História Me deixe sozinha - Refazer

Me deixe sozinha cap. 37

 Luiz está rindo no chão, e só agora percebo que sua boca sangra, não posso nem mentir, eu gostei de ver isso, Murilo me olha confuso.

-Fazer a coisa certa?

  Luiz se levanta, mas não faz nada, eu desvio o olhar dos olhos de Murilo e me viro para Luiz, que ainda me encara com fúria.

-Vá embora.

Murilo se coloca na frente de Luiz, mas olha para mim.

-Bia.... O que você está fazendo?

 Ele está duvidando de mim, chega a ser engraçado, eu não digo nada, apenas olho nos olhos de Murilo, até que ele sai do caminho por conta própria, ele sai ainda nervoso, ele não pode voltar agora, seu orgulho está ferido demais, pelo visto o de Murilo também, ele também me olha com raiva, mas não uma raiva tão intensa quando a de Luiz.

-“Vá embora”? Não acredito nisso Bia, o que há de errado com você? Depois de tudo que ele fez você passar....

 Eu observo o chilique de Murilo, ele está realmente angustiado, tenho vontade de rir, mas me seguro, ele vai ficara ainda mais nervoso se eu o fizer, então continuo escutando seu pequeno surto de raiva, o que me fez ficar curiosa, como Luiz escapou da primeira vez? Ele está preocupado assim por minha causa?

-Você gosta dele agora? Vai beijar ele na minha frente também? Olha se for assim, você podia ter pelo menos me deixado dar um soco nesse desgraçado, que inferno Beatriz.

 Ele me chamou pelo nome, acho que é hora de interferir, apesar de que a parte do beijo me feriu um pouco, mas tudo bem, eu mereci.

-Qual é sua preocupação Murilo? O que você faria com ele que não piorasse a situação? Eu sei o que estou fazendo, ele mexeu comigo não foi? Então não se envolva, achei que estava pouco se fudendo para o que eu fazia.

 Ele sentiu o impacto das minhas palavras, pois fica em silêncio até que o sinal toca, eu começo a caminhar até a sala, mas ele segura meu pulso, eu me viro devagar até ele, mas ele não olha para mim.

-Você... que droga Bia.

Sua reação me lembra da minha noite passada, de mim chorando a noite toda por causa do que eu fiz, e das consequências de que tinha medo de enfrentar, ainda dói pensar nisso, mas eu fiz isso, mereço enfrentar.

-O que foi Murilo?

Ele finalmente me olha, o cabelo agora preto, estava bagunçado, ele parecia selvagem, seus olhos passavam essa impressão.

-Precisamos ir em um lugar,

 Ele começa a me puxar, eu realmente quero ir com ele, mas matar aula não é algo que eu gosto de fazer, ele percebe minha relutância e segura uma risada. Por incrível que pareça, saímos da escola com facilidade, não sei se isso é bom ou perturbador, passamos por lugares familiares, até chegar em uma loja de conveniência. Assim que entramos uma garota se levanta e cumprimenta Murilo, o que é até normal, pelo que Victoria me disse, essa loja é dele, mas ela também me cumprimenta, e nos olha de forma familiar quando ele entra na sala de funcionários, o que está garota sabe?

-Aonde vamos?

Ele abre mais uma porta e vejo um lance de escadas, estamos indo para o telhado, a cada degrau que eu subo, mas me sinto confortável com esse lugar. Ele abre uma porta e estamos em um lugar aberto, logo à frente tem uma espécie de cabana, sou eu quem caminha a frente agora, eu chego perto do pequeno sofá, tem até um frigobar, eu não seguro um riso bobo, ele chega e seu sorriso é tão grande quanto o meu, mas logo passa.

-Bia, por que você deixou ele ir? Eu poderia ter cuidado dele.

 Ele parece estar tenso, mas estou tranquila com tudo isso, que duvido mesmo se sou a mesma pessoa que chorou a noite passada inteira, eu limpo minha garganta e estalo os dedos, o olhar dele sobre mim me deixa estranha.

-O que você faria se pegasse ele? Você não é um oficial, ele iria embora assim que seu pai desse uma surra nele, e outra, eu tenho uma ideia, mas terá que confiar em mim.

 Eu caminho até ele, e pela primeira vez, nenhum de nós recua, ou desvia o olhar, eu seguro as mãos dele, e sinto ele travar, tão fofo.

-Você confia em mim?

 Ele trava, sorri, então volta a olhar para mim.

-Eu devia perguntar isso, que injusto Bia.

 Ele se solta de minhas mãos e segura minha cintura, eu não me lembro do nosso namoro, mas não quero que ele tire as mãos de lá, mas ele tira, pelo visto ele se lembrou de meu estado atual.

-Desculpa, não farei mais isso.

Eu pego as mãos dele, e passo pela minha cintura, então o abraço.

-Faça.

 Ele se afasta confuso.

-Você se lembra, de tudo?

 Tocou meu ponto fraco, faço que não com a cabeça mas continuo sorrindo.

-Na verdade não, apenas algumas coisas, mas tem algo dentro de mim, que não me deixa te esquecer.

 Ele está sério, esse é o momento do meu dia mais doloroso, esperar a resposta de Murilo, ele pode me odiar.

-Mas não se lembra de nada.

 Eu abaixo a cabeça, pelo visto a memória é importante para ele. Mas ele segura meu queixo e levanta meu rosto, ele sorri.

-Que bom, você não vai se lembrar de mim usando avental rosa.

 Finjo que estou muito confusa com isso, essa é uma das poucas coisas que me lembro, mas deixa quieto, estamos sorrindo tão intensamente que penso que só pode ser mentira. Passo a mão pelo cabelo dele, e ele faz uma careta.

-Minha mãe não gostava do laranja.

 Parecemos dois idiotas bagunçando o cabelo um do outro, até Murilo me soltar, se virar e correr pela porta de onde vimos, fico bastante confusa, mas já estou aqui, fui até o frigobar e peguei um refrigerante, fiquei por um tempo apenas olhando a vista, até Murilo retornar com dezenas de mini pizzas.

-Vamos reviver tudo Bia.