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História Main Character - Jikook - Chapter 4


Escrita por: AP_Moura

Notas do Autor


Depois de alguns dias de prova
Cheguei!

Capítulo 4 - Chapter 4


Fanfic / Fanfiction Main Character - Jikook - Chapter 4

  Definitivamente, trabalhar com o Jungkook não era a coisa mais fácil do mundo como pensei. Primeiro; ele me pedia coisas a cada dois segundos durante uma pausa na gravação. Segundo; para me ajudar, claro, tudo no set era muito longe. A máquina de lanches e a cozinha eram muito longe da área de gravação.

  Antes disso. Estávamos fora de Seul, e toda aquela ida foi extremamente entediante, porém tensa. Passávamos por casinhas no meio do nada, lá fora o céu estava começando a nublar, com nuvens cinzas se enroscando umas na outras, formando uma camada que futuramente iria lavar aquele campo. Jungkook ainda estava deitado nas minhas pernas, e adormeceu por poucos minutos. Quando acordou, estava disposto a me olhar feio, como se eu fosse o culpado de ele não poder dar em cima de mim. Eu não sabia que tinha dado a ele essa liberdade.

 

  -Taehyung nunca me contou de namorado nenhum. -resmungou mexendo no celular. 

  -Vocês são muito amigos? -perguntei.  

  -Estávamos começando a ser amigos. -ele guardou o celular, estava tão inquieto que estava tirando e colocando o celular no bolso de tempo em tempo. -Não me importo que esteja namorando, okay? Só que devia ter me avisado. 

  -Está chateado porque não cheguei me apresentando como "Park Jimin, seu staff. Estou namorando."? 

  -Sim! -exclamou dando as costas, oque não adiantou muito, continuou deitado em mim. Pousei a mão na sua cintura inconscientemente, apenas procurando um apoio para os braços. Ele se encolheu e afastou minha mão para o seu ombro. -Tenho cócegas. -avisou. 

  -Ah, que pena. -devolvi minha mão a sua cintura, ignorando a carranca dele. Além da janela, mais nada era suficiente para me distrair, as paredes de ferro, o sacolejar da estrada e tirando o sofá, não havia mais nada na traseira do furgão. Tamborilei meus dedos sobre a camisa dele e  soltei um suspiro. Eu precisava conversar. -Ok, por que precisava de um staff novo? 

 

  -Eu... não gosto de falar nisso. Até briguei com o Namjoon Hyung por causa disso. -ele bufou e acomodou mais a cabeça sobre a minha coxa. 

 

  Meus lábios começaram a se curvar, mas eu me forcei a parar de sorrir. 

 

  -E quem seria esse? 

 

  -Você vai conhecer. -ele bocejou e colocou a mão sob a cabeça, mas logo percebi seu objetivo de tocar minha perna quando ele sorriu. -Uma pena, não é? 

 

  -O que? -perguntei desconfiado. 

 

  -Podíamos ter nos divertido muito. 

 

  Senti minhas bochechas queimando.

 

  Ele continuou parado, fechou os olhos e a sua respiração começou a ressonar baixinho. Dessa vez realmente parecia que iria dormir, e foi oque fez durante a hora que se seguiu até o set. Usei esse tempo para refletir sobre a minha vida, coisa que eu devia fazer mais vezes, mas naqueles últimos dias, pressionado pelas provas, eu me sentia um caco de pessoa. Ainda me achava forte por estar ali, mas era uma chance única. Se não fosse... eu poderia estar deitado na minha cama, abraçando um travesseiro, já que namoro era algo difícil para mim. Provavelmente o meu namoro mais instável até então, era o ficcional com Taehyung. E não era a primeira vez que ele fingia ser meu namorado, era um trato justo, feito no ensino médio, para evitar pessoas indesejáveis. Jungkook não era bem... uma pessoa. Ele era um coelho transformado em gente, que tinha uma tara pelas minhas pernas. 

 

  Aquela viagem foi boa. Chegamos ao nosso destino, um lugar simplesmente enorme, pelo que eu pude ver através da janelinha. Jungkook estava deixando minha perna dormente, provavelmente eu iria levar uma queda ao sair do furgão com ela daquele jeito. O catuquei sobre as costelas, mas ele só murmurou alguma coisa e se mexeu. Me inclinei sobre a sua cabeça e mexi no sinal na bochecha dele. Sem resultados. Suspirei exasperado, ou eu iria ter que soca-lo até ele acordar, ou eu poderia ser gentil e garantir o meu emprego. Me inclinei mais ma vez e encostei o rosto no seu ombro para sussurrar. 

 

  -Jungkook-ah. -chamei baixinho, ouvi ele soltar um grunhido. Devia estar sonhando. -Jungkook-ah, temos que ir. Já chegamos. 

 

  Ergui a mão e afastei uns fios de cabelo que caiam na testa dele, foi inconsciente, um ato inocente e sem pensar. Me afastei para evitar fazer mais coisas sem pensar, principalmente quando estava tão perto dele, com o perfume na curva do seu pescoço me inebriando. Colei as costas na parede. O carro sacolejou nos lançando no sofá como sacos. A bolsa dele escorregou pelo piso liso do furgão, e bateu contra as portas. Algo dentro da bolsa era pesado, pois o estampido da bolsa com as portas metálicas foi alto, e serviu para acordar a criança no meu colo. 

 

  Jungkook se ergueu quase me dando uma cabeçada, por sorte minhas mãos foram mais rápidas e protegeram meu nariz de ser quebrado, cobrindo-o. Levei uma cabeçada nas mãos. Jungkook se sentou ereto, com o rosto marcado pelos detalhes da minha calça jeans, HyeMi iria matar ele por causa da maquiagem. Ele olhou para mim e sorriu. 

 

  -Eu nunca tinha tido um sono tão pesado assim antes. -Jungkook fez uma careta no outro sacolejão do carro. Então olhou para minha perna e apontou. -Isso. Isso é um ótimo travesseiro. 

 

  -Você deixou ela dormente. -estiquei a perna, sentindo os músculos formigarem por baixo. Era uma sensação de impotência terrível quando isso acontecia. Puxei a perna de volta e continuei fazendo isso para o sangue voltar a circular corretamente. 

 

  Jungkook riu e se aproximou de lado, batendo o ombro com o meu. 

 

  -Desculpa. -disse com um sorrisinho. -Não entenda mal, mas você me fez dormir muito fácil. 

 

  -...Obrigado?

 

  Mal havia notado que o carro estava parado, quando as portas se abriram com certa violência e HyeMi apareceu. A bolsa do Jungkook terminou de deslizar e cair lá fora. Ele suspirou e se ergueu, esticando a mão para mim. Eu não precisava de ajuda, mas aceitei pela boa educação repentina. HyeMi olhou para ele, depois para mim, e sorriu maliciosa. Jungkook pulou do furgão ignorando a escadinha móvel e a garota.

 

  -Esqueça, Noona. -ele disse se abaixando para pegar a mochila no chão e voltando um instante depois com ela nas costas. -Ele está namorando. 

 

  -Como? -ela arregalou os olhos e ergueu a voz, incrédula. -Como assim namorando? 

 

  -Ele não está disponível para as minhas cantadas. Triste fim. -ele me fitou com um sorriso irônico. Algo brilhava no fundo dos seus olhos, eu não reconheci imediatamente, mas em segundos me ocorreu que ele estava começando a atuar. Aquela expressão sarcástica e desafiadora não era dele. Por que ele tinha que parecer tanto com o Rabbit?

 

  Peguei minha mochila e saí, usei as escadinhas por causa da minha perna dormente que ainda formigava. HyeMi continuou parada enquanto eu descia, mas tinha um semblante desapontado. Ela esperava mesmo que acontecesse alguma coisa entre nós dois? Certo, ela nos encontrou em uma situação estranha, mas... já estava torcendo para ser de verdade? Olhei para ele, Jungkook me olhava de cima, não por ser alto, mas tinha um toque de superioridade nele, que infelizmente era atraente. Fui salvo pelo gongo, por pouco. Enquanto HyeMi escondia a escadinha debaixo do furgão, e Jungkook começava a agir como um idiota sexy dando um passo na minha direção, Taehyung veio saltitando de um carro não muito distante. Ele puxou minha mão para a dele e a mim para o seu peito. Eu era estudante de cinema, para ser diretor, o ator era Taehyung, mas eu tinha que entrar no personagem igualmente. 

 

  Lancei meus braços ao redor da sua cintura e encostei a cabeça no peito dele. Taehyung era confortável, como um sofá, um pufe, eu era acostumado com seus abraços carinhosos de amigo. Eu já havia recebido abraços que me lembravam camas, as vezes carpetes, de ex-namorad'x's. Mas esse não era o caso de Tae. 

 

  -Ah. Entendi. -disse HyeMi em voz alta. 

 

  Ouvi seus saltos se distanciando, como se bastões de basebol estivessem pulando por aí. Me soltei de Tae e voltei-me para Jungkook que não era nada discreto em revezar seus olhos acusadoramente, para mim e o meu suposto namorado. 

 

  -Vocês deviam avisar ao Bang Siuk Hyung. -disse referindo-se a PD-nim, em uma das milhares de formas que Tae me dissera que eles o chamavam. -Sabe, mentir para ele não funciona. 

 

  Tae abriu um sorriso quadrado para ele e gesticulou. Parecia dizer; isso não é nada. 

 

  -Já falei com ele. Ele disse que, contando que isso não atrapalhe nosso desempenho... tudo bem. 

 

  Jungkook balançou a cabeça e olhou para o imenso prédio. Deviam ser mais de vinte metros até o telhado. Eram três blocos, aquele e mais dois idênticos, tinham portas de vidro na entrada, e janelinhas espaçadas pelos andares. Estávamos em um set de gravação enorme, sendo que nosso objetivo naquele dia eram tirar as fotos iniciais. Eu não sabia oque estavam tentando fazer também não os julguei. 

 

  Eu estava ali de apoio.

 

  -Encontro vocês na sala de reunião, antes de começarmos. -disse Jungkook. Ele lanceou um último olhar para mim com uma piscadela, então foi rumo ao prédio do meio, sem nos dar tempo de responder. 

 

  Assim que ele atingiu uma distância suficiente, Taehyung me agarrou pelos ombros e me virou para ele. 

 

  -Acha que ele acreditou? -perguntou esperançoso. 

 

  -Sim. 

 

  Tae largou meu ombros e deu saltinhos. Eu ri e esfreguei os olhos já cansado da luz nos olhos. Pisquei com força e suspirei. 

 

  -Acreditou tanto que ficou até com raiva de mim. 

 

  -Eu estou tentando te proteger. -disse segurando meu rosto entre as duas mãos e sorrindo doce. -Não gosto como ele te olha, parece um bicho. 

 

  -Eu percebi isso também. 

 

  Ele soltou meu rosto e relaxou as mãos ao lado do corpo. 

 

  -Jungkook é meu amigo, mas... me preocupa deixar ele com você. A fama dele com os staffs não é muito boa. Não quero ele usando meu melhor amigo. 

 

  -Obrigado. Mas se isso vazar... não vai dar problemas para você? 

  Parecia que eu estava me referindo ao trabalho dele, mas não. Há algumas semanas, Taehyung estava conversando com um homem na internet, que ele dizia estar apaixonado, mas aparentemente as coisas estavam fora do controle e os dois, mesmo sem nunca terem se conhecido, estavam brigados por motivos da imagem ruim do Tae na mídia. Ele era um ator incrível, até disputado as vezes, mas a mídia fazia da sua imagem como um ator gay sem escrúpulos. Criando boatos que estava namorando até com seus amigos mais próximos como Minho, do grupo Shinee. Comigo seria mais fácil ainda, afinal, além de ele ser meu namorado falso para certas ocasiões, era meu melhor amigo. 

  Taehyung suspirou sôfrego, parecia realmente triste. Abaixou os olhos marejados para o chão e respirou entrecortado. 

  -Jimin, ele não quer nem me ver mais. -ele fungou e eu trouxe seu rosto para cima com os dedos. Tae me encarou a força, mas já estava mais calmo quando nossos olhos se encontraram. -Não vou me importar mais com ele. Que aquele babaca caía de cara no chão. 

  -Isso. Depois vamos sair para afastar essa aura ruim de você, mas agora...

  Olhei para o prédio, onde Jungkook havia entrado e respirei fundo. 

  -Vamos, namorado. Eu tenho que lidar com uma criança ainda hoje a tarde. 

  Taehyung tomou minha mão orgulhosamente e quase me arrastrou ao cruzar a distância até a entrada que dizia; Set número dois.

 

 ***

  Lá dentro era geladinho por causa do ar-condicionado central. Para minha infelicidade eu estava de camiseta e jeans, que não ajudavam a esquentar. Todos os funcionários do set usavam casacos, e corriam de um lado para o outro o tempo todo. Eu não entendia porque, não eram só fotos afinal? 

  Demorei quase vinte minutos até achar um corredor parecido com o do prédio da Big Hit, com os camarins e as estrelinhas, o achei no segundo andar. Passei uma por uma procurando o nome do Jungkook, e novamente, era a última porta. Bati e não esperei resposta, entrei. 

  Lá dentro era bem mais elaborado do que o camarim da Big Hit. Imaginei que, por ser uma empresa pequena no meio da cidade lotada, sem sets, eles não passavam muito tempo por lá. O chão do camarim era carpetado em branco, havia apenas uma penteadeira na parede a direita, mas ocupava quase uma parede inteira, mais caixas metálicas de maquiagem ocupavam a bancada da penteadeira. Do outro lado estava um sofá preto ocupado por duas malas vermelhas, uma estava aberta, com roupas esborrando. Um janelão que ia do chão ao teto mostrava a vista lá de fora, as pradarias douradas eram sopradas ao longe, casinhas bem distantes uma das outras brotavam como cogumelos. Deviam estar muito longe, pensei. O camarim tinha tantos detalhes para eu me apegar, -como as luzes ao redor do espelho -que quase ignorei a figura jogada na cadeira da penteadeira. 

  Jungkook, a quem eu procurava, finalmente estava ali. Me aproximei e ele ergueu os olhos do joguinho de celular, me viu através do espelho e sorriu. 

  -Gostou? -disse se levantando. 

  Virou-se para mim. Ele estava de terno preto, camisa preta por dentro, sem gravata, contrastando a pele clara do pescoço contra a gola. O rosto não estava mais marcado de sono, a maquiagem pelo visto fora retocada. 

   Balancei a cabeça concordando. 

  -Está muito bonito. -admiti. 

  Os cantos da sua boca se torceram. Parecia segurar um sorriso. Ele assentiu devagar e se virou para pegar algo na bancada. Quando voltou, trazia na mão uma máscara branca. Franzi a testa, confuso. Então eu me lembrei que ele era o meu personagem favorito, e era por isso que eu não conseguia mentir que ele estava simplesmente... me deixando um pouco sem fôlego. As vezes eu me esquecia oque me convencera tanto a trabalhar com isso, estar perto até dos personagens. O que havia acontecido com o meu "odeio Jeon Jungkook"? Eu estava dizendo isso ontem. Não era possível que ele amolecesse o meu coração em tão pouco tempo. Na verdade, era possível. Já tinha feito. 

  -Quer colocar? -ele perguntou, me esticando a máscara de coelho. Idêntica ao do manwha. -Seu namorado me disse que era o seu personagem favorito. 

  -É verdade. 

  Eu ruborizei, mas peguei a máscara das suas mãos. Ele estava tão bonito e perto, era como se eu pudesse sentir o calor emanando do seu corpo e tecendo arrepios pelo meu. O olhei mais uma vez antes de ir para frente do espelho e passar a máscara sobre os meus cabelos. A encaixei no rosto. Ao olhar no espelho, segurei meus gritinhos nada másculos. Era tão parecido, apesar de que parecia ser impossível de ver por fora, havia um tipo de tela no meio, que me permitia ver o mundo um pouco cinza, mas o suficiente. Então eu pude me ver no espelho, eu também o vi, logo atrás de mim. Me virei para ele ainda de máscara e sorri. 

  -Acha que vai ter que usar isso para gravar andando? Acho que eu ficaria tonto. -balancei as mãos na frente do rosto, e senti seus dedos prenderem meu pulso quando quase bati no seu rosto. -Me Desculpa. 

  -Você está arrepiado. -disse passando de leve os dedos na minha pele. Assenti envergonhado. 

  -Aqui é frio. 

  Ele olhou em volta e se esticou para a penteadeira novamente, de prepósito, ele se aproximou mais de mim, me deixando encolhido quando me pressionou contra o seu peito. 

  -Jungkook! -o repreendi. 

  Ele riu e se afastou, dessa vez estava com um casaco verde nas mãos. Ele tirou a máscara de mim e me entregou o casaco, aparentemente dele. 

  -Vai ficar grande, porque você é pequenininho. -ele disse colocando a máscara em si mesmo e sorrindo para mim. 

  Estremeci com a similaridade deles. Tentei focar no insulto dele, não na beleza. Oque era quase impossível. 

  -Não sou tão pequeno assim. 

  Abri o casaco e enfiei meus braços nas mangas. Claro, ficou grande, mas me esquentou. Eu podia o beijar de agradecimento, mas eu não devia fazer isso, eu namorava o Tae agora. 

  Jungkook esticou a mão e tocou o meu rosto, aquela máscara estava me assustando. Mas não me julgue, ele também me excitava. 

  -Você bem que podia usar roupas assim de vez em quando. Fica ótimo. -ele deslizou as mãos pelos meus ombros e então cotovelos. Se aproximando, me fazendo andar para trás novamente. O fiz recuar pondo as mãos sobre o peito dele, para afastá-lo. 

  -Eu sei que você tem uma tara incrível por mim. -revirei os olhos para parecer que eu estava ironizando aquilo. Embora fosse apenas um fato. -Mas esse corpo aqui, tem dono. 

  -Taehyung? -perguntou. 

  -Park Jimin. E ele está dizendo para você parar de me alisar. 

  Jungkook riu e assentiu por baixo da máscara que só cobria metade do seu rosto. 

  -Ok. Diga a Park Jimin, que o corpo dele sem dúvida está chamando muita atenção por aqui. E que se continuar sendo mais gostoso que eu, vou dar a ele um chá de sumiço.

  -Ele não gosta de chá, uma pena. -joguei os ombros e me apoiei na penteadeira, ele riu. 

  -Do que ele gosta? 

  -Carinho e mais respeito. 

  -Da minha parte? Carinho? -perguntou tirando a máscara e a colocando no bolso interno do terno. 

Pare de tentar me seduzir.  

  -Carinho fraternal. -completei. 

  -Esqueça. 

  A porta de abriu e HyeMi entrou na sala. 

  -Vocês não tem jeito não é? -ela riu e pegou uma das maletas de ferro. -Vamos tirar as fotos. -disse gesticulando para que andássemos e já se adiantando em sair da sala. 

  -Não espere carinho de mim. -Jungkook disse. 

  -Você acabou de me dar seu casaco quando eu estava com frio. Isso é ter carinho com outros.

  Ele prendeu a respiração, mas a soltou rindo. 

  -Você é único, Jimin-ssi. 

  -Vamos, agora que eu tenho seu casaco, vamos tirar as suas fotos.

  Caminhei à frente dele, mas quando cheguei à porta percebi que ele não me seguia. Voltei-me para ele, e seus olhos me acompanhavam ir andando. 

  -Nem namorando você vai deixar de me olhar assim? -resmunguei passando o casaco ao meu redor como um saco, fechei o zíper na frente e desci a barra até o máximo. -Mais respeito.

  -Digo o mesmo. Meus olhos agradeceriam em não serem atacados pelo seu corpo bonito. 

  -Idiota. -saí e fechei a porta. 

  Não adiantaria muito, eu ainda trabalhava para ele. Adiantei muitos passos, mas quando ouvi a porta à alguns metros atrás de mim, bater, parei de andar como um fugitivo. 

  Suas pernas eram mais longas que as minhas, era um fato, mas me impressionou quando ele chegou ao meu lado em poucos segundos, sem eu ouvir o som dos seus sapatos ecoando. Seguimos reto no corredor dos camarins, que desembocava no corredor principal, que dava acesso ao resto das "veias" do prédio. Eu estava perdido se não fossem as placas azuis que indicavam quais os setores. Parei de frente ao corredor que dava continuação ao dos camarins e li os nomes indicados nas setas. 

  -Vem, pequeno. Se for olhar de placa em placa vamos ficar aqui uma eternidade. 

  Jungkook prendeu meu pulso com seus dedos e me levou pelo corredor em direção a uma porta da parede oposta. Era ridículo, mas eu sentia a pressão dos seus dedos me dando choques. Os arrepios remediados com o casaco, agora voltavam por nervosismo.

  Deixei-o me guiar. Passamos pela porta e entramos numa sala escura. O ar cheirava a spray de cabelo, uma iluminação fraca vinha de dois postes numa rua falsa. Aquele devia ser o set em que eles gravariam a primeira cena, eu estava tão animado que esqueci de andar. Jungkook me deu mais um puxão na mão para que eu acordasse. Olhei para ele ainda fascinado com o resto, Jungkook apontou para o outro lado, onde havia uma versão mini da penteadeira do camarim. HyeMi já estava lá com mais duas garotas e sua maleta. Jungkook me levou até o outro lado, esqueci de avisa-lo que a partir dali eu sabia me virar sem ele me levar pela mão. Mas já estávamos no meio do caminho, que fizesse o serviço completo. Chegamos do outro lado do set escuro, quase tropeçando em alguns fios enroscados no chão. HyeMi puxou a cadeira e gesticulou para que Jungkook sentasse logo. 

  Me senti idiota. Ele soltou minha mão e foi para a cadeira, e isso me intrigou. Era o garoto que roubou meu maior Crush da vida, eu devia querer quebrar os dedos dele. 

  Ignorei a mim mesmo e me sentei numa cadeira ali no canto, não tão perto dele e de HyeMi, mas quase. Assimilei o lugar ao meu redor, o teto se erguia bem alto, talvez para acomodar melhores cenários antes daquele. Havia uma “orla” de câmeras na minha frente que faziam uma meia Lua em direção ao lugar principal. Todas estavam desligadas, menos uma que não parecia fazer parte do pacote, dois homens estavam montando-a. E havia a rua, uma estrada falsa, e uma loja falsa, que muito era parecida com uma real. Letras neon diziam a palavra “Comic” na fachada, a porta era de vidro com uma placa de aberto e fechado. Janelinhas de duas portas com moldura de ferro e vidro se abriam para fora e me deixavam ver o interior. Era uma loja de quadrinhos, feita perfeitamente para parecer uma de verdade. Dali eu podia ver as prateleiras cheias de quadrinhos -reais ou não, eu não sabia. 

  Então tudo ficou mais claro, ao lado da câmera de fotografar, haviam dois holofotes muito fortes, mas que até a distância da loja pareciam naturais. A iluminação me deixou ver os telões verdes ao lado da loja, aquilo computadorizado iria ficar fascinante se fosse bem feito. Caso não... eu não queria pensar assim, mas aquele filme poderia me decepcionar. 

  A minha direita, HyeMi encheu o cabelo do Jungkook de spray. Eu me afastei para no inalar aquilo. Ele abriu os olhos nebulosos de sono, aquele que aparece depois de um tempo de olhos fechados enquanto alguém lhe maquia e sorriu para o espelho. 

  Forcei-me a voltar a olhar o cenário. A câmera estava quase totalmente montada. Enquanto eu olhava distraidamente buscando mais detalhes do que eles faziam, senti alguém apertar meu ombro. Olhei para cima e vi Jungkook escondido atrás da máscara novamente. Algo naquilo me dizia que ele tinha descoberto da minha fantasia, mas ele podia estar só usando por usar. Eu achava que não, ele sorria astutamente, como se lesse meus pensamentos sujos sobre ele naquele terno. 

  -Só porque o Tae disse que era o meu personagem favorito, não precisa encarnar ele o tempo todo. -retruquei. 

  Ele riu e se inclinou para perto de mim. Colei minhas costas a parede por instinto. Ele se aproximou mais até seus lábios encostarem na minha orelha. 

  -Desculpe, pequeno. -sussurrou propositalmente devagar. Senti sua mão apoiando na minha perna e as juntei apertado. Oque, admito, doeu. -Mas eu gosto como fica envergonhado. 

  Ele se afastou. E eu fiquei calado, envergonhado como ele queria, sentindo os músculos sob minha pele se retesarem onde ele tocou, e com os pelos dos braços arrepiados. Ergui a cabeça para o olhar, não conseguia ver seus olhos, só a máscara e sua incrível semelhança com o Rabbit dos quadrinhos. Me levantei e me forcei a sorrir, mesmo que minha vergonha estivesse quase fora do controle ao ponto de eu querer me esconder. Deslizei uma mão por dentro do blazer e sobre a camisa preta na sua cintura. Eu podia sentir a pele quente sob o tecido, e um espasmo quase imperceptível quando o toquei. Me aproximei um passo. Ele ainda parecia surpreso. 

  -Você não devia ser tão abusado comigo desse jeito. -eu disse baixo. O sorriso foi desbotando dos seus lábios, mas dando lugar a uma outra expressão, que mesmo sem ver seus olhos eu reconheci. Só um canto dos seus lábios estava curvado. Ele estava satisfeito com isso. O que eu tinha que fazer para que ele não se atirasse tanto em mim? -Se continuar assim... 

  -Ah desculpa, não era objetivo fazer você se apaixonar. -ele provocou.

  -Que? Não! Eu te conheço a dois dias. 

  -Certeza? 

  -Como? -franzi a testa. 

  Ele deu de ombros e tirou uma mexa do meu cabelo que caia na testa, no mesmo instante um dos fotógrafos gritou que ele já podia ir para o cenário. 

  -Seu namorado não vai ficar muito feliz com você fazendo isso. -ele apontou com a cabeça para minha mão e sorriu mais uma vez. Mal eu havia notado que minha mão ainda estava na cintura dele, e que inconscientemente eu estava acariciando com as pontas dos dedos parte das suas costas. 

  Afastei a mão e ele foi embora para frente das câmeras. Me virei de costas e vi porque ele me avisou aquilo, à porta, Taehyung estava encostado na parede ao lado. De cara emburrada e braços cruzados. Corri até ele, mas ele lanceou um olhar aborrecido para mim e bufou. 

  -Você com ele de novo. 

  -O que quer que eu faça? Trabalho para ele. 

  -Estou tentando te proteger dele, mas você não colabora. -ele revirou os olhos e fitou Jungkook do outro lado. 

  Os dois se encararam por um momento, me senti quente, de repente o casaco do Jungkook estava me deixando sem fôlego. Tae então riu e descruzou os braços. 

  -Ainda somos melhores amigos, mas eu tenho que fazer a performance completa. -disse agarrando meus ombros novamente. 

  Eu sabia a coreografia seguinte, enquanto ele se aproximava, apertei os lábios, como eu estava de costas, não veriam quão falso era o beijo. Tae deixou um selinho no meu lábio inferior e afastou-se sorrindo. 

 -Não caia como um patinho na dele, ouviu? -disse entre dentes para que não o ouvissem. 

  Assenti apressadamente. E ele saiu pela porta.


Notas Finais


Continuo?


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