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História Mais do que eu deveria - Sabedoria e alerta permanente.


Escrita por: romana_66

Capítulo 123 - Sabedoria e alerta permanente.


Fanfic / Fanfiction Mais do que eu deveria - Sabedoria e alerta permanente.

POV Andréia.

Há seis anos e meio...

Os bastidores da política em Brasília sempre foram muito agitados, Andréia passava o dia todo na Câmara dos deputados e no senado, buscando notícias, informações e contatos que poderiam lhe favorecer na hora de conseguir o melhor furo jornalístico. Nessa época conheceu muita gente influente, o que era normal pelo ambiente frequentado, mas nenhuma delas lhe chamou tanto a atenção quanto uma mulher, que encontrava quase toda semana nos corredores. Ela já aparentava ter em média uns 70 anos, o cabelo branco como a neve, sempre muito bem vestida, com roupas caras de grife, gostava de usar colares de pérolas, cumprimentava as pessoas somente com singelo aceno que fazia com a cabeça, era séria, não gostava de sorrir. Ela não era política, muito menos ministra ou ocupava qualquer outro tipo de cargo jurídico, no entanto,  estava sempre presente em muitas reuniões importantes, só andava acompanhada do alto escalão do governo. Nas madrugadas de insônia, Andréia chegou a fazer muitas buscas para descobrir quem era essa mulher, mas, no entanto, só achou algumas fotos dela em posses de prefeitos, governadores, etc... Aquilo foi lhe deixando cada vez mais curiosa, resolveu perguntar a alguns colegas de trabalho, mas eles não deram a mínima, então ela acabou esquecendo, afinal poderia ser alguma empresária, já que aquele lugar também estava lotado deles.

 

 Era um final de tarde frio, de um inverno que tinha recém chegado, o sol já estava quase se pondo por completo no horizonte, lá fora uma fina garoa caía sobre Brasília. Naquele horário a agitação na Câmara dos deputados já havia cessado, os corredores estavam praticamente desertos. Andréia recolhia seus pertences na sala de imprensa, naquele dia tinha gravado três entrevistas, estava tão exausta que seria capaz de se debruçar sobre aquela mesa e dormir ali mesmo. Depois que terminou de se organizar, tomou rumo ao estacionamento do lugar. Enquanto andava, tudo que desejava era sua cama, sentia suas pernas gritarem por descanso, foi quando ela ouviu passos apressados, na mesma hora virou o pescoço para trás e teve uma pequena surpresa... Aquela mulher, cujo  tinha tanta curiosidade, caminhava agora quase ao seu lado.

— Boa noite, Andréia. Dia agitado?

De momento ela nem soube o que responder, estava surpresa com a interação.

— Sim, como sempre. -Sorriu.

— Dizem que tem um inverno rigoroso chegando, duvido muito, Brasília é sempre tão quente. -Ela andava rápido, e enquanto falava não olhava para o rosto de Andréia.

— Pois é, mas a gente que é acostumado com o calor, qualquer queda na temperatura já nos afeta. - Andréia sorriu mais uma vez, tentava encarar os olhos dela.

Quando chegaram em frente a porta do elevador, finalmente ela encarou Andréia.

— Você é muito talentosa, inteligente e perspicaz, tem um futuro brilhante. Eu gosto de pessoas assim, as reúno em torno de um mesmo propósito. -Ela enfiou a mão na bolsa que estava pendurada em seu braço, tirou de dentro um cartão, na cor azul Royal, e lhe entregou — Me ligue, venha jantar comigo qualquer dia desses, garanto que as nossas ideias irão te agradar.

Antes que Andréia conseguisse responder, ela virou de costas e saiu andando, talvez tivesse lhe acompanhado até o elevador somente para falar aquilo.

— "Eleonor Corte Real..." -Leu baixinho.

No cartão havia somente o contato e um desenho pequeno gravado em dourado, de uma coruja sobre um crânio, que mais tarde ela iria descobrir que a simbologia significava: Sabedoria e alerta permanente.

Enquanto dirigia tinha o cartão nas mãos e a cada 10 segundos passava os olhos nele. Ficou extremamente curiosa, com certeza iria ligar dali a alguns dias, queria saber do que se tratava. O único momento que esqueceu isso foi quando chegou em seu apartamento, o cheiro de comida que vinha da cozinha fez seu estomago se revirar.

— Você demorou, hein? -Uma mulher gritou.

— Desculpa, meu amor, eu preciso correr atrás da notícia. -Sorriu.

Andréia tirou os saltos e andou vagarosamente, seguindo o cheio maravilhoso que vinha da cozinha. Uma mulher de cabelos pretos, na altura do ombro, tinha um sorriso singelo no rosto ao vê-la. Isabel vestia somente calcinha e uma camiseta preta 3 vezes maior que seu tamanho. Com a colher, ela colocou um pouco do que estava preparando na palma da mão e experimentou, logo em seguida veio na direção de Andréia e lhe deu um beijo acalorado.

— Está gostando de Brasília? -Andréia sussurrou.

— Prefiro o Rio de Janeiro, não vou mentir.

— E quando é que você vai me levar para lá?

— Vim somente para isso, meu amor. O Miguel também concorda que está na hora de você deixar Brasília. -Sorriu.

 Já faziam 5 anos que ela cobria os bastidores da política naquele lugar. Cresceu muito profissionalmente e não tinha palavras para agradecer, mas agora estava chegando a hora de expandir seu trabalho para novos horizontes.

— Então a gente precisa comemorar. -Andréia tinha um largo sorriso no rosto, sentia uma satisfação muito grande, acompanhada de alívio. Deu um beijo demorado em Isabel.

 

* Dias atuais*

O dia mais sonolento e demorado do mês, sem dúvida alguma, finalmente tinha chegado ao fim. Andréia nem sabia como sobreviveu a ele, nada deu certo, até mesmo as pautas políticas que teve que debater ao vivo lhe deixaram estressada. Estava sem paciência alguma, só queria chegar em casa, abrir uma garrafa de vinho e consumi-la por completo. Enquanto recolhia suas coisas, ouviu alguém bater na porta de seu escritório.

— Entra.

— Gatinha, me dá uma carona? -Natuza entrou na sala.

— Claro, só estou guardando minhas coisas. -Sorriu.

— Viu a reportagem sobre a Isabel que exibiram agora a pouco?

Andréia suspirou fundo, sempre que ouvia esse nome, um arrepio tomava conta de seu corpo.

— Não... Eu estava ocupada aqui na sala.

— Já fazem seis meses... Não é possível uma pessoa sumir assim, do nada. A Isabel não tinha inimigos, era uma mulher querida por todos, isso não faz sentido. -Natuza tinha um semblante triste ao falar.

— Vai ficar tudo bem... -Um nó se formou na garganta de Andréia e essas foram as únicas coisas que saíram de sua boca.

— Não sei, Andréia, toda vez que eu penso nela meu coração aperta. -Natuza esfregou a mão sobre o peito, tinha os olhos cheios de lágrimas.

— Calma, Natuza, pode ter certeza que isso também me incomoda, aliás, me faz ter pesadelos. -Suspirou fundo.

Depois de deixar Natuza em sua casa, ela dirigiu até a barra da Tijuca, tudo ficou mais pesado depois que o nome de Isabel foi citado. Num súbito surto de raiva, ela fechou os punhos e começou a socar o volante com força, quase perdeu o controle do carro, só deu tempo de ela frear para não bater atrás de um caminhão. Suspirou fundo, virou o pescoço de um lado para o outro, ouviu um pequeno estalo, e então se sentiu mais calma. Retomou o caminho como se nada tivesse acontecido, até que ouviu seu celular tocar, era Eleonor.

— Boa noite, Andréia.

— Boa noite.

— Gostaria que viesse ao meu escritório amanhã, não é nada formal, é apenas uma conversa entre você e eu. Queria conversar sobre uma pessoa que você conhece bem. -Ouviu a mulher respirar fundo no outro lado da linha. —Renata.

— Que horas? -Tentou não deixar nenhuma emoção transparecer, mas no momento que ouviu o nome da cunhada, seu coração acelerou e um mal pressentimento tomou conta de si.

— As 20h, aqui na sede.

— Estarei aí. -Respondeu com cautela.

— Obrigada, Andréia, até mais. -Desligou.

Uma angústia misturada com uma espécie de arrependimento tomou conta de seu peito. Sua mente, por pura maldade, buscou no fundo do seu pensamento uma cena: Isabel estava deitada em seu peito na cama, Andréia acariciava seus cabelos pretos, até que ela levou a mão até a mesa de canto e pegou um cartão da azul que lhe chamou atenção.

— Não acredito, você está metida com esse povo, Andréia Sadi? -Encarou os seus olhos.

— Não, uma mulher me entregou esse cartão há uns dias atrás. Você sabe o que significa? -Encarou a mulher, com curiosidade.

— Acredite em mim, você não faz o perfil deles, eu conheço a sua índole e seu caráter, aliás, um jornalista nunca daria certo nisso. -Riu.

— Como assim? Estou confusa.

— Eles são uma fraternidade, meu amor. Partilham dos mesmos conceitos, ideias, entre outras mil coisas...

— Eu sei o que significa uma fraternidade. -Riu.

— Mas não é uma simples união.

Andréia ficou em silêncio encarando os olhos pretos dela.

— Você sabe como funciona, a lealdade vem acima de tudo, e essa daqui... — Levantou o cartão— É formada por ricos mesquinhos que acham que o Brasil tem que girar em torno deles.

— Meu Deus, será que eles se vestem todos de preto e possuem pentagramas espalhados em todo lugar? -Andréia colocou a mão no peito, fingindo um susto.

— Bobona! Vai por mim, existem coisas bem piores do que as pessoas expressarem sua religião. -Jogou o cartão no rosto dela, lhe arrancando uma gargalhada.

Assim que a cena desapareceu de sua mente, uma lágrima singela escorreu de seu olho esquerdo, ela limpou imediatamente. Quando estava próximo ao seu bairro, avistou uma placa que estava posta em frente ao um petshop, dizendo "Animais para doação." Estacionou o carro em frente ao lugar, lá haviam muitos animais, se lembrou que a noiva havia lhe dito que gostaria de ter um animalzinho. Andréia não queria um cachorro, pois achava muito clichê e em sua cabeça iriam ficar parecidas com Renata e Hadassa, então resolveu adotar um gato. O que ela mais gostou foi o da cor preta, pediu para que a moça colocasse um laço vermelho nele e o colocou nos braços. Era uma fêmea e parecia estar muito carente.

— Vou te chamar de Morgana. -Sorriu e deu um beijo na cabeça do animal.

Morgana parecia saber que acabava de ganhar um novo lar, pois pulava de um banco para o outro miando e ronronando, se enroscava na perna de Andréia e dava algumas lambidas carinhosas. Assim que chegou em casa abriu o saco de ração e lhe deu um pouco, ela parecia estar faminta.

Não demorou muito e Lanza chegou no apartamento.

— Déia, quero falar com você. -Disse ela ao avistar Andréia sentada no sofá da sala com Morgana.

— Oi, meu amor. Eu estou bem sim, meu dia foi ruim, obrigada por perguntar. -Sorriu.

— Por que você estava com o celular daquela mulher que desapareceu? -Lanza se sentou ao seu lado.

Andréia sentiu sua boca secar, pensou um pouco para responder, afinal agora o caso já tinha sido exibido na TV.

— Ela era a minha chefe, eu apenas o guardei, nada demais.

— Isso não deveria estar com a polícia?

— Não! -Andréia respondeu de súbito, sua voz soou quase em um tom desesperado.

Lanza lhe encarou com desconfiança.

— Está tudo bem, Andréia?

— Sim, Lanza, ela era próxima a mim, eu encontrei o celular na sala dela depois que desapareceu. -Nisso Andréia falou a verdade, porém mesmo assim não fazia sentido ela guarda-lo.

— Entregue ele a polícia, Andréia. -Lanza franziu a testa.

— Tudo bem Lanza, mas antes eu preciso olhar o conteúdo. 

Tentou soar de forma calma, queria omitir o fato de que já havia revirado todo o conteúdo do aparelho. Não encontrou nada, apenas algumas fotos da mulher.

— Andréia, por que você quer olhar isso? -Lanza falava de forma indignada.

— Porque eu sou jornalista e também investigo.

Lanza suspirou fundo, ficou alguns breves segundos encarando-a, até que assentiu com a cabeça.

— Só...toma cuidado. -Lanza sussurrou e em seguida começou acariciar seu rosto.

Andréia fechou os olhos ao sentir o toque dela, a amava tanto, aquele jeito doido que ela possuía era a luz de sua vida.

— E essa gatinha? -Lanza parou de acaricia-la e levou as mãos até o animal.

— Adotei para você, o nome dela é Morgana. -Sorriu com ternura ao vê-la nos braços da noiva.

— Meio clichê esse nome que você escolheu, pudimzinho.

—As vezes um pouco de clichê faz bem.

Lanza arregalou os olhos, como se tivesse lembrado de algo.

—Falando em clichê, a Hadassinha convidou a gente para acampar no meio do nada. Bem estilo filme de terror que vem aquele cara com o machado enquanto a gente dorme. -Falou tentando usar um tom assustador, mas logo depois gargalhou.

Andréia começou a rir, levou seus lábios até os dela e lhe beijou. Seu coração batia de forma leve pela primeira vez no dia.

FIM POV Andréia.



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