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História Máfia Karasuno - Memórias afogadas- parte 3- O que sempre faltou


Escrita por: Yuivie

Notas do Autor


O capítulo de hoje é um dos mais importantes dessa fanfic, então por favor, respire fundo e leia os Flashbacks dos capítulos indicados em certos trechos, se sentir necessidade.
Para acompanhar a leitura recomendo: "Illenium - Beautiful Creatures (Julien Marchal Rework)"

link temporário: https://www.youtube.com/watch?v=1nYMqxUnJek


Na capa de hoje, temos a Halley criança. Desenhada pelas habilidosas mãos da @hiraylissa

Capítulo 69 - Memórias afogadas- parte 3- O que sempre faltou


Fanfic / Fanfiction Máfia Karasuno - Memórias afogadas- parte 3- O que sempre faltou

NOITE- MANSÃO KARASUNO

Halley estava encostada na parede do lado de fora da casa. O jardim iluminado pelas lindas lâmpadas amareladas a hipnotizavam de uma forma que ela não sabia explicar. Ela estava tão absorta em observar o jardim sem pensar em nada que não ouviu um carro chegando na entrada da frente. Nishinoya e Osamu saltaram do carro e pararam olhando Halley parada no jardim. 

Nishinoya- Por algum motivo ela anda querendo ficar perto do jardim... - ele disse pensativo tirando uma mala do carro- É a segunda vez que a flagro olhando pro nada aqui. 

Osamu olha Halley atentamente. 

Osamu- Ei, Nishinoya, você pode reportar o que aconteceu hoje pros seus chefes? Eu preciso..- ele fez menção com a cabeça para onde Halley estava

Nishinoya- Tranquilo. Valeu pela ajuda hoje Osamu. Vai lá falar com ela- ele estendeu o punho pra ele

O rapaz ficou olhando para o movimento do mafioso, com curiosidade. Qual foi a ultima vez que ele bateu o punho em sinal de agradecimento com alguém? É... fazia muito muito tempo. 

Ele sorriu e bateu de leve sua mão fechada com a do mafioso corvo. O menor entrou e Osamu ficou observando Halley por alguns segundos antes de se aproximar. 

Osamu- Oi- falou baixinho colocando as mãos no ombro dela 

Halley sorriu e colocou a mão em cima das dele, ela olhou pra cima contente

Halley- Como foi a vigilância? 

Osamu- Olha, sinceramente tem bastante coisa que descobrimos. Parece que estamos tendo uma ajudinha de dentro.. 

Halley- De dentro? - ela olhou surpresa para cima

A garota ficou pensativa por alguns instantes e lentamente seus olhos se arregalaram

Halley- Futakuchi e Mai??? - ela voltou-se exasperada

Osamu- Calma, eles estão tomando todos os cuidados. Como você sabia que eram eles? 

Halley- São os únicos de dentro que eu confio. Ele me olhou nos olhos quando o Ushijima foi levado- ela olhou para baixo- Futakuchi sabia que eu estava lá e simplesmente não fez alarde nenhum. Tanto ele quanto a Mai, são pessoas boas demais pra estarem lá

Osamu-Eles parecem não estar sozinhos viu

Halley- O que quer dizer? 

Osamu- Eles deixaram uma pasta com documentos numa lixeira assim que viram que estávamos vigiando. Aquela pasta, pelo o que eu sei, contém documentos que agentes como Mai e Futakuchi não teriam acesso sem ajuda- ele pegou as mãos dela e a levou até um banco, onde sentaram-se 

Halley- Alguém que deu os documentos pra eles porque sabia que nós chegaríamos até os mesmos? 

Osamu- Sim. Alguém de dentro do governo que está trabalhando com a máfia indiretamente, e julgo eu que saiba de tudo isso que está acontecendo, desde o rapto das crianças até a identidade verdadeira de Hitoshi. Tem alguma ideia de quem seja? 

Halley ficou pensando por algum tempo e depois meneou a cabeça preocupada. 

Halley- Não tenho ideia Osamu... Que estranho.. Por que essa pessoa esperou tanto tempo assim pra fazer isso? Se é algum superior, ele precisa estar no cargo há anos, décadas possivelmente. Se ele já tinha acesso a isso, por que agora? 

Osamu- Eu não sei, mas vou chutar um motivo... 

Halley olhou-o curiosa. 

Osamu- Eu acho que o motivo dele só ter feito alguma coisa foi por sua causa, Halley

Ela ficou surpresa. 

Halley- Mas... 

Osamu- É um palpite. Não tenho nenhum argumento formado pra te falar porquê eu penso isso... Eu só penso que é por sua causa

A conversa do casal é interrompida quando de dentro da casa sai alguém agitado e ofegante. Halley levanta-se na hora, com um ar preocupado que não passou despercebido por Osamu. 

Halley- Hinata? - ela aproximou-se do rapaz 

Hinata- Ha-Halley... Eu... Eu... An... - ele estava ofegante e pálido

Halley- Calma, calma, o que foi? 

Hinata- Eu... - ele olhou para os lados e logo a garota pôde ver lágrimas grossas escorrendo pelas bochechas dele

Halley- Hinata.. - ela olhou-o carinhosa

Hinata- Eu... - a voz embargada do garoto só impulsionou Halley pro que ela faria agora

Os braços da garota envolveram o peito do ruivo, que em um primeiro momento assustou-se e logo depois retribuiu o abraço forte. Ele soluçava silenciosamente, enquanto apertava o corpo da agente contra o seu. 

Halley- Eu sei... É assustador- ela disse no ouvido dele- Mas isso tudo já aconteceu e não vai mais voltar Hinata.. Estamos todos aqui e não vamos a lugar nenhum, eu te prometo- ela afagou as costas do rapaz com delicadeza 

Hinata sentia-se triste, confuso, assustado e com medo. Mas o toque de Halley o acalmava e o fazia sentir-se bem e seguro, era quase como se fosse uma sensação amorosa nostálgica. O ruivo sentia que aquilo poderia acabar e continuou abraçando-a forte. Ela não se importou, sabia que o mafioso precisava de um tempo pra organizar as coisas na cabeça, já que ele seria o próximo na terapia regressiva. 

Da porta, Osamu, que até o momento observava a cena tranquilamente em silêncio, viu Kageyama chegar confuso. Ele viu nos olhos do moreno como ele estava assustado por ver Hinata daquele jeito. Sem saber o que fazer exatamente, o mafioso ficou estático na porta. O ex-agente do governo suspirou e meneou a cabeça. 

Osamu- Francamente- pensou consigo mesmo, ao levantar do banco no jardim 

Ele aproximou-se de Kageyama e colocou uma das mãos no ombro do mafioso. 

Osamu- Ele precisa de você - falou olhando no fundo daqueles olhos confusos 

Kageyama sentiu algo dentro do peito bater forte e ele respirou fundo. 

Osamu- A Halley pode dar segurança, mas só você pode dar o apoio e a força que ele precisa- ele deu dois tapinhas nas costas dele

Osamu andou calmamente até Halley e colocou a mão no braço dela com gentileza. Hinata também notou a aproximação e olhou para Osamu, que retirou delicadamente Halley do abraço e deu espaço para que o ruivo visse quem estava atrás dele. Os olhos acastanhados do rapaz arregalaram-se e brilharam. Kageyama olhava-o nos olhos e estendia a mão para ele. 

Kageyama- Você não vai pra lá sozinho. E você nunca mais vai ficar sozinho. Eu te prometo Hinata- ele disse firme 

Hinata sentiu seu peito se aquecer e já chorando ele sorriu e assentiu. O ruivo enxugava as lágrimas enquanto caminhava até onde Kageyama estava com a mão ainda estendida. Assim que o ruivo chegou perto, o moreno puxou-o para seu peito e o envolveu no abraço mais caloroso que ele conseguia dar. Hinata não sabia se ria de felicidade ou chorava ainda mais. 

Halley olhou agradecida para Osamu e beijou a bochecha dele. Ele colocou a mão na cintura dela e a garota apoiou a cabeça no peito dele.

Halley- Obrigada

Osamu sorriu de lado, olhando os rapazes a sua frente. 

 

 

Yukie abriu a porta da sala e deixou que Liev e Yaku saíssem. O menor tinha a mão na cabeça que ainda doía um pouco. Liev o ajudava a andar pacientemente. Ele assentiu para Yukie, agradecendo e sumiu no corredor escuro com o mafioso sênior. 

Yukie- An.. Cadê todo mundo? - olhou confuso para Konoha que conversava com Akaashi 

Os dois deram de ombros. 

-Aqui, aqui, aqui, já estamos chegando! - disse ofegante, subindo as escadas 

Halley subia apressada as escadas, acompanhada de Kageyama e Hinata que apareceram logo atrás, de mãos dadas. 

Yukie- Hinata, vamos lá? 

O ruivo respirou fundo e assentiu. Ele apertou uma última vez a mão de Kageyama e entrou na sala sem olhar para trás.

O ruivo entrou na sala pequena e Kageyama continuou parado, olhando para a porta fechada. 

Konoha- Vai ficar tudo bem Kageyama.. - ele disse olhando para a expressão preocupada do mafioso

Halley- Ele tem razão, vem, senta aqui- ela fez um sinal para o lugar ao lado dela

Kageyama olhou uma última vez e sorriu para Halley, indo até ela. 

 

HINATA

Risadas e bagunça, era a primeira coisa que a mente de Hinata projetou. 

Tenma- Quem está com você? 

"É um garoto da minha idade, um pouco mais alto, de cabelos escuros e olhos.... olhos...." ele pausou, sorrindo 

Alisa surpreendeu-se com a pureza daquele sorriso e ficou estática pela expressão feliz e amável no rosto do garoto. De todas as pessoas que sentaram-se ali, nenhuma delas demonstrara tamanha felicidade e aconchego como ele mostrou ali. 

"Kageyama... Mas na epoca, ele não tinha esse sobrenome e eu o chamava de Tobio. Nós brincávamos no quintal da casa dele todos os dias, juntos." Ele sentiu o peito se encher de felicidade. "Eu voltava tarde para casa. Onde minha mãe me esperava com..."

Silêncio

"Eu tinha uma irmã... Uma irmã pequena." Ele ficou surpreso e parou de falar. Tenma olhou-o  com a testa franzida. 

Tenma- Hinata? 

"Alguém está brigando, gritando, e eu acordo assustado, tem algo errado. Minha mãe está gritando com alguém e eu ouço algo quebrar." 

Silêcio novamente. 

"Fogo." ele sussurra movendo a cabeça como se olhasse calmamente ao redor. 

Tenma- O que?  - perguntou, surpreso com a calma do ruivo

Ao redor de Hinata havia fogo se espalhando e tomando conta de tudo. As labaredas tomam conta da casa e dançam nas paredes, no teto e nos móveis. Hinata se encolhe na cama, mas não sente medo. Ele não sente nada na verdade. Sua visão está impressionada com o fogo, ele não consegue pensar em sair dali ou fugir. 

A porta é arrombada e dela surge um homem desesperado, seu rosto está borrado; ele parece conhecer Hinata, o pega no colo e cobre ambos com alguma coisa preta e cheirando fumaça. Uma capa? Não dava pra saber. Hinata agarrou-se no pescoço do homem e fechou os olhos. Ao abri-los novamente, ele vê o rosto do homem preocupado consigo. 

"Você está ebem Shouyou? Se machucou? Dói em algum lugar? Arde?" olhava o corpo dele com cuidado

Hinata ouviu-se apenas perguntando "Minha mãe?" 

O homem olha para baixo, triste e apenas diz "Eu sinto muito Shouyou. Eu sinto muito mesmo." 

"Era madrugada. Ele me levou para a casa onde eu brincava com Kageyama. Ele entrou lá e de repente eu só lembro de gritos e dele correndo, me deixando com uma moça de cabelos curtos e olhar preocupado, ela me segura pelos ombros e me abraça. Parece se culpar por alguma coisa. Alguém sumiu." 

Hinata abre a boca mas nenhuma voz sai dela. 

Tenma- Hinata? 

"Kageyama e os irmãos sumiram. Foram eles que sumiram. A garota que está comigo é a babá e ela fica se perguntando como deixou que eles saíssem pela janela sem que ela percebesse. Eu estou preocupado. Kageyama é meu amigo e ele sumiu. Minha mãe... não vou mais vê-la, e nem a minha irmãzinha... Estão....!

Ele engoliu seco

"Mortas"

Hinata está no quarto de Kageyama e entre as coisas dele, ele encontra o ursinho que dera de aniversário ao moreno, repousando na cama. A única pelúcia ali. Ele sorriu e pegou o ursinho, abraçando-o com força. Ele quer acordar desse pesadelo. Mas então aquilo que já estava ruim, fica ainda pior. Hinata ouve gritos abafados e tiros vindo do andar de baixo. Ele se sobressalta e corre fechar a porta do quarto do amigo desaparecido. Ele gira a chave e tranca o local. Mas alguém bate com força, muita força e a porta é quebrada, Hinata grita de medo ao ver um homem alto e forte que ele nunca vira antes, gritando para ele abrir a porta. 

O ruivo aperta o divã e parece estar apavorado. Julgando não ter mais nada na sequência dessas lembranças, Tenma decide fazê-lo acelerar o tempo. 

Tenma- Agora, o que você vê? 

"Estou abraçado com o ursinho de Kageyama, converso com uma criança, e quando ele pergunta se está tudo bem eu só consigo falar que quero meu amigo de volta, eu não quero que ele vá embora também. De repente alguém grita comigo e tenta tirar o ursinho de mim. Eu não lembro direito o que acontece, mas alguém grita e tenta me proteger, e acaba sendo machucado. Eu só quero que tudo aquilo pare. Eu só quero ir embora. Só quero ir embora" 

O tempo acelera novamente, mas dessa vez parecia que por conta própria, dessa vez numa salinha onde ele é despido e mergulhado em um líquido rosa e perfumado. Ele está vendado e só sente mãos lavando seu corpo. 

"Eu... Eu.. Ouço uma conversa... E sinto uma mão passar pelo meu corpo. Sinto vergonha e tento cobrir-me com a minha mão, mas levo um tapa muito forte. Eu caí no chão e ouço uma voz... Essa voz...."

Tenma- O que ela diz? 

"Diz que eu serviria como um bônus. Eu e o outro garoto, serviríamos como Bônus para os compradores, e seríamos a garantia de vingança por alguém ter tentado intereferir nos planos. Ele cita uma mulher e um homem, que são culpados e responsáveis pelo que vai acontecer com os filhos deles."

Ele faz uma pausa confuso. As palavras vinham em frases soltas e ele tentou organizá-las na cabeça.

"Eles conseguiram matar a mulher... Espera.... Ele diz que conseguiram matar a mulher e uma criança num incêndio. Eles... Foram eles que mataram minha mãe e a Natsuo, porque minha mãe descobriu algo" 

Hinata não consegue mais ouvir nada. Apenas sente que algo dolorido e ardido é injetado em seu braço. Tudo fica escuro e ele sente uma sucessão de picadas, muitas picadas. O escuro constante, e a imensidão do nada o apavoram, ele quer acordar, mas não consegue, quer se mover, mas seu corpo não responde. Ele está preso em seu sono. 

Tenma escreve algo em seu caderno e mostra para a câmera: DOPADO POR SEMANAS SEGUIDAS, RESULTOU EM MEDO DE DORMIR- o terapeuta sabia dos problemas de Hinata para dormir, e agora estava explicado o porquê

Assim que ele consegue abrir os olhos, tudo que vê é sua mão sendo segurada por algum adulto que grita algo. A visão turva e a cabeça dolorida e confusa só pioravam a nitidez da lembrança. Mas ele lembra de uma coisa: ao olhar para o lado, Kageyama estava sendo segurado por outro adulto, também desmaiado. A ultima coisa que se lembra foi de ter sorrido. 

Tenma- Hinata, concentre-se na minha voz e volte devagar... 

 

Tendou- Então... o pai da Halley e a mãe do Hinata descobriram alguma coisa que quase custou a vida dos filhos. 

Shirabu- Acho que todos foram mortos Tendou. A mãe do Hinata e a irmã foram mortas num incêndio. Eu pesquisei e a policia deu como incêndio acidental. A casa e os corpos queimaram inteiros. - ele mostrou a foto de uma resportagem antiga de um jornal, com o celular- Eu duvido que o pai da Halley sobreviveu. Eles devem tê-lo matado também

Tendou- E a mãe da Halley? 

Shirabu- Parece que ela já tinha falecido.. pelo que Halley, Akaashi e Kageyama vagamente lembram, ela tinha morrido de alguma doença, anos antes. 

Tendou- Sem familia então... 

Shirabu- Provavelmente não.. Mas vai saber... 

 

Tenma esfrega as têmporas enquanto olha pra sua lista, já no final. 

Alisa- Está tudo bem? - ela lhe estende uma xícara de chá, ele aceita agradecido

Tenma- As coisas se encaixam, mas outras ficam confusas. Eu nunca ouvi falar de uma droga tão poderosa assim, que reprime as lembranças em um nível que é quase impossível acessá-las. Kageyama e Hinata conviveram anos na máfia mas não se lembravam de quase nada da infância, que passaram juntos. Isso é surpreendente pra mim. 

Alisa- Sim, pra mim também. O mesmo acontece com a Shimizu e o Sugawara, o Yaku, Iwaizumi que conhecida Kindaichi e Kunimi. Todos eles tinham se encontrado praticamente.. É como se tudo tivesse sido apagado

Tenma- Recipientes sem memórias, um frasco vazio- ele repetiu

Alisa- Kunimi disse isso né. Se eles queriam isso, imagino que tenham conseguido

Tenma- As custas das vidas de crianças. 

Alisa- Mais fáceis de manipular. - ela concluiu

Tenma- Com certeza. Mas pra fazer isso, tem que ser muito, muito, muito frio. 

 

Yukie acompanha Hinata até a porta. O ruivo está sonolento e entorpecido praticamente. Ele sente mãos macias segurando as suas, mãos que ele reconhece serem de outra pessoa. Tentando concentrar-se a quem pertencem, ele olha para frente e vê Yachi sorrindo-lhe gentilmente. 

Yukie- Deixo ele com você Yachi

Yachi- Sim, sim. - ela conduziu Hinata para fora da sala. 

Kageyama - Hinata!

Hinata voltou-se para ele e sorriu. 

Hinata- Você está aqui...- ele disse zonzo

Yachi- E ele já já estará com você, venha, eu te levo até seu quarto

Hinata- Sim, dormir é bom... Porque agora eu sei que vou acordar. 

Akaashi e Halley se olharam surpresos. 

Yukie- Akaashi, vamos? 

O moreno olhou para Halley, Konoha e Kageyama, que assentiram para ele. Halley apertou sua mão e disse

Halley- Nós vamos estar aqui 

Akaashi sorriu para ela e levantou-se, entrando na sala que Yukie indicava com a mão estendida. 

 

Konoha- Esse sorriso dele... Arrasa corações.. Mas alguma coisa no sorriso que ele dá pra você Halley... É diferente- ele disse olhando para a morena

Ela sorriu.

O primeiro dos três irmãos entrou na sala e agora, só restavam Kageyama e Halley, Com o coração aos pulos, ela se perguntavam se Akaashi, ela e Kageyama ficariam bem. 

 

 

 

 

OS TRÊS IRMÃOS

Keiji encontrava-se sozinho na sala de estar enorme, enquanto esperava alguém muito especial que sua mãe queria que ele conhecesse. 

Mãe- É uma pessoa especial para mim, querido, e você vai conhecer duas pessoinhas muito importantes também. Eu espero que elas se tornem tão importantes pra você quanto essa pessoa que eu quero que você conheça. 

O pequeno Keiji assentiu para a mãe. Ele estava nervoso. Apesar da pouca idade ele sabia muito bem que sua mãe estava prestes a apresentar-lhe seu novo pai. O pequeno não conhecera seu pai biológico, que morreu num trágico acidente quando ele só tinha alguns meses. Desde então, eram ele e sua mãe. A coisa que o Keiji mais priorizava era a felicidade de sua mãe e o quanto ele queria que ela sorrise novamente. Desde que conhecera essa pessoa misteriosa, ela voltara a sorrir e estava radiante e para ele, era tudo o que importava, mesmo que significasse ter uma pessoa ruim para ele, na familia. Porque ao menos ele faria bem a ela. 

Mas assim que o homem alto e mais velho entrou, ele não sentiu repulsa e muito menos ameaça. Não, aquele homem transpirava compreensão e carinho. Assim que ele botou os olhos em Keiji sua primeira reação foi cumprimentá-lo como um adulto e isso fez Keiji sentir-se respeitado. Ele apreciou isso. 

-Keiji, gostaria que você conhecesse meus filhos também. - ele deu espaço 

Os olhos do menino brilharam ao ver duas crianças. O menino estava um pouco nervoso mas estava ereto e um pouco animado pelo visto. Ele acenou levemente envergonhado e Keiji retribuiu da mesma forma. Mas seus olhos foram atraídos para a outra criança. Praticamente da mesma idade que ele, a garotinha tinha cabelos curtos e um sorriso gentil nos lábios. Ela irradiava algo que Keiji ficou impressionado e... emocionado? Ela era luz, como sua mãe. 

- Meu nome é Halley e o dele é Tobio, muito prazer Keiji- ela fez uma leve reverência 

Keiji- Prazer- ele sorriu e fez o mesmo 

Ter a casa bagunçada não agradava Keiji e sempre que ele reparava nas outras crianças, nenhuma pensava como ele no quesito organização. Quando Halley e Tobio se mudaram para sua casa, ele não pensou que gostaria tanto de uma casa mais cheia, mais viva. E ainda assim, arrumada. Halley era muito organizada com seu quarto e seus brinquedos, apesar de ser intrépida e adorar fazer as mesmas atividades que seus irmãos. Tobio era meticuloso, mesmo tão novo. Ninguém podia encostar em sua bola de vôlei, não, aquilo era sagrado. 

Assim passaram-se os anos e a vida de Keiji nunca esteve tão boa e feliz. Sua mãe feliz. Seu pai, uma pessoa boa, feliz. Seus novos irmãos, felizes.... 

Mas então sua mãe adoeceu. Keiji sentiu seu coração ser despedaçado, e então encontrou forças nos corações tão novos e despedaçados quanto o dele. 

Keiji- A mãe de vocês? 

Halley- Tobio e eu não temos a mesma mãe. A minha... foi embora... A mãe dele morreu quando ele nasceu. Então quando digo que nós entendemos você, é porque te entendemos. - ela pegou nas mãos dele e apertou- E eu... não quero perder ela também- olhou para o quarto onde a mãe de Keiji estava acamada 

Keiji- Minha mãe sempre teve uma saúde muito ruim. Ela ficava de cama quase toda semana, mas agora... ta pior.. - ele sentiu as lágrimas se descontrolarem

Halley- Precisamos fazer alguma coisa! - ela se sobressaltou

Keiji- Fazer? Halley, nós não somos médicos.. 

Tobio surgiu da cozinha e ouvindo essas duas ultimas frases, disse:

Tobio- E se tocarmos? Ela gosta não é? 

Keiji e Halley se olharam surpresos. Sim! Aquilo era perfeito!

Keiji aprendera piano com facilidade, e estava ensinando Tobio. Halley por sua vez, cantava muito bem e sabia um pouco de piano. 

Halley- A música favorita dela então- ela disse, pigarreando

Apesar da mãe ter lutado bravamente contra a doença, não resistiu e meses depois veio a falecer. Keiji julga que só não enloqueceu e ficou vazio, porque Halley, Tobio e seu pai estavam lá. Eles eram uma familia, não importava que nomes eles deveriam dar uns pros outros, meio-irmãos, padastro, madastra, enteado... Não, ali, eles eram as pessoas que mais se amavam no mundo. 

O pai trabalhava bastante e desde que a mãe falecera, ele tentava ficar mais com as crianças. Infelizmente, algo estava errado na visão do pequeno Keiji. O homem parecia mais abatido e preocupado que o normal. Dormia pouco e sentia-se cansado com facilidade. Um dia, Keiji perguntou

Keiji- Pai, você anda triste por causa da mãe? 

O homem olhou surpreso e logo depois com carinho abraçou o corpo da criança. 

-Keiji, você é um garoto maravilhoso. Eu fico triste sim pela sua mãe, mas estou com problemas no trabalho também.. 

Keiji- Sei que sou só uma criança, mas se precisar de ajuda, eu, a Halley e o Tobio podemos ajudar... 

O homem afagou os cabelos dele e sorriu

-Eu vou pedir sim. Assim que vocês estiverem prontos, eu vou pedir pra vocês me ajudarem no meu trabalho. 

Keiji sentiu-se importante. 

Naquela noite, o pai teve que viajar a trabalho. Passaram-se os dias e apesar da presença da babá, Keiji notava que a noite sua casa fazia barulhos estranhos, como se alguém estivesse mexendo em alguma coisa. O escritório do pai sempre ficava trancado quando ele saía, por isso o garoto achou perturbador quando, uma noite ao buscar um copo de água, notou a porta aberta. 

Keiji- Babá? - ele empurrou a porta devagar

De dentro do local, uma mão com luvas pretas sai da escuridão e puxa seu braço com força, jogando-o contra a mesinha do escritório. O garoto rapidamente levanta-se, e mesmo tonto, corre para a janela aberta e pula. Ele consegue ouvir

"Vão atrás dele! Não podemos arriscar ter testemunhas! Falei pra vocês ficarem de olho nos pirralhos" 

O menino está tão preocupado em sair dali e avisar seus irmãos, que não olha para frente e bate numa pessoa forte e alta. É um homem que o agarra pelo pijama e o levanta no ar. Na sua mão ele observa um pano e tudo que sua mente consegue pensar foi em gritar. 

Keiji- HALLEY, TOBIO, SAIAM DAÍ!!- ele grita com toda a força dos pulmões

A garota ouve o grito e levanta assustada, ainda a tempo de ver Keiji ser carregado nas costas por um homem alto para dentro de uma van preta. Outros homens saem da casa e vão para a van, que arranca logo depois. A garota esperta, já tinha visto essa van antes.. No orfanato! Eles estavam levando Keiji para o orfanato! Deveria haver um terrível engano! 

Ela rapidamente tirou seu pijama e vestiu um vestidinho branco que usara no dia anterior. Assim que saiu do quarto com os tênis em mãos, topou com Tobio. O garoto estava assustado e olhava confuso para Halley. Ela sabia que ele também tinha visto tudo. 

Halley- Acho que Keiji foi levado pro orfanato por pensarem que ele é um orfão! Mas papai só viajou, ele já vai voltar! Eu preciso ir até lá e explicar tudo. Tobio, por favor fique aqui ok? Eu preciso procurar ele. 

Tobio- Mas... Eu posso ir com você 

Halley- Não, não pode! Se algo acontecer a você, não irei me perdoar. Eu voltarei, prometo! Estarei de volta com o Keiji ainda hoje e espero te encontrar na cama. Se a  senhorita perguntar, fale que não sabe de mim, certo? 

Tobio- Mas... Halley.... Nee-san.... 

Halley- Tobio, vai ficar tudo bem. Eu vou resolver tudo. (Flashback Capítulo 56)

Tobio- Eu vou sim! - ele disse indo para seu quarto trocar de roupa

Halley- Não. Fica, não faz isso- ela pegou no braço dele- Por favor, não faz isso. 

O menino se desvencilhou do toque dela e continou irritado, colocando o tênis

Halley- Me espera. Me escuta! (Flashback Capítulo 35)- ela pegou nos ombros dele- Eu não posso me perdoar se algo acontecer com você!! Entenda Tobio!! Eu não vou te perder!! 

O menino a olha com os olhos já repletos de lágrimas e se joga nela, abraçando-a forte.

Tobio- Se você não voltar, eu vou te procurar!! Eu vou até o fim do mundo te achar. Vamos voltar aqui e vamos todos ser uma familia feliz de novo.

A garota sorri e afaga os cabelos do mais novo. Ela assente e o abraça uma ultima vez. Em seguida, sai pela janela do escritório do pai e deixa Tobio em casa. 

Enquanto isso, Keiji é levado até um a casa, onde sozinho está amarrado a uma cama fedida, em um quarto escuro. Ele precisa sair dali, precisa encontrar seus irmãos e avisar seu pai que eles estão em perigo, todos eles, inclusive o pai! Não importa o motivo, aqueles caras estavam procurando documentos do pai. As gavetas estavam todas remexidas. Ele tinha que sair e avisá-los. 

Alguém entra no quarto e coloca uma venda em seus olhos. Keiji sente uma pontada dolorida em seu braço e ele sente-se sonolento aos poucos. Mas não antes de poder ouvir uma voz muito conhecida atualmente por ele, mas que na epoca era completamente desconhecida

Hitoshi- Então tudo bem. Este aqui, mais velho, coloque ele no programa junto com os outros. 

Foi a ultima coisa de que se lembra, antes de ser acordado em um local completamente diferente depois. 

Enquanto isso, Halley corre até o orfanato e fica observando uma movimentação estranha pra aquela hora da madrugada, na casa. Ela logo avista a van onde jogaram Keiji e isso a faz por impulso querer correr até lá, mas seus ombros são puxados de volta para atrás da pequena mureta. Halley se desvencilha e olha para trás, afastando-se

-Calma, calma, calma!! Eu não to aqui pra te fazer mal. Meus amigos estão lá! E você ia ser descoberta se se levantasse daquele jeito. 

Halley- Quem é você? - olhou surpresa para uma criança da idade dela, com cabelos espetados, repleta de curativos nos joelhos e regata

-Me chame de Hajime, e o seu?

Halley- Halley.

Hajime- O que você ta fazendo aqui?? 

Halley- Meu irmão está lá dentro. - ela aponta para a van preta

Hajime- Entendo. Na verdade, ele nao tá mais lá dentro. Eu tava aqui quando eles chegaram, eles o levaram para dentro. 

Halley- O que ta acontecendo aqui? É pra ser um orfanato não era? 

Hajime- Eu já achava esse lugar horroroso. Quando eu vi mais cedo o casal que ia me adotar, notei que tinha algo de erraod... agora eu tenho certeza que isso aqui é crimonoso. Eu moro aqui

Halley- Você é um orfão? 

Hajime- Sim. Meus amigos estão lá e foram pegos por essa gente esquisita que vem aqui de vez em quando.. 

Halley- Ok, e qual o plano? 

Hajime sorriu- Gostei de você, hehehehe. Só precisamos ganhar tempo, eu já pedi ajuda pro meu amigo!

Halley- Amigo? 

Hajime- O pai dele é um cara poderoso e pode ajudar. Então vamos só ganhar tempo suficiente. 

-Tempo é? É o que vocês menos tem!- surge um homem alto com luvas, segurando um bastão de baseball

Hajime empurra Halley para longe- Corre!!

A garota não pensa duas vezes e sai dali, sendo em seguida perseguida por uma mulher que corre muito rápido. A pequena se esconde em uma rua repleta de estabelecimentos pequenos. Ela se esconde atrás de um contâiner de lixo.

Enquanto isso, Tobio impaciente, saiu de casa a procura dos irmãos. Ele estava chegando perto do orfanato, quando ouviu alguém gritar que tinham deixado uma escapar. Ele sente seu braço ser agarrado com força. Ele consegue retirar o braço de quem o agarrava e corre na direção contrária. Um homem surge do nada e tenta pegá-lo, mas Tobio consegue escorregar por entre suas pernas e sai correndo mostrando a língua. 

-Fala sério! É um pirralho, ele não pode estar dando um baile em vocês! Peguem!- diz a voz de uma senhora 

Os homens continuam correndo atrás do menino que agora salta no jardim e brinca com os homens, que tentam pegá-lo, mas tobio é mais rápido. De repente sua cabeça é atingida por algo pesado e ele cai no chão. Ele sente uma pressão dolorosa na cabeça e uma pontada muito forte. Sua visão fica embaçada e ele apaga. 

-Não mande meninos fazerem trabalho de uma mulher... - disse jogando um tijolo com sangue no chão- Levem ele. Coloquem no caminhão com os outros! 

-Ele ta sangrando

-Foda-se, andem!

 Ainda esperando que sua perseguidora desista dela, Halley observa por uma fresta ao lado do lixo, a rua vazia a sua frente. Ela sai devagar e olha para os dois lados. Pensa então que precisava voltar rápido para ver se Hajime tinha conseguido se esconder, mas sente braços brutos segurarem sua cintura e a levantar no ar. A menina se apavora e começa a esperniar. Uma área de estebelecimentos não tem ninguém a essa hora da madrugada. 

Seus pulmões já não estavam aguentando e ela já estava assustada demais. Mas tudo piorou assim que o homem a levou para um caminhão, onde pôde ver Keiji desacordado, preso a uma cadeira. O homem a joga no chão e suas costas batem com tudo, fazendo-a perder o ar. Ela se arrasta até Keiji, tentando acordar o irmão que não mostra reação nenhuma. Ela se ajoelha nele e chora. Suas mãos são atadas e ela é empurrada para a cadeira da frente à dele, ficando presa ali. O caminhão então fecha as portas e começa a andar. 

Halley sente desespero, tristeza, vazio. O pequeno moreno a frente dela faz alguma menção com a boca, parecendo estar chamando por alguém. 

Halley- Keiji? 

Sem resposta, ela fica um pouco aliviada de ter visto pelo menos ele mostrando algum sinal de vida. 

Enquanto isso, em outro caminhão, Tobio acorda assustado e dolorido, ele começa a fazer barulho e chama atenção de uma criança presa ao seu lado. 

-Ei, tudo bem?

Tobio- Eu to com medo de morrer. Não sei onde minha irmã está. Eu não sinto minhas pernas. 

-Vai ficar tudo bem. Sua irmã está bem, ela estava ali no outro caminhão, com seu outro irmão. Eu ouvi quando vocês chegaram. A gente não vai morrer aqui, ta bom? Eu prometo. Vamos falar de outras coisas, qual seu nome? 

Tobio- Tobio. E você? 

-Iwaizumi Hajime. Prazer Tobio. A gente vai sair daqui, meu amigo vai vir nos buscar! (Flashback Capítulo 60)

Assim que o caminhão pára, Halley vê uma luz vindas de lanternas iluminarem o interior do caminhão. Foi aí que ela se deu conta de que não estava sozinha. Além de Keiji, tinham muitas outras crianças desacordadas ali. 

-O que essa criança está fazendo acordada? 

-Ah, bom... isso... é complicado...

-Que seja, tirem ela daqui

Desesperada Halley se debate assim que é solta das amarras. Seus pés são arrastados para fora do caminhão.

-Keiji! - ela estica as mãos, para uma criança desacordada enquanto é arrastada 

-E quanto a este? - uma sombra alta indaga

-Leve-o para o outro contâiner- respondeu a sombra que a arrastava, que a engolia para a escuridão completa 

Aterrorizada, Halley olha para o lado e vê Tobio com a testa repleta de sangue, sendo levantado pela camiseta, e jogado para outro contâiner. Os irmãos em locais diferentes, e ela sendo separada de todos. Seu coração pesa: é tudo culpa minha! 

A menina de cabelos ondulados, vê as portas que mantinham seus dois irmãos, serem fechadas. (Flashback Capítulo 56)

 

 

KEIJI

Levado para uma sala onde seus braços ficaram pendurados no ar, o menino de olhos sérios, frios e calculistas, ganhou a repulsa do chefe do laboratório, Hitoshi, que passou a usá-lo como seu brinquedinho para desestresse, dando-lhe choques e batendo em seu corpo com uma toalha molhada. As dores, as injeções, o calor infernal daquele forno onde torcia para sair, e todos os outros experimentos o fizeram pouco a pouco, perder todo o brilho de seus olhos. Tornando-os duas orbes escuras e sem vida. Aos poucos, tentar lembrar-se de seus irmãos e sua familia foi ficando mais dificil, tudo era escuridão e vazio, e evitar pensar nisso, tornou-se melhor do que sentir-se mais perdido do que se sentia naquele lugar. No dia que finalmente a Máfia chegou para resgatá-los, Keiji não lembrava-se de seu sobrenome, de seus irmãos, de sua vida... De nada... 

Apenas de uma música, mesmo não se lembrando de onde vinha, e nem de quem era ou para quem. Ela permaneceu como se sua mãe tivesse lhe dado esse presente para no futuro lembrar-se. 

 

TOBIO

Após sofrer a pancada na cabeça, o menino não acordou com facilidade. Quando finalmente conseguiu manter-se acordado, testes doloridos foram feitos em seu corpo. Insistindo em perguntar de sua familia e irmãos, a equipe de experimentos decidiu que ele deveria receber doses mais fortes das injeções, fazendo-o ficar dopado quase que o tempo todo. A única coisa de que se lembrou depois foi de acordar ao lado de Hinata, enquanto era carregado por alguém que gritava por ajuda. Tudo antes disso sumiu. Em sua mente, a imagem de sua irmã e irmão foram apagados, sua familia e sua vida, jamais existiram. Apenas um vazio e uma sensação de solidão persistiram. Uma solidão que era preenchida ao ver os olhos de Hinata, um amigo tão querido e uma pessoa tão importante, antes e agora. 

 

HALLEY

Jogada em outro contâiner, a menina fica as cegas, juntamente a outras crianças, tentando descobrir uma maneira de sair dali e se juntar aos seus irmãos. Suas mãos encontram na escuridão, Yaku Morisuke, que a acalma e a deixa um pouco mais focada em poder sair dali assim que tivesse oportunidade. Quando finalmente saiu do contâiner ela perdeu-se de Yaku e nunca mais o viu. 

Halley é levada para as celas, e permanece lá, vendada, aguardando sua vez de desaparecer como aconteceu com todas as outras crianças que teve contato e tentou conversar. Toda vez que tentava pronunciar meras palavras como "Oi", "Você está bem", ela era punida com barulho em sua cela e algo que queimava sua pele superficialmente. Com o tempo, ficou mais fácil de perceber quando os guardas estavam por perto, então quando não estavam ela procurava ajudar como podia as crianças perto dela. Apesar de vendada, Halley utilizava de sua audição e sua percepção de espaço para poder se localizar e localizar pessoas ao redor. Isso não passou despercebido pelo chefe do laboratório onde eles estavam. 

Tempos após ajudar Sugawara a se alimentar, ela foi finalmente levada para outro lugar. Após passar tanto tempo enclausurada numa cela pequena, suas pernas não respondiam tão bem e ela teve que ser carregada para o outro lugar, onde ficou isolada por mais algum tempo, recebendo injeções no braço que a faziam vomitar ou dormir muito. Depois disso, suas memórias ficam escassas e cada vez mais suprimidas de forma que ela apenas vê uma completa escuridão. E depois dessa escuridão, se vê na escola frequentando um ambiente estranho no qual não se encaixava, mas podia sentir que fazia aquilo que deveria fazer quando estava trabalhando para o governo como agente júnior em treinamento. Sempre se destacando. E sempre sentindo que buscava algo, com um trabalho perfeito. Mas nunca sabendo o quê. Nunca mais lembrando da existência de seus irmãos, de sua familia, de sua vida anterior, do propósito que sempre faltava em seu coração: achar sua familia. 

 

 

 

Eu sei que vocês não podem me escutar agora meus filhos, e sei que deve estar sendo um momento muito dificil esse reencontro, essa descoberta, essas memórias. Eu não estava lá para protegê-los. Eu falhei. 

O senhor de chapeu, segurava uma carta amassada e velha entre os dedos. Lágrimas caem no papel e espalham-se gentilmente pelos poros. 

A mãe de vocês estaria orgulhosa. 

Ele olha para o céu, em frente ao Departamento onde encontrara Mai e Futakuchi alguns dias atrás, dando-lhes um arquivo importante. Ele deixa as lágrimas escorrerem. 

 

"Keiji, Halley e Tobio,

O destino tem uma maneira muito peculiar de agir. Mas assim como o medo, horror e maldade podem mudar as coisas, o amor e a gentileza podem mudar ainda mais. As coisas nunca mais serão as mesmas, mas construindo pedrinha por pedrinha, é possível montar um castelo em cima da estrutura sólida desses sentimentos. 

Eu queria ter tido mais tempo com vocês, mas sei que não me era devido. Deixo vocês com o amor que eu sempre senti pelas coisas mais belas desse mundo. Jamais se esqueçam disso, e se esquecerem, por favor, olhem uns nos olhos dos outros. Eu estarei lá.

 

Mamãe"

 

 

 

Continua


Notas Finais


Todas as memórias foram resgatadas das profundezas em que foram forçadas a ficar por tanto tempo. O que resta saber agora, é: como lidar com essas memórias, sabendo quem nós somos hoje?

Comentem!! E me digam se gostaram!
Esse é o primeiro fechamento de uma parte importante da história. Acreditem, estamos chegando no clímax/final.


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