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História Marcado (Em revisão) - Dor (R)


Escrita por: Sexta_feira

Notas do Autor


(REVISADO)

Desculpem esse capis michuruca. Eu vou postar outro ainda hoje, só vou terminar uns detalhes revisar e VOIALA... auhuahsu
é sério, desculpem por esse cap que ta meio sem sal, é só para explicar saporra toda de mascara e tals..

Boa leitura, até mais tarde Chuchus...

Capítulo 3 - Dor (R)


 

Quatro anos e alguns meses atrás, LA – Califórnia

 

Logo após kagami ter seu primeiro e traumático Heat, seu pai o levou às pressas para o SCG -Specialty Clinic in Genres-. Era uma clínica especializada em gêneros, como diz o seu nome. Em cada cidade, seja grande ou pequena, havia uma. Pois o gênero secundário de cada um fazia uma grande diferença na vida futura. Ou ao menos, era isso o que todos diziam.

Nos dois dias em que ficou internado naquele local frio e extremamente limpo, foi submetido a testes e analises, parecia simples, mas foi muito cansativo. No final do segundo dia seu pai o levou para ver os resultados dos exames que o ruivo havia feito. Esses resultados ditariam sua condição como Ômega, seu patógeno, anticorpos, e talvez as possíveis mudanças que ocorreria em seu corpo e organismo no decorrer dos dias, meses e anos.

Kagami não sabia se era coisa da sua cabeça, mas percebeu que sempre havia um olhar estranho nos olhos do médico no comando; um pouco de assombro, curiosidade e até uma pitada de divertimento. Porém, depois de pensar um pouco sobre esse assunto, o ruivo deixou para lá. Médicos geralmente são estranhos, sua mãe sempre dizia isso, e o que sua mãe dizia geralmente era correto.

 Para cada pessoa, mesmo sendo do mesmo gênero, as mudanças físicas e biológicas eram diferentes dependendo de como seu corpo e mente desenvolvia com a mutação do gênero secundário causava no corpo. Por causa disso, esses exames eram apenas 75% precisos, com esses resultados eles poderiam precaver se preparando para quaisquer possíveis acontecimentos futuros, para não haver quaisquer tipos de surpresa ou desespero.

Dificilmente ouve caso em que os acontecimentos divergiam do resultado pré-calculados dos testes. É claro, houve erros, mas em sua maioria eram acertos.

Kagami estava sentado num sofá de couro negro de 2 acentos na sala de espera geometricamente decorada. Folheava tediosamente uma revista de esportes, que era disponibilizada junto com várias outras em cima da mesa de centro. Tinha várias dessas em sua casa. Seu pai estava sentado ao seu lado balbuciando em outra língua com alguém pelo celular, ou melhor, discutindo a cochichos.

 O ruivo estava impaciente, queria voltar logo para sua casa e apodrecer em sua cama assistindo o canal da NBA comendo besteira até ter diabetes, talvez assim poderia ter um descanso da sua mente que insistia em o acusar e repreender sem parar. Era muito barulhento la dentro... Mas como seu pai disse que isso era importante, então não discutiu, só foi.

Depois de alguns poucos minutos de espera, uma mulher vestida formalmente -nada parecida com aqueles caras vestidos de jaleco- chamou pelo nome de seu pai, que no segundo seguinte disse algumas últimas palavras para a pessoa na outra linha logo encerrando a chamada. Depois que guardou o aparelho no bolso virou os olhos castanhos escuros e lhe deu um olhar complicado, suspirou cansado antes de se esfregar seus fios ruivos, para logo então se levantar e seguir a mulher que o esperava pacientemente com um olhar profissional. 

Sentindo-se feliz por essa tortura estar prestes a acabar, Taiga se levantou em um pulo para acompanha-los.

 Mas estranhamente a moça parou e seu pai também, e frisou para os dois que aquela conversa seria só entre seu pai e o Dr. James, e logo após ele também seria chamado. Aquilo deixou o ruivo um pouco desconfortável e meio carrancudo, mas obedeceu.

Sentindo-se irritado por ser excluído de algo sobre si mesmo, sentou-se abruptamente no sofá e bufou fazendo um pouco de birra. Iriam discutir sobre ele, sem ele lá dentro! Quem entende?!!

- Ótimo, mais minutos convertidos em anos de espera. - Suspirou resignado.

 Por que caralhos ele não poderia participar de uma conversa sobre ele? O que tinha a esconder?  Já estava todo ferrado por ser um ômega que pior não poderia ficar! Já não bastava ter que perder o jogo dos Bulls contra Cavaliers que passava e com toda certeza estava muito, muito foda.

O ruivo decidiu não pensar muito sobre o assunto de ser ômega. Era só deixar para lá e fingir que nunca nem viu.

– Ei, você não gosta de basebol? – Uma voz doce e melodiosa soou atraindo o olhar do ruivo, o tirando de seus pensamentos num susto.

–... É o que? – Perguntou confuso segundos após analisar rapidamente o belo rosto da jovem loira a poucos metros de distância no mesmo sofá; tinha a aparecia típica de criança rica estrangeira. Nem a havia notado ali. Eu ein. 

– Eu perguntei se você não gosta de Basebol? – Perguntou novamente sorrindo divertida.

– Por quê?...- Taiga estava confuso com a pergunta repentina e aleatória, da menina desconhecida repentina e aleatória.

–Tipo, é que você ‘ta quase fazendo a Hank sangrar...coitado... - Respondeu risonha, destacando covinhas em suas bochechas rosadas e gordinhas. Ela era realmente linda e fofa.

Do que caralho aquela garota ‘ta falando? É doida? Aqui também atende a doentes mentais?

 Notando que o ruivo continuou a olhar para ela com um gigante ‘’?’’ na cara, a jovem fofa, ainda divertida, apontou com o dedo esbelto e curto para suas mãos que segurava com força a revista de esportes, criando vincos nas páginas.

- Oh!. - Fez uma careta ao notar que estava que estava amassando justamente a página que continha uma matéria sobre New York Yankees¹, e Hank Steinbrenner² posava heroicamente numa foto com um taco de basebol na mão.

Havia lido aquela matéria por cima há alguns minutos, mas agora só parecia um amontoado de letras, já que a foto e a matéria estavam totalmente amassada e disforme, fazendo a parte de baixo de a folha rasgar. O Hank estava irreconhecível, e o coitado não tinha nada a ver com isso. Desculpou-se com Hank mentalmente.

– Nem tinha percebido. – Disse envergonha coçando a bochecha.

– Percebi que não tinha percebido. – Respondeu a jovem astutamente, brincando com as palavras e fazendo o ruivo rir levemente com isso.

– Mas você não me respondeu. Gosta de Basebol? – Perguntou animada com um ‘q’ de interesse. Parecia que ela realmente queria conversar.

E assim, do nada com essa pergunta estranha de uma garota aleatória, os dois se jogaram em uma conversa animada e engraçada sobre esportes, assassinar pessoas inocentes em revistas amassando as folhas e as propagandas enganosas do McDonald’s.

 Kagami se sentia menos irritado depois de alguns minutos de uma boa conversa recheada de risadas e comparações escrotas. A garota era muito divertida, e fazia bastante graça com piadinhas e caretas fofas. Descobriu que ela era a filha do Dr. James e estava ali para o visitar. Ela disse que fazia isso quase todos os dias. Agora ela só estava esperando a consulta acabar para falar com seu progenitor, pois iriam jantar juntos.

Naquela sala de espera fria dois jovens conversavam animadamente. Tudo parecia muito divertido e jovial, mas no momento em que o ruivo ria de uma comparação bem idiota sobre os lanches do McDonald’s e garotas super maquiadas do Facebook que ela havia feito, a jovem havia parado de rir abruptamente e o olhava para os lados confusa. Notando seu comportamento estranho o ruivo também freou suas risadas.

–O que foi? –Kagami perguntou depois de observar alguns segundos de esquisitice.

–Você... Você não ‘ta sentindo esse cheiro?.... – Perguntou a loira fazendo careta enquanto farejava o ar.

– Não... Que cheiro? - Inquiriu o ruivo depois de farejar o ar também.

–Hmmm, na verdade é um cheiro bem diferente...de feromônio eu acho... Quase certeza que é de uma ômega. – Ela respondeu depois de pensar um pouco, logo voltando os olhos azuis cristalinos para varrer em volta procurando a origem do ‘aroma’.

– Mas não tem nenhuma mulher por aqui... - murmurou confusa.

O ruivo, ao assimilar do que ela falava, gelou, sentindo sua respiração travar no mesmo momento. 

Não havia como isso acontecer, quer dizer, como ela sentiu o seu cheiro? Talvez fosse dele ou dela, mas que diferença fazia? Provavelmente quando estava rindo liberou querer por estar se sentindo a vontade e feliz talvez. Não sabia controlar essas coisas! Além disso, só havia ele e ela na sala, e essa garota era a imagem de uma ômega, seus traços a denunciavam.

 Então não tinha perigo... No entanto, sabia que a não ser que seja um alfa, não teria como ela sentir seu cheiro, não tão cedo.

  Lembrava-se vagamente das aulas sobre ômegas; era que eles só podiam sentir o cheiro um do outro depois de ‘amadurecer’. O que ele não sabia o que significava.

 Se for para colocar assim, só havia um motivo! Mas nem a pau que seria! Não tinha como uma garota pequena, fofa e delicada como ela ser uma alfa. A garota no máximo era uma beta. Porra, ela tinha uns um e cinquenta de altura. Alfas não eram todos altos, dominantes e viris? Ela praticamente nem alcançava de seu peito!!!

Soltou uma risada sarcástica tremula ao se dar conta do que estava pensando. Como assim não tinha como aquela baixinha e fofa ser uma Alfa?! Ele não era um ômega mesmo sendo alto e cheio de masculinidade? SHIT. 

Não havia outra explicação, a menina era um alfa. Puta que me pariu, vai toma no meu cu! Que sorte dos infernos é essa?

A vida estava de gozação com a sua cara? Mostrando que uma garotinha era o que ele queria ser, o que deveria ser dele. Só podia ser brincadeira...porra. Vamos la, ela não vai ser escrota se souber, não é? Até porque ela era mó legal!

–Só pode estar de brincadeira... Uma alfa. – Murmurou amargamente tentando fazer graça, mas estava meio travado, então saiu mais como um sarcasmo.

– Sim, eu sou sim. E você também é, certo? – Ela inquiriu confusa olhando para o ruivo, sem entender aquela afirmação e aquele tom aparentemente amargo e sarcástico.

Kagami apertou os as unhas nas palmas da mão, sentiu seu estômago revirar e tremer. Estava nervoso. Seria a primeira pessoa que saberia fora da sua família. Engoliu em seco e somente a fitou seriamente nos olhos com significados nada ocultos. A garota ficou sem entender por alguns segundos, tentou assimilar, quando por fim seus olhos se arregalaram, como se enfim entendesse algo.

Então ela olhou novamente em volta, perdida, como se buscasse algo. Seus olhos azuis revezavam para ele e para si mesmo.

 – Você...você é...? –Ela perguntou muito levemente enquanto se afastava pouco a pouco. Parecia que inda tentava processar a informação, olhando para qualquer lugar que não fosse o ruivo.

– Sou...– Confirmou baixinho e temeroso, notando o afastamento dela.

Tentava entender aquela reação. Tudo bem que era um ômega, um homem ômega, mas precisava de toda aquele drama? Ele era um ômega ou a forma física da Peste Negra?

– Óh, bem... Eu tenho... Tenho que ir... – Bastou a confirmação para que ela saltasse longe dele, como se ele fosse morde-la, olhando para os lados ansiosamente. Parecia que ele iria assalta-la pelo jeito que ela estava agindo. WTF...

–  Um homem Ômega noje... Não posso ficar. – Murmurou ela enquanto rapidamente se afastava andando de costas, olhando-o estranhamente, parecia que ela não se atrevia a ficar de costas para ele.

Kagami reconhecia aquele olhar, era igual ao do seu irmão. Um desprezo mau escondido, na verdade nem se dava ao trabalho de tentar esconde algo.

– Nojento?...  Eu...? - se perguntou sussurrando levemente assustado, tentando entender porque ela iria chama-lo assim.

 Não havia motivos. Era somente a porra de um gênero secundário! Ele não escolheu! Não entendia o porquê daquele olhar de desprezo. Por que?...

Nem parecia a garota fofa e engraçada de alguns segundos atrás. Havia sido uma mudança muito abrupta.

Ainda atônito, encarou a garota que aos poucos chegava no outro corredor enquanto o olhava acusadoramente, como se estivesse se recriminando por ter conversado com ele, antes dela se virar e sumir pelo corredor. Ele não sabia se ria ou se chorava. Na verdade, ele estava meio paralisado, sem reação nenhuma porquê ele não sabia que reação deveria ter nesse momento. Talvez ele deveria achar graça? Zombar, rir e deixar pra la?

Kagami ficou um bom tempo sentado com os olhos fixos no lugar onde a garota estava sentada, sem entender o que havia acontecido. 

A conversa havia sido boa, não foi? Ele não foi grosso ou ignorante nenhuma vez, não é? Então, por quê? O que havia mudado?

Ele só percebeu suas lágrimas, quando duas delas pingaram em seu braço. Por que ele estava chorando? Não fazia sentido chorar só por que uma garota fugiu dele. 

Era só uma garota afinal, nem sabia seu nome ou a conhecia direito. Só conversaram por alguns minutos. Tudo bem que ela era legal, bem legal. Mas não choraria só por isso. Então por quê? Não se sentia triste, não sentia nada a não ser um vazio bizarro em seu peito. Por que chorava? Que viadagem chorar por nada desse jeito!

Só depois de alguns longos minutos que entendeu o porquê chorava; ele havia percebido como as pessoas lhe olhariam ao descobrir que era ômega. O olhar cortante era como um chicote com pontas de ferro. Como uma coisa tão simples doía tanto? Foi só um olhar fugaz de uma desconhecida. Só isso. De uma única garota. Por que doía? Vai ser sempre assim? Como vou viver em mundo cheio de olhares como esse? Não quero! Não posso! É tão humilhante... E doía...

 Como iria aguentar aquele tipo de olhar? Era assim que iriam lhe tratar quando soubessem? Por quê? Não havia escolhido, ele simplesmente nasceu assim. Era exagero chorar por isso? Não, não era, pois aquela era a pura realidade, a merda da realidade sufocante que ele teria que enfrentar. E isso era desesperador.

Esse acontecimento curto e repentino o fez intender que nem todos são como seus pais e são mais como seu irmão.  

Ele não iria ser aceito e não precisava ser aceito! Quem se importa como os outros o veem? Eu entendo, então por que ainda ‘to chorando, merda?! Qual é a porra da diferença? Só por que ele tinha um grande corpo viril, que era feito biologicamente para receber outros corpos viris? Sim, era humilhante. Mas não era uma a aberração. Não precisava de tudo isso.

 Ele nunca olharia para alguém assim, era cruel demais. Cruel ainda mais para quem recebia.

 Não tinha culpa alguma, então por quê? Por que ele tinha que ser diferente? Foi porquê ficou feliz e se sentiu relaxado que isso aconteceu? Seria sempre assim? Não poderia mais ser feliz em meio a outras pessoas?... Toda vez que ele sorrisse ou fosse ‘’feliz’’ iriam saber?... Iriam sentir? Era só se sentir à vontade ou contente que seu 'cheiro' iria sair se desprender dele? Nem fodendo! Não queria ser tratado assim, e nem ser visto com alguma aberração ou algo nojento. Queria a porra de uma vida normal e não levar um soco emocional humilhante como havia acabado de receber!

Só havia sido ela, foi a única, tirando o seu irmão, que o olhou assim. E havia sido doloroso. E quando mais pessoas descobrissem? Era assim que essa sociedade de merda o olharia? Com nojo? Havia sido só uma garota... e havia doído... 

 Aquilo realmente doía. E o pior foi que todas as incertezas e medos que estava acumulando e bloqueando de pensar paranoicamente havia explodido naquele momento. Uma enxurrada de incertezas e medos futuros estavam travando guerra em sua mente. Ficou ali sentado estaticamente se enchendo de perguntas e porquês. Aquela menina fofa foi a mão que pressionou o botão e acionou tudo que havia tentado bloquear. Agora tudo era tão fodidamente claro que doía.

Ele era tão imoral assim? Mas ele não tinha opções, como? Como iria aguentar aquilo de todos? Por que com ele? O que ele havia feito de ruim para merecer aquilo? Não fazia sentido, por que era nojento?

Se havia doído tanto só com uma garota desconhecida, como seria com os outros? Na escola? Na faculdade? No trabalho? Em.... toda sua vida? 

 Por quê? Por quê? Por quê? Por quê? Por quê? Por... CHEGA, TAIGA! Para de pensar merda e pensa racionalmente para resolver isso.

Ok, pensando bem ele não havia suspeitado que ela era Alfa, só por causa de sua aparência. Então, ela também não havia suspeitado do que ele era por causa de sua aparência, não é? Ela até achou que ele era um alfa também! E se ele simplesmente reforçasse isso? Reforçasse a ideia dos outros que ele era um alfa? Reforçasse essa mentira. Não teria olhares de asco, e ninguém se afastaria dele.

Porque aquilo realmente doía, era horrível sentir-se assim, rejeitado.

 Então ele teria que deixar de ser espontâneo e alegre como era. Se fechar e montar uma barreira. Ele teria que desistir e colocar uma máscara para que talvez assim ganhe uma chance de ser feliz no futuro. Era só manter a distância sem ceder e sem colocar tudo a perder...

Havia sido só uma garota desconhecida num momento fugaz, mas aquela dor ele nunca iria se esquecer. Foi a sua primeira cicatriz mental, era pequena, mas talvez ficasse para sempre. 

 Iria fingir não ser o que era, se for isso que era preciso, então seria que ele faria. Só para não se magoar, para não doer, para conseguir conviver consigo mesmo. Ele colocaria uma máscara.

Foi isso que ele decidiu quando a sua última lagrima caiu e ele secou os olhos resolutamente. Quando ergueu os olhos novamente havia uma frieza recém descoberta que dificilmente se extinguiria.

 E aquela foi a última vez que chorou.


Notas Finais


1- New York Yankees é um time de Basebol super famoso.

2- Hank Steinbrenner é o principal acionista do time, junto com um carinha chamado Hal.


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