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História Matchmaker - O estilo novo e verdades; Namjoon


Escrita por: jeongukiss

Notas do Autor


Capítulo dedicado a ~Whyooongi por seu aniversário. Parabéns pelo um ano a menos de vida, meu anjo, te amo um tantão bem grande <3

Boa leitura! >_<

Capítulo 7 - O estilo novo e verdades; Namjoon


A verdade é que... eu não tinha a obrigação de estar todos os dias em frente àquela escola, até que o meu cliente desse as caras, para levá-lo a algum lugar, ou pedir para conversarmos sobre o seu progresso – que no caso daquele dia, foi bem pequeno, pelo que ele me relatou. Porém, eu não conseguia evitar. Mais uma vez, passei o dia inteiro pensando nele: se estava saindo-se bem no plano, se os outros estavam o diminuindo, como ele sempre sentia que estavam, ou se estava tendo algum avanço na aproximação com Sehun.

Até esse ponto, nada de estranho. Entretanto, havia se tornado um hábito parar naquela vaga de sempre e esperar por ele. Até mesmo por Jungkook, que não saía mais do nosso encalço.

A outra verdade, é que eu poderia muito bem mandar uma mensagem para Seokjin, marcando o local dos nossos encontros e esperá-lo lá, como fazia com todos os meus clientes. Mas, como eu disse antes: não conseguia evitar. Tinha de ir vê-lo o mais rápido que fosse possível. Parecia que algo nele me puxava para perto, inevitavelmente.

Mais uma verdade que tinha de ser citada, é que eu havia conseguido mostrar ao mundo uma verdadeira obra de arte humana, Seokjin só precisava aceitar o quanto lindo era. Eu até quase me desconcentrei enquanto dirigia, ao olhar para ele e demorar mais do que devia nisso. Mas, por incrível que pareça, estava sentindo falta dos óculos no rosto dele e queria ver seu sorriso também, pois ele parecia desapontado por causa dos acontecimentos dentro da escola. Faria o possível para distraí-lo e por isso, me senti motivado a seguir em frente no nosso caminho, que não demorou a chegar ao fim.

— Você me trouxe ao shopping, Namjoon? — ele pareceu confuso ao dizer, assim que parei o carro em uma vaga do estacionamento e respondi para ele um alegre “sim, como pode ver”.

— Quem vai ao shopping numa terça-feira? — foi a vez de Jungkook se pronunciar.

— Pessoas normais! — respondi, deixando de sorrir para encará-lo sério.

— Vamos embora, Namjoon, por favor — pediu Seokjin, com um tom desanimado na voz.

— Vai ser legal, vamos lá! — insisti, saindo do veículo e esperando que me acompanhassem. — E não existe dia certo para sair e se descontrair, ok? Quando eu era mais novo, ia ao shopping em algumas segundas-feiras depois da escola, porque nesse dia, o preço da entrada no cinema era pela metade e eu aproveitava que era o meu caminho de volta para casa — contei com um sorriso, enquanto os via saírem do carro também e travei as portas depois disso.

— Que história interessante — ironizou Jungkook, pegando o seu celular do bolso da mochila e seguindo para a entrada do prédio. — Vou avisar a minha mãe onde estou.

Dei língua para o garoto quando ele virou as costas para mim, como alguém bem maduro faria e senti um toque em meu ombro, que me fez virar o rosto e encontrar o olhar de Seokjin.

— Eu gostei da sua história. — Um sorriso pequeno surgiu em seu rosto. — Me lembro de que fazia a mesma coisa, às vezes — disse assim que começou a seguir o mais novo.

— Sério? — questionei interessado, caminhando ao lado dele.

— Sim, mas onde eu morava, era no fim de semana mesmo, em um horário específico do dia, a hora do almoço. — Dessa vez ele riu, abertamente e parou quando percebeu isso. — Enfim, eu ia assistir aos filmes que queria na hora do almoço, porque a entrada era mais barata e voltava ao preço normal depois das três da tarde. Eu sempre aproveitei promoções e ainda faço isso.

Eu não acreditava que estávamos tendo aquela conversa, mas estávamos e para mim a melhor coisa daquilo, foi ouvi-lo rir. Foi rápido, mas deu para gravar como sua risada realmente era.

— Você me trouxe aqui para assistir algum filme? — me pegou de surpresa com a pergunta, o que me deixou envergonhado e eu não sabia ao certo o porquê de me sentir assim de repente.

— Ah não, viemos aqui fazer compras — expliquei, assistindo ao seu sorriso morrer. — Ainda o assusto falando sobre essas coisas? Ainda tem medo de investir em você?

— Não é isso, só achei que já tivéssemos passado dessa parte. Se não escutou bem, houve um enorme rebuliço no meu local de trabalho hoje e pensei que isso já bastava para você.

— Ah não, não basta. — Ri, abanando a cabeça de um lado para o outro. — Relaxa, Jin. Não vai ser tão ruim assim. — Passei um braço atrás dele e segurei em seu ombro, fazendo-o ficar mais próximo a mim enquanto caminhávamos e adentramos o shopping, encontrando Jungkook nos esperando alcançá-lo.

Expliquei que compraríamos roupas realmente bonitas, para Jin usar nos encontros com Sehun e sim, eles iriam ter encontros, ou eu não me chamava Kim Namjoon. E enquanto o ouvia dizer que não fazia sentido comprar roupas novas sendo que nem tinha certeza se sairia com o cara, o arrastei para dentro de uma das minhas lojas favoritas daquele lugar, procurando por algo ao meu gosto para ele vestir. O menino que estava sob nossa responsabilidade, ficou pertinho de nós; o olhar percorrendo todo o estabelecimento.

Seokjin abraçava ao próprio corpo, emburrado, esperando por alguma ação minha e, não deixei de notar o quão fofo era o bico em seus lábios rechonchudos, quase formando um coração por causa do desenho de sua boca e... Espantei de uma vez esse pensamento, antes de pensar algo que não devia, de alguém que não me interessava.

— Essa aqui... Essa aqui também... — falei ao entregar para ele uma camisa jeans clara e outra de algodão escura. Ele olhou para as peças e fez uma careta desgostosa, olhando depois para a arara de camisas.

— Prefiro a rosa. — Pegou uma delas, da cor que citou e sorriu. Foi a minha vez de fazer careta e tentei tomá-la dele.

— Rosa não. Faz você parecer delicado, Jin — argumentei.

— Mas eu quero essa. — A puxou para si, me encarando bravo.

— Mas você ficaria melhor com a preta! — A puxei também e fizemos a pobre camisa de cabo-de-guerra. Jungkook observava a nossa discussão, alternando o olhar entre nós e segurando-se para não rir.

— Eu quero a rosa! — retrucou um pouco alto, atraindo olhares de algumas pessoas ali.

— Que droga, deixa o professor ficar com a rosa — Jungkook interrompeu, rindo um pouco.

Deixei que Seokjin vencesse daquela vez e bufei alto, adentrando mais a loja para procurar por outras peças, sendo seguido pelos dois. Avistei uma calça jeans muito bonita e peguei, dando-a para o meu cliente em seguida. Mais uma vez ele fez aquela cara de quem comeu e não gostou e eu não sabia mais como agradá-lo.

— Qual o problema dessa vez? — questionei, antes de soltar um suspiro. — A calça é linda.

— Tem um monte de rasgos nela, eu não vou usar isso. Se eu quisesse usar calças rasgadas eu mesmo rasgava as minhas — respondeu ele, jogando a peça de volta para o lugar dela.

Teimoso como sou, não desisti de fazê-lo levá-la e a entreguei nas mãos dele novamente.

— Você vai usar sim e nem adianta discutir comigo, Kim Seokjin! — ordenei, irritado por tentar ajudar alguém que estava se recusando a aceitar ajuda. Peguei mais uma calça, ao gosto dele e a joguei para ele pegar, quando fez isso, sorri em sua direção. — Agora vai experimentar e nos deixe ver como ficou. Vai, vai. — Sacudi as mãos em sinal para prosseguir.

Dessa vez, ele obedeceu sem reclamar e seguiu na direção dos provadores, carregando consigo as peças de roupas que escolhi para ele. A criança que estava conosco, o seguiu sorridente e o segurei pelo ombro, fazendo-o voltar atrás. Decepcionado e chateado. Talvez fosse impressão minha, mas podia jurar que ele iria atrás de Seokjin até onde o homem ia.

— Onde você pensa que estava indo? — perguntei, dando um leve aperto no ombro dele.

— Indo ao provador com ele... Só pra checar se tá tudo bem, entendeu? — Jungkook deu uma risadinha e apertei mais os meus dedos em seu ombro, vendo-o fazer uma cara de dor e tentar tirar minha mão dali. Devo ter exagerado, mas sentia que devia repreendê-lo por aquilo.

— Controle seus hormônios, garoto — falei sério, sem saber ao certo se devia pensar aquilo de Jungkook, pois não o conhecia totalmente. — Fique aqui, o esperando do lado de fora e chame por mim quando ele aparecer — pedi, antes de soltá-lo do meu aperto e saí pela loja à procura de algo para Seokjin calçar.

Fiquei indeciso entre algo mais social e casual, queria fazê-lo parecer menos sério do que antes e eram tantas opções para escolher. Sei que era injusto escolher tudo por ele, mas tinha de ser assim, pois ele não conseguiria mudar sozinho. Geralmente, eu somente dava as dicas de lojas, do que comprar e de como se vestir, para os meus clientes. Mas com o Seokjin, estava fazendo tudo pessoalmente. Era quase como uma necessidade estar perto dele e era espantoso admitir isso para mim mesmo. A verdade dessa vez era que, eu queria estar ao lado dele.

Era realmente estranho chegar a essa conclusão.

Ri dos meus próprios pensamentos, inconscientemente, e parei ao ver um par de sapatos bons o bastante para Jin. No momento em que estendi minha mão para pegá-los, os meus dedos se esbarraram em outros, bem mais delicados do que qualquer homem poderia ter. Ao olhar para o lado vi uma moça muito bonita – e que aparentemente media um metro e sessenta de altura –, rir envergonhada e se afastar um pouco.

— Me desculpe, gostei desses também — ela disse e eu acabei por rir também. Era muito fofa.

— Eu acho que eles não serviriam muito bem em você. — Olhei para os seus pés, pequeninos. Pareciam pés de uma princesa. — Mas claro, que deveriam ser para outra pessoa. Namorado? — Voltei a olhar para o rosto dela, só aí percebendo que estava flertando. Já era um costume e o fazia naturalmente.

— Bom — olhou para o lado, tombando levemente a cabeça na mesma direção —, não. É para o meu irmão mais velho. — Seus olhos castanhos encontraram os meus novamente e eu sorri assim que isso aconteceu. — Eu não tenho namorado.

— Isso é inacreditável! — fingi surpresa, arrancando uma risada dela.

— Por quê? Nem todas as mulheres precisam estar em um relacionamento o tempo todo.

— Isso é verdade — concordei, um tanto envergonhado. — Ninguém precisa. Mesmo assim, é difícil acreditar que uma mulher tão bonita como você não tenha um namorado.

Ela riu mais uma vez, pegando o par de sapatos.

— Você deve ser um conquistador charmoso que fala isso para todas.

— Nem todas — admiti, com um sorriso ladeado e ela me encarou, ainda sorrindo. A franja de seu cabelo escuro lhe caía um pouco nos olhos.

— Eu duvido muito.

Antes de poder respondê-la, ou tentar perguntar o nome dela, ou pedir seu número, os dedos de alguém puxaram a manga de minha camisa e me fez olhá-lo. Surpreendi-me, ao ver que era Seokjin e seu fiel seguidor estava logo atrás, nos observando. O mais estranho nisso tudo, foi o meu olhar prender no corpo dele. Rosa ficava tão bem nele. Fiquei tempo demais o analisando e todos devem ter percebido isso, pois só quando Jungkook pigarreou foi que eu “acordei”.

— Aconteceu algo? — perguntei atônito.

— Eu vim chamar o senhor, mas vi que estava ocupado — respondeu Jungkook, olhando para a moça com quem eu conversava. — E Jin hyung ficou impaciente, então resolveu fazer isso. — Quando o garoto terminou de falar, Seokjin soltou minha camisa e baixou a cabeça, afastando-se um pouco.

— Irá demorar muito? — Seokjin perguntou, baixo demais. — Você que me trouxe aqui e está usando o seu tempo para... — parou de falar, coçando a nuca e saiu andando dali, esbarrando em algumas caixas de sapatos e araras de roupas pelo caminho.

— Jin! — o chamei, e nem sabia o motivo de estar preocupado com o que aconteceu.

— Acho melhor você ir atrás do seu amigo — ouvi a voz da garota, cujo nome eu não sabia, e a encarei. — Eu tenho que ver se eles têm outro número desses aqui. — Ela curvou-se rápido ao se despedir e sorriu, antes de ir atrás de um funcionário da loja. Nem ao menos deu “tchau”.

Assim que me vi sozinho com Jungkook, me senti perdido. A garota tinha ido embora e Seokjin havia voltado para a área dos provadores, provavelmente para vestir novamente suas roupas. A única coisa que consegui fazer foi ir atrás dele e percebi que ele estava trancado na cabine, e resmungava algumas coisas como: “essa droga é apertada demais” e “ele não vai me fazer usar isso”. Não me segurei e dei algumas batidas na porta, o repreendendo pelo que disse. Ele disse que eu não mandava nele e que iriamos embora. Suspirei e pedi calmamente para que ele pelo menos experimentasse as outras peças que o dei e por milagre, cedeu ao meu pedido.

Esperei impaciente, pensando em como iria me desculpar pelo que havia acontecido instantes antes, mesmo sem saber ao certo o problema. Eu estava errado em dar em cima de alguém no meu horário de trabalho e deveria estar dando atenção a ele, contudo, não me controlei. Mas, não era mesmo necessário pedir desculpas, certo?

— Aquela garota era bem bonita — começou Jungkook e travei o maxilar, pois eu sabia que ele não pararia de falar a partir dali. — Você a conhecia, ou estava tentando se dar bem? Que feio, flertando no meio do expediente. — Riu. — Jin hyung disse que você é um cafajeste. Concordo com ele. Ele estava todo ansioso para mostrar ao senhor como tinha ficado com a roupa e que até tinha gostado dela, mas o senhor estava ocupado dando em cima daquela moça.

Alguém me mata.

Respirei fundo, esfregando as mãos no rosto e comecei a andar de um lado para o outro. Jin estava demorando muito para vestir simples calça e camisa.

— Costuma sempre fazer compras com seus clientes? É engraçada a forma como trata do caso do Jin hyung. Eu fiz umas pesquisas sobre o seu emprego e muita coisa do que faz com ele, não deveria fazer, seus métodos são interessantes — continuou a falar e me mantive calado. Talvez assim ele se calasse. — É feio ter pensamentos impuros. — Franzi o cenho ao ouvir o que disse e só aí percebi que eu encarava a porta do provador com muita fixação. Mas não estava tendo pensamentos impuros com meu cliente. Fechei os olhos com força e olhei para ele em seguida, querendo dar-lhe uns bons cascudos. — Se não tem interesse em homens, retiro o que disse.

— Garoto, se calar a boca agora, eu compro algo pra você.

— Ah, ótimo! Vi um casaco muito caro do outro lado da loja e já que vai pagar... — Sorriu sem mostrar os dentes, afundando as mãos nos bolsos da calça do uniforme.

— Tanto faz, apenas fique calado e você ganha ele.

Ele obedeceu. Quase me ajoelhei no chão para agradecer a todas as entidades divinas por isso.

A porta do provador que Jin estava se abriu, chamando a nossa atenção e ele se aproximou de nós, timidamente.

Vestia uma calça jeans escura e uma camisa de botões, também jeans, com uma lavagem mais clara. Entretanto, ele não parecia contente. Não era o que acostumava vestir e devia sentir-se diferente. Olhava para a roupa em seu corpo e tentava ajeitar algo que já estava perfeito.

Cheguei perto dele, repousando as minhas mãos sobre os seus ombros e lhe ofereci um sorriso complacente. Seus olhos viraram para mim, ansiosos.

— Gostei de como essa roupa ficou em você, Jin — falei sem rodeios.

— Eu acho que... n-não é bem a minha cara — ele respondeu.

— Seokjin, você pode ser mudado a partir de agora. Você está usando essas roupas agora, você está ótimo vestido assim, é desse você que estou falando.

— O que ele quer dizer, hyung, é que o senhor tá gato — ouvimos Jungkook dizer.

Meu cliente olhou para o garoto e sorriu, agradecido pelo elogio. Senti-me envergonhado, por pensar que queria ter dito a mesma coisa.

— Sabe o que seria legal? — chamei a atenção dele para mim novamente. — Jaqueta de couro e botas — completei.

— O quê?

[...]

Seokjin achava que, jaqueta de couro era coisa de motoqueiro. Daqueles que passavam meses na estrada, tendo apenas sua moto como companhia e tive de convencê-lo do contrario, para que ele experimentasse uma. Ele gostou, e acabou levando duas dela. Uma preta e para minha surpresa, uma vermelha. Ele disse que estava mesmo precisando comprar roupas novas, então escolheu algumas camisas simples e peças íntimas também. Nessa última parte, avisei-lhe para não pegar – nunca mais – cuecas tradicionais. Ouvi algumas subjeções, mas valeu a pena salvar a vida dele.

Botas e um par de tênis também foram escolhidos por ele e eu os aprovei totalmente.

Ele pagou por tudo no cartão e eu paguei pelo casaco que Jungkook queria. Este que abraçou a minha cintura em resposta e disse o quanto eu era um tio, “foda”. Expressão exagerada, mas o garoto tinha razão. Depois das compras, o lanche ficou por minha conta também, então o mais novo se aproveitou e pediu mais do que uma pessoa normal aguentaria comer, mas não fui um chato e reclamei por isso, o deixei à vontade.

Conversamos sobre muitas besteiras enquanto comíamos e eu alternava o meu olhar entre Jin, sentado de um lado da mesa quadrada da praça de alimentação do shopping e Jungkook, a sua frente, rindo de algo que ele mesmo contava e fazia o seu professor gargalhar alto. Eu apenas observava os dois, feliz pelo momento estar sendo agradável e não segurei algumas risadas em resposta ao que Jungkook dizia também. O garoto, na maioria das vezes me irritava tanto, mas não queria dizer que não gostava dele, muito pelo contrário, gostava dele do jeitinho que era.

Ele tinha uma personalidade única.

Tão única, que chegava a assustar a audácia dele em algumas coisas que fazia, ou dizia.

— Professor... — ele chamou por Jin, que o olhou imediatamente.

— Não precisa me chamar de professor quando estivermos fora da escola, Jungkook.

— Ok... — disse, balançando positivamente a cabeça uma única vez. — Sabe... aquela prova de amanhã?

Seokjin estreitou os olhos para ele e eu prestei atenção nessa conversa.

— Posso fazer outo dia? — continuou, voltando a mastigar algumas batatinhas fritas.

— Claro que não, Jungkook! — Seokjin disse firme, me surpreendendo com sua postura séria. — Pelo que vejo agora, você não está doente e só poderia fazer a minha prova noutro dia com uma justificativa plausível.

— Mas eu tenho uma — o menino revelou. — Vou ao dentista amanhã.

— E está comendo desse jeito, como um louco? — indagou o professor dele, apontando para a comida na frente do outro.

— Não vou poder comer besteiras por um bom tempo, minha mãe não vai deixar — ele deu de ombros. — Eu posso fazer outro dia ou não? — insistiu.

— Não — o mais velho manteve sua palavra. — A que horas será sua consulta amanhã?

O garoto hesitou antes de responder, desviando brevemente o olhar para cima, antes de dizer: — Às nove e meia.

— Então dará tempo de fazer minha prova que será depois do almoço. Vá pela tarde e deixarei você entrar na sala. Não falte.

— Vou ter que fazer a prova com a boca anestesiada?

— Responderá as questões com a mão, não com a boca — Seokjin finalizou, voltando a comer e a criança suspirou.

— Por acaso não estudou, garoto? — me pronunciei depois.

— Claro que estudei. Na verdade eu sempre presto atenção nas aulas, apesar de não parecer e sempre tiro notas boas — ele se gabou, com um enorme sorriso. — Menos em química, aquilo é do satanás.

— Então por que perguntou se poderia fazer essa prova outro dia?

— Estava na esperança de poder faltar o dia todo amanhã.

Reprimi uma risada após ouvir sua resposta e vi Seokjin ceder a um sorriso, ainda com os olhos voltados para o seu aluno, dizendo: — Você não me escapa amanhã, bebê. — E piscou um dos olhos para Jungkook, rapidamente.

Isso não passou despercebido por mim. A reação desconcertada do mais novo também não e me peguei desejando que ele repetisse aquele gesto, apenas para apreciar.

De qualquer forma, a conversa sobre a avaliação de Jungkook acabou ali, junto à comida dele e voltamos a circular pelo shopping. Seokjin comprou mais um livro para a coleção dele antes de deixarmos o prédio e segui com meu carro na direção – já conhecida – da casa de Jungkook. A mãe do garoto parecia tranquila quando nos viu em sua porta, para deixar o filho dela em casa em segurança e agradeceu pela nossa paciência. Ela devia conhecer muito bem o filho.

Depois de nos despedirmos devidamente, recebendo cada um, um abraço forte do garoto que nos fez companhia pelo início da noite, a casa do meu cliente foi minha próxima parada.

E como se fosse um ritual, me convidei para entrar em seu lar novamente e dessa vez a pedido dele, tirando os meus sapatos. Ele me ofereceu chá e o tomamos juntos, sentados sobre o seu tapete roxo e felpudo no chão da sala. Parecíamos velhos conhecidos e a nossa conversa sobre assuntos bobos perdurou por alguns minutos, mas eu tive de interromper, para continuar com minha obrigação.

— Eu sei que... — comecei dizendo, dando uma breve pausa para rever minhas palavras. — Eu sei que já me contou o que aconteceu hoje, mas... Eu queria saber, como você se sentiu.

Seokjin estava sentado ao meu lado, com as costas escoradas no sofá vermelho, a caneca azul sendo segurada nas mãos e os cabelos loiros caindo em seus olhos, devido a cabeça levemente abaixada. Ele ainda usava o moletom vermelho de Jungkook, e estava indescritivelmente lindo, a ponto de me deixar hipnotizado.

Mais uma verdade a ser dita era que, eu estava começando a prestar atenção demais em cada detalhe dele e isso não era certo. Queria absurdamente também, vê-lo um pouco menos como estava naquele momento e mais como era antes. Sentia uma ponta de arrependimento por tê-lo convencido a mudar por fora, mas talvez fosse realmente preciso.

— Me senti visível demais — respondeu. — Como se vários holofotes estivessem direcionados para mim e eu estivesse com uma enorme placa nas mãos, estendida acima de minha cabeça e nela tivesse escrito “olhem para mim” em letras grandes. — Riu fracamente. — Foi estranho. E quase cheguei a perder a fé nas pessoas. Muitas só se importam mesmo com a aparência, mas acho que você não entenderia o que passei.

— Engano seu — retruquei rápido, ganhando seu olhar. — Eu sei exatamente do que você está falando, nem sempre fui esse bonitão confiante que está vendo agora, sabia?

Ele riu um pouquinho mais alto e isso me deixou satisfeito. — Ah é?

— Sim! Eu nunca fui nenhum popular na escola, na verdade eu era um CDF que ninguém dava a mínima e que não interessava a nenhuma das meninas. Até usava óculos.

— Mentira?! — disse, rindo mais, como se não estivesse mesmo acreditando no que eu dizia.

— É verdade, Jin! — confirmei, tentando me manter sério para convencê-lo. — Eu também era muito atrapalhado e costumava quebrar quase tudo que tocava. Não que isso não aconteça às vezes, mas o número de incidentes quando toco em algo diminuiu consideravelmente.

— Quando tudo mudou? — questionou ainda me olhando, tomando um pequeno gole de chá.

Expirei devagar, pensando em uma reposta sincera e após alguns segundos assim, falei de uma vez.

 — Quando eu... cansei de ser pisado. Mudei de estilo, mudei de atitude, mudei por mim.

— E agora é um consultor de relacionamentos galanteador — ele soltou, risonho.

— Isso foi uma indireta pelo que aconteceu na loja?

— Não sei. Diga-me você — devolveu, surpreendendo-me.

— Me desculpe por aquilo, não devia ter me dispersado da minha tarefa ali — pedi, tomando o pouco do chá que ainda restava na caneca em minhas mãos e a deixei em cima da mesinha de centro a nossa frente, já vazia.

— Esqueça isso, Namjoon. — Sacudiu uma das mãos. — Já estou acostumado com esse tipo de situação, por causa do Taehyung. Perdi as contas de quantas vezes ele me deixou sozinho por causa de algum cara que chamou a atenção dele, de quantos namorados ele teve, de quantos casos...

— Taehyung consegue ser ainda pior do que eu — admiti, deixando escapar uma risada depois de voltar a olhá-lo.

— Então quer dizer que já teve muitos casos e costuma estar sempre acompanhado de alguma mulher? — Seokjin perguntou, pondo sua caneca azul ao lado da que estava comigo.

— Sim. Mulher... Homem. Depende do que chama a minha atenção na pessoa — respondi, por impulso. Ele pareceu travar e continuou me encarando, com os lábios levemente entreabertos. — Surpreso?

— U-um pouco — ele disse acanhado, quebrando nosso contato visual.

— Vamos mudar de assunto — sugeri, revertendo o rumo que a conversa chegou, virando meu corpo para ficar de frente para ele. — Amanhã você irá chamar o Sehun para sair, sem rodeios, por que essa demora já está começando a me irritar.

Seokjin me encarou, com os olhos arregalados e negou copiosamente com a cabeça. — O quê? Não! Eu não vou conseguir.

— É claro que vai, Jin — refutei, com segurança. — Você irá se aproximar dele, vai perguntar se ele quer sair com você e esperar pela resposta. É simples, docinho — insisti, esperançoso. — E não adianta olhar para mim desse jeito, você tem que tomar uma atitude! É só agir com ele da mesma forma que agiu com Jungkook mais cedo, confiante e decidido. — Sorri ao lembrar-me do momento. — Eu gostei da piscadinha também.

— É u-u-uma mania, uma b-b-brincadeira — ele tratou de se explicar, mesmo sem precisão. — Mas isso não vai acontecer c-com Sehun.

Haja paciência.

— Tenha um pouquinho de pensamento positivo, Jin, o pior que pode acontecer é ele dizer um “não”. Você supera depois.

— Isso não é pensamento positivo, Namjoon! — Ele falou alto, estendendo suas mãos como se fosse me esganar ali mesmo.

Aish, não custa nada tentar! — Falei no mesmo tom de voz que ele usou.

Ele suspirou, dando-se por vencido e assentiu, baixando a cabeça e as mãos, simultaneamente. — Ok, eu vou tentar. Mas eu não prometo nada.

— Ótimo, já é um começo. — Deixei um sorriso adornar os meus lábios e fiquei observando-o por um momento, me perdendo em suas feições e sentindo que poderia ficar assim por um dia inteirinho. Eu estava começando a me acostumar com sua timidez para com alguns assuntos, e chegava a achar fofo. Os meus olhos estavam atentos a ele, até que desviaram para um porta-retratos logo atrás dele, em cima da mesa de canto, ao lado do sofá. Reconheci Jin e Taehyung na foto, mas não o outro rapaz mais baixo, entre eles. A curiosidade foi mais forte do que eu e me estiquei sobre Seokjin, para pegar o porta-retratos, voltando a sentar no tapete. — Quem é esse? — Apontei o loiro desconhecido por mim.

— Jimin — foi o que respondeu, após conferir quem eu apontava.

Olhei para ele, sorrindo pequeno. — Ainda tem fotos suas com seu ex?

— Somos amigos, e essa foto é especial para mim. — Ele tomou sutilmente o porta-retratos de minha mão e observou a foto, erguendo um único canto de seus lábios enquanto visualizava os três, lado a lado, abraçados e com sorrisos que denunciavam uma leve embriaguez.

— Ele é muito bonito — eu disse, sem medir palavras.

— Sim, ele é. Até demais.

— Você também é — murmurei. — Agora diga isso para si mesmo — pedi, pondo uma mão na frente da foto para ele esquecê-la por alguns instantes.

Seokjin levantou a cabeça, com as sobrancelhas levemente arqueadas e sorriu, dizendo baixo:

— Eu sou bonito.

E essa foi a maior verdade dita naquela noite.


Notas Finais


Não era para eu demorar tanto nas atualizações, mas eu sou uma procrastinadora, me desculpem por isso.

Ultimamente não estou gostando muito do que escrevo, mas espero que vocês não tenham odiado esse capítulo paradinho.

PS: nunca mudem por alguém, mudem por vocês mesmos e se isso te fizer bem.

Até a próxima e bjs da Mika :*


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