História Me and my K-Dancer Friend - Imagine J-Hope - Um Novo Emprego

-Não, não, não, não, não! –eu disse desesperada. Como pude não prestar atenção nesse detalhe crucial?

Espera um pouco... Big Hit... não é uma empresa de K-Pop? Me parece familiar, sou péssima para lembrar os nomes das empresas que patrocinam cada grupo... ah meu Deus, como pude ser tão burra?!

De repente, como se o universo estivesse decidido a esfregar minha burrice e falta de atenção na minha cara, eu me dei conta da quantidade de pessoas que estava ali para fazer a inscrição. Tantas garotas, provavelmente muito melhores do que eu para esse papel...

-Pensei que gostasse de grupos musicais coreanos! –minha mãe tentou me animar ao ver a minha reação. –Vamos lá, você vai se dar bem!

-Não, não! –respondi rapidamente, olhando para o formulário preenchido em cima da mesa e pensando seriamente em tocar fogo nele. Então voltei a encarar minha mãe. –Tem duas coisas que me impedem de “me dar bem”! Primeira: tem uma enorme diferença entre gostar de K-Pop e ser uma K-Idol! Esse é um daqueles sonhos que a gente só sonha por sonhar, sabe? E segunda: eu não tenho a menor chance! Quantas pessoas devem ter se candidatado? Umas cinquenta, só de Seul, no mínimo? Eu não vou conseguir!

-Não seja tão pessimista! –Min-jun interveio. Ele me dava um sorrisinho encorajador. Virei para Min com uma cara emburrada e fui claramente ignorada. –Você estava quase terminando a faculdade de música e costumava dançar muito em qualquer apresentação da escola! Você provavelmente tem mais experiência do que a maioria das garotas que está se inscrevendo!

-Elas pelo menos sabiam para o que estavam se inscrevendo! –eu o interrompi. Apesar da minha ligeira raiva, me senti bem ao constatar que Min-jun acreditava em mim. Uma qualidade muito boa de Min era que ele não era invejoso. Mesmo que meu emprego fosse diferente, mesmo que eu pudesse ficar famosa (eu realmente não acredito nisso), Min sempre me apoiava.

-Você também sabe agora! –ele continuou sorrindo. –Você adora o K-Pop, você é uma cantora ótima e uma dançarina maravilhosa! As outras garotas é que deviam estar com medo de se inscrever! O que você tem a perder?

Continuei a encarar meu irmão sem acreditar no que estava ouvindo. Depois de alguns segundos (que mais pareciam séculos), eu suspirei. Então, pegando minha ficha de inscrição em cima da mesa, caminhei lentamente para o balcão da secretária e a entreguei o que parecia mais minha sentença de morte do que um formulário. Voltei com a mesma velocidade para o ponto de onde eu havia partido e me sentei novamente no sofá;

-Essa é minha _____! –minha mãe e Min exclamaram ao mesmo tempo com orgulho.

-Só espero que dê certo... –sussurrei, enquanto Min-jun saia rindo em direção a recepcionista para entregar a própria ficha.

Mais alguns minutos se passaram à medida que várias garotas eram chamadas individualmente para uma entrevista. Nesse meio tempo, minha mãe teve que voltar ao trabalho. Ela me desejou boa sorte ao sair, e eu fiquei ali com Min.

Os minutos se arrastaram enquanto eu continuei sentada e tensa, até que chamaram meu nome. Levantei de um pulo do sofá e fui para a sala que a recepcionista havia me indicado. Chegando lá, bati na porta e entrei.

Um homem, que aparentava ter aproximadamente trinta e poucos anos, me recebeu. A sala era um estúdio de dança espaçoso de piso preto. Havia o logo da Big Hit na parede branca.

-Srta. _____, certo? –ele perguntou, analisando alguns papéis (os quais supus serem meu formulário)

-Sim. –respondi com o que pretendi que fosse uma voz calma, me curvando ligeiramente em sinal de respeito e me aproximando.

Fiquei ligeiramente nervosa ao responder as perguntas, mas consegui disfarçar bem. Acho que tudo teria sido mais fácil se eu continuasse sem saber qual era o emprego. Se bem que eu teria achado a pergunta “Por que você quer se tornar uma K-Idol?” realmente muito estranha se esse fosse o caso.

-Eu... –hesitei um pouco. Respirei fundo e continuei. –eu fazia faculdade de música no Brasil antes de me mudar para cá. Eu realmente gosto muito de música, principalmente o K-Pop, então julguei esse trabalho como uma ótima oportunidade para fazer o que gosto e me expressar no mundo artístico.

-Sim... –ele respondeu, fazendo anotações em uma prancheta. Ele anotava muita coisa desde que a entrevista começara. Seria isso um mau sinal? –Agora, acha poderia interpretar esta coreografia? –o entrevistador me entregou um diagrama de dança simples, e eu analisei os passos com cuidado. –Pode seguir seu próprio ritmo e se tiver algum problema, não pare. Improvise sua própria interpretação da música.

Balancei a cabeça afirmativamente, me focando completamente no diagrama. Não era complicado e eu era (modéstia a parte) uma pessoa que aprendia rápido.

Quando afirmei estar pronta, o entrevistador ligou as caixas de som e uma música rápida começou a tocar. Acompanhei as batidas da música com os passos da coreografia. Tive que improvisar com algumas partes, mas dancei com o coração. Quando a música cessou, não pude dizer se estava orgulhosa ou não do meu desempenho. Afinal, não era a minha opinião que valia no momento.

Depois disso, o homem ainda fez um teste vocal e um teste para ver como era a minha pronuncia, tanto em coreano como em inglês. Depois de tantos testes, perguntas e anotações, ele me dispensou.

-Por favor, passe na sala ao lado para tirar uma foto. –ele disse, guardando as anotações e meu formulário em uma pasta com compartimentos. –Você receberá o resultado da entrevista dentro de quatro dias. Boa tarde.

-Boa tarde. –me curvei ligeiramente e saí da sala. Chegando à sala ao lado, um fotógrafo estava pronto para tirar as fotos. Ele tirou umas três fotos rápidas e então pude finalmente sair à procura de Min.

Eu o encontrei saindo de uma sala quase ao mesmo tempo em que eu chegava ao hall de entrada.

-Hey, passou uma eternidade lá! –ele comentou, passando o braço por cima do meu ombro enquanto saíamos. –Fiquei um tempão esperando você voltar até que me chamaram para a minha entrevista. Ainda deu tempo de eu acabar antes de você!

-Acabamos ao mesmo tempo! –reclamei, rindo e tirando o braço dele de cima dos meus ombros.

-Ok, vou deixar passar essa.

-Vamos passar na cafeteria antes de ir para casa, ok?

  ****

Eu estava com dificuldade para dormir. Talvez fosse nervosismo...

-Min? –eu o chamei. Um “o que?” cansado me indicou que ele estava acordado. Continuei encarando o teto enquanto falava. –Como foi sua entrevista?

-Foi... –ele ficou em silêncio por um segundo. –Não sei dizer como foi. O entrevistador me pediu para abrir alguns programas no computador e mostrar como eu os utilizava, e depois tive que escrever alguns artigos de teste. Mas acho que gostei do emprego. Mamãe sabe que eu gosto de escrever, então ela me inscreveu para se editor de artigos da Big Hit! Não sei explicar exatamente qual é o emprego, mas eu li o P.S.

-Hm... –eu sei que a intensão dele era de me fazer rir ou ficar com raiva, mas não funcionou para nenhuma das duas coisas.

-E você? Como foi? –ele perguntou.

Contei como havia sido a entrevista e, surpreendentemente, me senti um pouco melhor. Acho que eu só precisava compartilhar a experiência com alguém.

-Wow, aposto que você vai conseguir! –ele me animou.

-Talvez... –comentei, me virando na cama e voltando a tentar dormir. –Temos que esperar para ver, não?

  ****

Domingo – 08:00

Quatro dias... já haviam se passado quatro dias. A Big Hit deveria me ligar ou qualquer coisa hoje. Era necessário colocar o número de telefone no formulário, então suponho que seja isso, afinal, era mais rápido e prático. O nervosismo tomava conta de mim de tal forma que eu já não prestava atenção em mais nada. Só fui reparar que estava colocando suco ao em vez de leite no meu cereal quando Min chamou minha atenção.

-Hey, relaxa, ok?

-T-tá... –concordei. Comecei a checar meu celular a cada dois minutos para ver se tinha alguma mensagem nova. Nada...

Passei umas três horas checando o celular em procura de mensagens. Ainda nada...

-Hey, _____! –Min me chamou, enquanto entrava correndo pelo quarto (no qual eu permanecia mexendo no celular) Pelo tom de sua voz, era uma coisa boa. –Recebi a resposta da minha entrevista!

-Sério?! –perguntei. Fiquei igualmente animada por ele. –Que bo... AH! –levei um susto quando meu celular vibrou indicando a chegada de uma nova mensagem.

Tremendo, peguei o telefone e constatei que não era uma mensagem qualquer. Era a resposta da minha entrevista.

–FINALMENTE CHEGOU! –gritei alegremente para Min, que ainda ria do meu susto.  –Então... vamos ler ao mesmo tempo?

Min balançou a cabeça afirmativamente e começou a ler a mensagem dele. Eu comecei a ler a minha.

“Srta. _____,

Temos o prazer de lhe informar que sua entrevista foi um sucesso e que a Srta. foi aceita para participar do novo grupo feminino patrocinado pela nossa equipe! Esperamos a sua presença na empresa Big Hit às 15:00 horas da tarde de hoje. Por favor, confirmar a presença na recepção.

Se a senhorita não se apresentar na empresa, entenderemos esse ato como uma recusa ao emprego e deveremos convocar a próxima concorrente ao cargo o quanto antes.

Atenciosamente

Equipe Big Hit Entertainment”

Fiquei calada e completamente paralisada por mais de um minuto. Li e reli a mensagem bem umas cinco vezes para garantir de que eu não havia lido errado ou perdido alguma coisa.

-Eu consegui... –sussurrei. Min se virou para mim. Sua expressão não havia mudado desde que começara a ler a mensagem.

-Você está bem? –ele perguntou. Eu provavelmente estava com uma cara de idiota absoluta. –O que foi?!

-Min... –me voltei para ele com os olhos brilhando e um sorriso se formando em meu rosto. –Min, eu consegui!

Pulei nos braços do meu irmão e o apertei em um abraço sufocador.

-Parabéns! –ele disse feliz, retribuindo meu abraço com força. –Eu disse que você ia conseguir!

-É, disse! –continuei sorrindo quando nos separamos. –E você? –tentei pegar o celular da mão de Min, mas ele se afastou, guardando o celular no bolso.

-Não pegue meu celular. Mas eu também consegui! –ele falou, também sorrindo. Fiquei com um pouco de dúvida, mas confio em Min.

-Que bom! Eu sabia que você também ia conseguir, Sr. Editor de Arquivos da Big Hit!

Nós rimos. Passei mais três horas ansiosas apreciando essa nossa vitória. Claro que passou pela minha cabeça que a carreira de K-Idol seria difícil. Eu só passei pela parte mais fácil. Mas hey, pensamentos positivos!

Depois desse pequeno tempo, fui direto para o banheiro tomar banho e me arrumar com (roupa de sua preferência). Faltando somente vinte minutos para eu poder chegar à Big Hit (SUA ABESTADA IRRESPONSÁVEL!), eu e Min saímos do apartamento e corremos para pegar um táxi.

Chegamos à Big Hit com pressa, mas, por sorte, a tempo. Fui direto para a moça da recepção confirmar minha presença e me sentei no mesmo sofá no qual eu havia me sentado para preencher a minha ficha linda e maravilhosa. Como pude pensar em tocar fogo nela?

Reparei que a quantidade de pessoas estava bem menor do que no dia em que da inscrição. Me perguntei quais daquelas pessoas seriam minhas parceiras...

Cinco minutos apreensivos se passaram antes da secretária me chamar. Min me desejou boa sorte quando me levantei e me dirigi ao balcão da recepção.

-O senhor Yang-hun lhe aguarda na sala cinco. –a recepcionista disse. –No corredor à direita.

-Obrigada. –eu falei, me virando e seguindo para a sala indicada. Pude ouvir a recepcionista chamando mais um nome depois do meu. O nome me parecia estranhamente familiar.

Chegando à sala, bati na porta e entrei. Lá dentro havia mais quatro garotas e dois homens. As garotas, eu pensava, deviam ser minhas novas parceiras. Um dos homens devia ser Yang-hun (provavelmente o representante da empresa) e o outro devia ser nosso CEO. Bem, isso tudo era suposição.

-Ah, olá! –um dos homens falou. Ele parecia ser simpático. –Você é...?

-_____. –confirmei.

Logo depois disso, alguém bateu na porta e outra garota entrou. Ela era horrivelmente familiar. Mas quem...

-Ah, você deve ser Ji-u? –o mesmo homem perguntou.

A garota confirmou e a realidade recaiu sobre mim. Ji-u? Eu a conheço! Ela havia feito um intercambio de dois anos no Brasil quando estávamos no Ensino Médio! Ela foi uma das minhas melhores amigas! Nossa, como a coincidência é louca! Será que Ji-u ainda se lembrava de mim?

-Enfim, comecemos com isso! –o outro homem falou. –Bem garotas, primeiramente, olá! Vocês foram as seis escolhidas entre muitas e muitas garotas que se inscreveram para fazer parte do novo girl group patrocinado pela nossa empresa! Vocês devem se comprometer a trabalharem com vigor e produtividade. Mais detalhes serão dados ao longo de suas jornadas de trabalho. Agora, vamos às apresentações!

-Sou Yeong-ho. –o homem gentil se apresentou sorrindo. –Serei seu CEO daqui para frente. Podem contatar a mim ou ao senhor Yang-hun para qualquer problema. Tenho certeza de que será um prazer trabalhar com vocês, garotas!

-E eu sou Yang-hun. Sou o representante da empresa, e também estou certo de que será ótimo trabalhar com todas vocês!

Eu e as outras garotas sorrimos para os dois homens. Eu estava ficando tão animada!

-Como devem saber, também patrocinamos outras celebridades, como os famosos Bangtan Boys! –Yang-hun pronunciou. Algumas três das garotas suspiraram e sorriram, duas delas ficaram em pleno silêncio e eu simplesmente pisquei.

Bangtan Boys, o famoso BTS. Sim, conheço esse boy group. Não pode existir um K-Popper que nunca tenha ouvido falar do BTS! Mas ouvir falar é uma coisa. Gostar é outra. Não que as músicas fossem ruins, mas... não sei explicar. Eu simplesmente não sabia o que dizer daquele grupo. Não era o meu favorito.

-Vocês podem se conhecer em breve. –Yang-hun continuou. –Mas devemos lhes explicar algumas coisas antes. Yeong-ho...

-Sim, sim. –Yeong-ho continuou. –Vocês seis passarão um bom tempo aqui, então deverão trazer alguns pertences amanhã. Vocês terão um dormitório a dividir durante os dias úteis, então sugiro que se deem bem! –ele sorriu, nós rimos levemente, encarando umas as outras. –Nos fins de semana vocês poderão ir para suas respectivas casas. Ainda teremos que decidir o nome do grupo, suas posições e vocês têm que decidir seus nomes artísticos. Mas isso fica para depois. Agora devemos falar de uma coisa muito importante. –Yeong-ho ficou mais sério e tirou um maço de papéis de dentro de sua pasta. –Vocês deverão assinar este contrato e, assim, estarão oficialmente fazendo parte da Big Hit Entertainment.

Yeong-ho então colocou o contrato em cima de uma mesa. A garota mais alta ao meu lado foi a primeira a se aproximar, ler o contrato, pegar uma caneta, e assiná-lo. Lentamente, eu e as outras garotas fizemos o mesmo. Eu li o contrato com particular atenção, só para garantir de que não haveria nenhum imprevisto depois. Só havia um ponto que me intrigava. Era um contrato de cinco anos. Bem, cheguei até aqui, não vou voltar atrás!

Yang-hun recolheu então o contrato com as seis assinaturas e continuou.

-Amanhã vocês deverão se encontrar aqui às oito horas da manhã. Terão tempo para se conhecer melhor, conhecer o resto da equipe e para fazer algumas decisões importantes para o grupo. Lembrem-se de trazer seus pertences, pois passarão maior parte da semana aqui. Bem, tendo dito isso: estão dispensadas, meninas. Até amanhã!

Yang-hun, Yeong-ho e as outras meninas se dispersaram para fora da sala, e eu fui junto. Mas, no meio do caminho, parei Ji-u, pensando em conversar com ela.

-Oi, Ji-u! –eu a cumprimentei, um pouco nervosa. –Você se lembra de mim? Você fez intercâmbio na minha escola no Brasil por dois...

-É claro que me lembro de você, _______! –ela sorriu e me abraçou. Ji-u, afetuosa como sempre. –Senti saudade! Maior coincidência termos sido aceitas no mesmo grupo, não?

-Pois é! –eu desfiz o abraço de leve. –Eu não achei que fosse te ver de novo depois que nós perdemos o contato!

-Eu também não! Ah... –ela olhou para o relógio que tinha no pulso. –Desculpa, _____, preciso ir! Minha mãe está esperando em casa para saber como fui. Amanhã a gente conversa, ok?

-Ok!

Despedimo-nos e, chegando ao hall de entrada, encontrei Min já a minha espera. Min-jun... como eu contaria que agora eu só passaria dois dias por semana com ele? Uma hora é claro que teríamos de nos separar, eu só não pensei que não seria tão cedo...

-E aí, como foi? –Min perguntou, se espreguiçando enquanto um táxi chegava.

-Bom. Ótimo, aliás! –eu respondi, entrando no carro. –E você?

-Bom, bom... –ele respondeu com a voz calma.

A viajem até o apartamento seguiu silenciosa. Eu precisava contar. Eu iria embora amanhã, não poderia simplesmente esconder. Chegamos à porta do apartamento cedo demais. Fiquei um pouco triste em pensar que não precisaríamos da copia da chave afinal...

-Min... –eu o chamei. –Eu... vou ter que passar maior parte da semana na Big Hit e só vou poder voltar para casa nos finais de semana!

A frase toda saiu muito rápida e, antes que eu pudesse refreá-la, ela já havia escapado. Min-jun só ficou me encarando. Ele pareceu querer falar alguma coisa. Depois de muita hesitação, ele pronunciou:

-Tudo bem, entendo. –ele pareceu um pouco magoado... –Você vai ter uma nova vida, afinal... só te desejo boa sorte, maninha!

Ele passou a mão na minha cabeça, me descabelando, e foi direto para o quarto.