História Maldita Aposta (Jikook) - Maldito Park

Jeon JungKook

— Como é?

 O grito dos amigos de Jimin ressoou alto pelo ginásio, atraindo a atenção até mesmo daqueles que não acompanhavam a discussão. Tenho que admitir, ver a cara de pânico do Park, junto com o rosto completamente vermelho de raiva de Yoongi já foi mais que o suficiente para alegrar a minha semana, e eu desejei muito ter uma câmera para registrar esse meu momento glorioso.

— É isso aí — sorri, vitorioso — Eu quero que Park Jimin faça o que eu quiser, onde eu quiser e quando eu quiser.

— Em outras palavras — o Park me interrompeu, atraindo a atenção para sua face confusa — Você quer um escravo?

— Meu Deus, Jimin, até que você pensa! — levei a destra até minha boca, fingindo espanto — Achei que sua cabeça fosse oca, mas parece que tem um cérebro ai, no fim das contas. — debochei.

A platéia que nos assistia não pôde conter os risos, que acabou por deixar o loiro ainda mais irritado. Qualquer um sabe que Park Jimin odiava ser enfrentado dessa forma. Mas também é do conhecimento de todos, que eu também odeio quando tentam me rebaixar, posso ser tão ruim quanto ele.

Olhei para meus amigos cúmplices, que sorriam abertamente com o rumo que aquela trama seguia. Se aquela aposta fosse cumprida, significaria o fim do bullying para nós, não poderíamos deixar essa oportunidade de lado. Um plano arquitetado minuciosamente, já planejávamos isso há algum tempo, e qualquer um naquele colégio sabe que Min Yoongi jamais perderia a chance de me ver humilhado, é tão fácil olhar para uma pessoa e subestimá - la, como se ela não fosse nada. Seria uma verdadeira catástrofe para eles se eu soubesse fazer algo que não envolvesse contas matemáticas e jogos eletrônicos. 

Nunca fiquei tão feliz por ser obrigado pelo meu pai a praticar um esporte.

— Está louco, JungKook. — encaramos o Min, que vinha em minha direção, preparado para me agredir — Acha que pode mandar aqui? — suas mãos agarraram o tecido de minha camiseta, me puxando com força, até que estivéssemos frente a frente — Não pense que pode alguma coisa, nerd. — sorriu, sarcástico — A resposta é não. Você não vai ter Park Jimin.

Sua resposta, mesmo que um tanto exagerada, não me surpreende nem um pouco. Já contávamos com o fato de que o namorado de Jimin fosse nos atrapalhar. Então, obviamente nós temos a solução para esse equivoco. Afinal, o melhor jeito de destabilizar um império, é influenciando o povo. 

— Vocês ouviram? — gritei, ainda sendo segurado pelo moreno, esse que agora me olhava desentendido — Min Yoongi não quer cumprir com a sua palavra — então ele arregalou os olhos, ao que as pessoas que nos assistiam começavam a comentar entre si — Como é que podemos seguir as ordens dessa forma? 

Os murmúrios passaram a ficar cada vez mais audíveis, deixando o grupo a minha frente em choque. Yoongi fora obrigado a me soltar, dando curtos passos para trás, como se não soubesse o que fazer. Taehyung se aproximou de mim, me encarando como se perguntasse se eu estava bem, apenas assenti, voltando meus olhos para o grupo de Jimin. Namjoon, um de seus amigos, se aproximou do loiro, dizendo algo que não pude entender, mas que não deve ter o agradado nem um pouco. O Park maneou a cabeça, me olhando com certo desgosto. 

— Você está certo, Jeon. Ganhou a aposta. — suspirou — Não seria justo se descumpríssemos com nossa palavra.

— Eu não acredito — Yoongi esbravejou — Está realmente cogitando a ideia de fazer isso?

— Foi você quem fez essa aposta ridícula, e agora eu estou tentando manter a ordem aqui. — o olhou com raiva — Sugiro que fique quieto, Yoongi, já fez merda o suficiente por hoje — então se virou para mim — Por quanto tempo terei que agir como um escravo?

— O tempo que eu quiser — disse, demonstrando indiferença, enquanto analisava minhas unhas — minha proposta foi de fazer a lição de Yoongi até o fim do ano, seria justo você me servir durante esse tempo — o loiro arregalou os olhos, me fazendo segurar a vontade de rir da sua cara — Pare, eu vou ser bonzinho e não pedirei nada absurdo. 

Ele apenas acenou com a cabeça, totalmente sério, assim como todos os outros do seu grupo. Ninguém imagina o quanto eu queria rolar no chão e rir até ficar sem ar. Finalmente eu consegui a tão aguardada vingança, e agora, tenho o rei do colégio na palma da minha mão. E eu estou amando isso.

[..]

Depois do nosso pequeno show na aula de educação física, finalmente deu o horário de irmos embora, eu, Tae e Jin seguimos conversando até o portão da frente, quando somos barrados por Baek e Xiumin, dois idiotas da outra sala que acham que podem abusar dos outros alunos como bem entendem. Eles são os segundos do topo na hierarquia da escola, perdendo apenas para o Park e seu grupo.

— O que temos aqui, Baek. — Xiumin tirou o pirulito da boca, nos olhando de cima abaixo, e sorriu — Os esquisitos.

— Eu soube que vocês não são mais alvos de Park Jimin — Beak caminhou até nós, parando eu meu lado e passando o braço sobre meus ombros — ou seja, nos podemos brincar, não é?

Quando Jimin decidiu no infernizar, deixou bem claro para todos da escola que éramos exclusivamente dele e seu grupo, então todos nos evitavam, afinal, ninguém seria capaz de contrariar o rei da escola, seria o mesmo que cometer suicídio social, o que para eles, era como morrer de verdade. Ridículos.

— Xiumin, agora não é uma boa hora, só queremos ir embora — suspirei, me desvincilhando dos braços de Baek — Então porquê você eu seu amigo mentecapto não vão procurar algo melhor para fazer?  

— Do que você me chamou? — o mais velho jogou o pirulito fora e caminhou em minha direção, os olhos completamente vermelhos, mas eu não sabia dizer se eram de raiva, ou pelas drogas em excesso.

Suas mãos agarraram o tecido da minha blusa, praticamente me tirando do chão, enquanto se preparava para me socar, eu podia ver meus amigos tremendo de medo, mas não conseguia entender o porquê, se nem mesmo Park Jimin me assusta, por qual motivo eu deveria temer uma dupla de drogados que não sabem nem o que significa mentecapto?  

— Ele te chamou de idiota, por acaso é surdo também? 

Nos viramos em direção a voz, onde estava Jimin, encostado no portão, com aquela típica pose de superioridade, óculos escuros e um sorrisinho no canto dos lábios. Confesso que fiquei surpreso dele saber o significado de mentecapto, já que sempre o considerei um. 

— Park! — Baek sorriu para ele, me soltando bruscramente, mas é um neandertal mesmo  — Eu soube que você desistiu de irritar as aberrações — apontou para nós — então acho que não tem problema se brincarmos com eles um pouco, não é? — voltou a me olhar, passando a língua pelos lábios, dando uma leve mordidinha no inferior. Aquilo me fez tremer por completo, sou muito novo para ser violado dessa forma.

— Você está certo, Beak, não estou mais atormentando eles. — tirou os óculos escuros, desencostando do portão e caminhando em nossa direção — Porém… — então parou do meu lado e passou seu braço pela minha cintura, me puxando contra seu corpo — Jeon JungKook e seus amigos agora estão sob a minha proteção! E você sabe o que acontece com quem se mete no que é meu.

Eu estava sem palavras, não que eu não soubesse sobre essa história da proteção, já que essa foi minha primeira ordem.

"— Ok, Park, obviamente, você vai parar de nos atormentar, mas como todo mundo sabe, o momento em que você disser que não somos mais sua prioridade, a escola vai cair matando, então, sua função é simples…vai nos ter como seus protegidos! "

Eu deveria estar prestando atenção na conversa deles, certo? Mas por que os lábios do Park se movem, mas não ouço nenhum som? Por algum motivo minha mente estava muito ocupada memorizando cada traço do loiro, enquanto meus pulmões se enchiam com o perfume amadeirado dele, e céus, eu me viciaria nesse cheiro facilmente. Por mais que eu o odeio, não posso negar que o idiota é lindo, do tipo que chama atenção de todos apenas por respirar. Mas não se deixe enganar pelas aparências, Park Jimin é o próprio demônio.

E eu continuo o odiando.

Não sei dizer por quanto tempo fiquei ali perdido em pensamento, enquanto encarava o menor — sim, Jimin é alguns centímetros mais baixo que eu — mas quando me dei conta os neandertais já tinham ido embora, enquanto o loiro tentava atrair minha atenção.

— Ei, Jeon? — despertei com o loiro estalando os dedos na minha frente — Olá?

— Ah, o-oi… — disse, um tanto envergonhado.

— Bom, uma parte da minha tarefa já está resolvida, agora todos sabem que você é meu protegido…

— E meus amigos? — o cortei, olhando para os lados, apenas para constar que já não estavam mais ali — Fui claro que você deveria proteger a mim e…

— Proteger você e seus amigos, eu já sei — revirou os olhos — relaxa, coloquei Namjoon e Hoseok para acompanharem seus amigos, afinal vocês moram em direções opostas, e eu não vou gastar minha gasolina dando a volta na cidade, não, vou levar você até sua casa e pronto…você é a minha prioridade.

Não vou fingir que aquela frase não me afetou, por mais que eu saiba que ele esteja falando sobre a aposta, é praticamente impossível não sentir - se levemente envergonhado com aquilo. Soou tão naturalmente de seus lábios que... Tudo bem, mantenha o foco, Jeon, você o odeia, Certo? Certo!

Jimin me guiou até seu carro — que parecia não ter sido barato —, dei para ele meu endereço, então fomos embora num silêncio constrangedor. Eu estava nervoso, mas como não ficar? Afinal, eu fiz uma aposta que, de certa forma, o humilhou completamente na frente de seus "súditos ", o mais provável que ele faria agora é me levar para um beco qualquer e me assassinar. Oh meu deus, eu não posso morrer agora, tenho tanta coisa para fazer ainda.

— Chegamos.

Saí de meus pensamentos quando percebi que o carro já tinha parado, para minha sorte estávamos na frente de casa, o que quer dizer que ele não vai me matar. Fiquei encarando Jimin, que por algum motivo decidiu que era legal ficar me olhando igual um idiota, como se pudesse ver através da minha alma. Mas por que eu estou nervoso? E por que ele está se aproximando? Por que eu quero fechar meus olhos? E por que diabos meu coração ta acelerado? O que é isso?

O loiro se aproximou cada vez mais, seu rosto agora estava perto, e eu pude sentir sua respiração bater contra meu rosto, apertei ainda mais olhos, prendendo a respiração, num puro ato de nervosismo, isso até ouvir um click. Abri os olhos, olhando desentendido para o Park, logo me dando conta que ele apenas havia retirado meu sinto e aberto a porta para mim. Fiquei completamente vermelho de vergonha, mas também com raiva, agora o vendo se afastar enquanto ria.

— Você devia ver a sua cara — debochou — achou que eu fosse te beijar, Jeon?

— Nos seus sonhos, seu ridículo — saí do carro, batendo a porta com força, voltando a encara - lo pela janela do veículo — Sinto muito, mas babacas não fazem o meu tipo — sorri irônico, sem conseguir esconder minha raiva, não apenas com ele, mas comigo mesmo também por ter sido trouxa de não me mover.

— Impossível, eu sou o tipo de todos. — piscou, colocando os ósculos escuros enquanto ligava o carro — Até amanhã, Jeon. — mandou um beijo no ar e saiu cantando pneu, como o grande idiota que é.

Fiquei ali, parado, vendo seu carro se afastar. Eu ainda estava nervoso com o ocorrido de agora, e começo a pensar se foi uma boa ideia fazer essa aposta. Baguncei meu cabelo, suspirando alto antes de me virar para entrar em casa, sinto que vou ter muita dor de cabeça com esse imbecil. Aishi!

Maldito Park.