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História Matchmaker - O cabelo loiro e uma visita; Namjoon


Escrita por: jeongukiss

Notas do Autor


Que cara de pau a minha né? Mas espero que aproveitem o capítulo e nos vemos lá embaixo.

Boa leitura! >_<

Capítulo 5 - O cabelo loiro e uma visita; Namjoon


Por mais que eu tentasse, simplesmente não conseguia não pensar em Seokjin. Devem estar se perguntando: “mas o senhor Namjoon já está assim?”. Não, não era dessa forma. Eu tinha um plano, que não podia fazer sozinho e dependia de um garoto tagarela de dezessete anos para me ajudar. Só esperava que o moleque cumprisse o combinado e que tudo desse certo, ou ele não receberia pelo favor. E ainda existia a timidez do meu cliente que o atrapalhava e a mim também. Eu tinha quase 100% de certeza que ele andaria para trás quando se visse de frente para Sehun, ou não faria nada, como sempre, e os dois teriam apenas uma conversa sobre algo nada interessante.

Sentia-me impaciente e levemente comovido ao contar para o Yoongi tudo o que Seokjin me disse quando nos encontramos em minha casa. O porquê de estar expondo a vida pessoal de alguém que eu mal conhecia e que era confidencial por ser a vida de um cliente? Eu não sabia, só necessitava compartilhar com alguém, e acima de tudo, confiava nele. A história do moreno havia estranhamente me tirado o sono, enquanto tentava pensar em uma forma de ajudá-lo.

Então, o almoço com meu melhor amigo em um ótimo restaurante fora regado a macarrão de trigo com molho e uma conversa quase infindável sobre meu cliente... Especial.

— Bom, infelizmente o mundo é cruel e essas pessoas foram umas escrotas por terem feito o que fizeram com o professorzinho — Yoongi disse de boca cheia, enquanto enfiava ainda mais macarrão dentro da boca. Ele sabia ser bem mal-educado quando queria. Que nojo. — Ele com certeza não merecia. Pelo que fala dele, parece ser um cara legal.

— E ele é! — exclamei, empurrando um pouco para frente o meu prato vazio. — Tinha que ter visto a expressão no rosto dele ao contar isso, me deu uma vontade tão grande de abraçá-lo, Yoongi. Ele estava quase chorando... Parecia uma criança indefesa que se perdeu da mãe, e é um homem de quase trinta anos.

Não tinha visto mal em minhas palavras, mas ao notar Yoongi olhando para mim com um leve sorriso, daqueles que insinuam malícia onde não existe, estreitei os olhos em sua direção.

— O que foi? — eu quis saber o porquê daquele sorriso.

— Me diz uma coisa, Namjoon-ah — pediu baixo ao terminar de comer e apoiou os cotovelos em cada lado de seu prato vazio, com os dedos das mãos entrelaçados. — Você veio aqui para almoçar comigo, mas não para de falar desse Seokjin, e, tudo bem! — Riu brevemente. — Eu sei que sempre me conta sobre os casos do seu trabalho, mas nunca escutei tanto sobre um dos seus clientes. Tem certeza que não tem nenhum interesse a mais nesse cara? — foi direto até demais ao perguntar. Minha reação foi abrir a boca em descrença.

— Claro que não, hyung!

— Perguntar não ofende. — Levantou as mãos para o alto e riu novamente. — Só estou muito surpreso com essa sua repentina obsessão pelo outro Kim, não seria surpresa você estar mais interessado nele do que em ajudá-lo.

— Posso até ser louco por me envolver rapidamente com pessoas que mal conheço, mas isso é diferente. Eu não misturo o pessoal com o profissional e se não percebeu, gênio, meu trabalho é fazê-lo ficar com outra pessoa — expliquei bravo, tentando controlar meu tom de voz. O que ele queria insinuando uma coisa daquelas? Nunca havia me envolvido com meus clientes e não seria diferente dessa vez. — E se não paro de falar dele é porque quero muito ajudá-lo, não só a ficar com o tal Oh Sehun.

— O que quer dizer com isso? — questionou ainda tendo um sorriso no rostinho que eu queria amassar com muitos socos.

— Quero ajudá-lo a ser mais confiante, quero que ele pare de se sentir inferior e quero que ele perceba que pode ser desejável para qualquer um. Quero fazer com que a autoestima dele vá até o espaço e ele saiba que pode ser interessante em todo momento, só precisa encontrar as armas certas para isso e eu vou ajudá-lo a encontrá-las — afirmei decidido. — Quero que ele se sinta bem... caso nada disso dê certo no final.

Esperei pelo comentário do Min, este que balançou a cabeça positivamente, segurando o riso e fez sinal com a mão para que eu esperasse um pouco mais, até que voltou a me olhar. — Me desculpe se estou parecendo insensível, mas não dá pra te levar a sério, Namjoon. Você falou muito a palavra “quero” e fez com que isso parecesse um dever seu. Se o professor é inseguro não é culpa sua, isso é o que você combate no seu trabalho — e continuava a dar ênfase em algumas palavras, mas eu não conseguia entender o motivo.

— Mas passa a ser meu dever quando me contratam e hoje vou colocar o plano de aumentar a autoestima dele em prática.

— Ah é? E o que pretende fazer, idiota? Levá-lo ao salão, fazer compras com ele, ou obrigá-lo a usar lentes? — Riu.

— Exatamente isso — confirmei.

— Achei que dissesse a todos os seus clientes para serem eles mesmos — apontou, cruzando os braços e se encostando mais na cadeira.

— E eu digo. — Assenti, olhando-o sério. — Mas isso fará bem ao Seokjin e ele não deixará de ser ele mesmo por mudar um pouco o visual. Vamos começar pelo cabelo, com uma mudança radical.

— Vai fazê-lo pintar o cabelo de laranja?

— Não seja idiota — o repreendi. — Ele tem que chamar atenção sem parecer um completo retardado, tornar-se mais sexy, talvez. Pensei em loiro.

— Nada mal, pode funcionar.

Vai funcionar — o corrigi, sorrindo um pouco ao imaginar como Seokjin ficaria loiro. — Eu estava pensando em chamá-lo para dar uma volta também...

— Ah, agora quer ter um encontro com ele — constatou antes que eu terminasse minha frase, encarando qualquer coisa ao seu lado esquerdo, rindo ainda mais.

— Não é isso, Yoongi. Para de ficar dizendo que eu quero alguma coisa com ele, ele quer outra pessoa — tentei manter a calma em minha reação e tom de voz. — Só achei que seria bom, eu poderia analisar o comportamento dele.

— Eu diria que isso seria doentio, mas lembrei de que analisar o comportamento dos outros é normal para você. É só isso mesmo? — Assenti para respondê-lo. Ele riu anasalado. — Ok, me engana que eu gosto.

— Acredite no que quiser.

Encerramos a conversa aí, já havia falado demais sobre meu cliente, queria ouvir um pouco o meu melhor amigo também, que ultimamente estava evitando falar sobre a própria vida e isso me deixava muito curioso. Não escondi minha curiosidade e botei meu melhor sorriso no rosto antes de perguntar:

— E você? Tem algo de interessante para contar? Algo novo, um plano de vida, ou até quem sabe um novo amor...

Ele se remexeu na cadeira, baixando a cabeça, parecendo um pouco incomodado e mordiscou o lábio inferior, provavelmente ponderando entre responder ou não. Yoongi me escondia algo, o que me deixou um tantinho magoado. Isso só aumentou minha curiosidade e não ficaria sem respostas, então voltei a questioná-lo.

— Aconteceu alguma coisa, hyung?

— Vamos pedir sobremesa? — desviou o assunto, mas isso não funcionaria comigo.

— Yoongi — proferi sério, esperando que ele entendesse que falhou ao tentar fugir de mim.

O ouvi suspirar.

— Se Lembra da Yangmi? — perguntou baixo, voltando a me olhar.

— Aquela que era sua amiga e que partiu o seu coração no segundo semestre da faculdade? — o cortei, recebendo um balançar positivo de cabeça dele. — O que tem ela? Achei que não se falavam mais tem uns anos.

— E não nos falávamos, mas a encontrei semana passada, na rua. Eu estava tão distraído ao caminhar sozinho que quase não atendo a voz ao longe que me chamou e quando ela veio até mim, parecia ser um sonho. Yangmi está mais bonita do que me lembrava, sabe... — Ele sorriu bobo e quando percebeu o que fazia, parou imediatamente. — Conversamos por breves cinco minutos, eu acho, e naquele momento, senti algo estranho — tentou explicar, perdendo-se em pensamentos novamente e eu dava a ele minha total atenção. — Talvez tenha sido a surpresa, já que nunca mais a tinha visto.

— Ou os sentimentos que tinha por ela voltaram — contrapus bem-humorado.

— Não, Namjoon — respondeu de pronto. — É certo que senti algo estranho, mas não eram os mesmos sentimentos, nunca seria. Não depois do fora que levei. Eu superei, aceitei que nunca seríamos mais do que amigos e segui em frente. Ela nem mesmo deve sentir culpa pelo que fez comigo, porque eu seria trouxa de sentir algo por ela de novo?

— Já pensou que as coisas podem ser diferentes agora? Bom, fica um pouco difícil sem saber onde ela mora, mas eu posso tentar...

— Não, Namjoon! — repetiu um pouco mais alto, e bravo. — Foi só um reencontro, não é um conto de fadas, onde ela volta para ficarmos juntos. Para de viajar nas ideias, seu louco, e não se mete na minha vida. — Ele levantou de súbito, puxando a carteira do bolso de trás da calça e separou algumas notas para por sobre a mesa. O suficiente para pagar sua parte do almoço.

Pedi rapidamente a conta ao garçom e paguei minha parte também, não demorando a ir atrás do meu amigo enraivecido. O alcancei na calçada, caminhando para qualquer direção, com as mãos nos bolsos do casaco e segurei em seu ombro, mas ele não parou de caminhar por isso.

— Yoongi-ah, me desculpe, por favor, eu não quis te chatear — pedi arrependido, e um pouco com falta de ar pela corrida que tive de dar para alcançá-lo.

— Está vendo porque não te conto sobre minha vida amorosa? — O olhei confuso e ele então continuou. — Você tem hipóteses malucas, como se soubesse de tudo, como um verdadeiro especialista no assunto. Mas vou te contar uma novidade, Nam: você não sabe de tudo.

— Tudo isso porque eu falei que seus sentimentos pela Yangmi poderiam estar vivos? — Foi a minha vez de ficar bravo. — Tem que admitir que ficou mexido com isso, Yoongi, tem dias que você está estranho.

— Fiquei! — Ele parou de andar e fiz o mesmo, encarando-o de frente. — Vê-la mexeu comigo, mas não significou nada. Eu apenas me lembrei do que sentia por ela e da dor de ser rejeitado. — Respirou fundo e baixou a cabeça. — Esqueça isso, não é algo importante, e não devia ter ficado bravo depois que fiz brincadeiras idiotas com você sobre o professorzinho.

— É. Aquilo foi mancada, mas está tudo bem, não fiquei bravo. — Sorri.

— Eu tenho que voltar pra loja e você tem que ir trabalhar também.

— É. Eu tenho sim.

[...]

Como estava tudo bem entre nós, dei carona para Yoongi. E depois de me despedir dele em frente à loja de música pertencente a ele – linda, tendo uma fachada espelhada e pelas portas transparentes dava para ver uma boa quantidade de instrumentos lá dentro –, dei partida em meu carro e segui o caminho que precisava pegar para encontrar um novo cliente. O caso da vez era um bombeiro que havia se apaixonado pela professora do filho de seis anos, e como a todos os homens que procuravam minha ajuda, ele não tinha jogo de cintura e iniciativa. Mas ele tinha um medo compreensível: ser pai solteiro e achar que não teria chances por isso, e ter uma profissão onde arriscava a vida todos os dias. O que não era muito atraente, já que corria o risco de deixar o filho e um possível amor para trás.

Não importava a dificuldade nesse caso, eu o ajudaria de qualquer forma.

Conversamos por um bom tempo em uma lanchonete aconchegante, enquanto comíamos só para não nos mandarem ir embora dali e eu obtive bastantes informações, também ouvindo e compreendendo a todos os sentimentos do homem a quem eu ajudaria. Após me despedir do meu mais novo cliente, voltei a me preocupar com Seokjin, mas teria de esperar até quatro e meia da tarde para poder encontrá-lo. Por isso havia me restado tempo para ir até minha casa, descansar um pouco, tomar um banho, vestir roupas menos formais e ir sem pressa ao local de trabalho dele.

Já em cima do horário, enquanto esperava sentado no banco do meu automóvel, assistindo as crianças saírem da escola aos poucos, me permiti pensar no dia em que recebi o professor em minha casa. Realmente me senti tentado a abraçá-lo no final de seu desabafo e agradeci aos céus por ele não ter chorado. O sorriso dele era bem mais bonito que o bico nos lábios, apesar de ser fofo. Eu não deveria estar mesmo pensando nesses detalhes, mas estava. Fugiu do meu controle, desde o momento em que tive de fazer gracinhas para que ele relaxasse e parasse de pensar na conversa que tivemos e ganhei mais amostras do seu sorriso. Como Sehun consegue não prestar atenção naquele sorriso? Era até um dos mais bonitos que eu já havia visto.

Encontrava-me tão absorto que não notei alguém aproximar-se, e não era Seokjin.

— Oi, tio Runch! — Jungkook praticamente gritou na janela ao meu lado, dando-me um susto que fez meu coração acelerar as batidas absurdamente pela surpresa.

— Não me dê sustos assim, garoto! — o repreendi no mesmo tom de voz que ele usou, tendo uma mão no peito.

— Tá velho demais para recebê-los, né? — Riu alto e revirei os olhos em resposta. Criança sem graça.

— Entra logo no carro, temos que conversar. — Ele imediatamente me obedeceu e deu a volta no veículo para entrar e sentar ao meu lado. — Então, como foi com o Seokjin?

— Uma merda — respondeu vulgarmente e despreocupado, dando de ombros. — Ele travou na frente do professor Sehun e pagou mico por gaguejar. Eu que tive de salvar a pele dele, me intrometendo na conversa e inventando qualquer coisa sobre máquinas de bebidas e doce pra terem algo que conversar. Depois eu saí e deixei eles sozinhos. — Franzi o cenho ao escutar o resumo da história, mas o deixei continuar sem minha interrupção. — Não sei o que aconteceu em seguida, só sei que foram para sala dos professores e notei que o professor Jin sumiu nos outros dois intervalos do dia, mas tenho certeza que ele ainda está na escola.

Soltei um longo suspiro após ouvir o relato do garoto e voltei meu olhar para frente.

— Pelo visto ele não consegue mesmo manter uma conversa com o cara — murmurei.

— Sabe o que eu acho, tio? — Revirei os olhos por causa da forma que continuava a me tratar e olhei para ele novamente, como se pedisse para prosseguir em sua fala. — Forçá-lo a falar com Sehun-nim não ajuda em nada, principalmente estando na escola, eles precisam estar em outro lugar para não terem que falar sobre coisas do trabalho e Seokjin hyung poderia ter mais chances de se aproximar dele assim.

Estaria errado se discordasse dele, tinha total razão. Então assenti devagar para o que disse. — Tenho que pensar nisso e seguir Sehun-ssi para descobrir os lugares que ele visita para depois fazer Seokjin aparecer por lá magicamente.

— Ou pode perguntar para o seu assistente se sabe de algo. — O garoto sorriu largo, com os dentes cerrados e não segurei um riso, perguntando quem era o meu assistente. — Eu oras! — disse, fingindo raiva. — Enfim, tio... Não tem muito tempo que o professor Sehun nos contou, ainda não sei por que, que gosta de ir ao Hard Rock Café todos os sábados à noite.

— Hard Rock Café? — questionei, só para confirmar que havia ouvido direito. Era um dos meus restaurantes favoritos, mas não me lembrava de ter visto o alvo do meu cliente por lá alguma vez. Talvez nunca tenhamos estado no lugar ao mesmo tempo.

— Sim, é um restaurante com tema rock n’roll que serve hambúrgueres e pratos americanos clássicos, até mesmo tortas doces.

— Eu sei disso, adoro aquele lugar — comentei baixo.

— Bom, eu nunca fui lá, mas já ouvi falar muito bem do lugar e o professor elogiou bastante. Disse que é um dos melhores restaurantes de Busan e ainda fica perto do mar. Seria um ótimo lugar para os dois conversarem sem pressão.

Sorri ao pensar na ideia do garoto e concordei totalmente com ela. Seria perfeito. Eu conhecia o lugar, era ótimo para encontros descontraídos e lá Seokjin poderia se sentir à vontade com o outro professor. E ainda teria cinco dias para prepará-lo e fazê-lo ser mais confiante. O tornaria extremamente interessante, a ponto de fazer Sehun achar que seria burrice rejeitá-lo. E seria mesmo se o rejeitasse agora.

— Obrigado, garoto, você ajudou muito — agradeci ainda sorrindo.

— Agora me pague o que deve — pediu sério, estendendo uma mão para mim. Rolei os olhos teatralmente e peguei minha carteira no bolso da calça, dando uma nota de cinco mil wons a ele. — Cadê o resto? Me deve cinco mil pelo favor da semana passada e mais dez pelo de hoje.

— Mas que garoto exigente — resmunguei baixo, pegando mais uma nota e a entreguei em sua mão.

— Obrigado, tio Runch, foi um prazer fazer negócio com o senhor. — Voltou a sorrir, enquanto guardava o dinheiro no bolso da mochila.

Não tive tempo de respondê-lo, logo levei outro susto e dessa vez era Seokjin, a quem encarei assustado, depois de ouvir um “pare de mandar meu aluno fazer coisas que não devia!”. Mas não evitei sorrir ao ver sua expressão irritada, e principalmente pela frase usada por ele, que poderia significar outra coisa, porém, não estava fazendo nada de errado e o menino também não. O professor deveria saber disso.

— Boa tarde para você também, Kim Seokjin. Temos que conversar, pode entrar no carro, por favor? — pedi educadamente e ao vê-lo atender meu pedido, me virei para Jungkook, fazendo um sinal para sair do banco do passageiro e o garoto resolveu que não queria nos deixar a sós, então passou para o banco de trás desajeitadamente. — Tira essa bunda da minha cara! — Dei uma tapa na coxa dele em resposta ao que fez.

— Tira essa cara da minha bunda! — respondeu, finalmente conseguindo passar para o banco de trás, onde se esparramou todo, sorrindo travesso. Parecia uma verdadeira criança.

— Tem ideia da vergonha que passei hoje? Graças a você e seu aprendiz, fiz papel de trouxa na frente do Sehun, muito obrigado! — disparou Seokjin, logo que sentou ao meu lado e fechou a porta.

— Não precisa da nossa ajuda para isso — soltou o mais novo dentre nós e o encaramos.

— Isso é conversa de adulto, fica quietinho aí — avisei, voltando minha atenção a quem tinha que dar explicações. — Desculpe-me por isso, Seokjin, a ideia foi minha, eu precisava saber como agia perto dele e percebi que não adianta muita coisa deixá-los sozinhos. Preciso mudar a sua timidez antes de fazer isso, por isso pensei em algumas coisas e você irá obedecer a tudo que eu propor, sem reclamações.

— Mas... — ele tentou argumentar, mas não o deixei prosseguir.

— Esse foi o nosso combinado e hoje vou te levar ao cabeleireiro. — Sorri animado.

— Por... quê? — questionou receoso.

— O que fazem num cabeleireiro, professor? — Jungkook voltou a interromper, rude.

— Garoto, calado! — ordenei, quase o pondo para fora do meu carro. — Não se preocupe, irá gostar do que vamos fazer lá — falei para Seokjin e o vi balançar a cabeça em negativa várias vezes.

— Eu posso ir também? — a criança atrás de nós pediu com um grande bico nos lábios, como resistir?

— Claro. — Sorri novamente e arranquei com o carro dali.

— Espera! Não... Não acho que seja uma boa ideia, espera! Namjoon, eu quero ir pra casa! Dá meia volta. Namjoon! — Seokjin pediu alto, desesperado e segurei em uma de suas coxas com firmeza – não deixando de notar que era bom apertá-lo ali –, pedindo-o para se acalmar.

[...]

Demorou um pouco, mas durante o caminho consegui convencer meu cliente a fazer o que eu propus e o deixei mais calmo, depois de dizer os motivos para ele me ouvir sempre. E não fazia mal algum pintar o cabelo, não é? Não tinha o porquê se estressar por isso. Jungkook vinha me contando algo sobre jogos de vídeo games, enquanto eu tentava prestar atenção no caminho, mas ao mesmo tempo vacilando no olhar, para observar de soslaio a pessoa ao meu lado, que roía as unhas da mão direita. Eu estava com tanta pressa pra vê-lo diferente, que quase pulei para fora do carro quando parei em frente ao nosso destino, indo abrir a porta do passageiro para ele. A criança que nos acompanhava saiu sozinho.

Saí na frente, sendo acompanhado pelos outros dois e conversei rapidamente com a dona do lugar; ela foi extremamente gentil com Seokjin ao puxá-lo pela mão e sentá-lo em uma cadeira de frente para um grande espelho, tão animada quanto eu.

— Ainda não sei por que concordei com isso — o ouvi resmungar baixinho.

— Por que você ama seu consultor. — Ri, aproximando-me dele e retirei os óculos de seu rosto para não atrapalharem no processo. — Não vai precisar disso por enquanto.

— Mas eu não enxergo direito sem eles — replicou, tentando recuperá-los de minha mão.

— Então, o que vai ser? — perguntou a moça que o atenderia, tomando nossa atenção.

— Ele quer um corte legal e mudar a cor do cabelo. Loiro foi ideia minha — respondi por ele e me afastei um pouco. — Confio em você, meu cabelo sempre agradece quando venho aqui.

Então esperei sentado em um confortável sofá, respondendo a profissional quanto ao tom que usaria, ao lado de Jungkook que acompanhava tudo. Num instante Jin era moreno e em algum tempo depois, já estava com os cabelos descoloridos. Eu não pude deixar de rir da inquietação dele, com certeza estava ansioso para ver o resultado; seu pé direito mexia freneticamente, os olhos percorriam tudo que estava à frente dele, as unhas voltavam para boca vez ou outra e os fios claros eram bagunçados pelo secador. Também quase chorou quando viu alguns fios que foram cortados irem ao chão.

Namjoon — ouvi a voz do garoto ao meu lado e o encarei, tentando me lembrar de quando lhe falei o meu verdadeiro nome. — O professor chamou o senhor de Namjoon. — Olhou para mim também e sorriu. — Esse é o seu nome, né? — Assenti em resposta, soltando um suspiro e voltei a olhar para Seokjin. — E o sobrenome?

— É “não te interessa” — respondi maldoso.

— Ah, que malvado, tio.

Eu não vi, mas podia jurar que ele fez uma careta para mim, o que me fez rir baixo.

— Terminamos! — uma voz feminina soou alegre no local e me levantei as pressas, seguindo até o mais novo loiro.

Ao ficar de frente para ele, fiquei sem palavras, talvez um pouco sem reação também. Eu tinha acertado na escolha e ainda não acreditava que ele havia aceitado. Os traços do seu rosto me pareceram mais delicados, e os grandes olhos castanhos me fitaram curiosos, pois acabei por admirá-los mais de perto, apoiando-me nos braços da cadeira com uma mão em cada lado do corpo alheio. Seus olhos eram tão lindos, e foram perfeitamente notados por mim sem ter as grandes lentes na frente deles.

— Ficou perfeito — sussurrei. Eu sussurrei mesmo, sem motivo algum, não tinha ideia do por que havia feito aquilo.

— E-está perto demais — alertou-me e corrigi minha postura, envergonhado após perceber o que estava fazendo. — E não enxergo direito, pode me devolvê-los?

— Ah, claro, aqui está. — Devolvi os óculos para o seu rosto e ele virou-se de frente para o espelho, abrindo um sorriso surpreso. — Ficou muito bom, não é? — perguntei sorrindo.

— Ficou um gatão — tomei um leve susto ao notar Jungkook do meu lado, sorrindo enquanto olhava para seu professor. — Não que o senhor fosse feio, só precisa aprender a se arrumar e evidenciar sua beleza escondida.

— Obrigado, Jungkook. — Jin riu baixinho, tocando levemente os fios claros. — Está bom, só é um pouco estranho para mim ainda, não achei que mudaria tanto assim.

— Mudanças podem ser boas, Seokjin — falei para ele.

— É. Talvez.

Talvez? Não, era certeza.

Tudo o que eu estava fazendo era para o bem dele e no final, iria me agradecer, quem sabe até namorando Sehun. Esse era o meu objetivo, por mais que no momento estivesse longe de ser o foco dos meus pensamentos.

[...]

Na volta, tive de deixar Jungkook em casa, que teria de se virar sozinho com as broncas que levaria dos pais por ter demorado a voltar da escola. Problema dele, ele que quis colar em mim e em Seokjin, mas não parecia nem um pouco arrependido. Por fim, deixei meu cliente em sua casa também, e com isso, quero dizer em frente à porta e me convidei para entrar. Poderia ser considerado um folgado por causa disso, mas tinha os meus motivos para tê-lo feito, ainda não havia acabado com ele... Que forma horrível de me expressar. Ainda não havia terminado com nossa conversa.

Depois que ele fechou a porta principal, passei a observar os cantos de seu apartamento. Era incrível como a personalidade de Seokjin parecia ser refletida em tudo. As paredes da sala se encontravam cheias de quadros, dos mais diversos tipos; paisagens, mensagens, memórias de família – ele havia me dito. A pintura era de um azul claro, tendo no meio do cômodo um sofá vermelho cheio de almofadas e, além do raque com a TV, havia duas estantes nicho lotadas de livros. Perguntei-me mentalmente se ele já havia lido tudo aquilo, provavelmente sim.

No piso de madeira, um tapete roxo e felpudo chamou minha atenção. Só faltava um filhote de gato ou cachorro rolando ali em cima, mas não havia nenhum.

— Mora sozinho? — puxei assunto e o olhei.

— Sim, sozinho — ele respondeu timidamente, soltando sua bolsa em cima da mesinha branca de centro.

— Não tem bichinhos de estimação?

— Não, mal tenho tempo para cuidar de mim, quanto mais de um bichinho, mas eu queria ter um cachorro — respondeu mais desinibido e parou de frente para mim, que ainda continuava em pé no meio da sala.

Tão transparente quanto água ele era.

— Podemos ir para o seu quarto? — soltei subitamente e ele arregalou os olhos, espantado. — Preciso conferir algo — completei, para não haver mais duplo sentido na frase.

— Tá louco? Não. Nem o conheço direito — contrapôs e revirei os olhos, adentrando mais o apartamento. — Ei, onde pensa que vai? — disse vindo atrás de mim. — Você é mais estranho do que eu, Namjoon.

— É aqui? — questionei ao parar em frente a uma porta branca no meio de um curto corredor e a abri devagar, confirmando minha dúvida.

Rosa. Não achei que fosse encontrar algo dessa cor em seu quarto, mas as paredes provaram-me o contrário, por mais que fosse um tom mais claro, ainda me surpreendeu, e havia uns dois travesseiros de mesma cor sobre a cama com lençóis claros. O guarda-roupa tinha as portas brancas cheias de adesivos fofos de gatinhos, corações, nuvens e mais um monte de coisas que não me importavam no momento. Meu alvo se encontrava dentro do móvel e o abri sem pedir permissão, ouvindo reclamações do dono. Seokjin era um assassino da moda e do bom senso, nem parecia o guarda-roupa de um jovem homem de vinte e oito anos. Sim, jovem homem, ainda não havia chegado aos quarenta e se comportava e, vestia-se como um. Eu não poderia permitir aquilo, teria de fazer algo. Ele não poderia ter encontros com Sehun vestindo blazers e camisas feias.

Atrevi-me a fuçar suas gavetas também, vendo algo ainda pior: cuecas tradicionais de algodão. Seokjin estava vivendo errado, muito errado.

— Quem compra suas roupas mesmo? — questionei, virando-me para ele.

— Eu! — respondeu irritado; as maçãs de seu rosto estavam coradas pela raiva evidente.

— Ah, sério? Achei que fosse o seu avô. Cuecas tradicionais e suéter de tricô? Seria um pouco menos brega um de linho.

— Me dê isso, seu sem noção! — Tomou de minhas mãos o suéter xadrez ridículo dele e jogou de volta para dentro do guarda-roupa. — Vou matar você se não parar de me constranger.

Não tive controle sobre os meus atos, apenas agi e agi mal. Constranger meu cliente não era o meu objetivo. — Me desculpe, Seokjin, não foi minha intenção — pedi baixo, curvando-me em respeito, afinal, era a casa dele, o quarto dele e eu era o intruso ali.

— Ok, pare com isso. — Balançou uma mão no ar, desviando o olhar e suspirou. — Apenas me explique o que quer fazer dessa vez. Já pintei meu cabelo mesmo, tenho certeza que a próxima coisa não será tão ruim assim.

Sorri por vê-lo ceder e ajeitei minha postura.

— Será um prazer contar-lhe tudo... enquanto jantamos.

O professor poderia dizer mais uma vez que eu era “sem noção” e me mandar ir embora, mas ele apenas soltou um longo e pesado suspiro e me pediu para esperá-lo na sala para tomar um banho e trocar de roupa. Assim o fiz, o esperei voltar pacientemente – ou nem tanto.

Certamente eu não esperava por algo luxuoso para nossa refeição, muito menos algo difícil de preparar, e não foi. Fora algo requentado e que mesmo assim não deixava de ser bom. Estava mais do que acostumado com aquilo. Não tinha o costume de cozinhar em minha casa e comia sempre algo fácil de preparar ou do dia anterior. Nos sentamos um de frente para o outro na mesa de quatro lugares de sua cozinha e enquanto comíamos tranquilamente, contei para ele os meus planos; de aumentar a autoestima dele, a mudança quase completa de visual, fazê-lo aparecer no mesmo lugar que Sehun no sábado à noite e em um momento mais afrente torcer para que ele fosse bem quando o chamasse para sair. Se o pedido não fosse feito pelo outro, o próprio Seokjin teria de ter essa atitude.

Ele concordou com tudo, menos quando falei sobre usar lentes de contato.

— Não é má ideia Seokjin, por favor — argumentei frustrado. — Você já tem então porque não usa?

— Porque incomoda, é estranho enfiar o dedo no olho para colocar algo nele e depois tirar. — Fez careta, ainda comendo. — E pode me chamar de Jin.

— Seok... Jin, você vai usá-las amanhã sim!

— Me obrigue.

Ah que ele estava comprando briga, e uma muito feia.

— Não vou precisar disso, você o fará sozinho — quebrei o breve silêncio que se instalou entre nós.

— E por que eu faria isso? — encarou-me nos olhos, tão intenso e talvez nem tenha percebido.

— Porque você quer chamar a atenção do Sehun, e essa é a sua chance.


Notas Finais


Namjoon perdeu o controle hehe, mas vai voltar a si quando perceber as loucuras que está fazendo. Sobre o pagamento do Jungkook, caso alguém tenha curiosidade; o dinheiro coreano tem muitos zeros, por isso aquele número alto. Uma vez usei valor de dinheiro na fic, mas coloquei nossa contagem, pois seria um número mais alto ainda para transcrever, então vou usar essa de 'won' só quando couber na escrita e não ficar tão feio. E outra que não conheço a contagem deles. Enfim, não quero bugar ninguém com isso, então...

Olá, meus amores!!! Sentiram saudades? Talvez não, mas eu senti a de vocês e dessa fic. Queria pedir desculpas pela demora absurda, que juro não saber como isso aconteceu, eu dei atenção para duas Oneshots que estou escrevendo e a outras coisas também (até fiz capa pra fic s2) e acabei não percebendo o tempo passar tanto. Mas prometo não deixar mais acontecer, eu nem tenho dificuldade para escrever essa fic e trouxe um capítulo razoavelmente grande para compensar. Espero que tenham gostado e até a próxima!

E HOJE É ANIVERSÁRIO DESSE LÍDER MARAVILHOSO VULGO KIM NAMJOON NGM ME TOCA TO SENSÍVEL #HappyNamjoonDay

Bjs da Mika :*


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