1. Spirit Fanfics >
  2. MADE - I'm Loser >
  3. CL...

História MADE - I'm Loser - CL...


Escrita por: Milly_Tavares

Notas do Autor


Voltei 😍

Capítulo 4 - CL...


Parecia tão sereno, seus cabelos grisalhos jogados sob sua testa, causava-me um desespero silencioso. Um medo de nunca mais poder ver seus olhos azuis encarando os meus, não queria sentir novamente o gosto amargo na boca ao ver a vida se esvaziando de seus olhar. Abaixei a cabeça, toquei a testa, havia treinado duro para que aquela noite não se repetisse. Porém, não podia monitorar meu pai todo dia, muito menos podia mostrar meu ponto fraco para ele e para meus oponentes. Queria proibir à mim mesmo de ser tão imatura, um dia chegaria a esse ponto, vivemos em perigo, a qualquer momento podem tirá-lo de mim, a qualquer momento posso ver seus olhos fechando e seu corpo abraçando a morte.

Coloquei ambas as mãos nos bolsos de minha jaqueta, ainda estavam enfaixada e inchadas. Fui agressiva demais, não pensando em meu corpo. Minha testa não estava diferente, porém o ferimento era mais delicado e um curativo discreto não era o suficiente de causar mal olhado. Por sorte, naquela noite havia sido menos conturbada depois do atentado. Não fora difícil desmentir o ocorrido, uma boa verba para os policiais era o suficiente para deixá-los calados.

O que me deixava inquieta era o fato de não saber quem estaria por trás disso, ninguém queria se pronunciar, muito menos colocar a cara para questionar algo. Todos pareciam não estar surpreso, como se toda a organização estivesse por trás. Mas, há sempre aquele que planeja tudo, e envenena os demais.

Marcus ainda estava em seu sono profundo, sedado e com o peito enfaixado, cobrindo todo o ferimento, respirava com ajuda de aparelho, encontrando-se em um estado deplorável.

A que ponto chegaste, meu pai! Poderíamos ser uma família normal. Mamãe ainda poderia estar viva! - pensei comigo mesma.

Quem era eu para mudar algo? Eu não havia escolhido nascer nessa família, muito menos meu pai ter culpa por estar nesse mundo. Aliás, suas ramificações condenaram seu futuro e meu futuro. Mas, não penso em condenar as próximas linhagem. Se eu pelo menos pudesse acabar com tudo isso…

Não pude evitar de sorrir, aquilo era nostálgico de mais. Algo impossível, eu não tinha apoio o suficiente para desmanchar a organização. Meus pensamentos estavam altos demais, perdidos.

Olhei a grande cidade através da enorme janela, o sol iluminava toda Seoul, os ventos estavam fortes, balançavam as cortinas brancas do quarto. Parecia solitário e silencioso, hoje o dia estava com uma energia positiva, mas aqui, dentro desse lugar, tudo parecia morto.

De repente, ouvi duas batidas na porta. Surpresa, tateei a arma que se encontrava no cós de minha calça. Eu havia proibido visitas, tinha deixado claro que não queria ninguém aqui dentro, além dos enfermeiros e médicos de alta confiança.

Avistei o médico passar pela porta, e subitamente parou. Não olhou para mim e nem ao menos andou adiante, parecia um robô em modo de espera, esperando a próxima ordem. Seu corpo aparecia pela metade, já que a porta cobria a maior parte.

Havia algo de estranho!

A prancheta estava entre suas mãos e próximas de seu peito, vi seu pomo subir e descer antes de me olhar de eslaio.

Sim, havia algo de errado!

Saquei a arma, apontei diretamente para a cabeça do suposto médico. A pele ao redor de seus olhos engilharam-se com um aperto forte, estava esperando qualquer ação estranha. Poderia vim dele ou até mesmo de alguém que o obrigou a guiá-lo até chegar nesse quarto.

Destrave a arma ao ver a porta ser aberta em uma lentidão agonizante, estava pronta para atirar, mas meus pensamentos se esvaziaram ao ver quem estava ali, com uma armar apontada para a cabeça do médico e a outra em minha direção.

A porta bateu de leve na parede, ninguém se atreveu a dizer algo. Vendo que nem ele, muito menos eu baixaria a guarda de primeira, suspirei e guardei o revolver no lugar.

Eu não gostava de ser desobedecidas. Se eu havia dado devidas ordens, eram para se compridas ao pé da letra.

Kiji...

Ele me encarava sério, aparentemente muito irritado. HyunA apareceu logo depois com seus trajes provocativos, seu rosto ainda estava se recuperando das agressões que sofreu na arena, era visível as marcas de cada canto atingido. Seu corpo magro caminhou até meu pai, ignorou à mim e a Kiji. Tateou sua mão e depositou um beijo cálido ali.

- Espero nunca mais saber de suas estúpidas ordens, Haruna! - disse ele abaixando ambas as armas.

O médico pareceu se acalmar e suspirar pesadamente ao se sentir seguro e longe das garras de Kiji, virei o rosto para o lado ignorando suas palavras. Contra-atacar seria pior, ambos tem gênio forte, seria difícil acabar uma discussão.

Por fim, decidir ir, havia assuntos que deveria resolver. Não podia ficar parada sem investigar sobre o assassinato de minha mãe, peguei minha bolsa que estava na poltrona ao meu lado e passei por todos sem dizer ao menos uma pequena palavra.

Não queria ser questionada, muito menos ter que me justificar por algo. Hoje faz 2 semanas que havia sumido, 2 malditas semanas enfurnada na espionagem, querendo achar o causador desse atentando contra meu pai. E para piorar, não achei nada que pudesse me ajudar a chegar até ele. Me sentia impotente, perdida. Se de fora ninguém estava sendo o suspeito, então espionar os de dentro da organização seria mais trabalhoso ainda. Porém, eu poderei ter um resultado bom ou não. Não custava tentar, seria perigoso mas prazeroso.

Ao passar pela porta e pelo Kiji, senti meu braço ser agarrado impedindo que eu fizesse quaisquer outro movimento. Olhei para trás encarando seus olhos, era notável suas olheiras, seu cansaço extremo, esse era o motivo de sua irritação?

Não fiz nenhum movimento, fiquei parada ali, esperando suas pronúncias. Nada vinha, além de seus olhares com reprovação.

Kiji suspirou cansado, mordeu o lábio inferior. Passou a mão em seu cabelo e voltou a me encarar. Dessa vez parecia estar calmo, menos sobrecarregado. Soltou meu braço, afastando-se um pouco de mim.

- Estava com ele? - disse sem pensar.

Frazi o cenho sem entender, continuei calada.

Inconformado, voltou a falar:

- Onde esteve todo esse tempo?

- Ocupada! - não menti.

- Com ele? - riu amargo. - Pensei que o odiasse.

Depois de ingerir toda essa provocação, pude entender onde queria chegar. Se eu não o conhecesse bem, pensaria que estaria apenas tentando irritar-me. Mas, Kiji estava enciumado!

Não era a primeira vez que agia dessa forma por conta dos meus sumiços.

Em todos os assuntos que tínhamos em reunião com meu pai e a organização na qual o nome do Kown era mencionado, Kiji mostrava desinteresse e frustração. Não engolia a ideia de que iria casar, muito menos de aceitar que poderia ser de outro e não dele. Não que eu não alimentares a hipótese de que um dia poderíamos viver juntos, mas nunca dei chances o suficiente para nós dois por mais que eu quisesse.

- Papai quase foi morto, e por que achas que eu estaria perdendo meu tempo com Ji Yong?

Ele permaneceu calado, talvez pensando em minhas palavras. Havia deixado bem claro que não nutria sentimentos por Ji Yong, e que nunca almejei esse casamento. Então, por que eu estaria aos braços dele? Eu tinha amor ao meu corpo e a minha reputação, não deixaria Ji Yong me sujar de tal forma, eu não era uma vagabunda.

Então, continuei:

- Estamos em Seoul, Coréia do Sul, o lugar em que nunca pensamos em um dia voltar a pisar. Mas, mamãe foi morta e a sua também, nunca passou pela sua cabeça que eu estaria procurando pistas? - ele nada respondeu. E isso me deixou - de certa forma - atingida. - Por que, diabos eu estaria com Kwon Ji Yong?

Por mais que eu tentasse forçar minha voz na tentativa de parecer autoritária, ela saia calma e frustrada. As coisas que vivenciei no quarto de Ji Yong voltavam a me atormentar, era difícil dormir pensando em mil formas de entender o por quê de ele ainda guardava aquelas malditas fotos.

Minha respiração de alguma forma estava descompassada, ao notar tentei me acalmar. Passei ambas as mãos pelos meus cabelos, virei o rosto para o lado, sabia que ele me olhava atentamente. Era vergonhoso mostrar os sentimentos em erupção dentro de mim, eu tinha que parar de pensar nisso, tinha que apagar novamente as lembranças que teimavam voltar a me atormentar.

- O que há?  - disse por fim, tocou meu rosto com delicadeza, olhei para ele.

Por impulso afastei-me dele fazendo com que nossa distância aumentasse, e que sua mão parasse de acariciar a maçã de meu rosto.

- Apenas, me deixe ir. Preciso de um tempo. - tive a capacidade apenas de dizer isso, não ia simplesmente jogar palavras ao ar.

Não queria que soubesse de nada, muito menos das coisas que envolvia Ji Yong.

Caminhei até o estacionamento em passos largos, rezava para que não estivesse me seguindo, seria mais difícil tentar mentir, tentar me justificar ou até mesmo ignorá-lo.

Eu reconhecia cada canto de Seol, havia momentos em que forçava para poder lembrar algumas ruas que o tempo teimou em me fazer esquecer. Quantas vezes não corri, não me escondi nos becos na tentativa de dificultar que Ji Yong me achasse. Aquilo também era um treinamento para que pudéssemos ser ágeis ao fugir, ou até mesmo espionar alguém. Porém, tudo não passava de uma simples brincadeira de nossa parte. As ruas estavam pouco movimentada, o que não era estranho. Estava frio, e a essa hora a cidade inteira estava em trabalho excessivo. A noite estava chegando, e com ela vinha as pessoas.

Apressei-me, dobrei a próxima esquina à esquerda, liguei o rádio, eu gostava do silêncio mas de um tempo pra cá isso pareceu um incômodo para mim.

Meu dedo já estava começando a doer de tanto mudar de estação, nada parecia convidativo, acolhedor. Nenhuma daquelas músicas me agradava, o que precisava no momento era ouvir algo antigo e clássico. Mas, não encontrava.

Ignorei o rádio e dobrei a próxima esquina, eu conhecia aquela rua. Parecia mais movimentada, cheia de lojas, antigamente era de um certo modo abandonada. Reduzi a marcha, e observei cada canto. As luzes começavam a brilhar nas lojas, o céu estava em um tom mais escuro que o normal, deixava o local incrivelmente lindo. As pessoas andavam alegremente, sem se preocupar com nada. Se fosse antes, todos andariam com medo de serem assaltados ou até mesmo sequestrados.

O tempo realmente passou rápido!

Porém, não havia nada mais chamativo do que aquela enorme boate, os enormes nomes eram banhados em dourado, pensado em cada detalhe. Ficava ao meio do percurso da esquina que dobrei e da próxima adiante, comparado às demais lojas parecia um cartão postal do local.

Ao observar milimetricamente aquele nome, notei no canto inferior que havia algo escrito em tamanho menor. Forcei a visão para decifrar aquele nome em coreano, mas me arrependi amargamente por isso.

Eu sabia que ele tinha inúmeras boates, e empresas espalhada pela Ásia, mas não me passou pela cabeça que esse enorme local sofisticado e luxuoso fazia parte de sua propriedade.

Trinquei os dentes, aonde quer que eu vá eu vejo tudo que me lembra ele!

Kwon Ji Yong…

Era aquele nome estampado ali, para todo mundo ver. Não havia coisa melhor do que expor seu nome de tal forma, ele gostava de se sentir poderoso, de se sentir o melhor em tudo, o maior.

Apertei o volante com as mãos, aquilo me dava aos nervos. Era pedir demais me livrar de tudo isso, tinha que haver algo que eu possa fazer para acabar com essa ideia sem noção da aliança.

Por mais que existissem as regras, tinha alguma fonte que na qual possa ser quebrada e eu irei correr atrás disso.

Passei a marcha e acelerei com tudo, os pneus cantaram no asfalto, pouco me importei com os olhares curiosos direcionados à mim.

Sabendo que estava longe o suficiente daquele local e convicta do meu próximo destino, me pus a relaxar os músculos.

Droga!

Eu tinha que fazer algo, eu precisava fazer algo ou tudo isso iria me deixar louca. Tudo o que queria era ficar longe dele, eu havia enterrado todo vestígio de sentimentos que nutria por ele então por que me encontrava dessa forma só de ver seu nome estampado em uma boate?

Isso é ridículo, estou sendo imatura o suficiente pra deixar uma besteira como esse me afetar.

Passei as mãos entre meus longos cabelos negros, suspirei pesadamente, eu tinha meus objetivos aqui e G-dragon não fazia parte dele.

Então, me pus novamente a procurar algo para escutar, teimei em procurar novamente por algo que pudesse me relaxar, eu podia ver ao longe meus dedos tremerem.

Em um curto período de tempo, no desespero em procurar algo calmo, escuto aquele nome. Aquele maldito nome ecoar por todo canto daquele carro, por que até mesmo pela rádio esse nome me persegue? E por que, diabos seu nome estava sendo exposto assim em um programa de fofocas?

Não que isso venha ao caso, mas o modo que especulavam seu nome me dava nojo.

Kwon Ji Yong foi visto aos beijos com uma mulher em uma de suas boates, informações dizem que ambos mantém um caso longe dos holofotes... Seu nome é Lee Chaerin, mais conhecida com CL...”

Não ouvi mais nada depois de escutar o nome de CL no meio daquele texto, eu sabia que ela nutria sentimentos por ele, mas por que ele se tornou tão baixo assim?

Tudo isso para me atingir?

Não… Não… é óbvio que não. Entre eu e ele não há mais nada, então ele pode fazer o que bem entender de sua vida.

Mas… Mas, e aquelas fotos guardadas em seu apartamento? Por que, ainda tem elas?

Por que, Ji Yong?

Sem pensar duas vezes, estacionei em um canto qualquer, preguei as pressas meu celular que estava no banco ao meu lado, por ora irritava-me ao errar a senha que digitava. Me sentia nervosa, e estava me odiando por isso. Pesquisei tudo o que envolvia o nome dele, principalmente sobre esse flagra com CL, havia milhares de sites expondo seus nomes, e fotos, muitas fotos de ambos.

O que me deixou em choque, era o fato de não ser a primeira vez em que foram pegos.

Havia fotos em motéis, restaurantes, festas, e não só com CL mas com demais mulheres.

Uma raiva tomou conta de mim, algo que nunca havia sentindo por ele antes. Eu não entendia essa sensação, joguei o celular no banco, encostei a testa no volante e me pus a respirar, a controlar meu estado emocional. Isso não tinha nada haver comigo, com nossa “relação” profissional, tudo não passava de um simples contrato. Ji Yong tinha sua liberdade e eu tinha a minha.

Sim, eu tinha minha liberdade… - pensei comigo mesma.

Voltei a dirigir para o meu destino, não podia perder meu tempo com algo que não vem ao meu caso. Porém, deixei bem claro que almejava respeito quando eu for exposta como sua mulher.

Meus saltos faziam um barulho irritante, sentia os olhares curiosos ao passar pelos seguranças e por demais membros inferiores da organização. Aquele lugar poderia ser um labirinto, mas conhecia como se fosse a palma da minha mão. E o melhor de tudo era o fato de ter acesso à todos os arquivos confidenciais, coisa que apenas os Kwon e Voltolini tinham acesso.

Passei pela arena e pela sala de reuniões, meu destino era outro. Depois de ter a sensação de andar por círculos, cheguei a sala confidencial. Os seguranças estavam lá, armados e em postura intimidadora.

Não deixei de andar, simplesmente passei por eles, destranquei a porta e entrei no local.

Era incrível como por fora tudo parecia abandonado, os corredores em um tom de suspense, mas ao chegar nos cantos inferiores, o dourado era presente, os panos refinados e sala sofisticada. A palavra “contraditório” era o que definia tudo.

Meus dedos dançavam em cada pasta no canto esquerdo, a sala era enorme e tinha espaço suficiente para separar as informações dos membros da associação, e de cada crime que cometemos e que são cobertos pelo governo coreano, além das informações de espionagem entre outros assuntos.

Até mesmo o nome de Kiji estava no meio, isso não me surpreendia, aliás ele fazia parte dos Voltolini.

Choi SeungHyun, Lee SeungHyun, Dong Young-Bae, Kang Dae-sung, Kwon Ji Yong … eram tantos nomes importantes, todos em minhas mãos.

Lee Chaerinlogo adiante Sr. Kwon, Kwon Dami…

Ao passar o nome da Dami, voltei para a pasta de seu pai. Não que eu estivesse curiosa para saber seu currículo, mas ele ameaçava minha mãe e nutria um amor não correspondido por ela. E logo depois veio sua morte, depois que minha mãe recusou mais uma de suas ofertas.

Recusar… ofertas… - essas palavras ecoaram de repente em minha mente. - Ameaças…

Será que...  Não, ele não seria capaz de fazer isso!

Agarrei a pasta quase derrubando as demais por descuido meu, andei até a enorme mesa esfolheando as páginas em ótimo estado. Agradeci mentalmente por meu pai nunca deixar de me ensinar a língua coreana mesmo estando fora do país. Eu lia tudo as pressas, não conseguia achar nada que eu pudesse suspeitar.

Mas, ele amava minha mãe, e ela o recusava, e isso deixava-o muito irritado, eu lembrava. Então, tecnicamente ele poderia ser um suspeito. Porém, meu pai sempre teve muito inimigos, e isso fazia do Sr. Kwon um homem como os demais.

Fechei a pasta com força, isso estava me dando aos nervos.

Nunca gostei dele, muito menos do modo como ele a olhava e como me olha. Tudo nela está em mim.

Levantei-me e coloquei a pasta no mesmo lugar, arrumei as que deixei em desordem, e me pus a procurar novamente por outros nomes. A maioria parecia desconhecido por mim, talvez fossem inferiores aos que estavam no “controle”, um cargo abaixo do meu meu pai e de Dami.

Então, voltei a procura desde do início…

Lee Chaerin… peguei e procurei, nada tinha de impressionante no seu curriculum. Era como se ela não existisse dentro dos arquivos da organização. E isso era muito estranho.

Então, guardei. Nada vindo dela me interessava, ela foi uma sobrevivente da arena e isso a torna neutra nessa história. Porém, não custava ficar de olho.

Voltei a passar o dedo em cada pasta dali, me sentia curiosa sobre algumas pessoas.

Choi Seunghyunaquele nome peculiar.

Lembro-me bem de seus traços, do modo como sentava na cadeira e da forma como cruzava as pernas e colocava as mãos sob a mesma. O tom de voz que usava ao se dirigir para cada pessoa que tinha na sala. E principalmente o modo como olhava em minha direção, parecia curioso.

Quando iria pegar sua pasta, e descobrir algumas coisas que envolvia seu nome, sinto algo adentrar minhas narinas. Esse cheiro não confudiria em nenhum lugar, poderia se passar anos mais reconheceria cada detalhes que possuía.

Evitei de pegar a pasta em particular, não queria motivos para judiação.

Mas, o que ela fazia aqui?

Essa área era restrita!

Seu olhar era superior, sua postura intimidadora. Andava com elegância e em passos lentos, enrolava seu cabelo em seu dedo indicador, sorria descaradamente.

Era a primeira vez que estávamos tão perto uma da outra depois de tantos anos!

Continuei calada, ser companheira de cama de um dos maiores mafiosos não significaria que poderia ter acesso a todas as áreas. Meu sobrenome mandava em parte daqui, e nessa parte está proibida a entrada de terceiros.

Observei cada gesto que fazia, seu corpo descansou na enorme mesa. Ainda não me encarava, muito menos deixava de sorrir, parecia se divertir com algo mas não sabia o quê. Não havia nada de engraçado ali.

- Achas que por ser uma companheira de cama de Ji Yong te dar o direito de acessar todas as áreas?

- As coisas não funcionam mais como antigamente… Haruna! - olhou para mim.

Riu alto!

Irritada, caminhei até ela em passos lentos ocultando quaisquer vestígios de raiva. Eu tinha esse dom e adorava isso.  Em um curto período de tempo tudo pareceu parar, senti algo gélido tocar minha testa, seu olhar estava vidrados ao meu, o sorriso não se encontrava mais em seus lábios. A conclusão era que: estar juntas era um perigo.

Por mais que CL fosse ágil, eu não ficava de fora. Os anos me ensinaram muitas coisas, sabia muito bem o tipo de oponente que estava lidando. Havia acertado em  perfeito movimento a distância devida entre meu braço até o cano da arma que usava.

CL estava em minhas mãos também!

Era engraçado no que nos tornamos uma para outra todo esse tempo, quando crianças não passávamos de simples amigas, agora não existia nada mais agradável do que querer matar uma à outra.

A palavra rivalidade estava escrito em nosso destino, e isso fora impossível de mudar desde de nossa luta na arena.

- Irritada pelo fato de saber que Ji Yong é meu? – provocou.

- As coisas não funcionam  mais como antigamente... hm? – zombei.

Ela sabia muito bem que eu nutria sentimentos por ele, CL nunca se conformou  por saber que ele correspondia esse tal sentimento. Éramos inocentes, não tínhamos consciência de nada, tudo parecia um conto de fadas, nada envolvia tudo o que envolve hoje.

Ouvi sua arma ser engatilhada calmamente, parecia certa do que iria fazer. Despreocupada continuei na mesma posição encostando a arma cada vez mais em sua testa. Ela poderia estar em vantagem, já que me recusei a fazer o mesmo que ela.

- Olha o que restou para você, CL. Dando seu corpo em troca de informações e acessos a áreas, achando que tem o direito de desfrutar disso.

De repente, seu semblante se tornou rígido, vi sua destra levantar pegando impulso para desferir um belo tapa em minha face. Por mais que eu quisesse desviar, fiquei ali parada esperando sua mão tocar meu rosto. Pouco me importava se isso acontecesse, eu havia atingido um ponto fraco. Sabia muito bem que CL não havia superado sua derrota na arena, era de se notar isso. Agia como se fosse uma qualquer, esse foi o destino escrito á ela.

Meus olhos não se desgrudavam dos seus, era ótimo ver o quanto estava irritada, desarmarda, optando por me dar um belo tapa ao invés de acabar com minha vida em apenas um tiro. Isso mostrava o quando sentia derrotada até hoje por mim, só me dava prazer e satisfação cada ato seu.

A dor logo viria e com ela a excitação, só que aquela voz fez com que tudo parasse.

- CL…

CL estremeceu, sua mão estrava centímetros longe do meu resto, eu podia sentir a quentura emanar dela, o quanto tremia de raiva.

O controle que ele tinha sobre ela me deixava enjoada, era ridículo o modo como isso tudo chegou a tal ponto. Eu não almejava nada mais além da paz, além de desvendar o mistério do assassinato da minha mãe. Esse momento estava fora dos meus planos, me ver casada por um contrato de poder não fazia parte do rumo que havia tomado. Mas, cá estou eu vivendo no inferno novamente.

CL pareceu relaxar, suspirou pesadamente abaixando o braço, se recompôs guardando a arma no cós de sua calça voltando para sua postura de inferioridade. Passou as mãos pelas suas vestes limpando e alinhando quaisquer vestígios de imperfeição, ajeitou seus cabelos loiros, e por fim sorriu, fez uma pequena reverencia para mim e logo depois para Ji Yong. Caminhou sem pressa para fora da sala, nem ao menos disse uma palavra em protesto, não engolindo seu orgulho e deixou de lado sem questionar o comportamento de Ji Yong.

Procurei fazer o mesmo que ela, menos sair de lá. Tinha assuntos para tratar, arquivos para achar e estudar, eu precisava encontrar pistas, eu estava na Ásia e não podia perder tempo com assuntos que não eram do meu interesse. Os inimigos poderiam está alí, diante de mim.

Por impulso olhei para ele, parado, olhando cada movimento meu, seu semblante era sério e intimidador, seus cabelos estavam incrivelmente alinhados para trás, brilhavam devido ao excesso de gel. Suas vestes caiam perfeitamente em seu corpo magro, ficava muito atraente de terno e gravata.

Esperei por mais um tempo para que ele fosse embora e eu voltasse a fazer o que precisava, joguei olhadas mortais para que entendesse que sua companhia não estava sendo agradável no momento. Ou melhor, nunca será agradável.

Mesmo assim ele ficou lá parado, olhando-me, colocou as mãos nos bolsos da calça social como se estivesse esperando algo. Ignorei, dando a meia volta na mesa, sentando na poltrona de couro pondo o pen drive no monitor, queria tudo o que tinha direito. Iria mais a fundo em todos os membros da associação.

De repente, vi algo que chamou minha atenção. Havia fotos de minha mãe lá, morta sob sua cama, e relatos sobre o assassinato, aquilo apertou meu peito, franzi o cenho, a associação tinha o direito de manter aquilo arquivado, mas mesmo assim isso me incomodava, me irritava. Eu sentia que estava perto mas ao mesmo tempo longe.

Passei o mouse sobre as demais fotos, e ali haviam fotos de família, dela com meu pai, comigo e com… com ele. Por que, diabos haviam fotos de minha mãe com o pai de Ji Yong?

Eu lembrava perfeitamente que ela negava suas propostas, ela amava meu pai. Então, por que tinha foto deles juntos?

Isso podia ser um engano, eles não deveriam ter um caso particular. Não podiam.

Haviam fotos e mais fotos, mas nada além de conversas e encontros em lugares reservados, não havia toque entre ambos porém pareciam conversar com naturalidade, e isso chegava a me doer.

Eu o odiava… odiava só pelo fato dele direcionar seu olhar em sua direção!

Meu pai sabia disso? Se sabia por que não me contou?

Sem pensar em coisas precipitadas, copiei todo aquele arquivo para o pen drive, iria ver isso com mais calma, ir a fundo. Aquele lugar me sufocava, me agonizava, e para piorar aquele maldito ainda estava ali parado.

Levantei calma, não queria me mostrar afetada por mais que isso me atingisse em cheio de todas as formas.

Ele esperava minhas palavras, uma explicação da cena entre eu e Chaerin. Mas, outras coisas me intrigava no momento.

Olhei para trás de Ji Yong, e de relance pude ver os seguranças esparramados ao chão. Como não pude ouvir nenhum ruído, muito menos a arma sendo disparada?

Eles estavam mortos, simplesmente humilhados como outros quaisquer. Esses são os homens mais competentes da organização?

Talvez, eu poderia estar tão perdida na minha procura, que não notei os movimentos ao meu redor, apenas quando senti seu cheiro adentrar aquele lugar.

Havia algo de errado nessa história, ter acesso aos arquivos confidenciais tinha seu preço.

Eu tinha muitas perguntas e a maioria não tinha respostas. Olhei para ele novamente tentando encaixar as coisas. Será se ele sabia de algo que fosse do meu interesse? Mas, quem seria eu me redimir e pedir informações? Mordi o lábio inferior e me pus a pensar.

Era tudo ou nada, tinha que aproveitar o momento em que estava aqui e procurar coragem para enfrentar isso de frente. Suspirei pesadamente, eu necessitava daquilo mais que tudo. Não iria descansar até achar o assassino de minha mãe.

- Você sabia - engoli em seco. - Sabia da suposta relação de seu pai com minha mãe?

Ele não respondeu, continuou parado como um robô. Aquilo estava me agoniando, tirando do sério. Era difícil de mais manter uma conversa entre nós, e justamente agora ele inventou de ficar mudo.

Então, continuei:

- Seu pai foi fotografado com ela, então não venha fingir que não sabe de nada porque será pior para você e para essa…

- Haruna - ouvi meu nome ser pronunciado através de seus lábios, interrompeu minha fala, parecia não ligar para o que eu estava falando o que me irritou ainda mais. Mesmo assim continuei calada na esperança de conseguir informações importantes.

Ele sorriu friamente, antes de falar as demais palavras:

- Ela está morta! Assim como esses dois imprestáveis atrás de mim!

Cerrei os punhos, andei em passos largos em sua direção avançando para cima dele. Ele podia falar de quem for, judiar até mesmo humilhar, mas ao tocar o nome dela teria que ser corajoso o suficiente para aguentar as conseqüências.

Ji Yong desviou do soco que tentei dar em seu rosto, agarrou meu punho e com a outra o meu pescoço. Tentei escapar, por mais que seu aperto fosse forte eu não iria me intimidar. Com agilidez chutei sua barriga fazendo com que o mesmo desse passos para trás, soltando-me. Toci na tentativa de recuperar o ar o mais rápido possível, ajoelhei-me tonta na espera do contra-ataque de Ji Yong. E não tardou a acontecer.

Traçamos uma batalha ali, ele parecia muito irritado mas mesmo assim apenas desviava de meus ataques e evitava me machucar.

Aquele momento relembrava o passado, mas não existia mais a inocência, era vida ou morte.

As palavras de Dami ecoou em minha mente, eu não queria acreditar que ele havia se tornado pior que o pai, não queria pensar em nada relacionado à isso. Mas, estávamos ali, traçando uma luta.

Meu pescoço foi novamente agarrado, Ji Yong me empurrou e fez com que eu batesse as costas na mesa com força, o ar se fez ausente em meus pulmões. Gemi de dor, a tontura fez com que eu me acalmasse e tentasse recuperar a consciência.

- É só isso que sabe fazer? Não acredito que minha futura esposa é uma inútil! - sussurrou ele perto do meu ouvido.

Ele estava próximo demais… sim, próximo demais!

Ele tentou se afastar, assim cuspi em seu rosto com nojo. Nojo por falar de mim daquela forma e como se direcionou à minha mãe. A raiva borbulhava dentro de mim, estava sendo difícil não me controlar. Com a oportunidade, diferi um soco em cheio no seu rosto. Ji Yong agarrou seu nariz dando passos para trás.

- Filha da puta - sussurrou entre suas mãos.

Levantei, fiquei sentada, vendo seus movimentos, o modo como o pouco sangue saía do seu nariz. Respirei fundo controlando meus instintos, já estava me sentindo satisfeita por acertar esse golpe, era o que eu precisava para extravasar a raiva e ensina-lo a não se dirigir à ela de tal forma.

Ele olhou para mim quando ouviu meus saltos fazerem barulho ao ficar de pé. Nos encaramos por um longo tempo antes de sair porta à fora, não queria passar mais nenhum segundo no mesmo ambiente que ele. Queria distância… era isso que eu precisava… de distância.

Arrumei minha roupa e meu cabelo, recompondo todo meu astral. Nem ele e nem ninguém vai me rebaixar desse jeito, eles não sabem com quem estão mexendo. Não vejo a hora de acabar com todos a associação por mais que isso custe a minha vida!

Suas vidas irão estar em minhas mãos!!!


Notas Finais


🙊


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...