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História Mas se você vier... - Gerard


Escrita por: ElizabethJules

Notas do Autor


Oi leitores! Aqui estou com o capítulo 15, nem acredito, já se passaram tantos! Que bom que estou conseguindo atualizar nas datas. Os próximos capítulos prometem, mas por enquanto... Boa leitura!

Obs: Foto do capítulo Frankito triste, porque eu acho ele tão tristinho nessa foto. É de partir o coração, eu sei. :-(

Capítulo 15 - Gerard


Fanfic / Fanfiction Mas se você vier... - Gerard

-S2-

POV Gerard

 

Depois de estarmos arrumados, de banho tomado e devidamente alimentados por um bom café da manhã eu levei-o para o cemitério.

O crematório não demorou a acontecer.

Era inacreditável até pra mim que não convivia com ela. Tudo se passava diante de nossos olhos e aquilo parecia não ser real, mas era.

Frank ao que segurou em mãos as cinzas da esposa que jazia dentro de um recipiente como uma caixa preta metalizada, ele finalmente deixou que as lágrimas rolassem.

Eu o envolvi com meus braços e ele chorou baixo ali.

Senti-me despedaçado assim como ele.

Eu não queria que aquilo tivesse acontecido. Não.

Preferia estar longe se soubesse que ele estava sorrindo, do que com ele nos meus braços chorando.

Guiei-o para fora do cemitério e entramos em meu carro, Frank segurava a caixa com cuidado entre as mãos e eu não sabia o que dizer.

Ele havia me dito mais cedo que ela queria que suas cinzas fossem jogadas no mar e eu resolvi ligar o carro e ir até uma, por mais longe que estivéssemos eu sabia onde ficava uma tranquila e é pra lá que eu fui.

Frank não questionou para onde estávamos indo. Ele devia imaginar e pelo que pude notar, olhava pela janela, mas vez ou outra focava na caixa em suas mãos. Lágrimas silenciosas escorriam por seu rosto e eu não o reprimi, deixei que chorasse o quanto quisesse.

Durante o trajeto não me atrevi a ligar a rádio, éramos nós dois e o barulho do nada.

As ruas estavam desertas ao que nos aproximávamos da praia isolada. O vento era gélido, eu sentia isso e me sentia agradecido por ter emprestado um agasalho que aquecesse suficiente Frank.

Saímos do carro um bom tempo depois de estradas e mais estradas. O céu estava nublado e eu segurei a mão dele levando-o comigo para a beira mar da praia que estava praticamente solitária senão por uns barcos que jaziam longe no mar e um senhor que estava colocando coisas que não identifiquei pela distância dentro de um grande barco branco ancorado.

Já sabendo o que eu faria em seguida fui ainda de mãos dadas com Frank até o senhor de óculos escuros e roupas típicas de um velho marujo.

_ Me espere aqui Frank. _ ele assentiu e eu soltei de sua mão para me aproximar do barco sozinho.

_ Ei meu jovem! Precisa de alguma coisa?_ perguntou o velho de cima do barco com o olhar sobre mim.

_ Sim senhor. Preciso que leve a mim e meu amigo para um lugar afastado, em alto mar.

Ele olhou para Frank que estava distraído olhando o mar azul escuro. O velho, parecendo muito sagaz notou de pronto o que Frank trazia nas mãos e desceu do barco para falar comigo.

_ Entendi. _ ele disse assentindo com a cabeça e se colocou na minha frente, me analisando por completo com um olhar que eu não pude reconhecer_ Posso fazer isso garoto, mas primeiro como se chama?

_ Gerard... Gerard Way. _ eu disse estendendo a minha mão que ele apertou brevemente.

_ E eu sou Jack. Aqui me chamam de velho Jack, mas não gosto que me chamem de velho, sou só Jack e essa... _ ele olhou para o belo e grande barco ancorado e bateu na lateral do casco algumas vezes levemente_ É Lucy._ eu arqueei minhas sobrancelhas e ele quase riu da minha expressão que nem eu sabia qual era exatamente_ É o nome da minha falecida esposa, ela deu a luz aos nossos cinco meninos aqui dentro desse barco.

_ Sinto muito._ eu disse e ele assentiu_ Espera aí... Cinco meninos?! Tudo isso?

_ Sim garoto! Aposto que também tem filhos.

_ Só uma menina na verdade.

Eu sorri e ele também.

_ E... Esse barco tem quanto tempo? Parece tão conservado, eu diria até novo. _ perguntei curioso.

_ É bem mais velho do que você, isso eu garanto garoto. Esse barco é a minha vida.

_ Ele é lindo.

_ É sim..._ o velho retirou os óculos e desvendou um par de olhos azuis como eu nunca havia visto, ou talvez já, mas não sabia aonde. Os olhos traziam muita vida e energia o que contradizia com a pele enrugada. Ele sorriu fraco e olhou novamente para Frank com um semblante preocupado_ Pode trazer seu amigo e subir no barco, mas quem morreu?_ ele perguntou indiscreto e baixo só para que eu ouvisse.

_ A esposa dele._ eu disse quase sussurrando.

_ Coitado! Parece tão jovem, um garoto! _ ele disse e eu havia simpatizado com o velho, rapidamente, parecia um bom homem.

_ É muito triste mesmo. Vou buscar ele, mas... Quanto vai custar senhor Jack?

_ Não me chame de senhor garoto! É só Jack._ eu quase ri com o jeito dele falar_ E não vai custar nada, eu estava pronto para zarpar quando chegou. Levo vocês para onde eu vou, não cobro por isso.

_ Tudo bem Jack!_ eu disse Jack, com mais vontade_ Obrigado, eu vou buscá-lo.

O velho assentiu e eu me virei para ir de encontro a Frank.

_ Ei Frank._ disse me aproximando com cautela e tocando o braço dele para que me olhasse e despertasse do hipnotizar em que se encontrava com os olhos vidrados no mar. E ele me olhou_ Aquele senhor..._ apontei para que ele visse o velho e me retratei_ Bem, o Jack, vai nos levar para alto mar, onde possamos... você sabe._ eu disse olhando para a caixa e ele assentiu.

Frank segurou a minha mão sem se importar com explicações e nem eu. Seguimos para o barco e subimos neste pela rampa seguindo a indicação de Jack. Frank cumprimentou-o com um gesto de cabeça que o velho retribuiu da mesma forma.

Jack nos guiou até o andar superior e disse que poderíamos ficar a vontade ali ou para entrar no interior do barco, pois ele levaria algumas horas para chegar aonde desejava.

Não tínhamos pressa alguma e então concordamos.

Ficamos, eu e Frank na proa, debruçados na madeira branca para ver o mar a nossa frente cada vez maior e mais imenso ao que Jack já não se encontrava conosco e guiava de dentro de uma cabine em outro andar da embarcação para longe da praia.

Eu abracei Frank com um de meus braços passando pelos ombros dele. Ficamos lado a lado e ele estava olhando para a madeira do barco, e não para o mar, pelo menos foi para o que percebi ao ver sua cabeça inclinada. Ele parecia entender algo que eu não entendi.

_ Frank..._ eu chamei-o, precisava ouvi-lo, qualquer coisa que fosse; Mas não aguentava o silêncio absoluto, não vindo dele.

_ Eu acho que nós somos como a água Gerard. _ ele disse baixo ainda debruçado sobre a madeira com os olhos analisando calmamente o que estava a frente de suas vistas. Eu não entendi o que ele quis dizer com aquela conclusão e ele notou a confusão estampada em meu rosto assim que olhou o mesmo de maneira desconhecida e voltou a olhar para baixo_ Quero dizer, não como simplesmente água, podia ser assim... Eu e você na vida, mas acho que somos como a água salgada do mar se chocando constantemente contra o casco de um navio qualquer, este que seria a vida.

E eu entendi o que ele disse ao que me inclinei ao lado dele para olhar os mesmos movimentos ferozes que ele apreciava.

_ Acho que sim..._ eu disse também hipnotizado com os movimentos.

_ Por que não podemos simplesmente correr livres pelo oceano como as outras águas? Por que temos que ser como essas?

Aquela para outra pessoa que ouvisse pareceria uma conversa de louco, mas eu o entendia. Perfeitamente.

_ Eu não sei. Talvez um dia possamos correr por aí.

_ Eu acho que não. Mas espero que sim.

Eu o olhei e quis abraçá-lo realmente, com os braços envolve-lo, quando vi o corpo dele se encolher ao que ergueu os olhos para mim de maneira devastadora e triste.

Ele segurava a caixa metalizada com todo o carinho entre as mãos. Desceu o olhar para esta e eu sabia que ele pensara o mesmo que eu.

Olhamos em volta e estávamos afastados da praia, tanto que nem podíamos enxergá-la em um ponto qualquer.

Estávamos em alto mar, já era a hora.

Voltei meu olhar para a caixa ainda em silêncio e subi em seguida para os olhos de Frank que me encarou por infinitos segundos.

Ele assentiu com a cabeça levemente como se dissesse que podia fazer aquilo. Voltou-se para frente e eu me posicionei parte atrás dele e parte ao lado. Ajudei-o a subir nas madeiras da parte interna da proa para que ficasse um tanto mais alto e pudesse debruçar-se de maneira definitiva ali tendo uma melhor visão e posicionamento. Eu apoiava as laterais do corpo dele com as minhas mãos, firmemente impedindo-o de se desequilibrar eventualmente.

Aproximei-me o suficiente para que meu peito tocasse as costas dele e apoiei meu queixo em seu ombro sem pensar sobre o que eu fazia. Só quis me aproximar e mantê-lo firme ali para que não caísse, nunca. Como eu queria mantê-lo de pé, se eu pudesse, para sempre.

Frank olhou para o mar imenso e exuberante a nossa frente e eu fiz o mesmo. Ficamos assim por um tempo até que ele ergueu a caixa e antes que desistisse abriu a mesma e de uma vez, despejou as cinzas que jaziam ali, no mar.

Ele estava quieto e controlado, até aquele momento. Depois de ver as cinzas dissiparem-se e perdessem no mar Frank desabou. De diversas formas, o corpo dele amoleceu, praticamente caiu sobre o meu. Peguei a caixa vazia de sua mão antes que ele deixasse esta cair no mar tamanha a fraqueza que o tomara. E eu o abracei o tirando de cima daquelas madeiras. Dei passos para trás até me chocar contra um banco largo, que assim como o barco, era de madeira e branco. Deixei a caixa ali, sem me desgrudar dele.

Eu o abracei mais forte ainda com minhas mãos livres. Fechei meus olhos. O abracei o tempo inteiro.

Frank chorava sem parar, mas de maneira tão sôfrega e fraca que não emitiu quase que som algum.

Apenas a respiração entrecortada e doloridamente baixa.

E meu Deus, como fazia frio ali. O vento gélido que ia e vinha não ajudava a situação.

Olhei para ele entre meus braços com a cabeça afundada no meu peito. Ele parecia que ia sumir ali, ia desaparecer de meu campo de visão a qualquer momento e eu não podia permitir isso.

Acariciei as costas dele com uma mão de forma confortadora e sem pensar muito eu beijei o topo de sua cabeça várias vezes como se dissesse “Vai ficar tudo bem.” “Vai ficar tudo bem.” “Vai ficar tudo bem.”... Muitas vezes seguidas e eu só parei quando ele ergueu o rosto para me fitar nos olhos.

Frank parecia conseguir conter-se e eu ergui ambas as minhas mãos para segurar o rosto dele entre essas, mantendo-o com o olhar fixo no meu. Analisei as formas do rosto dele, era tão lindo, mas estava demasiado angustiado.

Ele também percorreu o olhar por todo o meu rosto como se procurasse por algo ali.

Com meus dedos por fim, passei a secar as lágrimas que não poderiam mais percorrer aquela pele imaculada.

Ele voltou a se encolher em meu abraço e eu espalmei minha mão em suas costas. Quase o esmagando, mas ele não me reprimiu.

Em algum momento de maior controle e calmaria eu o trouxe para sentar no banco logo atrás de nós.

Ele ficou sentado ao meu lado, eu segurava a sua mão com delicadeza e já percebia que o céu estava escurecendo. A noite estava por vir e nós já devíamos estar voltando, eu não entendia tamanha demora.

Frank apoiou a cabeça sobre meu ombro e ele estava fechando os olhos e se encolhendo devido a sonolência e ao frio. Eu resolvi ajeita-lo ali. Coloquei-o deitado no banco com a cabeça sobre minhas coxas. Ele deixou algumas lágrimas rolarem por seu belo rosto até que deixou-se levar e relaxar pelos carinhos que eu fazia em seus cabelos, ele adormeceu e eu respirei aliviado.

Sentia-me devastado com tudo aquilo, Frank nos meus braços adormecido sabe-se lá Deus por quanto tempo e eu preferia vê-lo assim do que aos prantos como antes. Mas não via a hora de poder vê-lo sorrir de novo. Ele não fazia ideia do quanto era valioso aquele sorriso singelo que esboçava. Era valioso demais pra mim.

E eu desesperadamente queria vê-lo.

-S2-


Notas Finais


Estamos caminhando. Quase encerrando a primeira fase da fic, que convenhamos esta bem tristinha, mas estamos quase lá gente!!

Frank tem sofrido muito, não é novidade, mas o Gerd esta se saindo bem em apoiá-lo nesse momento. Veremos o que toda essa dedicação vai render.

Citação do dia:
"A morte deixa uma mágoa que ninguém pode curar, o amor deixa uma memória que ninguém pode roubar."
_Khalil Gibran

Me digam o que estão achando.
Amo coments e a propósito, obrigada por todos que tem comentado.
Enfim, até quarta no próximo capítulo.
Beijos <3


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