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História Maldito Gray - Maldito Gray e sua declaração!


Escrita por: ksnrs

Notas do Autor


Fairy Tail não me pertence e seus personagens também não.
O intuito dessa fanfic é totalmente interativo e sem fins lucrativos.
Por isso, não me processem, por favor. Não tenho como pagar uma fiança e da cadeia não dá pra postar.

Lucy, anjo... se você não quiser, eu quero.

Boa leitura!

Capítulo 8 - Maldito Gray e sua declaração!


- Lucy, acorda. A gente chegou.

Conforme eu fui abrindo meus olhos, vi o Gray terminando de desligar o carro. Ele fazia tudo com uma tranquilidade natural, tirando a chave do contato e mexendo nos controles do rádio. E Deus… como ele é lindo!

É absurdo constatar isso, mas o Gray é lindo como a Lua. Aquela pele tão branca, contrastando com os cabelos sempre bagunçados e pretos… Poxa, ele parece a lua no meio do céu. E quando ele me olhou, confuso por eu ter acordado mas não ter me mexido, por pouco eu não declaro o tanto que eu tô encantada. Porque eu poderia fazer isso. Poderia demais. Porque o sorriso do Gray, esse que ele dá sem ironia, sem sarcasmo, sem deboche, esse que é naturalmente sensual, nossa… esse sorriso dele me desatina.

- Que foi, preguiçosa? Não vai acordar não?

Ele perguntou isso rindo. Eu sorri de volta. Por um segundo, me preocupei em como esse sorriso meu estava parecendo, porque, de onde eu imaginava, devia estar completamente abobalhado.

Apaixonado, se eu quiser ser totalmente sincera.

E mais: no meio dessa loucura de aceitações, eu me peguei pensando que não seria ruim acordar mais vezes vendo esse sorriso.

- Acho que eu tô acordando… - pra vida, eu quis dizer. Pra mim. Pra ele.

No mais puro instinto, aquele sorriso largo do Gray caiu pra um menor e ele buscou a minha mão. A sensação que nós temos é sublime e única. O nosso toque é… nosso.

- Vem. Vamo entrar.

Até a voz aveludada parece que foi treinada pra me tirar do ar.

Como pode? Como eu posso ter passado de uma pessoa que odiava o Gray, pra uma que está completamente enredada por ele?

É uma pergunta que eu não sei responder. Pelo menos não ainda.

Desci do carro e, por hábito, conferi o celular. Nenhuma notificação de mensagem. Aproveitei pra ver as horas. Faz quarenta minutos que eu saí de casa, então não estou longe. E aqui pega sinal. Ou seja, se eu parar de ser uma romântica e voltar pro óbvio, que é o risco de estar no meio de uma floresta com um quase-lunático, ter sinal é importante. Dá pra pedir ajuda.

Quando olhei, o Gray já tinha entrado. Era, realmente, uma cabana. Cabana mesmo. Toda de madeira, rústica, com os clássicos objetos de decoração que uma cabana tem, que são aquelas monstruosidades de cabeça de animal empalhadas. Acho de um mau gosto terrível. Mas é confortável. Apesar de simples, é bastante confortável. Cômodo único, despretensiosamente arrumada pra que o único ambiente virasse vários. Num canto, uma cama grande. No outro um sofá com tapete fofo. Uma cozinha pequena, com fogão, geladeira e um armário. Uma portinha que eu deduzo que seja um banheiro. Uma televisão daquelas bem antigas, pequenas. E só.

- Entra, fica a vontade. - só aí eu me dei conta que ainda tava parada na porta, fazendo o papelão de reparar.

Entrei quietinha e fechei a porta atrás de mim.

- Bem legal aqui. - ridículo da minha parte dizer isso, mas eu ia falar o quê? Tira esses bichos mortos porque eu não gostei?

- Faz uma cara que eu não vinha aqui. Vim duas vezes, só hoje. - me fala isso rindo, e eu percebo que as minhas pernas bambearam.

Foi sem querer, mas meu olho correu pra cama.

Ai, meu pai! CONTROLE, LUCY!

- Duas? Nossa, por quê? - mentirosa. Falsa. Cínica. Dissimulada. Fala qualquer coisa só pra não pensar em vocês dois naquela cama. Cachorra.

- Vim dar uma geral. Tirar a sujeira, essas paradas. - óbvio. - E trouxe coisa pra comer e beber também.

Isso é bom. Porque eu não almocei e mal tomei café preto. Sinto fome, Gray. Por favor, me alimente.

- Você quer ajuda aí? - percebi que ele tava mexendo em alguma coisa na pia. Nem esperei a resposta. Se for comida, tô dentro.

E era. Nada demais. Pão e queijo. Mas, pra mim, tá excelente. Roubei uma fatia.

- Desculpa pela falta de criatividade. Eu tive que improvisar e era o que tinha lá em casa pra trazer pra cá. - quando eu ia pegar a segunda, ele roubou o queijo de mim. - Também tô com fome, estrelinha.

Ai que maldade. Fala isso assim de novo, com essa carinha de coitadinho, pra ver se eu  não perco o resto de juízo que eu tenho…

MEU DEUS! CONTROLE HEARTFILIA!

- Desculpa. - e vazei.

- Tô brincando, pode pegar. - eu preciso de ajuda psicológica e preciso URGENTE. Porque quando ele falou que pode pegar, eu quase acreditei que podia mesmo. E eu não tô me referindo à uma fatia de queijo.

- Não, pode terminar aí.

Socorro.

Me vem o Gray, maravilhoso, com uma bandeja cheia de pão com queijo e coloca na mesinha da sala improvisada.

- Quer beber o quê? Tem refrigerante, cerveja, água e… - fuçou no armário. - Rola um café também, se esse pó ainda tiver valendo.

- Refri tá ótimo. - voltou com duas latinhas na mão. - Valeu.

- Sempre às ordens.

Achei engraçado que ele falou isso sem perceber. Falou e pegou um pão, e foi comendo, como se não tivesse dito nada demais. E não tinha mesmo. Mas é que ele sempre diz isso. “Sempre às ordens”.

- O quê? Por que tá rindo? - e limpou os cantos da boca, sujos de farelo.

- O jeito que você falou, “sempre às ordens”. Você sempre fala isso. - e fui comer meu pãozinho também.

- É porque eu tô. Sempre às ordens.

Ah, tá. Até parece que é solícito assim. Ainda dei mais uma risada, de boca cheia, antes de ver o Gray abrir a minha lata de refrigerante. Às vezes eu acho que o que tá me encantando, é esse tipo de coisa. Não que o Natsu nunca tenha aberto minha latinha de refrigerante mas ele não faz mais isso. Esse tipo de mimo. É fácil culpar essa atração pelo Gray, usando da desculpa que meu relacionamento tá morno. Eu sei que é. E eu sei que é ridículo da minha parte.

Mas são duas coisas que não dá mais pra negar: meu namoro tá uma bosta e o Gray é insanamente atraente.

Eu preciso mesmo manter o foco. Senão eu vou me perder aqui e as chances de me encontrar depois são bem pequenas.

- O que quer falar comigo? - rasguei o véu que estávamos mantendo.

Foi por isso que ele me chamou pra sair, não foi? Pra conversar? Pois bem. Fale.

- Ah… já? - choramingou. - Espera mais um pouco.

- Por quê? Você não quer mais conversar? - confundi.

- Quero, lógico que eu quero. Mas essa conversa tem 50% de chance de terminar de um jeito bem ruim, então eu queria curtir o momento mais um pouco.

Eu juro que eu entendi o que ele quis dizer. Mas quando o Gray falou da chance de fracasso, eu pensei na chance de sucesso. 50% parece bom pra mim. Ontem eu diria que era 100% de chance de eu matar ele, mas hoje… Hoje esses 50% me deixam bastante empolgada.

E talvez, só talvez, eu tenha transparecido que tô pensando mais no sucesso do que no fracasso.

Gray colocou o pão que estava comendo de volta na bandeja, bebeu um pouco do refrigerante e se sentou meio de lado, olhando fixamente pra mim.

- Lucy, eu gosto de você.

E aí eu comecei a rolar ladeira abaixo. Não que ele nunca tenha me dito isso, de ontem pra hoje já falou algumas vezes. Mas, dessa vez, foi diferente. Não tinha charme envolvido, não tinha malícia, não tinha desejo. Foi real, como se ele tivesse me dito que o céu é azul.

Era a minha chance de escapar. Dizer que não era o correto, que eu não queria isso, que não gostava dele do mesmo modo. E eu acho que era exatamente isso que o Gray tava esperando, que eu cortasse esse papo, como vim fazendo até então.

Mas eu não consegui. Deus me perdoe por ter sido fraca, mas eu não consegui.

Também coloquei minhas coisas na mesa e encarei ele.

- Certo. - dei a liberdade pra que ele continuasse.

O Gray demorou um segundo pra reagir, confirmando minha hipótese de ele não estar preparado pra essa resposta minha.

- Certo. - falou meio confuso. - É isso. Eu gosto de você.

Tá. Já falou isso aí.

- E?

- E… E, sei lá. Eu gosto de você e quero que você fique comigo.

Ótimo. Parece uma oferta de trabalho. Parece que um empregador novo tá me fazendo uma proposta de largar um emprego de anos e ir me arriscar em um ramo totalmente diferente. Não é muito animador. Não pra alguém como eu, que sempre viveu dentro dos padrões pré-estabelecidos.

- As coisas não são tão simples… - já tô cansada só de pensar em explicar.

Aliás, eu preciso mesmo explicar? Porque o Gray sabe de tudo. Sabe um pouco pelo que eu contei, sabe mais um pouco pelo que ouviu do Natsu… Poxa, eu tenho mesmo que falar tudo de novo?

- Tá, Lucy. Então vamo fazer diferente. - como? - Num cenário hipotético, onde o Natsu não existisse e eu fosse só um cara que você conheceu na faculdade… Rolaria?

Essa resposta é fácil. É perigosa de dar, mas é fácil.

Viver no limite tem sido a verdade dos meus dias.

- Rolaria.

É isso. Rolaria mesmo. Rolaria muito. Rolaria à jato. E o Gray adorou a minha resposta porque me sorriu daquele jeito honesto, que eu gosto tanto. Sorriu, mas se manteve calmo como uma pedra de gelo.

Maldito Mago de Gelo.

- Tô um pouco feliz, mas ainda tô me contendo. - ele me pega nessas bobeiras. - Agora vem a parte chata. Qual a chance de a gente eliminar o Natsu do cenário real?

Ai, papai…

Como ele quer que eu responda isso?! Eu realmente não sei como! Eu vivi a vida inteira com o Natsu incluído em todos os meus cenários, fazendo parte deles, criando eles! Eu não tenho como abrir mão do Natsu assim. Não sei nem se eu quero isso!

E devo ter deixado isso bem claro na minha expressão, porque aquele sorriso lindo dele sumiu. Ficou só a casca de gelo.

- Nenhuma, né?

- Gray, essa é uma coisa complicada de se dizer. Você tá me perguntando como eu elimino o cara que eu sempre achei que seria o homem da minha vida, o meu futuro, o pai dos meus filhos!

Tenho certeza que eu disse um “não” velado, mas… ele sorriu de novo. Não entendi mesmo.

- Achou? Do verbo não acha mais? - ele tem o dom de entender as entrelinhas. Não sei como nunca pensou em ser psicólogo. E, dessa vez, eu nem falei pensando no não-dito. Só saiu mesmo.

- Não desvia, Gray. A verdade é que… eu tô confusa, admito. Muito do que eu imaginei tá sendo bem diferente. Eu não tô feliz nesse momento, não tô feliz com o jeito que o Natsu tá agindo mas… Eu também não sei se isso não é só uma fase.

Triste. Eu terminei de dizer isso triste. Porque é uma coisa que nem eu mesma acredito. Essa história de fase, eu não sei se isso é real. Depois do que o Natsu me disse, que tava feliz vivendo desse jeito e que não ia se privar de nada por ninguém… Ele tava falando de mim. Eu sei que tava. O que ele disse, naquele momento, é que ele não ia mudar o estilo de vida por minha causa.

Por mais que eu queira muito acreditar que isso é só uma fase, no fundo do meu coração, eu sei que não é. O próprio Natsu me disse que não é.

Será que não tá na hora de eu decidir por mim mesma como é a vida que EU quero levar?

- Você vai esperar até quando? - o tom do Gray era quase de desafio. Como se me desafiasse a assumir o que eu tô pensando. Como se me exigisse uma verdade, um desabafo, um desligamento.

Quando eu olho pra ele, é tentador dizer que eu não vou esperar mais nada.

E então ele só estica o braço e a ponta dos dedos dele se encostam nos meus. Eu nunca vou me acostumar com essa sensação, até porque eu não quero. Eu quero sentir pra sempre essa descarga que passa dele pra mim, como se os nossos corpos se reconhecessem e se conectassem. Fechei meus olhos, sentindo aquele formigamento que foi tomando meu braço todo.

- Você não está feliz.

- Não, Gray. Eu não estou. - escapou dos meus lábios e, ainda com meus olhos fechados, eu senti ele se aproximando mais. Ouvi o barulho do tecido da calça jeans atritando com o do sofá velho e a mão dele tomando a minha por completo. Um fundinho de cheiro de cigarro. O perfume sutil que ele sempre carrega. A respiração um tanto descompassada batendo perto da minha boca. - Estrelinha, olha pra mim.

Aquele sussurro foi como uma ordem.

Quando eu abri os olhos, vi o rosto dele tão perto do meu, que eu me afoguei naquele preto todo.

Eu caí lá dentro.

Agora sim parecia que toda a minha trajetória envolvendo o Gray passou diante dos meus olhos. Desde a primeira vez que eu vi ele, encostado numa parede, fumando e mexendo no celular, eu sabia. Não admiti de imediato, mas eu sabia. O Gray ia ser o meu maior mal. Mas agora, eu começo a achar que ele pode ser o meu maior bem.

- O que aconteceu? - eu fiz essa pergunta querendo uma resposta honesta. Como ele passou daquele ponto de detestável pra um que me faz repensar todos os meus planos? Como ele derrubou as minhas defesas e se apropriou de um espaço que eu nunca quis que fosse de mais ninguém além do Natsu? Como ele pôde se apresentar diante dos meus olhos com um pingo de sinceridade e eu me deixei levar pelo sorriso que não era debochado?

Como o Gray fez eu me apaixonar por ele?

- Eu não sei, Lucy. - então ele fechou os olhos e eu vi. Ele também está tão perdido quanto eu. Deixou a cabeça se encostar na minha testa e seu rosto vira de um lado pro outro, se roçando contra o meu. - Eu não queria isso. Não queria você, não queria ninguém… Eu tentei, estrelinha. Eu tentei demais ficar longe de você, mas quando eu vi que eu te faria mais feliz que ele… Não deu mais.

Foi como um desabafo. Se ele tentou de verdade, se ele se empenhou em se afastar de mim, eu não sei se é verdade. Mas me tocou.

De repente foi como se eu visse uma luz no fim de túnel de toda essa minha confusão e, ao mesmo tempo, eu sabia que não devia ir até ela.

- Você não sabe se ele não pode me fazer feliz, Gray.

- Não mesmo. A única coisa que eu sei, é que eu também posso. - e me olhou, me afogando de novo naquele mar escuro. - E eu tenho certeza, Lucy, que eu consigo te fazer mais feliz.

O duro é que eu acreditei.

Talvez por eu ter acreditado, eu não recuei quando a mão dele soltou a minha e se encaixou na minha nuca. Eu só fechei os olhos pra não ser mais cúmplice do que ia acontecer. Na minha lógica torta, se eu não visse ele se aproximar, é como se eu não tivesse aceitando. Mas eu tô. Tô aceitando as palavras, a companhia, o lamento, as promessas. Tô aceitando a outra mão dele que se apoiou nas minhas costas e me levou pra mais perto. Tô aceitando que seus lábios rocem contra os meus. E eu tô aceitando, finalmente, que eu preciso do Gray nesse momento.

Não sei como vai ser mais tarde, não sei se terei coragem de olhar o Natsu nos olhos mas, nesse momento, eu preciso do beijo do Gray do mesmo jeito que eu preciso de ar pra respirar.

- Lucy, eu posso… - ele ia me pedir um beijo e eu tô disposta a dar a minha vida inteira.

Não esperei a pergunta se completar.

E então ele me beijou.

Gray tomou minha boca de assalto. Não começou sutil, não teve leveza. Ele me invadiu. Quando a sua língua tocou a minha, por um instante, um instante até longo, eu senti que aquela corrente elétrica que passa entre nós tinha me desacordado. Mesmo de olhos fechados, eu vi uma claridade tão grande, como se fogos de artifício explodissem por trás das minhas pálpebras e, de repente, toda aquela luz se salpicou. Estrelas. Definitivamente, eu via estrelas. No meio do beijo, Gray me soltou por um instante, só pra explanar o que acontecia com ele.

- Lucy, merda! Eu vou morrer!

Não deu tempo de eu dizer nada e a mão dele, que estava nas minhas costas, me apertou ainda mais. Eu estava quase de joelhos no sofá, sendo violada por aquele beijo que fazia os cantos da minha boca arderem. Meus cabelos se enroscavam entre seus dedos e ele investia contra mim com o corpo todo, mas não era nem na intenção de ser sensual. É como se ele quisesse fundir os nossos corpos. Como se quisesse que nos tornassemos um só e, se for pra eu falar com sinceridade, acho que tinha uma grande chance.

Eu não conseguia pensar em nada que não fosse ver mais e mais estrelas. Não conseguia querer nada que não fosse as mãos grandes do Gray me grudando contra ele. Não queria outro gosto que não fosse aquele sutil de tabaco com o inconfundível de roquefort. Eu queria tudo dele. Queria o Gray por completo. Queria a sensação sublime que eu estava sentindo pelo resto da minha vida.

Em determinado momento eu já não estava quase montada nele. Era o contrário. Eu não sei em que ponto eu saí dos meus joelhos e fui parar debaixo do Gray, que agarrava a minha cintura enquanto me beijava sem parar. Agora sim eu sentia o corpo dele investindo contra o meu, mas dessa vez ele fazia menção à entrar em mim por um caminho conhecido. As duas mãos dele se enfiaram por baixo do meu vestido e o Gray não teve delicadeza de tatear o caminho com lentidão, pra esperar minha aprovação. Elas encontraram, ao mesmo tempo, meus peitos escondidos em baixo de um sutiã que, agora, eu me arrependia de ter colocado. Bege, definitivamente, não combinava nem um pouco com a devassidão que estavamos nos enfiando.

Enquanto sua boca me violava sem a mínima decência, suas mãos brincavam como se meus peitos fossem seus parques de diversão particular. Ele me apertava com tanta ânsia, que eu sentia as pontas de seus dedos se enfincando na minha carne e a sensação dolorida era magicamente sublimada pelo calor que crescia entre as minhas pernas.

Eu tô completamente alucinada e o Gray não tá muito diferente de mim.

- Porra, Lucy… - sua voz saiu totalmente rouca no raro momento em que soltou. Mas é assim, ele pára um segundo, fala uma palavra e me beija de novo. E recomeça nesse roça-roça que tá me enlouquecendo. - Fica comigo…

E então eu acordei.

Pelo tempo desse beijo com gosto de inferno, eu me esqueci de qualquer coisa que não fosse eu e ele. Porque é só o que me importou, Gray e eu. Mas, pelo visto, ele não esqueceu do elefante de cabelo rosa que impede que isso vá até o final.

Não sei se o Gray me pediu pra ficar com ele agora e terminar esse começo de transa. Não sei se ele me pediu pra ficar com ele essa noite e fazer sexo até o dia amanhecer. Não sei se ele me pediu pra terminar com o Natsu e ficar com ele. Eu realmente não sei qual foi a intenção dele ao me pedir que ficasse.

Eu só sei que, quando ele pediu, eu lembrei que não podia.

As mãos do Gray ainda estavam embaixo da minha roupa e a boca dele devorava meu pescoço. Deve ser porque eu parei de corresponder o beijo enquanto pensava que… porra, eu traí o Natsu.

- Gray, me solta.

Ele não ouviu no primeiro momento ou fez de conta que não. Mas quando eu empurrei seus ombros, ele saiu de cima de mim rápido demais pra quem não tinha entendido o que eu tinha falado.

E ele estava, de novo, com aqueles olhos que eu vi na despensa da casa do Laxus. Gray lutava contra o choro, mas era fácil entender que aquele brilho de agora não era desejo. Eram lágrimas. Sua boca estava tão vermelha, que podia estar quente. Seu cabelo estava bagunçado, denunciando o tanto que eu puxei. Mas os olhos, eles não combinavam em nada com todo o resto.

- Vai ser só isso? - ele deixou escapar, com a voz rouca que agora não era de tesão. Era de choro contido.

- Eu não vou… Eu não posso transar com você, Gray.

Certo? Não posso. Não podia nem ter beijado mas, dos males, o menor.

Só que ele explodiu.

O choro saiu raivoso. Não teve soluço, não teve fungado, não teve nada além de ele cerrar os dentes e se levantar com raiva daquele sofá que abrigou o nosso amasso minutos atrás.

- Eu não tô falando disso, Lucy! - ah, não? Então não entendi. - Eu tô falando de tudo! Eu não quero você por um beijo, por uma transa, por uma noite! E você vai me dar só isso!

Eu não sei em que momento o Gray começou a fazer planos que me envolviam, se foi de ontem pra hoje ou se faz mais tempo. Concordo que, eu, da véspera pra cá comecei a pensar em coisas que o envolviam, mas… Ele não devia ter feito isso. Não devia ter achado que um passeio sentimental e um beijo de enlouquecer me fariam abrir mão de uma vida.

- Eu sinto muito, Gray. - sinto mesmo.

- Porra, Lucy! Você já viu quantas vezes me fala isso?! Você já reparou que fica me dando espaço pra depois recuar e dizer que sente muito?!

- O que você quer que eu faça?! - eu gritei. Gritei porque o descontrole dele passou pra mim e tá insuportável ver esse homem andar que nem um bicho acuado nessa sala, esfregando os cabelos como se quisesse arrancar.

Mas quando eu gritei ele parou. Parou e me olhou, com aqueles olhos tão bonitos…

Eu tenho medo do que eu posso responder, se ele me perguntar qualquer coisa me olhando com esses olhos.

- Eu quero que você fique comigo, estrelinha.

Um pedido.

O primeiro que ele me fez, despido de toda aquela armadura de badass.

O primeiro que eu pensei duas vezes em negar.

- Gray, não faz isso… - eu não tenho condições de falar não. Até porque, o que eu quero mesmo, é falar sim.

- Então vai ser assim. - ele bateu as mãos nas pernas, rendido. - Vai ser isso, mesmo. Eu te vendo de longe, querendo te arrancar no tapa das mãos daquele playboyzinho de merda, querendo te dar mais um trilhão de beijos como esse, querendo te mostrar que você é a mulher que eu amo, quer…

Opa.

Peraí.

- O que você disse? - o Gray me olhou irritado, provavelmente porque eu interrompi. Nem tô.

- Que eu preciso ficar longe de você? - nem ouvi isso.

- Não. Antes. Você disse que me ama?

Aí eu peguei o gato na curva.

- Eu não falei isso. - ah, falou. Tanto sabe que falou, que tá todo constrangido.

- Falou sim.

Eu tentei não rir. Juro por Deus, que eu tentei. Mas não deu. Eu preciso é tomar vergonha nessa minha cara, porque a gente tava brigando justamente pela impossibilidade de ficar juntos, mas quando eu ouvi ele dizer que me amava… Nossa.

- E o que adianta isso, Lucy? - e então ele cai sentado no sofá, daquele jeito frágil que não combina com ele. Eu pensei em me aproximar, fazer um carinho, mas seria até cruel da minha parte. Como eu vou consolar um cara que tá me pedindo algo que eu não posso dar? - Não adianta nada eu admitir isso. No fim, você vai voltar pro Natsu e eu vou ficar aqui. Sem nem a minha dignidade, por ter admitido que te amo e não ser correspondido.

Ah, não.

Alguém me ajuda aqui.

Eu realmente não sei o que dizer. A análise do Gray foi tão correta, que o máximo que eu poderia falar é um “você tem razão”. Mas eu não posso. Eu não quero. Eu não quero magoar ele ainda mais. Tô pouco me lixando que eu mesma tô miserável, mas o que eu não queria, mesmo, era que ele tivesse assim.

- Acho melhor a gente ir embora.

O próprio Gray propôs isso e eu só concordei. Peguei minha bolsa, andando devagar por aquele lugar que eu desgostei de cara e não queria nem ir. Mas agora, parecia uma tortura sair de lá. Sabe aquela sensação ruim de que é a última vez na vida que está fazendo alguma coisa? Tô sentindo ela agora.

Só voltei a mim quando ele apagou a última luz e abriu a porta.

Em silêncio o caminho todo. Nem o rádio me distraiu, mesmo tocando Lucy in the sky with diamonds, que era uma música que a mamãe cantava pra mim quando eu era pequena. A sensação do vazio é tão grande em mim, que se eu abrir a boca, faz eco.

Quando o Gray parou na mesma esquina em que me pegou, eu dei por fé o quanto as coisas tinham mudado. A começar pelo clima. Quando eu saí, tava sol. Tava até calor. Agora, o céu estava tão cinza, tão cheio de nuvens de chuva, que era até irônico. Pelo visto, alguém lá em cima também não gostou do modo como as coisas se desenrolaram.

A expressão dele também mudou. Gray estava tão cinzento quanto as nuvens. Tava, de novo, aquele Gray que eu odiei tanto. Aquele debochado. Aquele indecente, que parece que me odeia.

- Quer saber uma coisa engraçada, estrelinha? - até esse “estrelinha” dele é igual aos de antes. Cheio de desdém e ironia. - Eu sou bom pra caralho em análise de risco. Eu verifiquei tudo, calculei tudo, medi as variáveis, antes de tomar a decisão de me aproximar. É a primeira vez que eu erro.

- Pessoas não são contas, Gray. - eu sei que ele está agindo assim pra me magoar. Como se fosse preciso.

- Tem razão. Contas eu sei resolver. - e engatou o carro, que é pra eu entender que devo sair do carro.

Na calçada, eu vi o Gray arrancar.

Isso também mudou. Nós dois mudamos. Não é pelo fato de ele ter colocado a mão nos meus peitos e, pelo pouco que eu conheço do Gray, não vai fazer alarde disso por aí. Ele não vai contar vantagem do que nem aconteceu e, do que aconteceu, ele vai ficar em silêncio. Porque sabe que não deve falar. Sabe que isso me afastaria ainda mais. Ouso pensar que ele sabe que me magoaria se o Natsu soubesse disso por ele, como mais uma de suas conquistas baratas. Ele não vai contar. Mas não é isso que significa que mudou entre nós.

Mudou, porque eu quero ele na minha vida.

Maldito Gray e sua declaração!

 



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