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História Me deixe debaixo das suas unhas - O endereço do meu abrigo está no sorriso dele


Escrita por: Ultravioheart

Capítulo 1 - O endereço do meu abrigo está no sorriso dele


Não contemplo nenhum acontecimento; porque vou absorver tudo e morrer tentando superar — então encurto o caminho e finjo que não existo, passando pela rua da tua casa e correndo ladeira abaixo na esperança de tropeçar e afogar na adrenalina de ter um joelho ralado pra contar história. Veja bem, eles me trancaram numa jaula pequena e sem vida, e disseram que seria bom se eu seguisse padrões desenhados por outras pessoas e é isso que estou fazendo até hoje. Não sei bem o motivo, não quebro nada.
 

Afundo devagar no colchão fino e encaro o quadro em branco a minha volta. Nenhuma foto nas paredes, nenhum tapete bonito pra deitar enquanto escuto música e sonho com futuros sonhos. Nenhuma cortina bonita, mas muito apego ao material — e nenhuma expressão, tudo muito insosso, faz de novo.
 

E faz de conta que eu nunca disse nada, porque eu nunca disse nada. Vou revirar os olhos se falar dela, vai me pesar no estômago se falar do rapaz bonito por quem me apaixonei e abandonei — vai me causar tontura pensar no amor da minha vida, que se cansa só de me ver. Porque eu corro muito, perco o ar e caio em desgraça todo dia; mas não saio da zona de conforto. Da jaula pequena e segura onde me ensinaram a ficar.
 

Peço que me guarde em algum lugar seguro, mesmo que seja debaixo de suas unhas. Ou sob os chinelos, no fundo do guarda-roupa, debaixo da cama — só não quero voltar para os braços deles sem um abrigo seguro.
 

Te disse que odeio insetos desde pequena, andar na terra nunca foi pra mim — porque me colocaram em sapatos e disseram que era pra continuar assim. Então continuei, sem terra debaixo das unhas e sem história pra contar. Nunca tomei chuva no rosto, ou sequer um tapa, e isso é bom. Diz muito sobre quem eu devo ser.
 

—Mas todo mundo tem um sonho, sem sonho não existe objetivo. Quais os teus? — ele fala, e eu nem sei de quem é a voz. Talvez algum professor enganado por uma nota alta no meu boletim. Não quero decepcionar, quero ser legal e engraçada. Não consigo porque não sou.
 

—Ser alguém quando crescer? — Respondi, mas queria derreter sobre a mesa. Liquefazer e não existir em carne e osso; ir e voltar como uma folha seca e pisada.
 

—Você já cresceu.


Notas Finais


É sobre abandono, próprio e alheio. De perto e de muito longe

(queria mandar pra ele, mas prefiro traduzir tudo isso em abraços que dizem "obrigado por ainda não ter desistido.")


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