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História Mayday - Capítulo I


Escrita por: Gazettera

Notas do Autor


ALÔ ALÔ VAGALUMES, como estão?
Aqui estou eu de volta com uma fic 2jae. Eu sinceramente nem sei como essa história finalmente saiu porque to com ela em desenvolvimento há pelo menos quatro meses e não achei que sairia nunca. oasjdoaijsda
Eu fiz esse plot inspirada na letra de Mayday (o título nem me entregou) e, seguindo a última one shot que eu postei, a intenção é fazer dessa narrativa mais leve, descontraída e casual possível. De fic de drama pra chorar as pitanga a gente já ta cheio né aspkdapsokd
Bom, acho que é isso de início, não vou enrolar muito aqui em cima.
Me desculpem por qualquer erro.
Boa leitura!

[EDIT] Capitulo revisado e modificado no dia 20/10/2020. Eu levei alguns meses desenvolvendo os primeiros capítulos dessa fic e, quando cheguei no final, percebi que minha escrita já tinha evoluído muito e ao longo dos capítulos eu decidi deixar a escrita mais informal e descontraída. Lembrei que no começo eu era mais "travada" e resolvi voltar e ajeitar isso pras coisas se encaixarem. Nada importante nem nenhum acontecimento foi modificado, só adaptei algumas frases e adicionei alguns detalhezinhos a mais.

Capítulo 1 - Capítulo I


Fanfic / Fanfiction Mayday - Capítulo I

“Meu coração é um filme projetado num cinema de quinta categoria. A platéia joga pipoca na tela e vaia a história cheia de clichês.”

 

 

Save me, I can’t see in front of me

I won’t let you go, I can’t anymore

I’m in danger

I’m shouting Mayday

Please be the last missing piece of the puzzle

Save me, I am sinking into you

Take me out, I can’t breathe

MAYDAY

I lightly smile but

My insides are twisted without anyone knowing about it

Save me, I am sinking into you

Take me out, I can’t breathe

I am still afraid of this dark path

I don’t know where I’m going but

If you can hold my hand

Whatever I do, wherever I end up

Whatever is front of me

I will fly together with you

 

 

 

 

— Qual é a grande vantagem de ter alguma ambição na vida?

— Qual é a DESVANTAGEM? Desafios fazem bem Youngjae. – Jinyoung dizia pelo telefone com o tom de voz claramente alterado. —  Uma nova etapa na sua vida é uma boa coisa, considere uma evolução.

— Eu não quero evoluir! Pra que testar coisas novas se eu to bem desse jeito?

— Você se acomoda tanto. – Bufou. — Não sei como consigo conviver com você. No seu lugar viveria entediado.

— Minha vida é boa como é, Jinyoung. Eu escrevo, ouço música, aqui e ali tenho alguma inspiração, ta ótimo! – Me espreguiçava exageradamente torcendo para aquela discussão acabar logo. — Não preciso de experiências inovadoras ou contatos importantes. Preciso que você me dê um gancho, só isso. Use seus dons sociais mágicos e me dê uma força dessa vez.

— Para quem ta me implorando uma chance de emprego você parece bem desinteressado.

— Não estou desinteressado, só… desanimado.

— Olha… eu tenho que ir agora. E nem pense em dormir! Nove horas em ponto eu chego aí pra puxar sua orelha até outra galáxia.

— Ok, ok. Boa sorte!

— Tchau.

Frustração, era isso que eu sentia. Uma frustração apavorante e insanamente amedrontadora. Eu tinha acabado de finalizar uma faculdade, – uma longa, estressante e desanimadora faculdade - por que tudo parecia tão inalcançável? Nos meus sonhos mais perfeitos eu sairia com meu diploma, conversaria com um executivo, conseguiria meu tão sonhado emprego e ficaria assim, confortável.

Errado. Completamente errado.

Já se passaram exatos quatro meses e eu estou duro, falido, confuso, preocupado e com a vida completamente estagnada. Meu melhor amigo está com a carreira alavancada. Só nas duas últimas semanas Jinyoung já realizou 4 sessões de foto, uma delas para uma revista importante de moda. E eu apenas o acompanhei pelo telefone em seu caminho para lá, torcendo pelo sucesso do projeto enquanto assistia à temporada que eu simplesmente não conseguia terminar de The Walking Dead.

Parabéns Youngjae, conseguiu seu diploma de fracassado número um.

Não importava quantas vezes eu revisasse as histórias, roteiros e letras que se espalhavam por todos os cômodos do meu apartamento e pela área de trabalho do meu computador, eu nunca encontrava algo realmente promissor. Tentei de tudo, tudo mesmo. Ouvi aquelas músicas alternativas com batidas bizarras, li Shakespeare, assisti novelas, filmes de espionagem, pensei nas experiências passadas fracassadas da minha vida. Meu deus, eu até inventei de fazer uma vídeo-aula de yoga. Nada, de forma alguma, me inspirava. Nenhum material produzido pelas mãos de Choi Youngjae era digno de algum comprador com bom senso.

Jinyoung sempre tentava me bajular e me confortar. Lia meus romances com expressões bestas, ouvia minhas letras cantadas com aquela cara de idiota que a mãe faz quando o filho aprende algo novo. Ele até ria das minhas cenas improvisadas de comédia. Mas ele sabia que nada daquilo realmente ajudava. E os doces que ele insistia em me comprar também não eram um bom método.

Eu era um babaca desocupado, entediado, frustrado e com glicemia alta.

Ótima combinação.

Passei umas boas horas lendo livros e pesquisando por matérias de jornalistas na internet até ouvir meu amigo bater na porta como se não pudesse esperar nem um segundo a mais pra me estapear. Andei até lá sem vontade, calculando quantos minutos ia ouvir seu discurso motivacional, mas recebi apenas uma encarada constrangedora ao abri-la.

— O que?

— Estou pensando se vale mesmo a pena entrar nesse apartamento.

— Como assim?

— Você não vai ouvir uma palavra que sair da minha boca, eu não sou burro.

— Olha... – Respirei fundo. —  Eu prometo ouvir metade. Serve?

— Youngjae… - Me olhou torto, usando um tom de voz repreendedor.

— 50% ou nada feito. – Estendi minha mão até ele, mas apenas levei um tapa estalado nos dedos e fui empurrado para que ele passasse.

— Esse lugar sempre vai ficar inundado em bagunça assim?

— Dar uma de faxineiro não faz parte dos meus planos, já limpei esse mês.

— Isso é tudo trabalho… - Reclamou em tom baixo, lendo um bolo de papéis de um romance que escrevi e tinha odiado, abandonando em qualquer lugar pra fingir que nunca aconteceu. - Como você consegue?

— Incrivelmente eu acho minhas coisas muito mais facilmente quando elas não estão organizadas.

— Ainda bem que não moro com você.

— Vamos! Desembucha logo. - Suspirei, sentando no sofá.

— Pra começar e já terminar, não vou fazer nenhum discurso pra você hoje.

— Não?

— Não. Desperdício de saliva. – Suspirou, se jogando sentado ao meu lado. — Vou fazer uma coisa muito mais prática.

— Gritar comigo?

— Não.

— Me xingar?

— Não.

— Ficar me olhando com cara de desprezo a noite toda?

— Seria ótimo, mas também não.

— Então o que?

— Vou ser um ser humano sensato e te dar… Alternativas.

— Vindo de você, isso se chama ultimato. - Me olhou torto mais uma vez, na verdade eu já era até acostumado a ser julgado o tempo todo.

— Você me pediu ajuda, não foi?

— Tudo bem. – Me virei no sofá de modo que o encarasse. — O que é?

— Entrevista de emprego? - Levantou o dedo indicador, enumerando enquanto falava.

— Zero capacidade social.

— Concurso? - Ergueu o segundo dedo.

— Falta de confiança e auto-satisfação. - Jinyoung imediatamente bufou, abaixando a mão, derrotado.

—  Última opção. – Olhou no fundo dos meus olhos. — Sessão fotográfica.

— Você que é o fotógrafo, Jinyoung.

— Sim, eu sei. – Riu de mim, pela primeira vez — Digo, diretor geral da sessão.

— E existe isso?

— É uma série de fotos nova. Para uma empresa que eu sinceramente nunca ouvi falar. - Apoiou a cabeça com a mão direita no encosto do sofá, pensando. - São algumas fotos temáticas, seguindo uma espécie de história. Essa, que você escreveria.

— De onde você tirou isso?

— Eu tenho meus contatos. – Sorriu largo... quase irônico.

— Por que eu tenho tanto medo de perguntar?. – Jinyoung costumava ter contatos secretos extremamente duvidosos, com ênfase no extremamente.

— Você acha que eu sou um guia de empregos? Eu não sei de tudo. Mas essa pessoa já tinha esse trabalho preso há alguns dias e queria se livrar dele, ninguém melhor que você.

— Realmente parece bom.

Respondia Jinyoung encarando fixamente o chão. Calculando todas as minhas possibilidades. Não era o trabalho mais difícil do mundo, apesar de não ser o mais fácil, nem fazer um pingo de sentido no meu ponto de vista. Sem contar que, já estando no histórico da empresa, eu poderia pedir por mais indicações caso fosse necessário. Realmente, uma ótima ideia. Estava concentrado e divagando sobre o futuro até ser atingido por uma almofada.

— EI! – Jinyoung gritou, apontando para si mesmo — Foco! Foco!

— Eu já disse que é uma boa ideia, mas me deixe pensar nisso.

— Eu deixo.... Só tem um ‘mas’ nisso.

— Que? O que? Qual?

— Você não vai dirigir sozinho.

— Você não devia ter dito isso logo de cara? Quem é? Por quê?

— É um diretor de eventos. Pelo que eu li ele costuma trabalhar em diversas coisas. É principalmente um músico, mas parece ser bom no que faz. - Péssima, péssima, péssima notícia. Eu não costumava me dar bem com ninguém, ainda me enfiaria numa vaga dupla?

— Isso dificulta um pouco as coisas…

— Por favor, Youngjae! – Levantou-se bruscamente e me encarou com as mãos na cintura - Não é a pior coisa do mundo. Talvez vocês nem tenham que conversar! Você escreve seu roteiro, vai lá, comanda a sessão ou o que quer que seja, pede no máximo um ok desse tal aí e pronto, fim. Por deus, você precisa sair dessa toca.

— Mas eu não sei como ele é, como ele pensa, as ideias que ele tem... E se for um babaca e só me atrapalhar?

— Então você discorda e todos entramos num acordo. Eu vou estar lá pra salvar sua pele. - Sorriu convencido. - Fui contrato pra fazer as fotos.

— Então você me dá apoio?

— Eu já to começando a me sentir sua mãe. – Riu da minha cara por alguns segundos, começando a me dar nos nervos. — Então? Temos um acordo?

—  Hum…Temos.


 

∴*♡*∴

 

 

— Dez graus. Quem vive nessa temperatura do inferno? – Jinyoung reclamava pela vigésima vez enquanto dirigia o carro até minha casa.

Nunca entendi o porque dele gostar tanto do calor. Nunca gostei das estações mais quentes.  A sensação abafada, os insetos, o suor, o incômodo, o desconforto. Ou o sol. – Nada contra o sol nem nada, mas... bem, eu o odiava. - Nuvens, vento e frio, esse era meu dia perfeito. Mas se Jinyoung e eu concordássemos em alguma coisa em nossas listas de favoritos, tenho certeza que o mundo acabaria.

Ele se remexia com dificuldade entre as cinco – e eu repito – cinco exatas blusas que cobriam seu corpo. Só a gola de meio metro que cobria facilmente seu nariz e dobrava duas vezes em seu pescoço já eram o suficiente para me manter aquecido. Mas para ele nunca era o suficiente, era praticamente um esquimó.

— Para de reclamar e dirige direito. Quero chegar em casa vivo antes das suas blusas se revoltarem e causarem um acidente.

— Quem pediu carona do estúdio até aqui foi você. Nem vem com essa ladainha.

— Você tá parecendo um monstro das neves, Jinyoung. Nem ta ventando direito.

— Não gosto, não gosto, não gosto. – Repetia como uma criança — Odeio o inverno.

— Eu te faço um chocolate quente quando chegarmos, hm?

— Se eu não congelar até lá, aceito.

— Você não vai, supera. – Ri do seu exagero — Mas me fala... Como um diretor falta no primeiro dia de planejamento?

— Sub-diretor... - Rolei os olhos, nem ao menos o conhecia e já estava todo protetor. Clássico Jinyoung.

— De qualquer forma, era para ele estar lá.

— Ele não era completamente necessário hoje na verdade... – Jinyoung interrompeu seu argumento assim que viu minha expressão de ódio. —  Mas, é. Não faço ideia do porque. Pelo que parece nem o chefe do evento recebeu alguma satisfação dele.

— Era só o que me faltava. Ter que trabalhar com um orgulhoso convencido que prefere dormir a ir trabalhar.

— Você não sabe se foi isso que aconteceu...

— E o que mais pode ser? Tenho certeza! Assim que ele aparecer já vai estar com uma daquelas expressões sérias, de nariz empinado, olhando para todo mundo como se fosse superior. Vai apontar o dedo para tudo e mudar qualquer coisa que não o agrade, mesmo não tendo participado da reunião. E se eu disser algo ele vai apenas me responder “E quem é você?”, e virar as costas e ir embora completamente satisfeito, como se fosse muita bosta.

Eu sei, eu deveria corrigir minha mania de julgar as pessoas antes mesmo de conhecê-las, todos me dizem isso, mas... Olha, é mais forte que eu. Melhor prevenir que remediar, entende?

— O projeto nem começou e você já ta fazendo disso uma experiência terrível?

— Você ao menos sabe o NOME dele?

— Não, também não me disseram.

— Ele é o que? Um fantasma?

— Seria engraçado – Riu enquanto eu apenas bufava de indignação.

Se dependesse da minha sorte nas coisas, com certeza tudo que eu esperava daquele companheiro de trabalho misterioso seria verdade. Tudo bem que não se deve julgar as pessoas antes de conhecê-las, mas a situação já estava feita para que eu pensasse o pior. Definitivamente iria acabar trabalhando com um fortão do ensino médio que nunca superou o próprio ego e continua a ser um incômodo para todos por causa do temperamento. Eu tinha certeza.

Continuei divagando e imaginando milhares dos piores cenários possíveis pro meu futuro encontro com o ser que eu já odiava. Bufei e bati meu pé constantemente durante todo o percurso, ouvindo várias vezes Jinyoung reclamar sobre eu querer furar o assoalho do carro. Mal percebi quando chegamos ao estacionamento do condomínio, precisando levar um cutucão do meu amigo enquanto encarava o nada.

— Eu sei o que você está fazendo. Pare com essa ansiedade e de ficar achando que tudo de pior vai acontecer.

— Mas... – O segui rapidamente até o elevador. – E se tudo for realmente verdade?

— Não vai ser o fim do mundo, vai? – O observava arrumar os fios dos cabelos negros pacientemente no espelho dentro da caixa metálica. – Eu tenho certeza que não vai acontecer nada disso, pode ficar tranquilo.

Ao ouvir o toque, saímos rapidamente pelo corredor e entramos no meu apartamento. Vi Jinyoung correr até meu quarto em busca do cobertor mais quente disponível, enquanto lentamente me prontifiquei a preparar o chocolate quente que tinha prometido.

Informação importante: uma vez que eu me preocupo com algo, não consigo parar de pensar sobre isso, resultando em catástrofe. Perdi a conta de quantas vezes me queimei ou me cortei durante o processo. Até mesmo esbarrei em uma das canecas, vendo-a se espatifar no chão, mas continuei encarando os cacos imóveis sobre o piso, pensando sem parar no terror que seria dirigir aquela sessão. Jinyoung deixou sua caverna quentinha no sofá ,indignado com o meu estado, proclamando mais um dos seus discursos de como eu deveria prestar atenção e mudar esse meu comportamento avoado enquanto recolhia pedaço por pedaço de cerâmica quebrada. Ouvi vagamente algumas de suas longas frases, indo até o fogão e despejando o chocolate absurdamente quente nas canecas que me sobraram, cobrindo as duas com marshmellow.

Só consegui acalmar meus pensamentos aterrorizantes quando sentei no sofá, tomando meu chocolate, e fui recebido pelo cobertor de Jinyoung e seus braços que tentavam me esquentar e confortar. Aos poucos me aconcheguei no seu abraço e consegui rir das piadas do programa que passava na TV, me perdendo nas histórias sem pé nem cabeça que Jinyoung contava dos colegas de trabalho que teve que suportar na semana anterior. Mas aquele frio na barriga e o aperto no estômago continuavam ali, me lembrando de vez em quando do medo que me assombrava.

 

 

∴*♡*∴

 

 

Já era tarde quando acordei pelo final da manhã de segunda depois de sofrer por três semanas com a ansiedade da sessão que realizaria naquele dia. Me permiti dormir algumas horas a mais que o planejado para recarregar as cargas de felicidade que meu corpo necessitaria para passar ileso por toda a tensão. Ou pelo menos sem grandes torturas.

 

Claro que me atrasei, se fosse diferente não seria eu. Corri com toda a energia que eu tinha até o metrô, respirando com dificuldade durante a primeira parte do percurso que tomava para ir até o estúdio ao ar livre de fotografia alugado - e extremamente caro. Quando cheguei, visivelmente cansado e claramente preocupado – mas por um milagre apenas cinco minutos atrasado – Jinyoung estava com a câmera pendurada no pescoço, apoiado na coluna próxima da entrada. Batia seu pé esquerdo contra o chão e permanecia com os braços cruzados em frente ao peito durante todo o tempo que eu levei do início da estrada até ele.

— Já tava achando que tinha desistido.

— Foram só cinco minutos, Jinyoung. – Apoiei a mão no peito, tentando controlar a respiração. — Impaciente.

— Bom, vamos logo, pega seu material e o roteiro. Vamos começar a trabalhar em quinze minutos.

— A equipe toda já ta aqui?

— Sim. – Respondeu sério, concentrado nos ajustes da câmera.

— Toda mesmo? Inclusive o senhor mistério?

— Ele chegou mais cedo, na verdade.

— Mesmo? Descobriu o nome dele? Como ele é? – Jinyoung riu soprado e sorriu arteiro para mim. Coisa boa não era.

— Vá descobrir por si mesmo. – Simplesmente saiu em direção aos equipamentos de iluminação armados em círculo a alguns metros de onde eu estava.

Eu suava cada vez mais frio e tremia cada vez mais, ciente que aquele nervosismo não era nada saudável mas que simplesmente não conseguia evitar. Tirei meu casaco como se pesasse algumas toneladas e recolhi todos os guias e roteiros que eu precisaria como se fossem a última coisa que eu faria. Reli as linhas intermináveis que eu mesmo tinha escrito como se nunca tivesse lido antes, às vezes nem mesmo reconhecendo o que algumas palavras queriam dizer.

Se continuasse naquele estado entraria em pânico. Então me sentei na cadeira mais próxima, fechei os olhos e joguei minha cabeça para trás, respirando fundo. Pensei nas coisas boas e que eu gostava. Nas músicas que me acalmavam e nas piadas que Jinyoung faria comigo no dia seguinte. Imaginei todas as cenas de fotos que tinha escrito prontas, como pinturas, bem iluminadas e perfeitas. Aos poucos me acalmei, consegui parar de tremer e aceitei o desafio pelo que iria passar. A partir daquele momento eu não seria mais o Youngjae inseguro que não consegue se comunicar com as pessoas e fica por trás de todos, observando seus feitos, com medo de atrapalhar alguém. Seria um líder, que comanda o que precisa ser feito e que realiza seus projetos com a perfeição e segurança que precisa. Bom... se o cara que ia trabalhar comigo concordasse, mas essa parte no momento não importava.

Lentamente esvaziei a cabeça e me prendi aos sons banais à minha volta. Os cliques e flashes das câmeras de Jinyoung, as batidas das canetas  dos assistentes do projeto contra suas pranchetas, os sprays das cabeleireiras, os pincéis das maquiadoras, as ordens das estilistas aos modelos que se espalhavam pelo lugar. Acostumei cegamente às pequenas coisas que me cercavam, me fazendo mais a vontade no ambiente. Mas tive minha atenção roubada por um som de passos fortes, confiantes, que vinham ao longe. Lentamente ficando mais altos, aparentando vir na minha direção. Por reflexo imaginei que seria algum modelo, passando reto por mim em direção à algum camarim, mas quando os passos ficaram altos o suficiente para estarem à minha frente, pararam, dando lugar ao som de sucção em um canudo.

Abri meus olhos apenas o suficiente para observar quem era, imaginando que seria algum dos assistentes, ou Jinyoung. Nem ao menos me preocupei em erguer a cabeça ou dar sinais de que o havia notado. Mas quando avistei a pessoa que estava ali levei um susto, dando um salto inconscientemente na cadeira, me desequilibrando e quase caindo no chão. Retomei meu sentidos e apoiei minhas mãos nos joelhos, tentando voltar ao estado normal. Encarava fixamente o chão, sem coragem de olhar de novo pro monumento de homem na minha frente depois de ter uma reação tão... exagerada.

— Tudo bem com você? – A voz séria e levemente rouca me perguntou e eu não sabia onde enfiar a cara.

— T-tudo. Eu só... - Respirei fundo, me recuperando do susto.

Um e oitenta com certeza, talvez mais. Cabelos levemente longos, quase na altura do queixo penteados para trás. Os olhos pequenos, charmosos, em contraste com os lábios levemente grossos. Pele incrivelmente branca e ombros extremamente largos, contrastados com o sobretudo preto que os cobria. Calça apertada, contornada com tarrachas e correntes de metal e botas grandes. Poucos segundos que consegui olhá-lo já foram o suficiente para notar tudo aquilo. Era bonito, muito bonito. Malditamente bonito.

— Desculpa, acho que te assustei. Parecia concentrado. – Ouvi mais um gole sendo puxado pelo canudo do café que segurava.

— Tudo bem. Você precisa de algo? É um dos modelos? – O olhei novamente, tentando controlar o batimento do tambor no meu peito.

— Você acha? – Sorriu para mim. Ótimo, esse sorriso, era tudo que eu não precisava.

— Parece. Quero dizer... - Respirei fundo, torcendo pra não ter começado já falando merda. - Não é?

— Na verdade eu sou o segundo diretor da sessão. – Engoli em seco, encarando-o surpreso. —  Você é o Youngjae, não é?

— Vo... Você? – Ele continuava sério, transmitindo uma aura poderosa que eu não entendia de onde vinha. Se ele tinha alguma coisa, isso era presença.

Eu. - Riu, parecendo achar graça da minha confusão. - Desculpe não ter me apresentado antes, tive problemas com meu equipamento na reunião passada. Emergência, sabe como é...

— Ah sim, tudo bem. Eu só não esperava...

— O que?

— Ahm, nada, deixa pra lá... Sou eu mesmo, Choi Youngjae, prazer em conhecê-lo. – Estendi minha mão até ele.

— Espero trabalharmos bem juntos, Youngjae. – Apertou minha mão. – Im Jaebum.

 

 

 

 

 


Notas Finais


OIOI Pra um primeiro capítulo de introdução é isso, espero que tenha interessado.
Bom, como eu disse essa fic já ta em desenvolvimento tem uns meses, então já tenho mais uns 6 capítulos adiantados pra vocês. Não sei se vou ter uma postagem regular de caps, nem o quanto vou demorar pra voltar com eles, vai depender da minha disponibilidade e do feedback que eu receber. Mas não devo demorar.
Eu também fiz uma playlist pra Mayday, que segue mais ou menos os acontecimentos da história e o clima que eu quero passar com ela. Caso alguém queira ler os próximos capítulos ouvindo: https://open.spotify.com/user/22sbosd7itz5ulhtxupg6d6ia/playlist/1OBxbwSZQPV0GhGE66GYIe

Se alguém também quiser comentar algo comigo ou só bater um papo mesmo, podem me encontrar no @chogiwhos no twitter. :3

É acho que é isso.
Até a próxima.
Sejam gentis nos comentários.
Bejo bejo.


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