Na manhã seguinte, foi um sacrifício me levantar da cama, como aqueles pensamentos pesando em mim. Naquele longo dia, Lyon iria começar a resolver os problemas burocráticos de Gray para tirá-lo de lá ainda naquele dia. E eu tinha vinte e quatro horas para resolver os meus problemas.
Após tomar um banho rápido, me arrumei e engoli um murfim de frutas vermelhas de café da manhã. Peguei um ônibus, olhando pela cidade e lembrando cada coisa, tendo várias lembranças. Quando finalmente desci no ponto, senti minhas pernas bambearem. A cada passo que eu dava- com certa força- eu queria chorar. Comecei a correr, o mais rápido que podia, até chegar na frente da grande mansão. Quando cheguei lá- que continuava a mesma coisa- engoli as lágrimas e toquei a campainha. Logo uma empregada me recebeu.
-Lucy? Ela não trabalha mais aqui.- A mesma respondeu, quando perguntei da loira.- Mas acho que tenho o endereço atual dela.
Logo ela me deu um pequeno papel com o endereço anotado, e eu fui em direção ao endereço. Mais um ônibus, e eu cheguei na adorável casa com cerca marrom com flores no quintal, percebi que não era tão ruim. Quando toquei a campainha e porta se abriu, um certo homem de cabelos rosados veio me receber, segurando uma criança loira de cabelos molhados, em uma toalha branca felpuda. O bebê deveria ter um ano e meio, apesar de ser bem grandinho.
-Natsu?- Quase deixei o papel do endereço cair. -Não me diga que...
-Quem é, Nat...- Lucy, com uma aparência um pouco cansada, apareceu.- Juvia?
-Bebê?- Perguntei, e ela sorriu.
-Pois é. - Ela sorriu.- Depois que ele conheceu os bebês, quis ter um.
-Chocada.- Me expressei.- Isso foi a quanto tempo?
-Há um ano- Ela sorriu.- Você não quer entrar? Natsu, vista o Yumi.
-Entrei na casa e logo nós nos acomodamos no sofá.
-Então, você me falou depois de ir para os Estados Unidos que você tinha achado a sua família. Oque aconteceu depois?
-Bom, eu estava vivendo com eles há três anos. Eu tenho dois irmãos gêmeos mais velhos e uma vovó fofa que gosta de bolo.- Ri.- Mas bem, esses dias estourou a coisa do Gray e eu e Lyon viemos as pressas para resolver os problemas. E eu também tinha coisas a resolver com Gray, ainda que não seja o melhor momento eu irei esperar.
-Hm...- A loira sorriu.- Bom, já deu para perceber oque aconteceu nos últimos três anos, certo?
-Sim. Mas por que logo ele?- Perguntei.
-Lembra quando Sting terminou comigo? Foi ele que me ajudou, aí nós viramos muito amigos, namorados, noivos e agora pais.- Ela contou nos dedos as fases, como uma linha do tempo.
-E como é criar um filho com ele?-Brinquei.
-É como se eu tivesse dois filhos, por que eu tenho que cuidar dos dois. Sabe quanto esses dois fazem besteira? Acho que o Yumi já aprendeu a preparar a própria mamadeira e o Natsu não. - Ele reclamou. Eu apenas ri. - Se você tivesse um filho ia entender. Vai entender um dia.
-Não pelo andar da carruagem. -Soltei um suspiro de descontentamento. – Bom, eu tenho algumas coisas para te perguntar.
-Mande.- Ela se encostou no sofá.
-Depois que eu fui embora, Gray começou a beber.- Falei calmamente.- Ele por acaso já agrediu ou agrediu outra pessoa dentro da mansão?
-Nunca.- Ela respondeu.- A questão de ele ter começado a beber e a fumar foi uma das questões de eu ter saído, Natsu também achou melhor, afinal, eu já estava grávida na época.
-Pois é. Quando ele agrediu o homem ele estava bêbado, então...
-Ele estava bêbado todo dia.- Ela me cortou.- Segunda a segunda, toda noite ele se afundava no sofá e bebia até dormir ouvindo música triste.
-Eu me sinto culpada, apesar de quem terminou tudo foi ele.- respondi.- Mas obrigada por me ajudar.
-Estou sempre aqui. - Ela sorriu. Um choro de bebê ecoou pela casa e a expressão feliz dela se tornou numa cansada. - Eu tenho que ir. Desculpe, Juvia.
-Sem problemas, já estava de saída. - Sorri, mas por dentro eu estava desmoronando. Mas eu tinha que sorrir.
[...]
Quando eu cheguei no hotel, vasculhei o velho iphone em busca do número de homem que eu não via a séculos. Para meu azar, o número havia sido trocado. Mas eu ainda tinha o contato de certa baixinha.
-Juvia?- Gajeel exclamou. - Como assim você voltou?
-Parece que as notícias estão a minha frente. - Falei, logo depois respirando fundo.- Mas bem, nós precisamos nos encontrar. Temos muita coisa para botar em dia.
Logo, ele me deu o endereço de sua nova casa em Magnólia e eu relaxei por alguns minutos. Havia marcado para uma hora mais tarde, mas sentia que estava a ponto de desistir. Mal eram três da tarde e eu já estava querendo voltar para cama. Mas logo, recebi uma mensagem que mandou meu sono para bem longe.
“De: Lyon
A audiência foi marcada para a próxima semana, mas conseguimos negociar a prisão domiciliar. Nós vamos nos hospedar na mansão durante esse tempo. Ele deve ir embora essa noite, para tentar evitar a mídia. Mas tem chance de nós pegarmos alguns.”
Respondi com um “Okay” e voltei a pensar. Ao menos, ele não iria ficar naquela prisão. Eu sabia que aquilo ainda iria gerar muita briga. Afinal, muita coisa mudaria daqui para frente. Provavelmente ele venderia a mansão e pessoas seriam despedidas. Afinal, se o próprio Gray foi despedido da empresa, oque seria dele? Por mais que ele tenha uma faculdade e uma boa experiência, o alcoolismo seria um grande problema. E também tem a nossa situação... e eu ainda não sei se o amo. Parece que eu tenho a chave para descobrir tudo isso, mas uma nuvem de preocupação, dúvida e medo nublam minha visão até a porta. Afinal, oque fazer?
Era algo complicado, muito mais do que eu pensava ser. Mas eram alguns dias. E com esforço, tudo se resolveria. Tudo sempre se resolve com esforço. Só espero que esse não leve ano para se resolver.
[...]
Deveria ter medido meu tempo. Meia hora de atraso pode ser um pouco demais. O pequeno apartamento era bem localizado. Mas quando Levy abriu a porta, meu queixo deve ter voltado para térreo.
-Será que todo mundo agora resolveram achar bebês bonitinhos?- brinquei e ela riu.
-No caso, acho que esse futuro pestinha aqui foi numa festa.- O moreno apareceu do lado de Levy, que ostentava um barrigão de grávida. Levy ficou vermelha com a fala do moreno, mas não fez nenhuma objeção. – Então, soube que o gelinho teve problemas.
-Mais do que você imagina. - Sussurrei enquanto seguia os dois para dentro do apartamento. - Bom, por onde começar?
-Por como isso aconteceu com ele.- Gajeel se sentou na poltrona a rente do sofá, e eu sentei no sofá.
Então eu comecei a falar. Falei como havia acontecido, falei das cartas mela-mela, falei das minhas inseguranças e falei que eu estava confusa. Ele ouviu tudo com paciência, e Levy acabou indo dormir, alegando que estava cansada.
-Acho que você só está com medo que ele te largue de novo. É mais fácil de resolver do que você imagina. Só precisa confiar nele. Se você estiver certa de tudo isso, apenas feche seus olhos e deixe seus sentimentos te guiarem.
-Você está muito poeta, porém, certo. - Respondi. - Só que é difícil voltar a ter aquela confiança que nós tínhamos há três anos atrás.
-Isso é algo que só o tempo pode dizer. Mas acredito que, se for real, vai voltar mais rápido do que você imagina.
-Sério, você anda fumando alguma coisa?
-Com a Levy tão alterada na gravidez, ela só me deixa quieto se eu estiver lendo, por que ela acha que é bom para mim.
-Não creio que logo você, pegou o hábito de ler.- Brinquei.
-É melhor do que você imagina. Está vendo aquelas prateleiras ali?- Ele indicou.- São todos meus.
-Inclusive aquelas bíblias ali?- Indiquei uns livros gigantes, que provavelmente pesavam mais que Levy.
-Mais interessantes que muito filme.- Ele sorriu.- Idade média é algo muito interessante.
-Mas em fim...- Suspirei.- Agora, com todas essas coisas de nós voltarmos a morar juntos de novo, eu posso entender melhor as coisas?
-Talvez. Mas se ele for fiel e sentir oque ele diz nas cartas, ele ainda te ama. Então vai depender de você.
-Você poderia ser psicólogo, Gajeel.- Sorri.
-Quem sabe? Faculdade nunca esteve dentro dos meus planos.- ele me encarou.- A princípio não daria para fazer agora, esse treco do bebê já gasta muito dinheiro, imagina dois.
-São gêmeos?- Me exaltei. Ele confirmou pesarosamente com a cabeça.- Bem feito, quem mandou ser idiota?
-Levy. Ela estava muito ousada naquele dia.
-Mereço.- Ri.
Depois daquilo eu me despedi e fui me encontrar com Lyon numa padaria perto do hotel.
-Pronta para lidar com os problemas?- Eu neguei com a cabeça.- Mas você tem que estar. Ele sai mais tarde.
-Você já contou para ele da empresa?- Perguntei.
-Sim. Ele disse que era de se esperar. - Ele apoiou a cabeça nas mãos.- Ele disse para vender a mansão e usar o dinheiro para comprar uma casa mais simples.- Nós conversamos e eu falei que ele teria que parar de beber para conseguir outro emprego. Ele está mais abalado do que eu imaginava.
-Acho que pode ter sido nossa conversa. Eu posso ter sido dura demais com ele.- Respondi.
-Mas no momento, você vai precisar aliviar um pouco. Esse relacionamento de vocês está atrapalhando as coisas. Então, por favor, tente resolver isso o mais rápido possível.
-Acredite, eu também quero.- Respondi, fechando os olhos e aproveitando cada momento de paz que ainda podia ser sentida.
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