História Me deixe sozinha - Ousadia controlada

Me deixe sozinha cap.8

 Já faz um tempo que estamos em silencio, estou tão concentrada nessas fichas escolares, ele me pediu para ajudar com os documentos de recebimento de livros, ele já é atraente normalmente, mas envolvido e concentrado com algo, é algo realmente belo de se ver, ele está usando uma blusa preta de mangas longas, que ele puxou até acima dos cotovelos, deixando à mostra os músculos de seus braços, há algo preto aparecendo de um de seus braços, será uma tatuagem? Ao perceber meu olhar em cima dele, ele ergue a cabeça, passa uma das mãos pelo cabelo, seus olhos estão focados nos meus, ele estica os braços e coloca atrás da cabeça, ainda me olhando, ficamos assim por um tempo.

-Obrigado novamente, é muita coisa, vou ficar te devendo algo.

 Com suas mãos atrás da cabeça, dá para ter certeza de que é mesmo uma tatuagem, naõ consigo parar de encarar ele.

-Sim claro, foi um prazer.

 Ele confere seu celular, faz uma careta e se levanta, e começa a se esticar, ele parece estar com dor nas costas, eu sei bem como fazer uma boa massagem, eu quero fazer uma massagem nele, como sou inapropriada.

-Logo será a sua próxima aula, pode deixar que eu me viro daqui.

 Acho que estou triste por não poder ficar mais com ele, mas algo me diz que terei mais chances de vê-lo, mesmo assim, eu devo fazer isso.

-Está sentindo dor nas costas?

 Ele me olha, um pouco surpreso, mas não me importo, ficar com ele é tranquilizador.

-Na verdade, sim, mas é mais em meus ombros, por que?

 Por que estou louca para te tocar, meu Deus no que estou pensando, me dou um beliscão, que merda tem na minha cabeça.

-Eu posso fazer uma massagem se você quiser.

 Ele abre e fecha a boca algumas vezes, até que realmente decide o que dizer, eu quero me enterrar em um buraco, eu realmente deixei ele sem palavras, que vergonha, ele vai me chamar de louca, vai dizer que sou uma tarada e vai sair rindo de mim, tenho certeza.

-Claro, obrigado.

 Espera, ele aceitou, bom, acho que sim, já que ele está vindo na minha direção, eu paralisei e ele começou a rir.

-Uma massagem realmente seria uma ótima ideia agora, se estiver tudo bem por você, eu realmente adoraria, ficaria te devendo mais.

 Respiro fundo, entendi, isso realmente está acontecendo, ele se vira de costas para mim, mas ele é mais alto, não resisto e solto uma risada, logo ele percebe, e solta uma  risada sexy, que me faz corar.

-Esqueci da minha altura avantajada, perdão.

 Ele sorri novamente e olha em volta.

-A mesa dos professores.

 Ele olha para mim confuso, eu coro, parece que estamos fazendo algo muito errado.

-Sim, boa ideia.

 Nós caminhamos até a mesa da professora, e antes que eu pudesse me sentar nela, ele me levanta pela cintura e me senta na mesa, seu toque, antes simplesmente calmante, agora acendeu algo em mim, ele tem noção de que é extremamente sexy?

-Desculpe.

-Tudo bem.

 Ele se vira, ainda está um pouco alto, mas será mais fácil assim do que de pé, coloco as mãos em seu ombro, e ele se meche um pouco, assim que começo a massagear seus ombros, ele relaxa completamente e inclina a cabeça, em um momento ele solta um gemido bem baixo, quase inaudível, ele se reprime, eu sabia que era boa, mas não tão boa assim, assim que eu tiro minhas mãos de seu ombro, ele se vira para mim, antes, quando suas costas estava encaixadas em minhas pernas, não estava tão erótico quanto agora, que minhas pernas estão do lado de sua cintura.

-Obrigado, você é boa nisso, eu realmente estava precisando.

 Não lembro de como falar, minha boca não me obedece, eu apenas concordo com a cabeça, ele continua a me olhar, abaixo a cabeça para desviar de seu olhar, e ele segura meu queixo, seu toque gera um arrepio em todo meu corpo, assim que sinto que ele fará algo, uma mão puxa a mão dele do meu queixo, olho para o lado e Murilo está encarando Luiz com uma expressão tão tranquila que assusta.

-Eu poderia deixar baixo o que quer que esteja acontecendo aqui, mas acho que não consigo.

 Ele empurra o Luiz dois passos de distância, Luiz olha para ele confuso, pelo visto Murilo não é de fazer essas coisas, ele me ajuda a descer da mesa.

-Beatriz, a turma já está subindo, acho melhor você esfriar um pouco, está totalmente vermelha.

 Coloco as mãos para tapar minhas bochechas e olho para onde Luiz deveria estar, ele saiu enquanto eu conversava com Murilo, que me olha nos olhos.

-Você está saindo com ele? Não, não me diga, eu nem quero saber, Beatriz, ele é mais velho que você, tenha isso em mente.

 Não sei se fico furiosa ou agradecida, então apenas concordo.

-Eu sei me cuidar Murilo, por que você parece estar preocupado comigo?

 Ele me olha e inclina a cabeça, como um filhotinho confuso.

-Bom, você meio que faz parte da minha vida agora, estou te devendo uma.

 Claro que faço...

 A turma entra e mais uma vez as atenções estão em mim, Murilo ainda está segurando minha mão da hora em que me ajudou a descer da mesa, ele à solta e caminha até seu lugar, já eu fico parada no mesmo lugar, Carlos está na porta, ele viu Murilo e eu de mãos dadas, não sei por que me importo, mas me importo.

 Durante toda a aula de filosofia, além do cheiro de álcool evidente no hálito de minha professora de meia idade, senti o peso do olhar de Carlos sobre mim, ele pareceu incomodado com a situação, pois, apesar de não dirigir a palavra a mim, me olhava de 3 em 3 minutos, eu queria dizer a ele que não era o que ele pensava, mas não cabia a mim fazer isso, afinal não devo satisfações a ele, então rasgo um pedaço de folha do meu caderno, eu não podia mais esperar, eu queria saber mais sobre o Luiz, e porque Murilo estava me avisando sobre ele, talvez minha atração por ele não seja tão profunda quanto penso, mas quero saber mais sobre aquele garoto que causou um efeito tão forte em mim.

 A professora com certeza não percebera que estou trocando bilhetes, desde que ela sentou em sua cadeira, após passar um exercício no quadro, ela está apagada, e a sala está quase uma zona, mas qualquer movimento que faço atrai atenção, então pego a folha que acabei de rasgar.

‘’por que eu deveria tomar cuidado com o Luiz?’’

 Assim que termino de escrever e jogo na mesa de Murilo, ele o pega ainda no ar, o que é realmente impressionante por que ele estava ocupado olhando para uns caras fazendo queda de braço, ele olha para mim, com a mão que ele pegou a bolinha ainda estendida no ar, inclina a cabeça confuso até eu fazer um movimento com as mãos, abra...

  Ele abre o papel ainda me olhando, leva um tempo para ler o que está escrito, assim que termina ele olha para mim, se inclina para a mesa de uma menina que está ao lado dele, ela estava admirando ele desde que ele entrou na sala, assim que ele se aproxima delas, ela se endireita e disfarça, nossa isso é triste, o que ele está fazendo? Segundos depois de a garota abrir o estojo com as mãos tremendo, ela retira uma caneta rosa com um pompom em cima, ele faz uma careta para a caneta e começa a escrever o bilhete, ele nem sequer tem uma caneta, o que diabos ele está fazendo na escola?

 Assim que ele termina, ele joga a bolinha de volta para mim e acerta no meu estojo aberto, nossa legal, ele está com um sorriso no rosto, deve estar orgulhoso da cesta, eu abro o papel e o cheiro de caneta sobe, nunca entendi essas canetas com gliter e cheiro, cara, é bonitinho, mas inútil, mas assim que abri, só havia um número de telefone e um pequeno recado.

‘’eu não usarei essa caneta novamente, me mande uma mensagem.’’

 Ele acabou de me passar o número dele? Nem consigo imagina o que qualquer garota faria para ter o número dele, eu já havia terminado os exercícios e a professora não dava qualquer sinal de vida, então eu peguei meu celular e salve seu número, mandei uma mensagem com a mesma pergunta.

‘’Porque eu devo manter distância do Luiz?’’

 Segundos depois de ser enviada ele retira o celular do bolso, lê a mensagem e olha para mim, Carlos percebe, se Murilo não disfarçar, dirão que estamos trocando mensagens amorosas, pelo visto ele não se importa.

‘’olha só, uma garota conseguiu meu número, está na hora de trocar de novo, nossa como é difícil ser famoso’’

 Não resisto a esse lado engraçado de Murilo, e começo a rir, mas isso não parece agradar a Carlos, ele segura meu braço e me levanta.

-Podemos conversar lá fora?

 Antes que eu pudesse responder, ou que Murilo tivesse tempo de se arrumar para levantar da cadeira, ele me puxa para fora da sala, isso não vai dar certo, tenho certeza de que vi Murilo olhando feio para Carlos.