Louis Tomlinson - 22/09/2013
Hoje eu teria quimioterapia, e meu medo era de que Harry chegasse em casa de repente, e visse que sou doente. Eu ainda não contei para ele da minha doença, e nunca contarei se depender de mim. Como eu sempre costumo pensar, quem vai querer ficar ao lado de alguém que tem problemas, que vive com dores, enjoos, tonturas? Não. Harry é legal demais para perder ele assim, ainda mais por causa dessa minha maldita doença. Não quero perder a amizade que tenho com ele.
Agora eu estava na minha cama, segurando um pequeno pombo empalhado que ganhei de Harry, o Kevin... ninguém nunca havia me dado um presente e, o pombo foi uma das coisas mais especiais que já ganhei. Hoje Harry me disse que estava na escola, então fico imaginando como será ir para uma escola, ter amigos para andar e conversar, Harry deve ter uma vida incrível! Só pela sua aparência, as roupas que veste, dá de se perceber que ele leva mesmo uma vida incrível. Eu queria ter tido a sorte que ele tem, digo, não de ter pais com condições de dar o que ele quer, até porque os meus pais são incríveis, mas de ter saúde, energia... se eu tivesse pelo menos isso...
- Loulou, o sr. Styles já chegou. - Disse Charlotte.
- Hm... pode mandar ele subir? - Respondo me ajeitando melhor em minha cama, deixando o Kevin na cabeceira, e logo arrumando os travesseiros em minhas costas, para me deixar mais confortável.
Lottie assente, e então procuro meu livro para terminar de ler. As sessões costumam demorar, pois a quimioterapia tem que agir em todas as minhas células, por isso sempre procuro ficar o mais confortável possível, e eu amo ler... por isso sempre leio nas minhas sessões quimioterápicas.
- Hey meu bom garoto, como vai? - Ouço dr. Desmond dizer da porta e sorrio para ele, de lado e fraco como sempre.
- Como sempre, e você?
- Levando... mas fazer o que? Então, vamos começar? Está bem acomodado?
Assinto. Pego meu livro e o coloco em meu colo, estendendo meu braço em seguida para que ele pudesse fazer a assepsia da região e inserir a agulha. Antes eu morria de medo de agulhas, mas agora estou tão acostumado que nem me preocupo mais com isso.
Logo a agulha é inserida, e então fecho meus olhos suspirando. Aquela medicação causa um tipo de choque, não sei explicar... doía e ao mesmo tempo causava uma certa queimação.
- Uh... está ardendo. Nunca havia ardido. - falo olhando para meu braço. Dr. Styles franze o cenho e assim, dá uma pequena mexida no controle do tubinho. Dou um suspiro longo, sentindo aquela ardência ir passando... - Okay, tá passando... mas, porque ardeu?
- Bom, é que dessa vez houve um extravasamento da medicação. Os efeitos variam de acordo com o paciente, mas os que eu uso são bem seguros, então você só vai sentir um forte cansaço e ficará mais sensivel...
Mais sensível do que eu já sou? Okay, dêem Olá para um Louis completamente chato hoje.
- Oh, céus... eu vou ficar insuportável hoje. - falo em tom brincalhão e suspiro, passando a outra mão em meu rosto, piscando várias vezes meus olhos. - isso cansa... realmente.
Dr. Styles dá um pequeno sorriso e assente, ainda sentado ao meu lado, mas mexendo em sua maleta.
- Sim, se você quiser pode dormir... assim passa mais rápido.
Assenti, e em meio à três segundos já havia capotado, dormindo pesadamente.
-X-
"Já estou em casa, mas estou um pouco cansado, se você vier, perdoe-me se eu cochilar na sua frente. XxLouis."
Enviei a mensagem para Harry assim que acordei. Aquela agulha já não estava em meu corpo e senti minha barriga roncando. Então fui perceber que já eram 17:13PM, eu dormi praticamente o dia todo, e nem sequer almocei. Suspirei me levantando devagar, logo vendo o ecrã de meu celular acender. Harry.
"Você deve ficar fofo cochilando contra a vontade. :3 Mas eu vou aí sim, nem que seja para te mostrar apenas metade do que eu tenho para te mostrar antes que você durma, mas eu mostrarei. XxHazza"
Soltei um grunhido ao perceber que minhas bochechas estavam esquentando. Então suspirei, deixando o celular de lado e indo direto para o banheiro, tomar um banho quentinho. Eu mal conseguia andar direito, sentia que a qualquer momento poderia desabar e dormir ali mesmo. Eu não entendo como ainda posso sentir tanto sono depois de ter dormido praticamente o dia todo.
São coisas que nunca vou conseguir entender.
Depois de um belo banho tomado, e de ter passado meus cremes de pele, visto uma boxer branca, calça moletom e uma camiseta preta, logo em seguida colocando um casaco. Vou para frente do espelho e me olho por alguns segundos. As falhas nos meus cabelos estavam ficando cada vez piores, e aumentavam de acordo com as dores. As minhas dores eram fortes demais agora, e eu não sei de onde tiro forças para suportá-las.
- Lou? - Lottie diz entrando no quarto - Ouvi o barulho do chuveiro e então resolvi vir aqui para saber se vais querer ajuda para secar seus cabelos.
- De que adianta, se vão cair? - Falo desinteressado, mexendo em minha gaveta à procura de meus fones.
- Uh... tudo bem, eu vou esquentar uma sopa para você, tudo bem? - Ela diz com um pequeno sorriso em seu rosto e eu apenas assinto, pegando minha colônia para passar.
Assim que termino, desço as escadas devagar e vou indo para a cozinha, percebo que Lottie não estava lá, então vou até o fogão com um prato na mão, me sirvo e ando para a sala, para comer enquanto assistia algum programa qualquer.
Me sento no sofá, e logo começo a comer enquanto assisto, não demorando muito para ouvie chamarem do lado de fora. Concluo ser a voz de Harry, e então olho para a porta ainda fechada, e faço o máximo de esforço para conseguir falar algo coerente.
- Pode entrar!
Vi que Harry entrou devagar, com aquele enorme sorriso nos lábios, então sorri o olhando, fraco como sempre, mas sorri. Percebi que ele trazia algo em suas costas e franzi o cenho, levando mais uma colherada da sopa para meus lábios.
Harry se sentou ao meu lado e eu dei uma pequena recuada, enquanto o olhava com o semblante repleto de curiosidade.
- Deve estar se perguntando o que é isso, não é? Bem... é meu violão... eu vim tocar para você na varanda.
Abri um sorriso enorme, e pude sentir que o canto de minha boca estava sujo, por isso corei quando Harry fez sinal para que eu limpasse. E foi o que eu fiz, mas não querendo fugir do assunto da música. Ninguém nunca havia tocado alguma musica para mim, e eu me sentia tão... especial.
- Vai tocar uma musica para mim?
- Sim, eu componho as vezes quando estou sozinho em casa, e quando eu tenho um tempo... esses dias eu estive escrevendo, e hoje de manhã bem cedo terminei. Eu queria tocar para você, para saber o que você vai achar. Mas primeiro, termine de comer, okay? E então nós podemos ir para a varanda. - Ele diz sorrindo e pega meu prato, entregando em minhas mãos.
-X-
- Eu quero que você guarde essa música como outro presente meu, para você... tudo bem? - Harry diz posicionando o seu violão no colo.
Meu rosto estava vermelho, eu sei que estava. Mas, eu ainda sim estava tão ansioso para ouvir a voz dele cantando. Meu coração estava acelerado como nunca, e as borboletas em meu estômago era o que me deixava inquieto.
- Tudo bem...
Falei, e por fim vi o sorriso de Harry reluzir naquela claridade. Sorri meigo, e fiquei olhando para seus dedos, que agora dedilhavam as cordas do violão.
" O seu coração pode ser meu para procurar?
Porque eu não tenho tempo para te ajudar a encontrar todas as palavras
Melodias e memórias, histórias que parecem absurdas
Eu não contarei mentiras
Desde que você me olhe nos olhos
Eu irei onde você for, eu te seguirei
Ouvi sobre todas as coisas que você tem feito
E todas as guerras que você enfrentou
Ouvi sobre todo o amor que você perdeu
Que já estava acabado antes de começar
Ouvi sobre a distância que você percorreu
Só para começar de novo
Ouvi sobre tudo o que você passou
E parece que você precisa de um amigo, um amigo
Por favor, não espere, eu não voltarei pra casa hoje à noite
Eu quero te amar, mas não consigo
Desde que você me olhe nos olhos
Eu irei onde você for, eu te seguirei
Ouvi sobre todas as coisas que você tem feito
E todas as guerras que você enfrentou
Ouvi sobre todo o amor que você perdeu
Que já estava acabado antes de começar
Ouvi sobre a distância que você percorreu
Só para começar de novo
Ouvi sobre tudo o que você passou
E parece que você precisa de um amigo, um amigo
Eu nunca duvidei de mim mesmo
Mas eu duvidei de você
Eu estou cansado de olhar para mim mesmo
Através do meu retrovisor
Ouvi sobre todas as coisas que você tem feito
E todas as guerras que você enfrentou
Ouvi sobre todo o amor que você perdeu
Que já estava acabado antes de começar
Ouvi sobre a distância que você percorreu
Só para começar de novo
Ouvi sobre tudo o que você passou
E parece que você precisa de um amigo, um amigo"
Eu não o interrompi em momento algum. Sua voz era mansa e calma e as suas expressões eram magníficas. A maneira que ele fechava os olhos e cantava baixinho, nem sequer fazendo uma careta. Eu ainda me pergunto, o que ele queria dizer com aquelas palavras? Ele não sabe nada de mim, como conseguia fazer com que aquela letra fosse tão profunda para mim?
Meus olhos já se enchiam de lágrimas, e meu coração pulsava cada vez mais. Então com um impulso, tirei o violão do colo dele, e o abracei... esse foi nosso primeiro abraço.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.