História Mas se você vier... - Frank

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POV Frank

Alguns dias se passaram.

Nós estávamos bem.

Eu adorava ter ele na minha casa na minha vida, óbvio, ele era o meu amor, mas ainda tinha várias questões que me preocupavam.

A começar pelo fato de ele ter se negado a sair de casa no restante da semana. Em resumo ele ficou enfurnado ali o tempo inteiro, era preocupante porque eu sabia que era só para não ser visto comigo.

Pra não ver as pessoas e enfrentar o olhar destas.

Então eu estava fazendo tudo, cuidando das crianças, dele, indo às compras, indo levá-los e buscá-los na escola. O de sempre.

E não, eu não me incomodava em fazer tudo aquilo, mas eu me preocupava com ele. Queria que ele tivesse disposição e vontade pra fazer as coisas comigo.

Gerard estava meio mudado, eu não entendia por que.

Ele me tratava muito bem.

Nós passávamos todas as noites juntos.

Ouvíamos música juntos, tínhamos longas conversas, mas ele estava muito estranho e eu como sou bastante sincero disse isso a ele em uma de nossas conversas.

Ele tentou desconversar, deu um monte de desculpas e eu é claro não tive outra opção a não ser deixar passar, afinal ele não queria falar.

Lembrei-o de seu psiquiatra, ele tinha uma consulta naquela semana, mas ele não quis ir de jeito nenhum. Eu conversei, conversei umas mil vezes, quase tive de implorar pra ele ir ao seu médico, mas ele não o fez.

Gerd estava há semanas sem se consultar e a minha preocupação só aumentava porque eu sabia que a terapia fazia parte da recuperação dele.

Enfim, eu não queria me intrometer tanto, era a vida dele e nós estávamos juntos há alguns dias apenas e eu não queria acabar com isso por pura burrice.

Eu olhei para as malas deles que ficavam no meu quarto, várias vezes. Teve um dia que enquanto ele tomava banho eu quase tive a audácia de bisbilhotar o que tinha ali, de tanta preocupação porque justo naquele dia eu desconfiei fortemente de que quando saí pra buscar as crianças ele tomou remédios pra aproveitar minha ausência.

Como cheguei àquela conclusão?

Simples, eu dei um beijo nele me despedindo dele que ficou sentado no sofá cansado e com dor de cabeça, e quando eu voltei, ele estava de pé, andando pra lá e pra cá, muito agitado, pegou as crianças no colo e brincou com os pequenos o dia inteiro.

E é claro, eu tive que perguntar se ele tomou algo, mas segundo ele não, foi só a dor de cabeça que aliviou mesmo.

Por fim eu preferi não discutir e não ficar insistindo. Afinal ele parecia melhor, mas ainda estava estranho.

Não olhei as malas dele pra me certificar de que ele teria feito o que disse, eu pedi que ele tentasse não tomar os remédios por uns dias ao menos e ele me garantiu que não o faria, disse que jogaria tudo fora afinal ele não precisava sempre, mas eu duvidava que não tinha feito aquilo. De qualquer forma seria uma invasão e tanto de privacidade mexer nas coisas dele, e eu não era assim.

Deixei passar de novo.

As mudanças de humor dele eram constantes. Às vezes ele tinha muita energia, parecia muito feliz, outras vezes parecia doente, cansado e até triste.

Ele estava se aborrecendo até com as crianças e eu tinha que ficar mantendo ele calmo, as crianças também pra não “incomodarem” tanto ele.

Pra completar tinha o novo chefe dele, o tal de Liam que insistiu em ligar mais algumas vezes durante aquela semana e toda vez que o fazia era a mesma coisa, Gerard ficava extremamente nervoso por nada, ele discutia a plenos pulmões com aquele homem e eu estava quase ligando pra esse tal de Liam e pedindo pra ele parar de ligar um pouco porque até eu estava me aborrecendo com aquilo.

Parece que Gerd não teria mais o mês inteiro em casa, ele resolveu ir na semana seguinte logo entregar a papelada e começar com o novo trabalho, senão o tal Liam não o deixaria em paz. E não deixaria mesmo.

Eu precisava sentar ao lado dele, conversar, acalmá-lo até nessas horas.

Depois de repente ele voltava a ser ele mesmo e ficava tudo bem.

Mas deveria ser sempre assim, e não era.

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Sexta-feira.

Faltava um dia para o meu aniversário.

Naquele dia em especial ele que me acordou com beijos, não eu a ele como de costume.

Eu sorri e abri meus olhos naquela manhã, ele me beijou de novo e me manteve junto a ele em um abraço.

_ Feliz aniversário Frankie...

_ Ei, meu aniversário é só amanhã. _ falei sorrindo e olhando pra ele.

_ Eu sei, mas as comemorações já começam hoje. _ ele disse fazendo carinho nos meus cabelos_ Tem problema?

_ Não, nenhum problema. _ falei me deitando sobre ele e acariciando seu rosto_ Eu só espero que não tenha gastado nenhum centavo comigo.

_ Já falei pra não se preocupar com isso. Eu gasto o que eu posso e vou te dar muito pouco para tudo que merece.

_ Nossa... Eu mereço tanto assim?

_ Muito. _ele disse olhando pra mim, sorriu e tirou os cabelos do meu rosto_ Mas me diz: Você não vai querer mesmo uma festa?

_ Não Gerd, eu já falei. Nós já fizemos festas esse ano, ainda tem o da Cher e da Li, nós com certeza teremos que fazer festa pra elas e eu não quero causar despesas. Imagina, fazer festa pra mim...

_ Se não quer tudo bem, mas não pense que não vai ganhar presente e que vai passar em branco. _ ele disse sorrindo e me beijou_ Fecha os olhos.

_ O que? Já vou ganhar presente mesmo?

_ Sim, vou colocar umas roupas e ir pegar seu presente.

_ Está bem. _ falei fechando os meus olhos sem conseguir parar de sorrir. O que será que ele estava prestes a me dar? E por que me dar naquela manhã?

Fiquei cheio de dúvidas ali. Sentei-me na cama de olhos fechados ao que ele saiu do quarto depois de se vestir e momentos depois já voltou.

Ele se sentou ao meu lado e logo disse:

_ Abra os olhos. _ eu o fiz e sorri ainda mais_ Feliz aniversário. _ disse ele colocando meu presente no meu colo.

_ Gerd, não precisava... Um violão, você sabe o quanto eu gosto e tem tanto tempo que eu não toco, obrigado... _ falei abraçando ele meio desajeitado, enrolado nos lençóis e segurando o violão na bonita case preta.

_ Não precisa agradecer. Vamos lá abra. _ ele falou e nos afastamos um pouco para que eu pudesse abrir a case, com a animação de um garotinho de cinco anos de idade.

E bem, quando abri eu quase chorei, eu fiquei sem palavras... Segurei o violão e olhei pra ele.

_ Não Gerd, não...

_ Gostou? _ perguntou ele ainda sorrindo.

_ Eu amei. É o nosso violão. É igual... _ eu falei olhando para este emocionado_ É igual ao violão que você me deu para que eu pudesse compor na época da banda. É lindo...

_ Eu sei, sei também o quanto gostava daquele violão e só agora lançaram este aí, o único. E agora é seu.

_ Você se lembrou... _ falei olhando-o ainda cheio de emoção.

_ Claro que sim, eu nunca me esqueci. Sempre procurei, mas não achei, até agora.

_ E ele veio no momento certo. Agora que estamos juntos. _ falei colocando o violão e a case de lado pra poder abraçar ele de novo. Dessa vez mais forte ainda e cheio de saudade, como se ele não tivesse passado os últimos dias comigo.

_ Eu fico feliz que está feliz também. _ ele falou e segurou meu rosto me olhando.

_ Eu estou, e muito. Fiquei feliz por ter ganhado esse presente lindo, mas é mais do que isso. Na verdade o que me faz mais feliz é ter você aqui comigo. Depois de anos vamos poder passar meu aniversário juntos...

_ Nós vamos e em grande estilo. _ ele falou e eu não entendi nada_ Mas não faz essa cara, primeiro, antes de te dar a notícia, quero que toque um pouco pra mim.

_ Está bem. _ falei sorrindo e peguei o violão_ Já tem tanto tempo...

_ Você consegue. _ ele disse e me senti melhor com o violão já bem posicionado.

_ Eu nunca pensei que tocaria de novo depois de tanto tempo, assim...

_ Assim como? _ perguntou ele.

_ Sem roupas. _ falei e ele riu_ Tudo bem, vamos lá... _ disse e comecei a tocar.

Eu comecei com umas notas, me atrapalhei, não tinha nada em mente, já fazia muito tempo que eu nem pegava em um violão e tudo bem que aquele era o meu instrumento, mas eu não sei, era como se eu tivesse perdido o jeito. Então desconfortável com aquilo eu tirei os dedos das cortas e parei de tocar um pouco, não era como se eu não soubesse tocar nada, mas eu estava muito sem jeito. Olhei pra ele e Gerd sorriu e me encorajou com o olhar pra então falar:

_ Eu só quis colocar um pouco de música na sua vida.

_ Como antes... _ falei ao me lembrar que antes ele fizera o mesmo. Anos atrás ele me convidou pra participar da banda e colocou música e felicidade na minha vida em um momento que eu tinha muitos problemas com meu pai por questões óbvias.

_ Você consegue, vamos lá. _ falou ele e eu olhei para ele uma última vez, então voltei meu olhar para as cordas do violão. E comecei a tocar eu nem sabia o que. Eu era um guitarrista afinal, era isso que eu sempre fui e ali estava eu de volta.

Toquei algumas notas, como um solo de uma música bem lenta e é claro que eu estava pensando nele.

Então foi isso.

Eu consegui.

Toquei uma melodia bonita e que parecia com o que eu sentia por ele. Eu tentei transmitir aquilo de alguma forma e aconteceu.

Como mágica, meus dedos tocaram as notas certas, dedilharam e eu o fiz sorrir.

Aquele era o melhor presente.

Larguei o violão e o abracei.

_ Isso foi incrível... _ ele disse e ainda me abraçando me trouxe para o colo dele.

_ Obrigado...

_ É uma música?

_ Acha que pode se tornar uma?

_ Claro que sim, foi lindo. Vocês se lembra tudo que acabou de tocar?

_ Sim, foi espontâneo, mas eu me lembro bem.

_ Então, vai ser uma música pra mim? _ ele perguntou com uma sobrancelha erguida.

_ Mas que convencido. _ falei e beijei os lábios dele_ Está certo, se eu fizer uma música com certeza vai ser pra você. Eu penso em você o tempo todo.

_ Tanto assim?

_ Tanto assim... _ falei olhando pra ele impressionado com o homem incrível que ele era. Esse sim era o meu Gerard.

_ Se for fazer uma música um dia me avise, eu te ajudo.

_ Eu te avisarei. _ falei e nos beijamos de novo.

Meu estômago dando voltas naquele sentimento que ele me provocava, aquele friozinho na barriga, aquele nervosismo bom.

Descolamos nossos lábios e ele pegou um envelope na mesa de cabeceira e colocou em minhas mãos:

_ É seu. _ ele disse e eu sorri abrindo o envelope sem fazer ideia do que tinha ali. Então olhei o conteúdo, li as informações e...

_ Isso aqui é uma reserva de hotel... Diz aqui, dois quartos, um para os Iero e outro para os Way. _ falei o que eu acabara de ler e olhei pra ele que me explicou.

_ É o hotel cinco estrelas que você vai passar seu aniversário. Ou melhor, nós vamos. Eu você e as crianças em um hotel na praia. Passaremos nosso fim de semana lá. _ ele disse sorrindo e eu o abracei de novo sorrindo feito louco. Enchi-o de beijos.

_ Você sabe que não precisava ser um lugar tão caro, mas eu adorei que pensou em algo para nós fazermos com as crianças, em família, como eu gosto...

_ Com o preço já disse pra não se preocupar, eu quero te dar o melhor. Vai ter um aniversário incrível eu garanto. E é claro que eu incluí as crianças também, sei o quanto gosta do tempo que passamos todos juntos.

_ Eu adoro... Obrigado Gerd. Eu aqui pensando um monte de coisas e você aí tão bem, tão perfeito, planejando tudo isso pra mim...

_ Que monte de coisas estava pensando?

_ Nada, deixa pra lá, não quero estragar esse momento.

_ Então era coisa ruim? _ perguntou ele com o rosto sem o sorriso de antes.

_ Não. _ falei sorrindo, beijei a bochecha dele, e ele relaxou_ Não pensei nada ruim de você, são só minhas preocupações bobas... _ disse fazendo carinho dos cabelos dele e ele sorriu pra mim.

_ Certo, vamos falar com as crianças. Por isso que eu te contei logo cedo, nós vamos buscar as crianças na escola, trazer eles pra cá, depois que estiverem de banho tomado e essas coisas, as malas no carro, nós vamos.

_ Então nós vamos logo hoje?

_ Sim senhor Iero, pensei que seria bom se nós saíssemos um pouco desse lugar. Relaxar, aproveitar o tempo juntos em um lugar bonito.

_ Eu acho ótimo. Vai fazer bem pra vocês, então vai fazer bem pra mim também.

_ Vamos passar muito tempo juntos. _ ele falou e nós nos descolamos para nos levantarmos da cama_ E você vai me deixar ir dirigindo o seu carro, sei de um restaurante maravilhoso na estrada para nós almoçarmos com as crianças. Fica a caminho do litoral de Jersey.

_ Como quiser. _ falei ainda sem conseguir parar de sorrir ao que ia para o banheiro tomar banho e ele vinha logo atrás_ Vamos cuidar das crianças, vou levá-los pra escola e enquanto estiverem lá arrumamos as malas.

_ Tudo bem, mas os presentes não acabaram. _ disse ele me abraçando por trás e eu sorri ao que ele fechou a porta do meu banheiro.

_ Não?

_ Não, eu ainda tenho mais presentes pra te dar. _ ele falou malicioso e distribuiu beijos pelas minhas costas. Eu me arrepiei todo é claro. E só pra constar eu ainda estava se roupas_ Eu posso senhor Iero?_ perguntou ele.

_ Claro que sim senhor Way.

Sempre senhor Way.

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