querer, e vou querer muito.

— Acho que entendo.

— Ei, Yeol...

— Do que você me chamou?

— Yeol... De Chanyeol. É mais fácil pronunciar.

O cantor sorriu, no escuro.

— Eu gosto de Yeol.

— Por que você quer um falso namorado?

E ele suspirou, contemplando seus por quês e suas razões, seus próprios fantasma interiores, nos quais ele passará esta noite pensando, e demorará a dormir.

— Você não precisa saber agora, só vou te contar quando for tarde demais pra você desistir.

E com essas palavras ditas, ele fechou os olhos, e fingiu de morto.

— Ah, entendi... Pera, QUÊ? OH, SEU FILHO DA PUTA COMO ASSIM?! – Baekhyun atirou metade do corpo para fora do colchão, e começou a balançar o corpo morto dentro da meia rosa gigante – Você não pode estar dormindo, deixa de ser fingido, ninguém dorme tão rápido, meu Deus! Eu vou te matar, CHANYEOL?!


Notas Finais


* (Até terça)


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...