História Me apaixonei pelo meu melhor amigo gay - Piloto

122 dias antes

Era domingo, íamos para a igreja, Mary havia morrido. Ela fazia parte do coral da igreja e era filha de um policial da cidade. A cidade era pequena, todos souberam e foram prestar os pêsames. Disse a minha mãe que não queria ir, não por falta de respeito, mas sim porque eu não gostava de locais desse tipo desde que vovó tinha morrido, minha mãe compreendera, e logo partiu com meu pai e meu irmão, me deixando sozinha em casa.

             Lembro-me de quando fui fazer parte do coral da igreja, estava nervosa e quem me acalmou foi Mary, ela virou para mim e disse "Você tem cara de quem canta bem, no meu primeiro dia de ensaio, eu quase destruí a igreja, então finja que está em casa cantando no chuveiro" e isso me ajudou a passar o nervosismo. 

 [...]

No dia seguinte, na escola, todos só falavam disso, o diretor indicou irmos a psicóloga, coisa que eu não fizera, pois achei que aquilo não era necessário, já que não era obrigada, fui para sala mais cedo, e acabei encontrando um garoto, certamente novato, nunca o vira antes na escola.

 - Oi, meu nome é Oliver e o seu? - Ele estende a mão para me cumprimentar.

 - Vega. - Eu o cumprimento. 

 - Vega? Qual é desse nome? - Ele pergunta.

 Geralmente todos achavam meu nome estranho, então sempre me davam o trabalho de explicar.

 - Origem Árabe, significa "caindo abutre", minha mãe gosta desse nome então colocou. - Digo colocando meus materiais a mesa e me sentando no fundo.

 - Legal, muito diferente - Ele vai onde estava sua mochila e coloca pra se sentar perto de mim.

 Conversávamos enquanto as pessoas iam chegando e ocupando a sala.

 - Quem é Mary? Escutei muita gente falando dela. - Ele diz.

 - Filha de um policial, ela morreu afogada no final de semana, seria nossa colega. - Digo

 - Que pena. Era sua amiga? - Ele pergunta.

 - Fazíamos parte do coral da igreja, mas quase não conversávamos. - Explico.

 Todos chegam, inclusive o professor, vulgo novo.

 - Olá pessoal, meu nome é Jeffrey, sou o novo professor de Filsofia. - Disse escrevendo seu nome no quadro. 

 - O que aconteceu com o antigo? - Oliver pergunta.

 - Nem queira saber. - Digo abrindo o caderno. 

Acontece que o antigo professor era muito maltratado, ele era um ótimo profissional, mas todos pegavam no pé dele, um grupo da minha sala uma vez colocou conhaque em seu café, e ele ficou bêbado em pleno trabalho. 

[...]

Estava vendo o treino de futebol depois das aulas quando alguém me chama.

 - Vega! - Exclama

 Era Oliver, vinha correndo e quando parou, muito ofegante.

 - Sim? - Inclino.

 - Te procurei em todo lugar. É que eu sou novo aqui, gostaria que me ajudasse em algumas coisas - Oliver diz colocando sua mochila do seu lado.

 Eu não era a mais popular, nem a mais inteligente, se "ajudar em algumas coisas" quer dizer, passar invisível em todo lugar, eu estava disposta a ajudar.

 - Claro. - Digo e volto a ver o treino.

Ficamos em absurdo silêncio observando o jogo, então decidi fazer algumas perguntas. 

 - Você é novo na cidade? - Pergunto

 - Sim e você? - Ele retruca.

 - Nasci aqui. - Volto a olhar o treino.

 Fiquei pensando, como alguém vem morar pra cá? E porquê? A cidade não é ruim, mas tem tantos outros lugares para se viver.

 [...] 

Chegando em casa, vou para meu quarto, e meu irmão entra correndo. 

 - Vega, Vega. - Ele pula em cima da cama.

 - O que você quebrou agora? - Pergunto.

 Meu irmão sempre quebrava algo, e sempre me pedia para assumir a culpa, coisa que sempre fazia sem nenhum problema, minha mãe só ficava um pouco zangada. 

 - Nada, preciso que me ajude. - Ele me puxa e me leva até seu quarto.

 - O que Dustin? - Ele mostra o dente de leite bem mole. - Dustin, não quer esperar nossos pais? - Pergunto, pois sempre arrancara dente com eles.

 - Confio em você - Dustin diz e me dá uma linha. 

 Eu sorrio e amarro a linha em seu dente. Eu puxo e logo o dente está fora.

 - Vem, vamos tomar um picolé. - Digo e dou o dente a ele. 

[...]

Depois do jantar, deito minha cabeça para descansar. Eu acabei prometendo que de hoje em diante todos os meus dias seriam diferentes, espero poder cumprir.