OITO MESES DEPOIS
P.O.V. Clarisse
Clarisse gritava imenso. Estava em cima da sua cama, com as pernas abertas enquanto dois Mestres lhe arrancavam o bebé da barriga.
-Tenhai calma, sua alteza! - gritou um dos Mestres.
Clarisse nunca sentira tanta dor na sua vida. Era como se lhe estivessem a espeter três ou quatro espadas. Para além disso, ela sentia medo. Sentia medo que Darlessa lhe tirasse o bebé e a matasse. Apenas lhe restava rezar.
Quando deu por si, o bebé já estava lá fora, nos braços do Mestre.
-É um menino! - gritou ele. O bebé era lindo. Tinha grandes olhos azuis, como Lancel, e cabelo negro, como Clarisse.
-Qual será o seu nome? - perguntou um guarda que ali estava.
-Jon. Jon Lancaster. - disse ela, segurando-o - Deixem-me sozinha com ele.
Os guardas e os Mestres obedeceram e saíram do quarto dela. Clarisse ficou ali sentada, a olhar para o seu filho. De repente, ouviu gritos. Eram os guardas.
Clarisse abriu a porta devagar. Não viu nada. Decidiu descer as escadas. Quando chegou lá abaixo, viu os guardas e os Mestres no chão, a sangrar. Mas não havia nenhum assassino.
A rapariga saiu da Torre Sombria, com o seu filho. Custou-lhe olhar diretamente para o Sol. Ela sentia-se bem por voltar a sentir terra e erva nos seus pés.
Aquele momento era a oportunidade perfeita para ela escapar. E foi o que ela fez. Entrou pela floresta adentro, afim de chegar a St. Victorian.
Continuou a andar, até ouvir uns barulhos. Acelerou os passos. Rapidamente, algo saltou dos arbustos. Clarisse deu um grande grito.
Quando olhou bem, viu que era uma rapariga. Tinha lindos olhos verdes e cabelos castanhos despenteados.
-Quem sois?! - perguntou ela, apontando-lhe o seu punhal.
-Eu... Eu sou uma habitante de St. Victorian. - mentiu Clarisse. Não podia andar por aí a dizer a todos que era filha do lorde de St. Victorian. Não agora que estava livre.
-Como te chamas?! - perguntou a rapariga.
-Cla... Susan! Susan... Castle. - disse Clarisse, mentindo mais uma vez - E vós?!
-Janne Castle. - respondeu ela. Uma bastarda, pensou ela.
-O que é isso que levas tapado? - perguntou Janne.
Clarisse já nem se lembrava do seu filho. Ela trazia-o ali, tapado do frio.
-É.. O meu irmão. Jon. - disse Clarisse.
-Interessante... Para onde vais?! - perguntou Janne.
-Para St. Victorian.
-Também eu. Podemos ir as duas.
Clarisse concordou e foram as duas, pela floresta dentro até à cidade.
P.O.V. Dylan
Dylan estava a correr pela floresta dos Jogos da Bandeira. Ele estava na equipa azul, juntamente com Thalia. Jacob e Catelyn eram da outra equipa. Dylan tinha uma espada, visto que não podia usar os seus poderes. Já ferira um selvagem por causa disso.
De repente, um selvagem apareceu à sua frente. Tinha uma grande lança.
Dylan avançou sobre ele, rápido como um garanhão. O selvagem defendeu-se com a lança, empurrando Dylan para longe. O rapaz quase caiu mas conseguiu equilibrar-se. O selvagem avançou sobre ele, mas Dylan desviou-se para o lado, fazendo com que a lança do inimigo fica-se espetada na pedra. Dylan aproveitou a oportunidade para voltar a correr em direção à bandeira. O objetivo do jogo era capturar a bandeira e defender a sua, e não magoar os outros.
De repente, encontrou a bandeira vermelha do inimigo. Avançou cautelosamente pela clareira até a agarrar. Pegou nela e virou-se. De repente, Catelyn apareceu, caída das árvores.
-Lamento, mas tenho que te derrotar. - disse ela, sorrindo.
-Podes tentar. - disse Dylan, avançando sobre ela.
Aquela luta parecia uma dança de espadas. Cada espadada que um dava, o outra defendia. Foi então que Catelyn mandou o Dylan ao chão.
-Fácil! - disse ela.
-O que é aquilo?! - perguntou Dylan, apontando para trás de Catelyn. Ela virou-se. Dylan aproveitou a sua mentira e atacou-a, caindo os dois no chão. Riram-se como loucos. Quando pararam, Dylan deu-lhe um beijo.
-Sabes uma coisa?! - perguntou Catelyn.
-O quê?! - perguntou Dylan.
-Nunca confies no inimigo! - disse ela, apontando-lhe o punhal - Jogo é jogo!
De repente, um grupo de selvagens apareceu com uma bandeira azul e a gritarem.
-Ganhámos! - gritou Catelyn.
-Raios! - disse Dylan.
O Lorde Haghar apareceu da floresta e encerrou o jogo, mandando todos para as suas casas. Menos Dylan Catelyn, Jacob e Thalia.
-O que se passa?! - perguntou Thalia.
-Vocês os quatro são os melhores guerreiros que eu tenho. E, por isso, irão numa missão. - disse o Lorde Haghar.
-Fantástico! Que tipo de missão?! - perguntou Catelyn.
-Vocês irão até à Ilha da Caveira, ao paradeiro do Lorde das Trevas. Quero que vejam o que é que ele anda a tramar. Se acharem que é muito arriscado, podem não ir. - disse ele.
-Não! Nós vamos! - disse Dylan.
-Sendo assim, partem amanhã de manhã. - disse o Lorde Haghar, saindo da floresta.
-Que tal treinarmos uma última vez? - perguntou Jacob.
Os restantes concordaram e foram todos em direção à arena.
P.O.V. Darlessa
Darlessa estava sentada à mesa, juntamente com Sor Baelor Hart, o Lorde Leonard Duncan, o lorde que governara Gosthard Mansion enquanto ela estivera fora, e Ashaila, uma feiticeira vinda de Bay Island.
-Temos que fazer algo. Não irei permitir que Donnel governe e mantenha Lancel prisioneiro. - disse Darlessa, bebendo um gole de vinho.
-Praticamente todo o reino está do lado de Donnel. Será praticamente impossível derrotá-los. - disse o Lorde Leonard. Ele era um homem com pele morena e de baixa estatura. Tinha olhos escuros e usava sempre roupas simples.
-O que quereis dizer com isso? - perguntou Sor Baelor.
-Rendição. Já não chegaremos a lado nenhum com esta guerra. Deveríamos...
-Apenas os fracos de rendem. - disse Ashaila. Tinha estado calada a noite toda. Ela vestia sempre roupas negras e usava sempre uma longa e escura capa. Usava roupas de caçador e luvas compridas. No pescoço, tinha um pequeno colar bastante apertado com uma pedra de quartzo no final. Tinha cabelos negros. Tinha um corpo perfeito e bastante bem definido. Os seus olhos eram cinzentos, quase brancos, e tinha a pele pálida, o que lhe dava um aspeto pouco humano. Os seus lábios pareciam estar congelados. Chegara recentemente de Bay Island, desde a catástrofe que destruiu a ilha. Ela seguia outra religião, para além do Deus da Luz e do Guerreiro. Ela venerava o deus Karbol. Dizia que tudo o que existia tinha sido criado por ele, incluíndo os humanos.
-Então o que pretendeis fazer? - perguntou o Lorde Leonard.
-Faremos um cerco a Rivecurrent. Genna não resistirá e entregará Lancel em troca de toda a sua família.
-Esqueces-te de uma coisa. O Lorde Trystane Darrel é casado com Belle Medley, cujo pai é nosso secreto aliado. - disse Darlessa.
-Melhor ainda. Teremos os Darrel como prisioneiros. Eles venceram a emboscada ao nosso acampamento mas não venceram a guerra. - disse Ashaila, bebendo vinho.
-Sua alteza, tudo isto é muito imprudente. O nosso exército não é suficiente para fazer um cerco. - disse Leonard, olhando para Ashaila de lado.
-Lorde Leonard, penso que não tenhais pensado bem. Temos Gosthard Mansion, Red Town, alguns guerreiros de Kevingston e Sandspike. - disse Ashaila
-Sandspike?!
-Digamos que possuo alguns truques. Sua alteza, sigai-me. - disse ela.
Darlessa fez sinal a Sor Baelor e a Lorde Leonard para saírem e ela seguiu Ashaila.
A feiticeira levou-a pelas passagem exteriores do castelo. A capa de Ashaila esvoaçava imenso. Pouco tempo depois, chegaram aos aposentos da feiticeira.
-Porque estamos aqui?! - perguntou Darlessa.
A feiticeira não respondeu. Dirigiu-se até à janela e abriu-a, dando passagem para a varanda. Darlessa sentiu uma grande corrente de ar frio vinda da rua. Abraçou-se a si própria.
Ashaila saiu para a varanda e parou lá fora, abrindo os braços.
-Karbol, todo-poderoso, por favor, ouve o meu chamado.
A corrente de ar aumentou e, em torno das mãos de Ashaila, apareceu uma névoa alaranjada. Pequenas rochas e pedras voavam em torno da feiticeira.
-O que se passa aqui?! - perguntou Darlessa, assustada.
Mais uma vez, Ashaila não respondeu. Ficou calada, enquanto o vento ficava cada vez mais forte.
De repente, apareceu uma grande nuvem esverdeada em forma de serpente a descer, vinda dos céus, em direção a Ashaila. A serpente rodopiou em torno da feiticeira, enquanto esta se mantinha imóvel e calada. A serpente afastou-se de Ashaila rapidamente. Esta fechou os braços, fazendo o vento acalmar e as pedras e rochas desaparecerem.
-O que foi isto?! - perguntou Darlessa, assustada.
-Foi Karbol, o todo-poderoso. Este nevoeiro é o Protetor de Karbol. Será ele o responsável por assassinar Alexandra Zeon. Sandspike será nossa. Irei mandar cartas para Willis Wode e Daven Corbray para tomarem a cidade assim que Alexandra seja eliminada. - explicou Ashaila.
-E porque não matar Donnel Lancaster? Será mais fácil. - disse Darlessa.
Ashaila riu-se.
-Hatley Castle está impestada de guardas e lordes. Alguém iria ver e acusar-nos-ia de assassinato.
-Tenhais razão. Ashaila, quando retomarmos o trono, quero que faças parte do Grande Conselho do rei.
A feiticeira fez uma vénia e saiu. Darlessa tinha arranjado uma boa aliada, o que era raro.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.