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História Manual de uma vida - 12-Mas eu não vou desistir


Escrita por: ImagineLiving e valntyne

Notas do Autor


Demorou mas estou de volta!!!!!

Capítulo 12 - 12-Mas eu não vou desistir


P.O.V Mike

O dia se resumiu em preocupação. Chester depois da crise de choro com a Talinda, ficou calado e não quis papo com ninguém tornando impossível saber como ele tá. Apesar de ser visível o estado dele, não sabemos o que passa na mente dele e muito menos ouvimos a sua voz.

Dá vontade de surtar com ele e começar a gritar pra ver se assim ele fala mas se eu fizer isso, ele vai piorar muito e daí passamos da estaca zero para a estaca -100 e não é o que precisamos no momento.

Suspiro e vejo uma silhueta do meu lado, olho e vejo Talinda.

-Podemos conversar?-ela pergunta

-Claro!-falo, dando espaço no sofá pra ela sentar.

-Aqui não.-ela fala

-Certo! Vamos lá pra fora então.-falo e ela assente.

Saímos da casa e fomos em direção à uma árvore que tinha um banco de madeira embaixo.

Nos sentamos e ela respira fundo antes de falar:

-Eu não sei mais o que fazer.

-Em relação ao que?-pergunto

-Ao Chester e ao Brad. O Brad tá ficando muito mal e já começou a ficar sem esperanças e o Chester, bom, é o Chester. Eu estou entrando em desespero, não sei mais como ajudar e nem o quê fazer.-ela fala e começa a chorar e tremer.

Ela de fato está desesperada e nervosa. Preciso acalmar ela.

Não a abraço. Ela fica chorando com as mãos no rosto e eu apenas observo. Se eu abraçar ela, ela não vai parar de chorar.

Ouço passos apressados e olho para o lado, Chester se aproxima rápido e me ignora totalmente, indo para a frente da Tali.

-Tali?!-ele chama e ela olha para ele, ainda chorando.-Por que tá chorando?

Ela não fala nada porque não consegue e ele a olha atentamente. Logo ele comprime os lábios.

-É minha culpa, não é?!-ele fala e olha para mim.-Nao é?!

-Nao é sua culpa, Chester.-falo e ele fica mais sério do que estava antes.

Ele olha para a Tali, se levanta e sai.

Suspiro e olho para a Tali que agora me encarava como se procurasse resposta mas ainda caíam algumas lágrimas.

-Tali, eu sei que está sendo difícil pra vc carregar esse fardo todo e ainda ter se apegado ao Chester. Eu sei que chega a parecer insuportável. Sei que vc pensa em deixar isso tudo. Só que o quê vc mais precisa agora é ficar e se manter firme. Mas eu também sei que vc tá tendo pouco tempo com o Brad então essa noite o Chester dorme no meu quarto pra vc ficar com o Brad. Ele apesar de ser psicólogo, precisa que o dêem atenção. Vc precisa ser forte, Tali. Por mais que vc possa chorar às vezes, na maior parte do tempo vc precisa ser forte. A gente precisa de vc e não vamos te deixar entrar em depressão ou ter algum outro problema, precisa confiar na gente.-falo e ela assente.

Abraço ela e a conforto sobre meu peito.

-Mike, o Chester tá irado e estranho dentro do quarto e eu não consegui fazer nada.-Brad aparece, ofegante.

Deve ter vindo correndo.

-Merda!-falo e tiro a Tali do abraço.-Fica aqui com ela que eu vou lá.-falo e me levanto.

Começo a correr para casa. Entro, ofegante.

Desço para o quarto que ele fica com a Talinda e o vejo de frente para o espelho. Ele me olha pelo reflexo e suspira, abaixando a cabeça.

-O que vc quer aqui?-ele pergunta, alto e com a voz um pouco grossa.

-Vim ver vc apenas.-falo, calmo mas ainda meio ofegante.

Meu coração estava acelerado porque eu corri então eu precisava me acalmar mas precisava falar calmo com ele. Socorro!

-Ver o fracasso em pessoa?!-ele fala, baixo mas eu ainda ouço.

-Vc não é um fracasso, Chester.-falo, me aproximando devagar dele.

-Nao foi vc que sentiu o peso de ver ela chorando por sua culpa.-ele fala, voltando a me olhar pelo reflexo.

Me aproximo mais e fico bem perto dele, por trás. A minha vontade é de abraçar ele e de fato estou próximo o suficiente pra fazer isso mas não posso.

-Chester, é muita pressão pra ela ver duas pessoas que ama tanto sofrendo assim.-falo, olhando em seus olhos pelo reflexo do espelho.

-Se eu ao menos pudesse fazer algo...-ele fala, a voz dele é fraca.-Mas eu não consigo. Simplesmente não consigo!-ele grunhe e soca o espelho.

O trincado no espelho cobriu certinho o rosto dele menos o meu. Eu continuava encarando o espelho que agora além de quebrado, tinha sangue escorrendo.

-Vc sente raiva?-pergunto, calmo

-Muita...-ele responde

-Raiva de que?-eu me concentrava na voz dele mesmo com a linha de sangue escorrendo no espelho e o punho dele fechado sobre o trincado.

-De tudo. De mim, do que aconteceu, de estar assim e não conseguir sair. É difícil melhorar e superar o insuperável.

-Vai passar, Chester...

-Não vai!-ele grunhe

-Vc precisa ter paciência com vc mesmo. Precisa respeitar o seu tempo de luto.

-Vc sabe melhor que ninguém que o que eu sinto é acima de qualquer dor que um ser humano pode aguentar.-ele fala, tirando o punho do espelho.

-Mas vc aguenta. Vc é forte e tá aguentando essa barra...

-Como se eu não pensasse em suicídio a cada segundo que passa. Como se eu ficasse calado apenas porque não quero conversar.-ele se encarava pelo espelho estraçalhado enquanto falava.-Como se eu fosse um homem de lata e não sentisse nada.

-Nunca disse que vc não sente nada. Sempre disse que te entendia...

-Vc pode ter passado por uma situação parecida com a que eu passei, Mike. Mas não é a mesma coisa e o que eu sinto dentro de mim, eu não desejo à ninguém.

-Não dá pra fugir disso, infelizmente. É impossível fugir das suas dores Chester, mas vc pode fazer de tudo pra sair dessa porque vc consegue.-falo, calmo.

Ele nega com a cabeça e a abaixa.

-Eu não vou sair dessa.-ele fala, baixinho.

Bipolaridade, ótimo! Tudo que eu precisava nesse momento era que ele desenvolvesse bipolaridade.

Conheço a bipolaridade de longe e é inegável que ele tá começando a mostrar os sintomas.

-Vc fica enterrado, pra conhecer vc, precisa cavar muito. Eu estou com a pá.-falo e pego no ombro dele.

-Michael, eu não quero te dar um soco.-ele fala e eu rapidamente tiro a mão do seu ombro.-Nao era disso que eu estava falando. Me deixa sozinho.

-Sua mão está sangrando. Precisa cuidar da ferida.

-Eu cuido. Só me deixa sozinho.-ele pede novamente.

Olho ao redor do quarto pra ver se tem algo que pode machucar ele e não vejo nada demais.

Olho para ele e saio do quarto mesmo à contragosto.

Subo para a sala e encontro o Brad com a Talinda no sofá.

-Ele tá bipolar, Brad.-falo, me aproximando.-Tá desenvolvendo bipolaridade.

-Otimo!-ele fala sarcástico e suspira.

-Eu vou andar um pouco. Qualquer coisa me liguem.-falo e saio da casa, sem esperar respostas.

O ar puro e o vento bateram no meu corpo e a brisa da noite me fez sentir um arrepio pelo corpo.

Começo a andar em direção à porteira. A noite não estava escura por causa da lua cheia e estrelas.

Chego na porteira e ergo uma perna em uma das madeiras. Junto meus braços em cima da porteira e apoio o queixo sobre eles.

Eu não tenho mais ideia do que fazer e era para eu saber. Eu sou formado pra cuidar de pessoas assim com esses problemas e por que não consigo cuidar dele?!

Tenho vontade de me jogar de um precipício toda vez que vejo ele assim e agora está pior.

Se ele quieto era torturante, imagina ele mudando de comportamento a cada minuto?!

Ele raramente fala e agorinha ele falou e falou até demais. Não sei definir se isso é bom ou ruim.

O objetivo de termos paralisado tudo por lá e termos vindo pra cá era pra ele melhorar e não está acontecendo mas eu sou teimoso demais pra desistir agora.

Preciso me controlar pra não dar um choque nele e nem usar psicologia reversa. Ele não aguentaria isso e com certeza pioraria. Eu estou começando a entrar em desespero e isso não pode acontecer.

Eu preciso me manter calmo e não enlouquecer.

-Desculpa!-ouço uma voz suave atrás de mim e olho.

Chester vem e se posiciona do meu lado, ficando do mesmo jeito que eu estou.

-Pelo que?-pergunto

-Por tudo.-ele fala, calmo e sem me olhar.

Ele olhava para a frente e eu olhava para ele.

-Especifique tudo...-falo e olho para a frente.

-Por ter falado grosseiramente com vc e por só dar trabalho...

-Vc não dá trabalho.

-Sei que dou sim.

-Vc precisa parar de se culpar e se jogar pra baixo, Chester. Vc precisa confiar em vc. A gente confia mas vc não e assim fica difícil...

-Vcs já quiseram desistir de mim?

-Nao, Chester. Não cogitamos desistir de vc nem nos piores momentos.

-E por que não desistem?

-Porque te amamos. Eu aprendi a te amar como um irmão...

-Corta essa.

-Oi?!-falo, olhando pra ele

-Oi, tudo bem?!-ele fala, sarcástico e me olha.-Posso não estar bem psicologicamente e às vezes não saber nem onde estou mas não sou tapado. Eu sei que vc gosta de mim, Mike e já falei isso lá no hospital.

-Chester, de fato eu gosto muito de vc mas não é apenas por isso que eu tô aqui. Eu quero te ajudar...

-Então nunca me deixe esquecer o Joe.-ele fala com a voz suavemente embargada.

-Vc está esquecendo ele?-pergunto e ele assente já começando a chorar.

Abraço ele e o deixo chorando sobre meu peito enquanto tento confortá-lo.

-Eu não vou te deixar esquecer ele, ok?! Se depender de mim, suas memórias não vão ser apagadas. Só preciso descobrir como fazer isso...

Ele assente, ainda chorando e sem me olhar.

Ele chorava muito e parecia com tanto medo. Eu só quero proteger ele.

Aperto mais ele contra meu corpo. Eu estou com medo também. Com medo de nada disso dar certo. Com medo que mesmo depois da gente fazer tudo isso, ele chegar a cometer suicídio. Com medo de ver ele morrer aos poucos e apenas poder olhar sem poder fazer nada.

Mas eu não vou desistir...


Notas Finais


Acho que complicou tudo agora.


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