Hoje é Natal. E misteriosamente eu acordei em uma cama desconhecida, em uma casa desconhecido e além de tudo, quase nu. Estou com uma dor de cabeça horrível e uma sede insaciável. “Só posso ter ficado bêbado e vindo parar na casa de alguma mulher”, penso enquanto levanto-me da cama indo direto ao banheiro acoplado no quarto.
– Agora só falta beber uns litros de água! Será que a mulher com quem passei a noite é bonita? – Indago-me em voz alta enquanto me visto.
Vestido, apesar do cheiro de bebida, saio do quarto naturalmente. Porém, antes dou um pulo na cozinha para saciar minha sede. Por sorte, o recinto estava vazio. “Que lugar grande! Bem, ela só pode estar na sala”, penso enquanto me dirijo à próxima peça daquele apartamento espaçoso.
Diante de um sofá, observo a pessoa com quem dormi na véspera de Natal com a cabeça acomodada no móvel, estava meio escuro, mas podia ver que tinha cabelos curtos. Ela também tinha bom gosto, olhava “Stars Wars”. “Com certeza eu tive sorte de encontrar essa raridade”, penso comigo mesmo.
Para causar uma boa impressão, aproximo-me devagar, para fazer-lhe uma surpresa, então a envolvo em um abraço pelas costas, dirigindo meus lábios as suas bochechas.
– Bom dia, querida. – Digo com a voz suave para não lhe assustar.
No primeiro momento, eu não tinha assimilado o cheiro doce do seu rosto, mas agora que ele havia se impregnado nas minhas narinas pude o reconhecer, então rapidamente desfaço o enlaçado com aquele estranho. Era cheiro de loção pós-barba.
– Era bom demais pra ser verdade, encontrar uma mulher que goste de Star Wars!
O homem parece não se importar com minha surpresa, respondendo com calma. – Bom dia, amor. Dormiu bem? Receio que talvez não, você bebeu tanto ontem.
Ouvindo aquela voz grossa, eu cubro meu corpo como se tivesse tentando protegê-lo. O estranho a minha frente move-se até uma tomada para acender a luz. Eu desejava que ele não fizesse isso, que aquela situação constrangedora fosse sufocado na minha memória para nunca mais ser lembrada. Foi por isso que, em reação à luz que instantaneamente clareou aquela peça, eu fecho meus olhos. Era melhor assim, eu não precisava saber como ele era. Só precisava evitar qualquer olhar e dar um jeito de ir embora.
De repente, sou abraçado.
– Você tem 30 anos, mas continua o mesmo de sempre. Feliz Natal, irmão.
A voz me faz recordar nostalgia fazendo com que eu saísse daquele transe.
Fazia quase 10 anos que não via meu irmão mais novo, ele tinha ficado com nosso pai depois da separação, agora, um jovem de 20 anos.
– Feliz Natal, irmão. – Então eu retorno seu abraço.
Parecia curioso aquele momento. Poderia jurar que minha última lembrança depois de ficar completamente bêbado era poder ver meu irmão naquele Natal.
Fico feliz de ver meu irmão depois de tanto tempo, mas fico aliviado por não ter acordado novamente na casa de outro estranho.
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