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História Maybe Someday - Prólogo


Escrita por: SrNalu

Notas do Autor


Desculpem qualquer erro ortográfico

Capítulo 1 - Prólogo


Fanfic / Fanfiction Maybe Someday - Prólogo

Lucy 

 Acabei de dar um soco na cara de uma garota. E não foi o de uma garota qualquer. Foi o da minha melhor amiga, com quem divido o apartamento.  

 Bem, cinco minutos depois, acho que devo chamá-la de ex-colega de apartamento.  

 O nariz dela começou a sangrar quase imediatamente e, por um segundo, me senti mal por ter batido nela. Mas, então, lembrei-me de que ela era uma traidora filha da puta e me deu vontade de lhe dar outro soco.  E eu teria feito isso se Sting não tivesse evitado, se colocando entre nós duas.  

 Por isso, dei um soco nele. Mas, infelizmente, não o machuquei. Não tanto quanto minha mão.  

 Socar alguém dói muito mais do que eu imaginava. Não que eu tenha passado muito tempo imaginando como seria dar um soco em alguém. Embora eu esteja sentindo esse impulso novamente enquanto olho fixo para a mensagem de texto que acabei de receber de Natsu. Ele é outra pessoa com quem quero acertar as contas. Sei que, tecnicamente, Natsu não tem nada a ver com a situação difícil que estou enfrentando, mas ele poderia ter me avisado um pouco antes. Portanto gostaria de dar um soco nele também.  

Mensagem de Natsu:  Tudo bem? Quer vir para cá até parar de chover? 

 É claro que não quero. Minha mão já está doendo muito, e se eu subisse até o apartamento dele, ficaria doendo ainda mais depois que acertasse as contas com ele.  

 Eu me viro e olho para a varanda dele. Natsu está apoiado na porta de correr de vidro, me observando com o celular na mão. Está quase escurecendo, mas as luzes do pátio iluminam seu rosto. Seus olhos verdes encontram os meus e seus lábios se abrem em um sorriso suave e arrependido, o que quase me faz esquecer por que estou chateada com ele. Natsu passa a mão livre no cabelo para afastar uma mecha da testa, revelando ainda mais sua expressão preocupada. Ou talvez seja apenas arrependimento. Como deveria ser.

  Decido não responder e ignorá-lo. Ele balança a cabeça e dá de ombros, como se dissesse eu tentei. Depois volta para dentro do apartamento e fecha a porta.  

 Guardo o celular no bolso antes que o aparelho fique molhado e dou uma olhada em torno do pátio do condomínio de apartamentos onde moro há dois meses. Quando nos mudamos, o verão quente do Texas devorava os últimos resquícios da primavera, mas este pátio ainda parecia se apegar à vida. Vibrantes hortênsias violetas e azuis ladeavam os caminhos que levavam às escadas e à fonte no centro do pátio.  

 Agora que o verão havia chegado no seu auge nada atraente, a água da fonte ja tinha evaporado. As hortênsias não passam de uma lembrança triste e murcha da animação que senti quando Minerva e eu nos mudamos para cá. Olhar para o pátio neste momento, derrotado pela estação, é um paralelo sombrio em comparação com a forma que estou me sentindo. Derrotada e triste.  

 Estou sentada na beirada da fonte vazia de cimento, com os cotovelos apoiados nas duas malas que contêm a maior parte dos meus pertences, esperando o táxi me buscar. Não faço idéia para onde vai me levar, mas sei que prefiro estar em qualquer lugar que não seja este aqui. Que basicamente é sem um teto para morar.  

 Eu poderia ligar para os meus pais, mas isso apenas lhes daria munição para começar a jogar na minha cara Nós avisamos

Nós avisamos para voce não se mudar para tão longe, Lucy

Nós avisamos para você não namorar sério com aquele cara

 Nós avisamos que se você tivesse escolhido o curso preparatório de Direito em vez da música, estaríamos pagando para você.

 Nós avisamos que para quando socar alguém, deixar o polegar para fora do punho

Tudo bem, talvez nunca tenham me ensinado as técnicas adequadas para socar alguém, mas se eles sempre têm razão, bem que deveriam. 

Cerro o punho e, em seguida, estico os dedos. Então cerro novamente. Fico surpresa com o fato de minha mão estar tão dolorida e tenho certeza de que eu deveria colocar gelo. Sinto pena dos garotos. Socar é uma merda.  

 Sabe o que é mais merda? Chuva. Sempre encontra a pior hora para cair, como neste momento que estou sem teto. 

 O táxi finalmente chega, e me levanto para pegar minhas malas. Eu as puxo atrás de mim, enquanto o motorista abre o porta-malas. Antes mesmo de entregar para ele minha primeira mala, sinto o coração afundar no peito quando percebo que nem estou com minha bolsa.  

 Merda.  

 Olho em volta para onde eu estava sentada com as malas, depois apalpo meu corpo como se a bolsa fosse aparecer num passe de mágicas pendurada em meu ombro. Mas sei exatamente onde ela está. Eu a tirei do ombro e larguei no chão logo antes de acertar um soco em Minerva bem no seu nariz caro, parecido com o da Cameron Diaz.  

 Suspiro. E começo a rir. É claro que eu tinha que ter largado minha bolsa. Meu primeiro dia como sem teto teria sido fácil demais se eu estivesse com ela no ombro.  

 -Desculpe- digo ao motorista do táxi, que está carregando minha segunda mala. -Mudei de ideia. Não preciso de um táxi agora.  

 Sei que tem um hotel a menos de um quilômetro daqui. Se eu ao menos conseguir tomar coragem para entrar e pegar minha bolsa, vou até lá e pego um quarto até decidir o que fazer. Eu não tenho como ficar mais encharcada.  

 O motorista tira as malas do carro, coloca-as à minha frente no meio-fio e segue para a porta do carro sem sequer olhar para mim. Ele apenas entra no carro e vai embora, como se meu cancelamento fosse um alívio.  

 Será que pareço tão patética assim? 

 Pego as malas e volto para o lugar onde eu estava antes da chegada do táxi. Olho para o meu apartamento e me pergunto o que aconteceria se eu voltasse para pegar minha bolsa. Eu meio que deixei as coisas caóticas quando saí. Acho que preferia ficar sem teto na chuva do que ter que voltar para lá.  

 Eu me sento novamente em cima da mala e penso em minha situação. Eu poderia pagar para alguém subir lá no meu lugar. Mas quem? Não tem ninguém aqui fora, e vai saber se Minerva ou Sting entregariam a bolsa para a pessoa.  

 Que merda. Sei que vou ter que acabar ligando para algum dos meus amigos, mas, agora, estou envergonhada demais para contar a alguém como fui ingênua durante esses dois anos. Fui pega totalmente de surpresa. 

 Eu já estava odiando estar com 22 anos, e ainda tinha 364 dias pela frente. 

Estou tão na merda que comecei a...chorar? 

Que ótimo. Estou chorando. Sou uma garota chorona, violenta, sem bolsa e sem ter onde morar. E por mais que eu não queira admitir, acho que também estou com o coração partido.  

 -Está chovendo. Ande logo.  

 Ergo o olhar e me deparo com uma garota diante de mim. Ela está segurando um guarda-chuva e me olhando um pouco agitada, alternando o peso do corpo de uma perna para outra enquanto espera que eu faça alguma coisa.  

 -Estou ficando ensopada. Rápido

O tom dela é um pouco ríspido, como se me fizesse um favor e eu estivesse sendo ingrata. Ergo uma sombrancelha enquanto a observo, protegendo com a mão meus olhos da chuva. Não sei por que ela está reclamando de se molhar, considerando que não esta usando muita roupa para molhar. Está praticamente nua. Olho para sua camiseta cuja parte inferior é inexistente e percebo que ela está usando o uniforme sensual das garçonetes do restaurante Hooters.

  Será que esse dia poderia ficar ainda mais esquisito? Estou sentada em cima de praticamente tudo o que tenho debaixo de uma chuva torrencial, e recebendo ordens de uma garçonete arrogante do Hooters.  

 Ainda estou olhando fixo para a sua camiseta quando ela agarra minha mão e me puxa, irritada.  

 -Natsu me disse que você ia fazer isso. Tenho que ir trabalhar. Venha comigo que eu mostro onde fica meu apartamento. 

 Ela pega uma das minhas malas, levanta a alça e a empurra para mim. Pega a outra e sai andando depressa pelo pátio. Eu a sigo apenas porque ela está levando uma das minhas malas e a quero de volta.  

 Ela grita por cima do ombro enquanto começa a subir a escada: 

 -Não sei por quanto tempo você pretende ficar, mas tenho só uma regra. Fique longe do meu quarto.  Ela chega a um apartamento e abre a porta sem sequer olhar para trás para confirmar se eu a segui. Quando chego ao topo da escada, paro do lado de fora do apartamento e observo uma samambaia aparentemente não afetada pelo calor. Suas folhas frondosas e verdes demonstram a recusa de sucumbir ao calor. Sorrio para a planta, sentindo certo orgulho dela. Mas depois franzo o cenho ao perceber que estou com inveja da resistência de uma planta.  

 Balanço a cabeça, desvio o olhar e dou um passo hesitante para entrar naquele apartamento desconhecido. A planta parece com a do meu apartamento, só que este tem quatro quartos. O meu e de Minerva só tinha dois quartos, mas a sala é do mesmo tamanho.  

 A outra diferença notável é que não vejo nenhuma vadia mentirosa e com nariz sangrando por aqui. Nem a louça suja e as roupas sujas de Minerva espalhadas pela casa.  

 A garota  deixa minha mala ao lado da porta, depois dá um passo para o lado e espera que eu... Bem, não sei o que espera que eu faça. 

 Ela revira os olhos e agarra meu braço, me puxando.  

 -Mas o que é que tem de errado com você? Você fala? - Ela começa a fechar a porta atrás de si, mas para e me encara com olhos arregalados. Ela ergue um dedo. 

-Espere aí. Você não é...- A menina revira os olhos e dá um tapa na própria testa. - Ai, meu Deus. Você é surda.

  Hein? Qual o problema dessa garota? Nego com a cabeça e começo a responder, mas ela me interrompe.  

 - Sério, Juvia - murmura ela para si mesma. Depois esfrega o rosto e resmunga, ignorando completamente o fato de eu estar balançando a cabeça. 

-Às vezes, você é uma escrota insensível.  Uau. Essa garota tem sérios problemas para lidar com pessoas. Ela é mesmo um pouco escrota mesmo que se esforce para não ser. Agora ela acha que sou surda, nem sei como responder. Ela maneia a cabeça como se estivesse decepcionada consigo mesma, e então olha diretamente para mim.  

 -EU..TENHO... QUE.. IR.. TRABALHAR... AGORA! - berra a plenos pulmões e bem devagar. Faço uma careta eu dou um passo para trás, o que deveria ser uma grande dica de que eu consigo ouvi-la praticamente gritando, mas a garota não nota. Ela aponta para uma porta no final do corredor. 

- NATSU... ESTÁ...NO...QUARTO... DELE!  

 Antes que eu tenha a oportunidade de pedir para que pare de gritar, ela sai do apartamento e fecha a porta.

  Não sei o que pensar. Nem o que fazer. Estou em pé, toda encharcada, no meio de um apartamento desconhecido, e a única pessoa além de Sting e Minerva que tenho vontade de socar está a poucos metros de distância em outro quarto. E, por falar em Natsu, por que diabos ele mandou sua namorada maluca ir atrás de mim? Pego meu celular para mandar uma mensagem para ele no instante em que a porta do seu quarto se abre.  

 Ele anda pelo corredor carregando cobertores e um travesseiro. Assim que faz contato visual comigo, eu arquejo. Mas espero que ele não tenha notado. É que eu nunca o tinha visto assim tão de perto, e ele é ainda mais bonito próximo do que quando eu o via do outro lado do pátio.  

 Acho que eu nunca tinha visto olhos capazes de falar. Nem sei ao certo o que quero dizer com isso. Apenas parece que se ele me observasse por um instante com aqueles olhos verdes, saberia exatamente o que precisavam que eu fizesse. São penetrantes e intensos... Ai, meu Deus, estou encarando ele.  

 Natsu sorri com o canto da boca ao passar por mim e segue direto para o sofá.

  Apesar da sua expressão atraente e um pouco inocente, sinto vontade de gritar com ele por ser um traíra. Ele não deveria ter esperado mais de duas semanas para me contar. Eu poderia ter a chance de planejar isso tudo um pouco melhor. Não entendo como foi possível conversarmos por duas semanas sem ele ter sentido a necessidade de me contar que minha melhor amiga e meu namorado estavam transando.  

 Natsu joga os cobertores e o travesseiro no sofá. 

-Não vou ficar aqui, Natsu - digo numa tentativa de impedir que ele perca tempo com hospitalidade.  

 Sei que ele está com pena de mim, mas mal o conheço, e eu me sentiria muito mais à vontade em um quarto de hotel do que dormindo em um sofá estranho.  

 Mas preciso ter dinheiro para ficar em um quarto de hotel.  

 Algo que não tenho no momento.

 Algo que está dentro da minha bolsa, do outro lado do pátio, em um apartamento com as duas únicas pessoas do mundo que não quero vee agora.  

 Talvez o sofá não seja uma ideia tão ruim afinal de contas.  

 Ele o arruma e se vira, dando uma olhada nas minhas roupas encharcadas. Olho para baixo e noto que há uma poça se formando no chão.  

 - Ah, desculpe - murmuro. Meu cabelo esta grudado no rosto;  minha camiseta é apenas uma patética barreira transparente para o mundo ver meu sutiã rosa totalmente perceptível. 

- Onde fica o banheiro?   

 Ele indica a porta com a cabeça.

 Eu me viro, abro uma das malas, e começo a remexer nas coisas, enquanto Natsu volta para seu quarto. Fico feliz por ele não fazer perguntas sobre o que aconteceu depois da conversa que tivemos mais cedo. Não estou a fim de falar sobre isso.  

 Escolho uma calça de yoga e uma regata, depois pego minha nécessaire e sigo para o banheiro. Fico incomodada com o fato de que tudo neste apartamento me faz lembrar do meu, com apenas algumas sutis diferenças. Este é o mesmo banheiro, tipo suíte canadense, com porta para os dois quartos ao seu lado. Um deles obviamente é o de Natsu. Estou curiosa para saber a quem pertence o outro quarto, mas não o bastante a ponto de abrir a porta. A única regra da garçonete do Hooters é ficar longe do seu quarto, e ela não parece o tipo de pessoa que você queira enfrentar.  

 Fecho e tranco a porta que dá para a sala, e faço o mesmo com as portas que dão para os outros quartos, para me certificar de aue ninguém vai entrar. Não faço ideia se mais alguém, além de Natsu e da garçonete do Hooters, mora neste apartamento, mas não quero correr o risco. 

 Tiro minhas roupas encharcadas e as jogo na pia para não molhar o chão. Ligo o chuveiro e espero a água esquentar. Vou para debaixo da ducha quente e fecho os olhos, grata por não estar mais sob a chuva. Ao mesmo tempo, não estou muito feliz por estar aqui.  

 Nunca poderia imaginar que meu aniversário de 22 anos fosse terminar comigo tomando banho em um apartamento desconhecido e dormindo no sofá de um cara que conheço há apenas duas semanas, e tudo isso por causa das duas pessoas com quem eu mais me importava e em quem mais eu confiava no mundo.   


Notas Finais


É isso..


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