História Mas há jogos muito piores do que esse - Chapter 16

 Abro meus olhos meio zonza, a luz os irrita e imediatamente os fecho novamente. Apalpo o meus lado com o objetivo de achar minha coberta, porque devo ter me destapado à noite, mas não a encontro. Tudo o que sinto é o chão frio e duro. Abro meus olhos instantaneamente e percebo que não estou em casa, mas em uma caverna. Olho em volta e imagens da noite anterior pairam em minha mente. Sinto um braço por cima de minha cintura e uma respiração lenta em minha nuca. Cuidadosamente viro para o lado oposto e vejo a figura de Peeta dormindo calmamente. Tive uma ideia .

Tiro o seu braço com cuidado para não acorda-lo e me levanto lentamente. Visto meu casaco e pego o meu arco. Inspeciono o lado de fora da caverna para ver se há alguma ameaça. Vai que aquelas pessoas malucas estão por perto?

Decido não me afastar muito por causa de Peeta. Se ele acordar com certeza vai ficar preocupado e não quero que ele saia por ai gritando meu nome. Eles poderiam voltar.

Encontro um pequeno pé de morangos e colho alguns. Ando mais alguns metros e acho um pé de amora. Pego uma e a analiso. Tento lembrar do Livro de plantas do meu pai e concluo que aquela amora não tem nada de anormal. Pego mais algumas e as coloco em meu bolso.

Após recolher o que achei necessário decido voltar, torcendo para que Peeta ainda não tenha acordado. Chego a entrada da caverna e respiro aliviada ao constatar que Peeta ainda não acordou. 

Tiro meu casaco, o estico no chão e deposito nele o que eu peguei na floresta. Vou até Peeta e acaricio seu rosto.

- Peeta. Acorda - digo balançando um pouco seu braço e ele me responde com um resmungo. - Vamos Peeta.

Ele abre sua pálpebras e seus olhos azuis encontram os meus.

- Está tudo bem? Aconteceu alguma coisa? - pergunta. Como sempre preocupado com a situação.

- Não aconteceu nada, pode ficar calmo - digo enquanto ele se senta. - Olha o que eu trouce para nós comermos - digo apontando para meu casaco estendido no chão.

- Ah que surpresa agradável. Veio em uma excelente hora. Estou mesmo com fome.

Ele abre sua pálpebras e seus olhos azuis encontram os meus.

- Está tudo bem? Aconteceu alguma coisa? - pergunta. Como sempre preocupado com a situação.

- Não aconteceu nada, pode ficar calmo - digo enquanto ele se senta. - Olha o que eu trouce para nós comermos - digo apontando para meu casaco estendido no chão.

- Ah que surpresa agradável. Veio em uma excelente hora. Estou mesmo com fome.

Pego o casaco com as frutas e me sento ao seu lado. Comemos em silêncio.

- A gente aqui nessa caverna e você me trazendo comida me lembra tanto do nosso primeiro Jogo – diz de repente. – A diferença é que não há uma disputa em nossa volta e não estou quase morrendo. Se bem que a alguns minutos atrás eu estava morrendo de fome – diz rindo e eu dou um tapa de leve em seu braço também rindo.

- Se não fosse por mim, ein?! – continuei com sua brincadeira.

- Se não fosse por você eu estaria perdido – rimos. Ele coloca um fio teimoso para trás de minha orelha e imediatamente lembro de ontem e coro. – Por que você está vermelha?

Sua pergunta só me faz ficar mais vermelha ainda. 

- Não é nada - digo constrangida. - Acho melhor irmos andando. Eles devem estar preocupados com a gente.

- Eles quem? Haymitch? - diz rindo. - Ele nem deve ter percebido que saímos.

- Não só ele, mas principalmente Effie. Sabe como ela é - ele assente com a cabeça. - Além do mais quero sair daqui o quanto antes. Não quero encontrar com aquelas pessoas novamente.

- Você tem razão. Vamos.

Terminamos de comer e pegamos todas as coisas. Fiscalizo novamente o local, antes de sairmos da caverna e após me certificar que está tudo "limpo", falo para irmos. 

Sei que a caminhada é longa e com sorte vamos chegar ao Distrito à tarde. Fico atenta durante todo o caminho. Volta e meia paramos um pouco para descansarmos. Olho para cima e apesar de estar um pouco nublado, da para perceber que já passa de meio dia. Meu estomago reclama. Só comemos algumas frutas pela manhã e ainda gastamos um bom custo da energia corporal. Resolvo caçar algum animal para nos alimentarmos. 

Falo para Peeta esperar um pouco aqui enquanto caço. Ele se senta aos pés de uma árvore. Pego meu arco e sigo meu caminho. Tomo cuidado ao andar. De longe avisto um animal no tronco de uma árvore, me aproximo cuidadosamente e pego uma flecha da aljava. Me ponho em posição e respiro fundo. Espero um pouco e finalmente solto a flecha, que atinge certeiramente o pescoço fino do animal. 

Vou até o animal, que caiu no chão e retiro a flecha de seu pescoço. Ele ainda remexe algumas partes do corpo. Pego o ganso selvagem e termino de matá-lo.

Tiro um pouco de suas penas e me encaminho de novo até Peeta. Ao chegar no local o encontro tentando quase inutilmente fazer uma pequena fogueira. Vou até lá e o ajudo. Logo uma fresta de fogo aparece e ele olha para mim sorrindo. Depois mostro para ele o que peguei e pergunto se trouxemos alguma faca. Ele retira uma pequena faca de uma bolsa que estava carregando e eu me coloco a limpar o animal logo em seguida.

Após cozinhar o animal o comemos. Deixo a maior parte para Peeta que contestou um pouco, mas não liguei. Pegamos as coisas novamente e seguimos o caminho. Peeta fala sobre a padaria e eu fico prestando atenção.  

Finalmente chegamos ao lago. Lavo meu rosto e Peeta faz o mesmo. 

- Graças à Deus - Peeta diz quando chegamos a Campina.

Ao chegarmos no Distrito ele passa na padaria para checar se está tudo certo. Mas como é ele quem abre, a mesma estava fechada. Ele a abre pelos fundos e pega alguma coisa lá dentro, em seguida vamos para casa. No caminho algumas pessoas olham para nós e percebo o motivo. Estamos completamente sujos.

Peeta fala para passarmos no Haymitch. Eu digo que é melhor tomarmos um banho primeiro, mas ele não me dá ouvidos.

Abrimos a porta e me deparo com Effie no telefone.

- Eles devem estar em um canto do Distrito se divertindo mulher - escuto Haymitch falando. - Eles são jovens, deixem eles aproveitar a vida. Os dois já sofreram tanto, deixem que eles aproveitem um ao outro - fico sem graça com a hipótese que Haymitch levantou.

- E se eles estiverem desaparecidos? Já faz mais de um dia que não vemos eles - Effie diz - Ainda acho melhor comunicar....

- Não será necessário comunicar nada a ninguém Effie - Peeta a corta quando chegamos perto de onde estavam.

- Graças à Deus vocês apareceram! - Effie caminha até nós. - Onde vocês estavam? E por que estão sujos?

- É uma longa história - diz Peeta.

- Então vocês tiveram uma noite selvagem ein?!

-Haymitch! - reprende Effie. Sabia que era melhor eu ter ido para casa.

- A gente estava na floresta e... - começa Peeta e eu o interrompo.

- Enquanto você conta, eu vou para casa tomar um banho. Tudo bem? - pergunto.

- Você quer que eu vá com você? - Haymitch me olha com um olhar malicioso e mesmo corada, ignoro.

- Não. Pode ficar aqui.

- Tudo bem, então - ele responde e eu sigo meu caminho para casa, escutando Peeta narrando o acontecimento.

Nunca fiquei tão feliz de estar em casa. Acho que é mais pelos comentários desnecessários de Haymitch. Minha vontade era de sumir de lá o quanto antes.

Vou até meu banheiro e encho a banheira. Tiro toda roupa suja e a boto em um cesto. Entro no banho e respiro aliviada. Esfrego minhas unhas que estavam sujas de terra e ensaboo todo meu corpo. Após um banho longo me dirijo ao meu quarto e vou até a cômoda e pego uma camisola. Quando estou terminado-a de vestir Peeta entra no quarto.

- Não precisa ter vergonha de mim Katniss - Peeta diz, porque me aprecei em acabar de me vestir. - Notei que você saiu por causa dos comentários de Haymitch.

- Eu não estava me sentindo à vontade naquele momento. Além do mais precisava mesmo de um banho. Se eu fosse você faria o mesmo.

- Tudo bem - diz rindo e negando com a cabeça.

Começo a pentear meus cabelos e ouço a porta do banheiro sendo fechada. Alguns segundos depois ouço o chuveiro sendo aberto e Peeta cantarolando alguma canção boba. Rio da situação.