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História Marauders heir - Vinte e cinco - De volta ao lar


Escrita por: BiancaLBlack

Capítulo 24 - Vinte e cinco - De volta ao lar


George me levou pela mão da garagem até o hall de entrada, observando cada passo meu. Ouvi algumas vozes – menos do que deveria, considerando que a família Weasley estava lá.

-O que foi? - perguntei olhando para a porta fechada da cozinha. - O que está acontecendo ali?

Ele sacou um par de Orelhas Extensíveis do bolso, colocou uma extremidade na fechadura e me passou a outra, como fez na Toca.

-Eladora é uma menina, não um peão de xadrez bruxo – apontou Hope.

-Acha que não pensamos nisso? - Sirius praticamente grunhiu. - É a nossa filha, pelo amor de Merlim.

-Parece que não pensaram quando deixaram-na ficar no Tribruxo. Não estaríamos aqui se ela não tivesse participado – ela rebateu.

-Mamãe, por favor. Estava além do nosso poder na época. Mas não podemos ignorar que uma vida por milhões...

-Alguém considerou a hipótese dela estar ouvindo atrás da porta? - reclamou James, entediado. - Ah, qual é. Eu aposto a minha casa que ela está com George e as Orelhas dele.

Meu namorado pegou minha mão e galgamos escada acima. Entramos no meu quarto e começamos a arrumar minhas coisas da viagem, atentos ao som de passos subindo a escada. Porém, meus pais anteciparam isso e aparataram no cômodo, pedindo para George sair.

-Chega em casa e nem cumprimenta os pais… tsc, tsc – disse Sirius, fingindo me repreender.

-Que coisa mimada nós criamos – Remus “concordou”.

Pulei nos braços deles e ganhei muitos beijos, abraços e carinhos cheios de saudade. Por mais que estivesse adorando o momento fofinho, a conversa na cozinha estava fresca na minha mente e eu tinha muitas dúvidas.

-Vamos contar tudo o que quer saber depois do jantar – disse Remus, acariciando meus cabelos. Maldita Legilimência, não canso de dizer.

-Como foi sua semana, Marotinha? - perguntou Sirius, olhando minhas coisas espalhadas pelo quarto.

-Horrível, e você sabe disso, querido. Falando sobre essa semana, como foi a audiência com Skeeter?

-Vencemos – eles ostentavam sorrisos de orgulho.

-Aaaaaah! Eu amo vocês! - abracei-os.

-Own… nós também amamos você, filha. Ah, hora do jantar.

Voltamos para a cozinha. Fui abraçada por todos os presentes – em especial a sra. Weasley e meus padrinhos – e elogiada pela coragem. George disse à mãe dele que eu tinha me alimentado muito mal com os Mirony, só para brincar, mas ela levou a sério, e eu acabei com um prato que servia confortavelmente três pessoas – forcei George comer metade, óbvio –, e apesar das piadas dos gêmeos, o clima estava tenso.

Quando a refeição acabou, Lily e Molly mandaram Harry, Rony e Ginny saírem, de modo que me tornei a única pessoa com menos de dezessete anos na cozinha. Acho que estava prestes a descobrir o que estava acontecendo, mas por que meus amigos tiveram que sair?

James passou-me um jornal, com um olhar que dizia claramente: “Me desculpe”. Analisei o impresso e fiquei chocada.

Eladora Lupin-Black: o maior mistério da comunidade bruxa

-Por Antonie Caldraman

Eladora não para de nos surpreender. Depois de enfrentar tudo e todos para defender a inocência de Sirius Black, ela se envolveu em um conflito com Rita Skeeter e aumentou sua fama ao vencer o Torneio Tribruxo – torneio do qual ela nem podia participar, o que só torna tudo mais interessante.

E agora a situação foi coroada com a afirmação de Albus Dumbledore: “Voldemort retornou, e usou a senhorita Lupin-Black no ritual para conseguir um corpo humano”. Obviamente todos foram atrás de um posicionamento da senhorita Lupin-Black, mas ela não foi encontrada. Será que Dumbledore a sequestrou para dar mais credibilidade a sua história? Por ora, só nos resta esperar que ela esteja bem.

-Besteira – joguei o jornal de lado. - Agora que estou de volta, posso mandar uma coruja ao Profeta Diário e esclarecer isso?

-Para difamarem você mais ainda? - disse Remus, a sobrancelha franzida. - Com certeza não.

-Quando você voltar a Hogwarts, as coisas se ajeitarão sozinhas – falou Sirius. - Aproveite o resto do verão tranquila.

-Posso perguntar uma coisa? - dei um sorrisinho e eles assentiram. - Do que estavam falando quando cheguei?

-Voldemort está atrás de uma coisa que não conseguiu da última vez – disse James. - E pode ter a ver com você.

-Por causa do que ele fez no cemitério?

-Antes disso – Hope falou com seriedade -, mas não se preocupe querida. Ninguém vai pedir que dê o sangue ou a vida.

-Mãe! - Remus protestou.

-Do quê estão falando? - virei-me para minha avó, mas antes que ela falasse, Lily quase berrou:

-Chega. É demais para uma noite. Se disserem mais, vão induzi-la a entrar na Ordem.

-Que Ordem? - eu esbravejei.

-A Ordem da Fênix – respondeu George, tão rápido quanto eu falei. - Lutam contra Voldemort e os Comensais da Morte.

-Óbvio que quero entrar nisso.

-Não – disseram meus pais ao mesmo tempo. - Você é muito nova.

-Ah!, para ingressar na Ordem, é muito nova, agora para morrer… não, ela já viveu o bastante – reclamou Hope, fazendo Remus revirar os olhos.

-Pra cama – mandou Sirius, sem me olhar. - Agora.

***

-Eu os odeio, mas os amo ao mesmo tempo – confessei, olhando para o teto.

George e eu estávamos na minha cama queen size, ele com a cabeça no meu travesseiro e eu com a cabeça no peito dele, fazendo carinho em seu cabelo. Às vezes, ele a tirava e beijava.

-Ah, amor, isso é normal quando seus pais se importam com você.

-Fala de novo – pedi.

-O quê? Amor? Amor, amor, amor… eu amo você.

Eu ri, fazendo cócegas na ponta de seu nariz.

-Você está preocupada – disse ele, enrolando o indicador em um cacho do meu cabelo. - Está mordendo os cantos dos lábios.

Fiz um beicinho e parei de morder os lábios inferiores, como sempre fazia quando estava morrendo de preocupação. Ele passou os dedos pela minha boca, conferindo se eu não tinha mordido forte demais a ponto de sangrar. A ansiedade estava tomando conta de mim, precisava sair, andar, respirar fora do meu quarto e em paz, o que seria difícil com todo mundo na casa tomando conta de mim ao máximo.

-Foge comigo – pedi, baixinho.

-Sweetie, eu te amo, mas não é meio cedo pra gente casar?

-Não, não, Babe. Não é pra casar. Eu só quero andar por aí, mas não posso perambular pela casa sem dar errado, tem que ser lá fora.

-Tá bom, mas só porque eu também preciso arejar a cabeça – eu riu, abracei seu pescoço e beijei seus lábios demoradamente. - Acho que vou fazer sua vontade mais vezes, ah, vou sim.

Planejamos a descida pela janela, o que foi muito fácil porque ele já podia usar magia fora de Hogwarts. Ele simplesmente me levitou até o jardim e aparatou em seguida – se esforçando para não fazer barulho. Depois partimos para a rua, sendo protegidos pelas sombras dos casarões. Caminhamos de mãos dadas até a garagem para pegar um dos carros de Sirius emprestado – sim, meu pai colecionava carros trouxas -, cantando apenas para nós, e imaginando mil maneiras diferentes de fazer aquilo. Poderíamos estar em um carro roubado, atuando como adolescentes revoltados, ou correndo encapuzados, como fugitivos. Eu já sai correndo encapuzada, mas era apenas uma criança fugindo e logo depois, subi em um ônibus mágico. E fazer isso sozinha não foi tão legal.

O amor é algo engraçado, que você só entende quando vive na pele, ainda mais o amor romântico de verdade. Quantas eu já ouvira a história de que meus pais se amavam mais que tudo e enfrentaram muitos obstáculos um pelo outro? Muitas. E adorara cada uma delas, mas era como uma história retirada de um romance literário e encenada por eles. De certa forma, era irreal, quase ilusória.

Nas minhas curtas experiências amorosas, em que um morreu e o outro não passou de uma amizade-colorida mal entendida, eu podia dizer que George era meu primeiro namorado.

GEORGE

Dizem que a pessoa certa é aquela que completa. Levando por essa lógica, eu tinha achado a pessoa certa. Eladora. Ela era o ponto de ignição para mim algumas vezes, mas me refreava quando estava muito idiota. Nunca que eu fugiria de casa assim, sem mais nem menos, só para passear um pouco e voltar. Uma por medo de mamãe outra porque não tinha tanta espontaneidade sem Fred para me acompanhar, e ele ferrava no sono feito pedra, então não tinha como ele ir junto. E outra que nos arredores da minha casa, nada havia para ver a menos de cem quilômetros, diferente da vizinhança londrina de Grimmauld Place. Mesmo que as casas tipicamente suburbanas estivessem silenciosas, chegamos a um pequeno centro comercial com música, muitas lojas e pessoas.

O cenário maravilhou-nos. A frente de um bar foi transformada em uma pista de dança, ao som pulsante de uma banda pop trouxa. Eladora me puxou pelo braço e dançamos, metade uma coreografia medonha inventada na hora, metade copiando o que todo mundo fazia – tentando, na verdade, mas não vem ao caso – como se não houvesse amanhã. Uma parte mais medrosa de mim dizia que não haveria amanhã se minha mãe descobrisse que eu não estava sob suas vistas “em tempos perigosos como esses”, em suas palavras.

A agitação passou quando a música acabou e a seguinte era bem mais lenta. A maioria dos dançarinos procurou assento, mas Eladora achou que aquela servia para valsa, então colocou uma mão minha em sua cintura, pôs uma própria em meu ombro e assim valsamos na rua, sob os olhos de quem estivesse lá.

Baby you're all, baby you're all (Amor, você é tudo, amor, você é tudo)

Baby you're all I've ever needed (Amor, você é tudo que sempre precisei)

Baby you're all, baby you're all (Amor, você é tudo, amor, você é tudo)

Baby you're all I've ever needed (Amor, você é tudo que sempre precisei)

You're all I've ever needed (Você é tudo que sempre precisei)

I love you, more than I knew (Eu te amo, mais do que eu achava)

I could ever love someone (Que podia amar alguém)

Baby you're all, baby you're all (Amor, você é tudo, amor, você é tudo)

Baby you're all I've ever needed (Amor, você é tudo que sempre precisei)

Quando a música acabou, os espectadores aplaudiram, e faziam coro de “Beija, beija, beija...”. Sem hesitar, Eladora ficou na ponta dos pés e pressionou a boca contra a minha. Nossa primeira dança e primeiro beijo em público. Acenando para as pessoas decidimos encerrar a noite ali, uma vez que a caminhada até Grimmauld Place não era curta, mas um casal tão jovem quanto nós insistiu para que sentássemos com eles e dividíssemos algumas cervejas.

Eu não tinha um centavo trouxa no bolso, mas Eladora me tranquilizou, mostrando discretamente o cartão de débito que sempre carregava. Expliquei que de cerveja – trouxa pelo menos – não entendia nada. O garoto, que se apresentou como Kyle indicou a sua preferida, Amstel. A namorada de Kyle, Amber, recomendou que mantivéssemos a cabeça baixa quando o garçom chegasse, para não chamar a atenção, assim não pediriam documentos.

Amber era muito falante. Enquanto Kyle estava dentro do bar fazendo o pedido, ela contou que tinha quinze anos, e que causara um escândalo na família quando descobriram seu namoro com Kyle, de dezoito. Fiz as contas, três anos de diferença. Segurei forte a mão de Eladora por baixo da mesa e espiei. O fio vermelho estava evidente.

Se o fio não existisse, Sirius e Remus aprovariam nosso relacionamento? Quer dizer, na maior parte do tempo, deixavam-na fazer o que bem entendia, mas se o fio não nos ligasse, eles permitiriam que ela namorasse alguém mais velho, mesmo que por apenas três anos?

Kyle voltou e disse que o garçom chegaria logo mais com a nossa jarra. Quando recebemos nossos copos, Amber os encheu e fez um brinde a nós. Eladora e eu tínhamos ciência de nós mesmos o bastante para conseguirmos nos controlar com o álcool, não passamos da segunda jarra. Havia começado a chover, trocamos telefones e Eladora dividiu a conta com Kyle – que abriu um olhar embasbacado ao ver o cartão preto dela – e fomos embora, um pouco altos.

Tivemos um pouco de dificuldade para caminhar sem tropeçar até o carro, mas Eladora, um pouco mais sóbria, conseguiu me empurrar até a porta do automóvel. Estávamos cantando alto uma música idiota qualquer. Chegamos à esquina e o carro derrapou na pista molhada e então CRASH!

***
HARRY

Meu telefone tocou no meio da madrugada. Era uma ligação de Ella.

-Me ajuda – ela suplicou tossindo, a voz fraca.

-O que aconteceu? Onde você está? - perguntei, já calçando os sapatos e trocando de camisa.

-Não sei… por favor, vem me buscar antes que…

-Ative o GPS do celular e eu me viro – falei, apressado e tenso.

Liguei meu computador e rastreei o celular dela. Copiei a localização e fui até lá. Não era muito longe, dava para ir a pé correndo. Várias pessoas estavam aglomeradas ao redor de uma esquina, onde havia um carro enfiado entre um muro e um poste. Distingui George no banco do motorista e Eladora a seu lado.

Bufei antes de tomar outra atitude. Por mais que gostasse de George, não conseguia deixar de achar o cara um babaca por não cuidar direito dela. Bem, voltando ao assunto de a minha amiga estar esmagada em um carro com um monte de trouxas olhando em volta, não poderia fazer nada sem ajuda de um bruxo habilitado, então mandei uma mensagem para meu pai, pedindo socorro. Ele e minha mãe aparataram ao meu lado no mesmo instante.

-Preciso que os trouxas saiam dali. Explico depois.

Com as sobrancelhas franzidas, eles sacaram as varinhas e Obliviaram as pessoas. Corri em direção ao carro. A porta de Eladora estava atravancada pelo poste e o vidro da frente estava todo arrebentado. O canto da boca dela sangrava por um corte fundo.

Consegui entrar pelo banco traseiro e tirar Eladora do veículo. Minha mãe puxou a varinha de novo e curou seus ferimentos enquanto meu pai e eu resgatávamos George. Meu pai, que não era um curandeiro muito bom, se afastou enquanto mamãe providenciava os feitiços curativos, e foi arrumar o carro.

Com um ou dois passes de sua varinha, fez o carro ficar perfeito de novo. Pusemos Ella e George desacordados no banco traseiro e voltamos para Grimmauld Place. Usei minha Capa de Invisibilidade para levá-los para seus quartos.

Espiei pela janela antes de deitar. Era quase manhã. Daqui a pouco meus padrinhos acordariam e Eladora precisaria de uma história genial que os convencesse sem que Remus lesse sua mente, porque eles sempre davam uma chance a ela antes de apelarem para Legilimência.

Mas minha “priminha” surpreendeu mais uma vez. Desceu para o café da manhã de braços dados com George, os cabelos cacheados arrumados perfeitamente, os olhos limpos como os de uma princesa e sorrindo com dentes muito brancos para as piadas de Fred e George.

Eu me perguntava como ela conseguira aquela aparência tão linda e tão normal, comum, até mesmo mundana, como se não tivesse sofrido um acidente de carro. Mas ela colocou um pequenino erro ao colocar uma mecha de cabelo atrás da orelha em um gesto distraído, revelando uma cicatriz que passava do lóbulo até o queixo, seguindo a linha da mandíbula.

-O que aconteceu aí? - perguntou Sirius, gesticulando com o garfo.

-Cai da cama – ela disse.

Achei que Remus passaria a história por seu detector de mentiras, e de fato ele fez, porque deu de ombros para o esposo, sem dizer nada.

Talvez, pela primeira vez, ela tenha mentido para seus pais.

Nada aconteceu, mas eu imaginei uma cena muito legal e exata em seguida. Eladora colocando os cotovelos sobre a mesa, as mãos sobrepostas ocultando um ligeiro sorriso maldoso, os olhos azuis faiscantes como os de um gato maligno, trocando um olhar demorado e cúmplice com George.

Mas não, ela só continuou comendo seus ovos com bacon atentamente. Fiquei triste por minha fantasia não ser real, mas também aliviado por tudo estar bem, já que segundo meu pai, o que causou o acidente não George dirigir depois de beber cerveja (mamãe disse que eles estavam levemente alcoolizados quando os curou. Como ela sabe disso, eu não faço ideia), mas sim um objeto desconhecido no meio da pista. Se foi deixado ali de propósito ou por acaso, não tinha como saber.



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