História Máscara firme - A mudança!

A viagem me deixou exausta. Não via a hora de a) Conhecer a casa nova b) comer c) Dormir. Sentir-me aliviada por não ter pegado a parte chata da mudança, minha tia havia cuidado de tudo. Ela era uma mulher um tanto quanto otimista, veio a viagem toda falando sobre a casa nova que íamos morar, sobre o tamanho, a localidade, a vizinhança (isso particularmente era o que, talvez, me importasse mais), eu com toda calma do mundo a escutava. Nós morávamos na N Estrella Ave, mas minha tia achou uma oferta por uma casa na Avenida Galileo Dr. Eu até então não tinha ido lá conhecer, já que ela estava organizando tudo enquanto eu passava minhas férias na casa de sua amiga Bete em Peoria, e assim que ela terminou foi passar os últimos dias de verão com a gente. Tia Bete estava lá pelos seus trinta e poucos anos, era uma coroa divertidíssima, era viúva e morava com suas duas filhas, a Ana é a Anastácia, duas garotas extremamente carinhosas e amigáveis, eu amava passar minha férias lá, apesar de que neste ano eu não queria muito ir pois queria passar as férias com Denny, já que ele iria viajar daqui há dois meses para uma faculdade, eu ainda estava muito triste com isso. Mas tentei afastar esse pensamento, eu já havia chorado muito com essa história. A razão pela qual eu fui para Peoria foi para não decepcionar minha tia, ela ficava tão animada em viajar para lá comigo que eu não queria desaponta-la, e ela fez um grande esforço para me levar lá de carro, voltar para terminar de organizar a mudança e ir passar os últimos dias conosco. Eu devia tudo a ela, assim que meus pais morreram ela era a única família que eu tinha antes do Denny, eu vir morar com ela quando estava com meus 14 anos, me mudar do Brasil para cá foi difícil, mas conseguir me adaptar com a ajuda dela. E depois de 3 anos morando aqui eu conheci o Denny, ele era um cara fantástico, era certamente o amor  da minhas vida, a ideia de ficar sem ele durante 2 anos apertava meu peito, ele e ela era tudo o que tinha.

– Katarina, chegamos! - minha tia interrompeu meus pensamentos tão animada que aquilo me contagiou - está acordada?

– Estou sim, tia - tentei responder com um tom de empolgação.

Desci do carro com um pulo que me segurei para não cair. Ajudei-a pegar as malas e, até que fim, fomos em direção a tal esperada casa nova.

A casa por fora era de um tom azulado, quase preto, havia um jardim repleto de rosas brancas nas laterais perto das cercas, uma árvore um pouco ao lado da entrada, que me imaginei lendo um bom livro ali em baixo em um dia ensolarado, na ponta da árvore havia um balanço branco que cabia duas pessoas, aquilo me deixou ainda mais feliz. Assim que se chegava perto da casa, havia uma escada de três degraus que dava para uma varanda com o piso todo de madeira escura, no canto oposto da  porta tinha três cadeiras brancas e no meio uma mesinha redonda. Entrando pela porta dava para sala, era grande confortável e aconchegante, com uma TV enorme do outro lado da parede, um tapete branco todo peludo, que cobria boa parte da sala, dois sofás pretos, que me pareceu muito confortável, uma mesinha de centro um pouco maior do que a que estava lá fora. Do lado direito da sala havia uma mesa de jantar feita de madeira escura com oito cadeiras forradas tão lindas que fez meus olhos brilharem. Do lado esquerdo da sala tinha um balcão que muito grande que dividia a sala da cozinha, com alguns banquinhos redondos. A cozinha era enorme, toda vermelha e preta com armários embutidos, um fogão grande que eu pensei se realmente precisa de tudo aquilo para cozinhar. Olhando um pouco para o lado direito eu vi uma porta que parecia ser o banheiro, estava tão cansada que não o explorei, do lado dele havia uma escada redonda que subia para o andar de cima. Eu olhei para minha tia logo atrás de mim e lhe dei o meu melhor sorriso e ela o retribuiu, estava tudo tão perfeito. Eu subir os degraus um pouco com dificuldade por causa das malas e ela veio me seguindo e ajudando, a escada terminava em um corredor enorme com quatro portas, o corredor era repleto de quadros com fotografias, havia fotos minha quando tinha 6 anos, foto de nós duas da época que vir morar com ela e várias outras.

– Este aqui é o teu quarto. - ela se inclinou um pouco para o meu lado abrindo a segunda porta a direita.

Quando ela abriu o quarto eu não tive palavras, estava tudo tão bem decorado, ela realmente fez o que havia me prometido, deixar o meu quarto como o antigo.

– Tia está tão... Lindo, tudo como antes, muito... Muito obrigada! - as palavras pareciam saltar da minha boca.

– Não precisa agradecer, bem eu estou lá em baixo preparando alguma coisa pra comermos, não sei você, mas eu estou morta de fome - disse ela se afastando e descendo a escada. Eu entrei e fechei a porta atrás de mim. Minha cama de casal estava forrada com minhas mantas preferidas, minha escrivaninha preta com meu Notebook estava a minha esquerda, com uns livros em umas prateleiras logo a cima, meu guarda-roupa não tão grande do outro lado, uma porta a direita que parecia ser o banheiro, e o chão era todo coberto por um tapete preto fofinho. Eu estava feliz, estava em casa, me joguei na cama e fiquei olhando o teto. Algumas lembranças do meu passado de algum jeito veio vagamente em meu pensamento, eu relutei um pouco tentado afasta-los para a parte de traz da cabeça. O meu cansaço foi invadindo o meu corpo tão vagarosamente que deu lugar a ele e acabei dormindo.

 Eu assustei quando escutei meu celular tocar, fiz um pouco de esforço para tentar escutar de onde vinha, não me lembro onde havia colocado, até que eu o encontrei na lateral da minha mala. Quando eu olhei a tela e vi o nome de Denny estampado minha reação foi soltar um riso bobo e logo depois a culpa de não ter ligado assim que cheguei como havia prometido.

- Alô? Baby? - a voz rouca dele soou do outro lado da linha que me fez rir .

– Oi, baby, estava dormindo, desculpa por não ter ligado assim que cheguei, eu estava tão cansada, deitei um pouco e acabei pegando no sono, 13 horas de viagem não é brincadeira! - disse soltando um riso baixo.

– Desculpa por ter te acordado, só estava com saudades e tenho uma novidade, estava esperando para contar mais tarde, mas eu não conseguir pregar os olhos.

– Novidade boa ou ruim? Porque bem...da última vez que disse isso... - tentei afastar o pensamento do fato dele viajar daqui dois meses.

– É exatamente disso que eu queria falar - meu coração gelou, ele vai terminar comigo, ele vai me deixar e vai viajar antes do previsto, NÃO, ISSO NÃO VAI ACONTECER, ELE DISSE QUE ESTAVA COM SAUDADES. - Eu tenho duas notícias, aliás - continuou - mas eu queria falar sobre isso pessoalmente, mas não vou aguentar esperar.

Minha respiração acelerou, e meu coração bateu mais rápido.

– Meu pai conversou com aquele  amigo  dele  que  trabalha  na  faculdade  aqui  perto que  falei, e ganhei uma bolsa lá!

Voltei a respirar com tranquilidade, fiquei em êxtase com a notícia.

– Minha nossa, isso significa que não vai mais viajar?

– Sim - ele soltou um riso - isso significa que eu não vou mais embora.

– Estou tão feliz com a notícia, eu preciso te ver.

– Aaa, te amo, estou morrendo de saudades! Contudo, tenho outra novidade, um amigo meu que mora no Texas, o Keven, está voltando para Collins, ele conseguiu uma bolsa em uma faculdade de engenharia e bem, está procurando um lugar para ficar, para alugar - ele fez uma pausa antes de continuar - achei que você pudesse conversar com tua tia, caso ela conheça alguém que possa alugar um quarto.

Eu fiz um esforço para lembrar se alguma vez ele mencionou algum Keven, nada, nada que eu me lembre.

– Eu posso ver isso com ela amanhã, ok?

– Claro, pode voltar a dormir, desculpa mais uma vez por te acordar.

– Tá tudo bem, estou muito feliz que você não vai mais me deixar, eu amo muito você, boa noite!

– Eu também amo muito você, baby, boa noite!

Eu desliguei o celular e me levantei da cama, precisava tomar um banho e comer alguma coisa, meu estômago já estava resmungando. Eu tirei minha roupa e entrei no banheiro, a ducha quente aliviou toda a tensão que estava acumulada em meu corpo, a notícia que Denny acabara de me dá fez com que eu ficasse ainda mais feliz, fiquei irritada por ter chorado tanto por nada, mas logo a água quente levou tudo isso embora. Sequei-me e peguei um pijama na minha mala ainda feita, peguei as pantufas e sai do quarto. Quando eu olhei no corredor que eu me dei conta de que estava em uma casa diferente, isso me fez rir. Não sei se era o cansaço de quando eu cheguei, mas eu não tinha reparado na escada no fim do corredor que dava para o andar de cima. Assustei-me, pensei em subir e explorar, mas eu estava tão cansada que deixei isso pra depois. Desci as escadas e fui à cozinha pegar alguma coisa para comer, achei umas panquecas em cima do balcão, provavelmente minha tia tinha deixado para mim, eu me deliciei, não sei se era a fome, mas aquelas panquecas estavam divinas.