História May We Meet Again (MWMA) - Clexa - Chapter XXVIII: Just a cozy day.

Niagara Falls - Nova York/Canadá

Clarke despertou aquela manhã sentindo um aperto incomum no centro de seu peito. De olhos fechados ela suspirou profundamente antes de tocar o espaço vazio ao seu lado e perceber que realmente estava sozinha na cama, a obrigando a abrir os olhos.

A claridade do dia invadiu suas orbes azuis sem pudor algum, mas Clarke não tinha tempo para isso agora. Ela estava sozinha na cama e, talvez, no quarto. Segundos após constatar isso, ela lembrou que não estava em Nova York, o que aliviou um pouco a sensação estranha. Lexa podia estar resolvendo algo sobre a hospedagem...

E foi bem aí que Lexa apareceu.

— Oh, não...— Lexa murmurou audivelmente ao encarar Clarke.— Finge que está dormindo, eu trouxe café e você não vai acabar com o romantismo agora.

Clarke não acreditou no que Lexa dissera, mas isso não a impediu de rir.

— Quantos anos você tem?— perguntou a loira.

— Alguns. Vai, finge que está dormindo!— Lexa pediu novamente, reprimindo um sorriso também.

— É hora de mostrar meus dotes de atriz...— Clarke murmurou sozinha e fez o que Lexa pediu. Ela estava totalmente dentro do lance romântico, uma pena que não seria do jeito planejado.

Clarke deitou confortavelmente e fechou os olhos. Segundos depois ela sentiu a respiração de Lexa em seu pescoço, e depois a voz baixa da mulher:

— Bom dia, destruidora de romance...— esse quase sussurro fez Clarke abrir os olhos e virar para Lexa, mas ela estava ali pela arte da atuação e quando bateu os olhos no café da manhã...

— Oh! É para mim?— Clarke reagiu.— Que começo de dia perfeito!

Lexa encarou a atuação contente com o lado tão infantil de Clarke ganhando vida. É, a mulher era digna de um Oscar.

— Já pensou em ser atriz? Quase me convenceu agora.— Lexa perguntou sorrindo e depositou um beijo na bochecha da namorada, que fechou os olhos com o contato.

— Teria uma namorada famosa?— Clarke perguntou curiosa.

— Eu te teria de qualquer jeito.— Lexa disse calma e com uma simplicidade fora do comum, como se ela soubesse que Clarke seria dela e que ela seria de Clarke em algum momento de suas vidas.

— Até sem dente?— Clarke arqueou a sobrancelha.

Lexa a olhou, sem acreditar no que ouviu.

— Estranhamente eu acabei de me apaixonar por você novamente...— ela confessou assustada. Dessa vez Clarke riu e beijou a bochecha da presidente da Polis.— Eu te daria dentes novos...

— Eu não deixo você nem me dar um chocolate direito, Lexa.— Clarke riu.

— Bem, você não teria escolha.

— Por que? Agora eu tenho?

— Eu deixo você pensar que sim.— Lexa sorriu e levantou.— Como isso é um bate-volta, não vamos ficar muito tempo para ver tudo que tem de bonito aqui, mas acho que, se você quiser, podemos ir à vinícola da região e, claro, olhar as Cataratas de longe.

— O fato de estarmos longe de Nova York já é incrível o bastante, acredite.— Clarke disse sincera.— Volta aqui, não vou comer sozinha.— pediu ao relembrar que o café da amanhã estava bem ali.

Lexa sorriu levemente e suspirou.

— Então... sua mãe me chamou para o Natal...— Lexa comentou depois de sentar ao lado da namorada.

— Eu deveria ter te convidado, mas pensei que estava óbvio.— Clarke sorriu.— De qualquer jeito, ela nunca fica a noite toda. Eu provavelmente iria para o seu apartamento, né?

Lexa reprimiu um sorriso.

— É, sobre isso você está certa.

— É difícil para você? Essas épocas do ano, digo-

— Nah...— Lexa sorriu.— Você pode perguntar sobre mim, Clarke.— Lexa ergueu o rosto da loira com o indicador em seu queixo.

— Eu quero, mas não sei como. Não quero te deixar chateada de alguma forma.

— Vou facilitar para você.— Lexa cruzou as mãos atrás de sua cabeça e deitou, apoiando-se sobre elas.— Até onde eu sei, meus pais morreram em um acidente de carro. Eu tinha uns oito anos e estava na escola quando aconteceu. Às vezes me lembro do rosto deles, às vezes não passa de um borrão... e como não tinha família por aqui, acabei ficando em um orfanato, o que sinceramente não fez diferença porque eu sempre soube o que queria ser. Sempre tive planos para me tornar uma mulher respeitada e essas coisas. Eu sei que durante meus oito anos vivi mais com minha mãe do que com meu pai. Então quando eu estava indo embora do orfanato, uma das coordenadoras deixou escapar que tinha outra criança no carro com eles, mas depois desmentiu dizendo que confundiu os papeis com os de outra criança do orfanato. Eu deixei para lá porque Jeremy realmente tinha um irmão, que esteve em um acidente de carro. E depois disso... arrumei empregos, fui à Universidade e cheguei à Polis. Fiz uma família lá e não acho que gostaria se fosse diferente. Então conheci você e agora estou aqui.

Clarke sorriu sem saber como reagir. Ela não esperou que Lexa estivesse tão bem com isso, mas ela estava. Ela realmente estava.

— Obrigada por contar.

— Você me deixa confortável.— Lexa voltou a sentar.— Então, vinícola e Cataratas hoje?

— Tudo o que você quiser.

Era um dia frio, perfeito para não sair, mas nada seria capaz de segurar Lexa dentro daquele quarto. O que ela contou realmente não a afetava, ela gostava da sensação de deixar Clarke conhecê-la melhor, era o que ela mais queria. Em breve estariam juntas durante o Natal e outros feriados, era importante conhecer bem uma à outra. Pelo menos para Lexa era.

Clarke, por outro lado, sentiu-se feliz pela confiança depositada nela e percebeu que não tinha uma coisa no mundo que ela não faria para deixar Lexa bem e feliz do jeito que a mulher mostrava estar.

As vinícolas era tão impressionantes que elas perderam um bom tempo aprendendo sobre cada processo, da uva ao vinho. Lexa estava evitando beber e todo mundo notou, mas aquele vinho ela não recusou e muito menos foi interrompida. Clarke também não bebia muito normalmente, então foi uma experiência diferente para cada uma e ao mesmo tempo incrível porque elas estavam juntas. E um pouco à noite, as Cataratas tornaram-se a melhor visão que elas tiveram durante aquele mês.

Por algum momento Lexa pensou no assunto Polis e sua possível saída. E passar momentos mais "caseiros" estava tornando essa ideia cada vez mais sólida. Era isso, ela queria uma vida tranquila e apenas isso. Ela ainda era uma historiadora renomada, tinha até licenciatura. Dar aulas nunca fora seu foco, mas por que não tentar algo diferente? Ela queria algo diferente há um tempo, e talvez a hora estivesse chegando para que isso finalmente acontecesse.